13 dezembro 2010

Política Internacional e Zumbis!


Um livro simplesmente sensacional. Ele pode ser lido (em inglês) por uma bagatela de US$14.95 pelo link acima (basta clicar na capa do livro). Ou pode-se esperar até 2011, quando chegará às livrarias.

Em relações internacionais, um tema bastante intrigante é a chamada "política de prevenção a agentes desconhecidos". Principalmente após os atentados de 11 de setembro nos Estados Unidos, muito do que se vê (e que muitos classificam, corretamente, de paranoia) na busca por uma defesa preventiva contra os agentes desconhecidos beira a ficção científica. Afinal de contas, precaver-se de algo que ainda não existe não costuma ser algo muito sensato para nenhuma pessoa, quanto menos para uma nação ou para a própria comunidade internacional.

Drezner, a partir de uma visão bem humorada sobre o tema, em um artigo acadêmico propõe a seguinte questão: o mundo está preparado para o enfrentamento de uma epidemia de zumbis? E as respostas não são das mais animadoras. Ao mesmo tempo, a forma em que ele aborda cada tema faz com que o analista internacional chore de rir enquanto empresta horas de raciocínio analisando o enfrentamento desta epidemia (obviamente, nunca ocorrida na história, exceto nos cinemas).

O autor tem tiradas geniais: para os conservadores da linha realista em relações internacionais,, por exemplo, os zumbis nos odeiam por ser eles impedidos de se ter a liberdade de não comer cérebros; "seriam ou não os zumbis atores internacionais" [essa frase eu rolei de rir, considerando minha especialização em relações internacionais nas cidades se perguntar o tempo todo quanto aos demais atores internacionais serem ou não o que são], e a coisa vai se tornando uma verdadeira tese defendendo que o mundo não possui um eficiente sistema de respostas para grandes desastres e novas epidemias.

Torço para que o livro chegue ao Brasil em português. Além de ser uma forma de se divulgar um pouco mais o estudo das Relações Internacionais em nosso País, apresenta uma bem humorada elaboração em relações internacionais, com todos os elementos obrigatórios, crítica e análise. E, concordando com o genial autor: "entre política internacional e zumbis, as pessoas entendem muito mais de zumbis".

Ósculos e amplexos!

O problema é que não foi apenas jogo de equipe.


Stefano Domenicali, chefe da Ferrari, comemorou o fim da suspensão por "anti-jogo" que recebeu quando Massa recebeu ordens para deixar Alonso passar (igualmente quando Barrichelo estava na equipe) e ganhar o Grande Prêmio da Alemanha. Ao comemorar, Stefano tripudiou dizendo ser o fim de uma "hipocrisia inútil". Segundo ele, todas as equipes fazem jogo de equipe e continuarão fazendo, pois se trata de um esporte de equipe.

O que provoca imensa indignação nos amantes deste esporte não é o motivo, mas a forma. Os fins não justificam os meios. Cada corrida é um desafio. Vence quem demonstrar superioridade em relação aos demais, além de errar o mínimo. Quando uma escuderia possui dois competitivos pilotos, eles devem trabalhar em conjunto. Sendo parte de uma estratégia onde ambos façam bastante pontos, tendo o campeonato mundial enquanto consequência da superioridade da equipe em relação com as demais.

Este jogo de equipe pode ser uma facilitada na hora de um ultrapassar o outro (e dessa forma evitando a perda de tempo ou mesmo um acidente mais sério entre ambos pilotos). Pode ser até mesmo um honroso acerto de carro para que um segure a tropa enquanto o outro decola rumo ao pódium. Agora, tirar a vitória retumbante de um piloto alegando jogo de equipe é desconsiderar a história daquela corrida. É fazer o que o torcedor de qualquer esporte odeia: a "marmelada".

Se o resultado final de uma corrida é o segundo sendo o primeiro, demonstra erro de estratégia e não jogo de equipe. Ao piloto cabe ser apenas obediente, jogando fora toda sua competitividade. e seu talento. No caso da Ferrari não se trata de apenas jogo de equipe. Trata-se de uma trapaça, do anti-jogo, e do desrespeito ao torcedor (inclusive aos ferraristas). A FIA encerrou, de fato, uma hipocrisia inútil: a de que a Federação se preocupa com o esporte.

Ósculos e amplexos!

06 dezembro 2010

Vossa excelência Deputado Tiririca, gostando ou não, foi democrático


Neste humilde bloguinho, fiz a seguinte afirmação: “eleger o Tiririca, que ridiculariza a democracia, é sim surpreendente e jamais deverá ser vista com naturalidade”. Atenção para a parte do “que ridiculariza a democracia”. Este foi o ponto principal que tanto fiz questão de demonstrar. Nosso País, que com imensa dificuldade, conseguiu construir uma democracia amadurecida, teve um candidato que sua “marca registrada” foi esculhambar com o sistema democrático brasileiro. Tal forma de campanha é perigosa, e por isso minha indignação.

Quem defende a democracia não pode assistir o que o Poder Judiciário fez com este mesmo palhaço e ficar quieto. Ali, na busca insana para provar se o candidato é ou não analfabeto após sua vultuosa votação demonstrou um abuso de poder que faria Montesquieu se arrepender de ter proposto a separação de poderes. A legislação brasileira proíbe que analfabetos sejam sequer candidatos. Se houve fraude no documento em que, de próprio punho, o candidato Tiririca registrou no Tribunal Eleitoral, que coubesse o processo de falsidade ideológica. Mas coloca-lo à prova após sua esmagadora votação, logo em um argumento tão subjetivo quanto é saber o que é um analfabeto ou não, demonstra o preconceito de classe por parte deste Poder.

Acresce-se ainda minha concordância ao texto “Salutar”, no blog Paranaodesamprender, de minha comadre Clarissa.

Um Deputado Federal tem o poder de legislar emanado do povo. Um grupo social escolhe seu representante. Logo, ele é um representante, e não um técnico das leis ou da política. O representante recebe uma certa soma de dinheiro para poder montar uma equipe competente, repleta de quadros políticos e técnicos que irão elaborar a lei, desenvolver a representação de um determinado anseio, enfim, farão com que a atuação do parlamentar seja de acordo com seus compromissos e com qualidade proporcional à crítica oriunda da base.

A escolha de mais de um milhão e meio de brasileiros deve ser respeitada. Boa ou má, a representação do Deputado Tiririca deverá ser acompanhada igualmente como deve ser acompanhada a atuação de todos os mais de quinhentos Deputados Federais existentes. Qualquer tentativa que desmereça o Deputado que não seja por sua atuação é um crime contra a democracia. E, como igualmente me indignei pela campanha que ridicularizou a democracia brasileira, fico indignado com o preconceito de classe que, mais uma vez, o Poder Judiciário demonstra possuir fortemente e que por pouco desrespeitou o voto de mais de um milhão e meio de brasileiros.

Ósculos e amplexos!

24 novembro 2010

Comentários à moda Prates


Luiz Carlos Prates, colunista (e editorial) do Jornal do Almoço, da RBS de Santa Catarina, virou o assunto do momento nas esquinas e praças por onde andei. Tudo por conta de um comentário, no mínimo, infeliz onde faz algumas comparações que revelam todo seu ódio pelas camadas mais pobres e o incômodo de se ter um trânsito tão caótico em Santa Catarina.

O colunista, psicólogo e fã assumido do ex-Presidente Figueiredo, não associa problemas geográficos, falta de infra-estrutura, ou sequer uma política de turismo agressiva e predatória. Ele associa todos os argumentos sectários de um preconceito de classe que nem os mais fascistas tem coragem de pronunciar. Dentre eles: que a frustração na família vira trânsito mortal; que pobre é ignorante, e que por isto é agressivo. Que o governo é espúrio (segundo o dicionário, espúrio: não autêntico, ilegítimo, bastardo) - mesmo tendo mais de 80 % de aprovação popular, e que favorece uma política de facilitação à aquisição de automóveis àqueles que sequer leram um livro. E tantas outras barbaridades.

Enfim, acrescento algumas "pérolas" do preconceito de classe que colhi nessas andanças, e que gostaria que alguém me explicasse a lógica que leva uma pessoa a cunha-las:

[entre [ ] : comentários meus]

"- Esse povo é terrível. Não tem dinheiro para comprar nenhuma bicicleta, mas tem carro para atrapalhar o trânsito."

[juro que não entendi o terror de não se ter dinheiro para comprar uma bicicleta e ter um carro]

"- Tem pai que, com pouco dinheiro, faz o absurdo: investe comprando carro ao invés de pagar um colégio pro filho."

[qual é a relação existente em ter um carro e ter um filho em uma escola particular necessariamente? O segundo é critério para o primeiro?]

"- Só podia dar nisso mesmo, um povo que não sabe se portar nem nas calçadas (cuspindo, urinando, jogando lixo nas ruas) não tem a menor possibilidade de ser educado no trânsito."

[isso foi uma adesão ou uma auto-crítica?]

"- Rico e pobre fazem bobagem no transito, mas pobre faz mais, porque há mais pobres endividados que agora tem carro... é uma questão de lógica."

[juro que não existe lógica alguma nisto]

"- A equação é simples: mais gente ignorante nas estradas, mais mortes."

[Simples e completamente equivocada]


E agora a melhor de todas:

- A situação do trânsito passou a ser igual ao da saúde. O pobre passou a comer e o resultado é o aumento da obesidade entre os brasileiros.


Se alguém se arrisca a explicar, boa sorte!

Ósculos e amplexos!

10 novembro 2010

Para Câmara de Curitiba: o cliente é perigoso para os bancos.

A lei que obrigou os bancos a instalarem biombos capazes de impedir olhares maldosos para o que o cidadão faz na "boca do caixa" já foi uma medida estranha, mas que a população não se incomodou devido a impressão de privacidade obtida com a medida. Depois, outra lei proibiu o uso de celulares nos bancos. Esta medida já causou muita polêmica, pois qualquer um que necessite de comunicação, para o bem ou para o mal, estará obrigado a ser entendido como um bandido em potencial. Entretanto, a população acabou compreendendo que é possível conviver com esta medida, igualmente em um avião - onde o uso do aparelho pode comprometer instrumentos vitais para o voo. Agora, depois do tombo, o coice: Câmara Municipal de Curitiba já aprovou em primeira votação Projeto que obriga a identificação digital dos clientes (do vereador Mário Celso Cunha (PSB)).

O projeto demonstra o entendimento da Câmara quanto quem deve ser protegido: o banco. O cliente passa a ser um bandido em potencial, sempre. E a constitucionalidade da medida? Afinal, nossa Carta Magna não diz que nenhum cidadão seria submetido ao "tocar piano" sem ter cometido nada?

Esta é uma das inúmeras medidas questionáveis já pela sua constitucionalidade. Isto sem falar na incessante visão política em que vê na elite a necessidade de criar mais privilégios, enquanto que as camadas populares devem se adaptar aos privilégios para esta elite. Esta é a nossa Câmara.

09 novembro 2010

ENEM: barbeiragem sim!

Ainda me impressiono com alguns amigos por eles ainda não terem aprendido que, por mais progressista que seja um governo, DEVE-se denunciar e reclamar quando algo não sai, no mínimo, como deveria. E o ENEM foi um caso destes. O que NÃO se deve fazer é querer "jogar fora a criança quando for jogar a água do banho" e tirar a importância do ENEM devido a um suposto descrédito.

Foi barbeiragem sim. Prejudicou os estudantes. Prejudicou a avaliação que se faz da educação brasileira por meio deste exame. E, pelo segundo ano consecutivo, o MEC não soube lidar bem com a situação. (Inclusive por meio de um ridículo comentário por twitter completamente infeliz).

Apoio a opinião da União Nacional dos Estudantes (UNE) e da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) [escrito a minha maneira]:

1 - O MEC deve se retratar publicamente perante os estudantes de todo o país, responsabilizando o autor da infeliz postagem no Twitter oficial do Ministério da Educação.

2 - Imediato e minucioso diagnóstico do MEC sobre os problemas ocorridos e o exato número de estudantes prejudicados.

3 - Imediata decisão do MEC de que os estudantes prejudicados terão o direito de realizar um novo exame.


Entretanto, quanto ao terceiro ítem, cabe uma reflexão: dado o caráter de substituição do vestibular que o ENEM possui, infelizmente, acredito que todo o processo deve ser refeito. O ENEM é - além de uma prova inteligente e um meio de avaliar a educação do país - um concurso público, critério de seleção entre um estudante e outro (seja para adquirir uma bolsa de estudos, seja para entrar em um concorrido curso).

Não dá para nem sequer anular as questões "estragadas". Tampouco, simplesmente poupar os poucos prejudicados. Pois, muitos, sabendo da confusão, ficaram confusos e não participaram do segundo dia de provas ou ficaram psicologicamente abalados (o que influencia no resultado final).

Para que não haja maiores injustiças, a solução é o amarguíssimo remédio de uma nova realização do ENEM. Mesmo que seja em janeiro!

Ósculos e amplexos!

05 novembro 2010

O que conferir na Corrente (virada) cultural de Curitiba


Já que tem, vamos conferir:

[Seguem minhas sugestões]

- dia 06, sábado -

12h00 - Abre a exposição sobre o desenvolvimento da música popular no cenário Curitibano ao longo da primeira metade do século XX. "Das Regionais às Jazz-bands", no Museu Paranaense, promete explicar um pouco o processo de elitização que a música curitibana sofreu ao longo de seu período mais "culturalmente incentivado". E ainda dá tempo para correr para o Largo da Ordem para ver a abertura do Panelaço [TUC] com a Blindagem.

12h45 - Vamos achar o amor com conservantes, dos mais vendidos, de Giovanni Caruso e o Escambau e outras letras bastante criativas (como a Prostituta e a genial Mônica e suas esculturas), no Panelaço [TUC]. - mas não se empolgue muito, pois em 15 minutos, uma outra atração vai engolir esta.

13h00 - Paulinho da Viola e Orquestra a base de cordas dispensa maiores comentários [Palco Riachuelo];

15h00 Hora de refinamento: Hermeto Pascoal e Orquestra Sinfônica do Paraná [Praça da Espanha]

16h30 Hora de politizar um pouco as coisas: Mesa redonda sobre "Direitos Autorais" [Espaço Dois] - (é longe da Pça Espanha, então planeje-se pegar um ônibus ou taxi).

17h00 Caso não queira atravessar a cidade para debater política, ou nem mesmo para ver Sandra de Sá [Riachuelo]; a sugestão é ficar pela Praça da Espanha para assistir a apresentação da virtuosa Rogéria Holtz, com sua imponente voz.

18h00 Coral Brasileirinho [UTFPR] com o show "Álbum de Família" (e aproveitar que está perto do shopping Estação e imediações para bater uma boquinha, que ninguém é de ferro).

19h00 Vale a pena conferir a Orquestra de Berimbaus [Sociedade 13 de maio] Assim, valoriza a existência do histórico clube negro e prestigia algumas de nossas principais raízes culturais.

20h00 Hora de fugir do show do Roberto Carlos (para quem gosta, que se divirta... ainda estou na bronca por ele ter cobrado mais de R$1.000,00 por ingresso, para se apresentar em Curitiba). E sugiro ir prestigiar o festival de curta-metragens no [Largo da Ordem].

21h00 A curitibana, performática, e que segurou bem a onda de ter aberto o show do Franz Ferdinand, Banda Anacrônica no [TUC] -Tá, eles fizeram aquela música xarope do comercial da minha faculdade... mas, tudo bem...

22h00 Recomendo visitar algumas exposições que funcionarão durante a madrugada, como por exemplo, a do Museu de Arte Contemporânea com a exposição "Possíveis Conexões".

23h00 O teatro estará bem representada pela apresentação "Aconteceu no Brasil em uma noite de natal" do Grupo Arte da Comédia [Praça Santos Andrade]

00h00 Pato Fu abre o palco das [Ruínas] de São Francisco. Aproveita e fica por lá, pois a Virada cultural pifou com a programação durante a madrugada e só tem as exposições nos museus e o palco [Ruínas] (o maior charme de uma virada cultural foi sabotada, infelizmente). Para piorar, Arrigo Barnabé toca no mesmo horário que o Pato Fu.

- Dia 07, Domingo -

A programação é fraquinha, fraquinha. Então, se não preferir guardar o domingo por motivos religiosos, compensa caminhar pelas exposições que não deu tempo de se ver durante o sábado. De diferente, apenas Mart'nália [Riachuelo] e o tremendão Erasmo Carlos.


Sugestão: se não for para a Igreja, vá para o teatro. Todas as montagens do sábado serão também apresentadas no domingo. Ou ainda, vá até o Largo da Ordem, no bar Brasileirinho, para curtir um autêntico chorinho curitibano (não esqueça de levar seu chapeu panamá).

Ósculos e amplexos!


"That's Entertainment": corrente (virada) cultural de Curitiba e outras constatações

Há um bom tempo atrás, eu anunciava a intenção da Fundação Cultural de Curitiba em realizar na capital paranaense sua versão para a Virada Cultural. E, em véspera do acontecimento, as previsões se demonstraram acertadas - infelizmente.

Curitiba é e continuará sendo como é até que um dia seu povo decida mudar (e com isso a administração pública tende a mudar junto). Trata-se de uma administração que exige alvará para que manifestações culturais espontâneas aconteçam. Trata-se de uma cidade que considera qualquer aglomeração de pessoas uma balbúrdia e fecha bares boêmios enquanto mantém os de bairro nobre intocáveis. Associa qualquer movimento de juventude à vandalismo ou drogadição, inclusive os que combatem o vandalismo e a drogadição. Que incentiva donos de estabelecimentos culturais a exigirem que as bandas locais sejam eternamente "covers". E é uma prefeitura que entende a cultura como mero espetáculo, como um produtor de entretenimento.

A virada cultural terá uma singela homenagem ao Ivo (Blindagem), colocando grupos da cena alternativa para tocar no reduto boêmio da cidade. Logo ao lado, Pato Fu - em um palco; e - em outro palco - Paulinho da Viola da o ar de sua majestade. Sem falar que ocorrerá, paralelamente, inúmeros eventos como exposições, jam sessions, e filmes.

Entre o nada e o alguma coisa, é sempre bom optar pelo alguma coisa. A programação não é das piores. Haverão excelentes opções de entretenimento e um bocado de cultura durante a Virada. Agora, a máquina de divulgação da prefeitura resolveu pifar logo em sua Corrente Cultural? (Cadê os Reporteres Cidadões avisando que haverá um grande agito rolando 24 horas no centro da cidade?). A programação oficial é muito mal disponibilizada, e o mapa confuso. Além disso, Roberto Carlos - o mesmo que cobrou mais de mil reais para tocar para o público curitibano; é "la cerise sur le gateau" da comemoração da RPC - e a prefeitura nem sequer se manifestou (contribuindo para o elevadíssimo cachê do cantor que optou pelas elites curitibanas ao seu público mais apaixonado e fiel).





Enfim, "that's entertainment" como já cantava "The Jam".


III Semana Acadêmica de Relações Internacionais da FACINTER

A terceira semana acadêmica de Relações Internacionais da Facinter será bastante diferente das outras versões. O Centro Acadêmico possui nova coordenação, e já inovou com uma mostra de filmes e debate cultural durante as tardes. À noite, dividirá espaço com o curso de Ciências Políticas a fim de debater temas como mídia e política, mercado de trabalho e tantos outros assuntos importantes.

Para este que vos escreve, que pela primeira vez não está a frente da semana acadêmica (a gestão que substituiu a minha será, com certeza, muito melhor e dando continuidade ao Centro Acadêmico) terei o prazer de apresentar meu projeto de Conclusão de Curso - dia 12/11 às 19 horas (Relações Internacionais entre cidades).

Para participar, é necessário se inscrever - enviando um e-mail para centrocultural@grupouninter.com.br . A entrada é gratuíta.



Ósculos e amplexos!

29 outubro 2010

Para aumentar um pouco a cultura: Sinatra


Quando estava lendo o Blog do Raoni em sua Seção Saudade - cujo deliciou-nos com três belíssimas canções - deixei um breve comentário sobre o Mr. Blue Eyes, Frank Sinatra. Porém, sabe quando você tem a impressão de que ainda não passou o recado que queria ter passado?

Nesta postagem, quero dizer que a contribuição de Sinatra foi muito maior do que muita gente acha. Mais do que uma belíssima voz, ele também é referência para muita gente, sendo um dos primeiros a trabalhar com um padrão de três minutos para cada música (mas não no disco que irei falar logo abaixo).



"In The Wee Small Hours" é um álbum daqueles de se tirar o fôlego. Definitivamente não é o Sinatra que acostumamos a ver na tela grande. Não é aquele alegre malandrão. Tampouco o dono do riso fácil em meio aos seus marcantes olhos azuis. A capa do disco denuncia: trata-se da obra que fala ao homem sozinho, comum, igual a qualquer outro na fossa. É um álbum conceitual, que irá abordar com profundidade cada dorzinha que sente um homem abandonado.

A separação dói! Cada faixa é uma demonstração clara disto. O álbum abre com a faixa que dá nome à obra. A música, que vai te envolvendo, tem uma conclusão terrível: são nas primeiras horas da manhã quando você mais sente a falta dela. A segunda, faz uma brincadeira com a palavra inglesa "blue", enquanto tristeza, e a cor azul - índigo. "Mood Indigo" trata sobre a sua nova companheira, a tristeza, adquirida desde aquele dia em que a amada companheira foi embora. A terceira, "Glad to Be Unhappy" (grato por ser infeliz) chega a ser engraçada dada a ironia de seu título. Uma espécie de aceitação do terrível destino de não ter por quem sofrer de amor. A quarta, "I Get Along Without You Very Well (except sometimes) [Eu vou muito bem sem você (exceto às vezes)] só falta ter a clássica "só dói quando eu respiro", pois as demais constatações de que qualquer coisa que lembre a ex torna-se um transtorno permanente. A quinta faixa "Deep in a Dream" é o próprio retrato da fossa em fumaça de cigarro e mergulho de cabeça na tristeza. E assim por diante. Sinatra vai destilando sem dó algum cada etapa da fossa masculina. Até as confissões bêbadas diante do garçom não foi esquecida.



Um verdadeiro marco, de um grande artista. E que a história faz questão de demonstrar que mesmo o talento e uma excelente proposta poderia ter sido perdida. Sinatra realmente estava na pior, quando um corajoso amigo lhe fez assinar um contrato de anos e elaborou este álbum.

Um disco memorável. Chega a ter cheiro de boteco, cigarro, e muito arrependimento por ter deixado a moça ter ido embora.

Ósculos e amplexos, e boa fossa!




26 outubro 2010

Que campanha é essa?


A coluna de Gilberto Dimenstein "Que Serra é esse" chama a atenção para um fato interessante que ocorreu na campanha presidencial: sobre um suposto equívoco de Serra ao abordar elementos da política de maneira que o descaracteriza. Segundo Dimenstein, causa estranheza o comportamento de político irresponsável adotado pelo candidato tucano. E que essa estranheza se tornou ainda mais evidente no debate, quando a referência sobre quem é ele desapareceu de uma vez.


Não apenas discordo de Dimenstein sobre sua abordagem acerca das privatizações, ainda que eu respeite o autor, mas também discordo de que se trata de um mero erro de campanha a descaracterização de Serra. Acontece é que um modelo político, liderado por Fernando Henrique Cardoso, foi derrotado nos últimos oito anos de governo Lula. E que Serra representa este modelo e o defende. Mas, teme apresentá-lo diante de uma população que dá sinais expressivos de concordância de que tal modelo deva ser enterrado.


Diferentemente de Dilma, que possui um partido que historicamente construiu as propostas que defende e que tem profundo conhecimento de causa, Serra apela para uma crítica de manipulação raza e que nunca fez parte do rol de propostas que seu partido defende. Busca nos elementos de manipulação midiática descontruir a campanha de Dilma, quando a população - ainda que em sua maioria alienada - busca entre os candidatos aquele que melhor transmitir a mensagem que o "daqui pra frente será ainda melhor, pois o hoje está ficando bom".


Serra está irreconhecível por temer apresentar um projeto que já foi derrotado. E Dilma só não apresenta em totalidade o projeto petista devido a uma responsável postura de costurar desde já sua governabilidade. Isto explica o motivo pelo qual a campanha de Serra foi tão baixa, do motivo pelo qual a campanha foi tão apelativa. Quando as propostas não são sólidas, resta a apelação e a crença de que tão somente uma boa campanha publicitária é capaz de eleger quem quer que seja (uma boa campanha pode até vender um produto, mas não faz com que produto ruim se torne bom).


Em resumo, apesar de eu achar que ambas campanhas estejam fugindo do debate necessário em nome de um trato razo e temeroso do enfrentamento dos problemas nacionais (afinal, qualquer solução causa uma polêmica demasiadamente grande a ponto de correr riscos demais para um momento eleitoral, custando a própria elegibilidade do candidato), a campanha de Dilma está melhor que a de Serra. Simplesmente por ter Dilma defendido o modelo que está com elevados índices de aprovação, enquanto que Serra conta com apenas um modelo derrotado e elevados índices de preconceitos nutridos de forma velada mas que se revelam por meio do voto secreto (preconceitos de classe, de gênero, etc). E qualquer um deles, Serra não pode defender abertamente.

25 outubro 2010


Mostre-me uma pessoa que defende a obrigatoriedade da alternância do poder como fundamental à democracia e eu te mostro uma pessoa que está manipulando o conceito de alternância que está dentro dela.


Já faz um certo tempo que escuto e leio afirmações de que "a alternância de poder é fundamental para a democracia". Porém, tal afirmação me doía aos ouvidos igualmente quando escutamos os primeiros grunhidos de um violino antes dele soar suas primeiras notas. Na teoría política, democracia tem, no mínimo, como principais fatores: eleições livres e alternância no poder. Sem elas, não podemos dizer que um sistema é democrático. Entretanto, em nenhum momento, mesmo nas mais minimalistas teorias da democracia, entende-se a alternância enquanto uma obrigatoriedade. Mas, sim, sendo uma possibilidade garantida.


Escutei muito a manipulação do pressuposto da obrigatoriedade da alternância do poder quando o governo Lula deu seus primeiros sinais de que seria um governo de elevados índices de aprovação popular. A fórmula utilizada foi a seguinte: era FHC, de base conservadora, um bom presidente, veio Lula, de base progressista, um bom presidente, logo, o próximo obrigatoriamente terá de ser conservador para que seja um bom presidente e o ciclo não se quebre. E, enquanto contraprova disto, usaram os governos militares: como não havia alternância de poder, deu no que deu.


Desfazendo o mito: deu no que deu por não ser uma democracia. Não havia uma livre organização da oposição. Tampouco uma possibilidade de, em caso da oposição ganhar as eleições, dessa poder assumir sem golpes ou artimanhas de quem não quer sair do poder. O que a alternância do poder quer dizer, segundo a teoria política é: se a oposição existir, esta poderá se organizar, poderá ganhar as eleições, e tomará posse se isto acontecer.



Durante as eleições presidenciais, tenho ouvido mais do que nunca tal mito. Porém, a Carta Magna brasileira não permite que este mito seja tomado como verdadeiro. Trata-se de apenas uma jogada de campanha, imoral, porém perfeitamente legal.


O problema se dá quando institucionalmente o mito é usado para justificar um projeto de reforma institucional. O vereador Juliano Borguetti (PP), por exemplo, teve seu projeto de reforma da mesa da Câmara de Curitiba aprovada recentemente pela Comissão Especial da Lei Orgânica. Segundo este projeto, fica vetada a recondução de cargo. A ideia é válida. Afinal, o edil deve ter lá suas dificuldades com a manutenção eterna de uma mesa que pouco muda, mesmo que o conjunto dos veradores tenha mudado sensivelmente a relação de poder da casa. Mas, ao usar de um mito para justificar seu projeto, fico receioso. Afinal, se uma comissão aprova um projeto, ainda que adequado de acordo com a realidade institucional da Casa, que tem como justificativa um mito; quantos outros mitos poderão justificar projetos bizarros para a população curitibana?


Espero que o vereador defenda seu projeto de maneira a não manter o mito enquanto pressuposto quando o for para votação em plenário. Dessa forma, contribui para que não se abram precedentes para justificações baseadas em mitos.


Amplexos!


"A Lenda dos Guardiões": uma opinião.

Sabe aquele filme em que você sai da sala de exibição se perguntando se foi bom ou ruim? Tive de refletir um bocado para chegar a um veredito sobre "A Lenda dos Guardiões".

O filme possui seis pôsteres diferentes. Escolhi este por ser a melhor representação do filme. Uma visão alucinante do voo da coruja no meio da tempestade, o olhar lânguido, e as angustiantes ondas do mar agitado: um retrato fiel do filme (lânguido, de visões alucinantes, e enredo angustiante). Mas, antes de mais nada, é um entretenimento para crianças e que deve ser analisado como tal.

Confesso que estou mal acostumado em assistir na telona entretenimentos que envolvem a família inteira. Que diverte todas as idades. Que consegue passar uma mensagem inocente para o mais novo ao mesmo tempo em que vai dando margens para que as referências e entrelinhas provoquem os mais velhos. E, definitivamente, "A Lenda dos Guardiões" não possui isto. É apenas um entretenimento para crianças. Com belas imagens, com corujas apaixonantes, e com uma história de vitória do bem sobre o mal necessária na formação de nossos "pequerruchos".

Ao mesmo tempo, não é um filme bobo. Não apelaram para o antropomorfismo no movimento das aves. Elas, apesar das expressões tipicamente humanas, agem como corujas, voam como corujas e comem o que as corujas comem (eca!). Afinal, é uma história sobre corujas. Possui um enredo que permite o desenrolar da história, mas não se prende a detalhes - eis seu maior pecado.

A peregrinação das aves tem um salto imediato. Parece que logo na primeira dificuldade temos nossos herois socorridos. Aliás, tudo acontece com pouco esforço. Ainda que a história diga que não, que tudo seja duro, tudo seja um drama, a velocidade dos acontecimentos agilizam a história quando ela deveria dar-nos mais detalhes, ou pelo menos maior dramaticidade. E o filme peca bastante nisso.

Enfim, meu veredito: é um filme "bonzinho". Não é ruim, mas também não é bom. "Bonzinho" está de bom tamanho. Excelente era o trailer.

Ósculos e amplexos!

"Comer, rezar, amar": uma opinião.

Por algum motivo não estava conseguindo postar por aqui. Por isto, minhas mais recentes críticas demoraram para chegar. E, muito provavelmente, meus amigos e amigas já devem ter assistido os filmes. Mas, seguem minhas considerações mesmo assim.


A seu favor, um livro envolvente. Contra, um filme duvidoso. Quem lê o livro tem a seu favor um pouco mais dos personagens da história. Para quem não o leu, tem um filme de personagens rasos, principalmente a personagem principal. Quem leu o livro, tem um testemunho de uma mulher apaixonada pelo marido e a impressão de que tudo aquilo é uma declaração e homenagem ao "caliente(?)" marido brasileiro da autora. Para quem vê o filme sem ter lido o livro, enxerga apenas mais uma generalização do homem brasileiro (pelo menos, uma generalização positiva, mas não deixa de ser uma generalização). Enfim, como diria um amigo meu: "deveria ser proibido, pois é caso claro de venda casada".
Apenas sobre o filme, daqui por diante, não é a obra mais feliz de Julia Roberts. Caras e bocas maravilhosas da atriz não ajudam no fraco personagem encarnado por ela. Imagens maravilhosas e uma excelente fotografia não fazem os minutos passarem na tediosa obra. E a parte inteira que se passa na Índia (apenas para quem não leu o livro), poderia ser cortada do filme, pois pouca coisa contribui. O filme tem um início que promete, um meio que não cumpre, e um óbvio final que decepciona. Um filme realmente fraco (ainda que as mulheres delirem com todas as formas de se conjugar o verbo comer [sem culpa] do filme; uma única ideia boa não faz um filme inteiro bom).

22 outubro 2010

Outra comunicação é possível.


Qual a contribuição que meu Blog dá à democracia? Não tem a menor pretensão de ser um blog gigante, bem como a de ser financeiramente bem abastado. Não possui uma regularidade de suas matérias, tampouco aquela percepção sagaz e na velocidade dos acontecimentos que um jornalista possui. A única coisa que tem é um autor progressista. Um amante dos textos políticos, analíticos e críticos. Um ex-estudante de filosofia (se é que dá para parar de estudar filosofia), e um analista internacional.

Exatamente isto: o autor é progressista, e suas ideias estão sendo vinculadas sem a permissão de algum editorial, ou de uma das seis famílias que controlam a grande mídia no Brasil. Possui o mesmo caráter de denúncia que os Funzines possuíam (só que meus funzines nunca tiveram mais de quatro mil leitores, como meu blog tem). E o poder das ideias é ilimitado, desde que uma vez comunicada.

Portanto, faço minha adesão a esse movimento importante que é a dos blogueiros progressistas. E incentivo a todos e todas que façam seus blogs. Mesmo que não tenham público, ou que ache suas matérias desinteressantes. Façam, e assim a democracia ganha com mais opiniões comunicadas livremente.

Ósculos e amplexos!

(PS* Minha total solidariedade ao blog do Esmael Morais, emblemático na luta pela liberdade de expressão - e que foi censurado em plenos 2010 a mando do recém-eleito governador do Paraná).

18 outubro 2010

Curitiba e suas estátuas.


Curitiba tem estátuas aos montes. Mas não são grandes como em outros lugares, como em outras capitais. A cidade reconhece a existência de grandes personalidades, de até mesmo grandes brasileiros. Mas, teme proporcionar uma grandeza maior do que merecem. Temos Tiradentes, ao lado do Paço, perto da XV. E a semelhança com Rio de Janeiro para por aí. Nosso Tiradentes é pequeno, apenas não imperceptível por ter uma praça para ele em partilha com o Generoso Marques. Temos, igual a Porto Alegre, uma Justiça em pedra. Porém, de grande, somente a curvatura de suas coxas e o enorme desconhecimento do povo curitibano sobre quem é ela.

Curitiba não exalta nem mesmo seus fundadores, tampouco seus amados prefeitos. O baiano Zacarias, designado pessoalmente por Sua Alteza para elevar Curitiba à Capital de Província, ironicamente tem seu marco encravado entre o republicano Marechal Deodoro e o abolicionista e poeta Emiliano Perneta. O amado prefeito Erasto Gaertner, que morreu durante o mandato, possui um hospital em seu nome e uma imensa avenida; porém, não tem estátua.

Herois nacionais? Mártires curitibanos? No máximo uma pracinha ou uma viela. Os voluntários da Pátria, uma viela; os pracinhas, uma pracinha com museu - mas com um torpedo apontado para a porta do Instituto alemão, em via das dúvidas. A própria entrada do paraíso é um bizarro portal na entrada lateral do Parque Bacacheri.

Curitiba é assim, ironica, austera, amada por mim, cinza para mim, cinza para quem quiser colori-la!

Ósculos e amplexos!

07 outubro 2010

Nostalgia Comtemporânea: Recorte da Memória

Nostalgia Contemporânea: Recorte da Memória

[Nota minha] Excelente texto de Mariana Serafini - que carinhosamente a chamamos de "Rostinho". Impressionou-me pela qualidade da composição - que pelos pequenos tropeços de digitação, percebe-se que não sofreu revisão e ainda assim está muito bem composto - além de traduzir de maneira singela muita coisa bastante dura.

Ilegal, Imoral e Engorda: Dez falsos motivos para não votar na Dilma

Ilegal, Imoral e Engorda {by Isadora Pisoni}: Dez falsos motivos para não votar na Dilma: "Por Jorge Furtado, cineasta Tenho alguns amigos que não pretendem votar na Dilma, um ou outro até diz que vai votar no Serra. Espero q..."

21 setembro 2010

Como diferenciar um candidato de outro?

Para cada proposta política que um candidato apresenta, há um princípio do qual lhe é implícito. Separar princípios da verdadeira miscelânia de propostas não é uma tarefa fácil. E mesmo os mais eruditos, por vezes pecam ao analisar uma proposta pelos seus resultados diretos e não pelos princípios que nela estão implícitos. E para os que estão indecisos, tudo aparenta ser tão igual que, quanto mais propostas aparecem, maior fica a confusão e a semelhança entre um candidato e outro.

O primeiro grande princípio a ser analisado é: para quem este ou aquele candidato apresenta seus projetos? Respondendo isto, já é meio caminho andado para se escolher sabiamente seu candidato.

O grande problema, neste caso, é que a política é dinâmica. E os grupos e camadas sociais que um determinado candidato defendeu ontem, hoje pode não mais defendê-los. Assim como as coisas mudam, as alianças também. E é extremamente natural aquele inimigo de ontem estar hoje aliado. Traição, em política, é não cumprir acordos. Mudar de lado, de postura ou de opinião é a coisa mais normal e saudável que se tem - desde que não se descumpra acordos ou compromissos.

E, por falar em compromisso, esse se faz com o eleitorado. Portanto, registrar em cartório um programa de governo não significa nada, exceto uma medida de impacto para os mais desprevinidos se impressionarem com o gesto. Cartório nenhum tem poder de impeachment.

No debate de ontem, 20 de setembro, na RIC-TV (Record); chamou-me a atenção algumas coisas, que somente analisando os princípios é que dá para separar o joio do trigo.

- O ex-prefeito de Curitiba se considera o melhor candidato por ser o único com experiência no Executivo (os demais ou foram parlamentares ou nunca conseguiram se eleger). Tal argumento possui princípio aristocrata, portanto nada democrático. Platão, por exemplo, aristocrata, era contra a democracia, pois defendia que há pessoas que nascem pilotos, outros marinheiros. E que, a democracia, faria com que marinheiros fossem escolhidos como pilotos, comprometendo a navegação. Prova de que a democracia não depende de expertises no comando é que Lula, que nunca foi eleito para o Executivo, é o presidente melhor avaliado da história do Brasil e por mais longo tempo.

- Outra do ex-Prefeito: "Vou levar cultura para o povo". Esconde-se neste argumento dois preconceitos de classe: o primeiro é a ideia de que o povo não tem cultura e o segundo é que povo e pobre são as mesmas coisas.

Resumindo... Devemos identificar as camadas e grupos sociais que cada candidato está comprometido e se perguntar se fazemos realmente parte de tais grupos ou camadas. Um candidato comprometido com os trabalhadores dificilmente fará política que beneficie somente o patrão, e vice-e-versa. Por mais que se queira ser patrão, se sua condição é de trabalhador, o ideal é identificar candidatos comprometidos com as camadas trabalhadoras. Devemos também separar das propostas o princípio que a sustenta. Somente assim se é possível distinguir uma proposta da outra. Senão, todas serão bastante parecidas.

Tenha um bom e sábio voto!

Ósculos e amplexos.

20 setembro 2010

Arte na Faixa.


Em Curitiba, somente amanhã serão mostradas as intervenções artísticas urbanas nas faixas de pedestre pelo site. Mas, consegui pegar uma e estou publicando em primeira mão.
Adorei a ideia... sinceramente, todas as faixas de pedestres poderiam ter intervenções artísticas.
Ósculos e amplexos!

14 setembro 2010

Sobre o Piá de Prédio.

Todo mundo sabe que em cada lugar deste imenso Brasil há palavras próprias que emprestam, por si só, identidade cultural. Não se imagina um carioca pedindo um cachorro quente com duas vinas. Tampouco, um pernambucano pedindo abóbora.

Bom, estou escrevendo sobre uma expressão usada recentemente pelo ex-Governador do Paraná para descrever sobre um determinado candidato. Faço pois, no Paraná mesmo, há muitos que estão me perguntando o que o ex-Governador está querendo dizer.

A palavra, ou expressão, piá é de significados diversos para a população curitibana. Na verdade, ninguém sabe ao certo o que a palavra significa. Há consenso apenas quanto o uso ao se referir a um menino. E, de uso tão comum, que mesmo os que são de outras cidades, rapidamente já incorporam a palavra em seu vocabulário.

Aurélio de Holanda, que seu dicionário pertence hoje a uma imensa e poderosa rede educacional com sede em Curitiba, considera que o verbete piá significa "menino de engenho". Em guarani, língua onde se originou o nome da cidade, "pyã" significa coração. E durante muito tempo, para minha mãe, eu era chamado de piá toda vez em que eu quebrava algo em casa. (Tenho calafrios só de lembrar a frase: ah, piá!).

Até aí, tudo bem. Basta vir a Curitiba uma vez, ou ouvir o comentário de alguém que veio para que a palavra deixe de ser estranha. A junção Piá com Prédio é que chama a atenção. Tanto que em pleno 7 de setembro, na página da Gazeta do Povo, jornal curitibano que praticamente batizou a "Boca Maldita", causou alvoroço entre os ilustres senhores do Senadinho curitibano. Estavam eles irados com um blog do jornal em que se dizia que o significado seria algo como "filhinho da mamãe". O que faço coro com eles.

O significado de Piá sempre foi polêmico, mas as mães curitibanas nunca chamaram seus filhos assim em momento de ternura. Sempre foi atrelado à descoberta de alguma traquinagem. Pelos vizinhos então, piorou: era mais equivalente ao "pivete" usado no Rio de Janeiro que ao "guri" usado no Rio Grande do Sul.

Piá de Prédio seria o inverso: aquele que não teve a oportunidade de fazer traquinagem. Que nunca teve o prazer de subir em uma árvore, de empinar uma pipa, ou de correr atrás de uma bola. Era o chato do "dono da bola" ou melhor "do video-game", que desligava a chave geral da casa caso não ganhasse dos amiguinhos de joystick. Era o nome, ou melhor, a forma pelo qual a molecada do bairro se vingava dos esnobes do centro da cidade. Piá de Prédio, enfim, era aquele que se um dia empinou pipa, foi de sacola de mercado e pela janela do décimo andar.

Polêmica desfeita, está dado o significado de piá de prédio - pelo menos para mim.

Ósculos e amplexos e espero que agora vocês possam entender o que o ex-Governador quis dizer quando chamou o ex-prefeito de Piá de Bosta!

10 setembro 2010

Pesquisa IBOPE/RPC: uma leitura



Bonecos: Gilberto Yamamoto

Concordo com a leitura de Celso Nascimento sobre a pesquisa IBOPE/RPC de fim de agosto sobre a corrida ao Palácio Iguaçu: é um primeiro momento, uma primeira mudança. Mas, ainda é cedo para comemorar.
O que a frieza das pesquisas apontam é: a campanha de Osmar promete alavancar no final, e a campanha do Richa a decair. E, devido aos inexpressivos resultados dos demais candidatos, um empate técnico novamente irá marcar o resultado final.
A surpresa, no entanto, está na quebra da constante. Ou seja, pela primeira vez alguns resultados apareceram na pesquisa. A primeira, e mais óbvia, é o crescimento poderoso que Osmar obteve após a entrada engajada do Presidente Lula e de Dilma na campanha. Diminuir de 16 para 9 pontos em tão pouco tempo é notório. Ainda que, em pesquisa, deve-se observar o todo e não apenas a pesquisa em si, trata-se de um resultado que promete uma reta final eletrizante.
A pesquisa mostra outros fatores também interessante. Pela primeira vez na história curitibana, um candidato do PT está liderando a pesquisa. Nem no auge do lulismo, Curitiba nutriu simpatia ao Partido dos Trabalhadores (aqui deu Serra e Alckimin nas eleições passadas). E, além de Dilma estar na frente, tem-se ainda a marca de 81% de satisfação com o governo federal (três pontos acima da média nacional). O mau humor curitibano está mudando.
A parte chata da pesquisa está na análise sexista que a RPC também sondou: entre as mulheres, dá Beto. Quem sabe se ambas as campanhas passarem a propor algo mais digno para as mulheres, o critério delas não mude?
Ósculos e amplexos.
PS* O blog ainda está em reformas, mas já é possível verificar algumas de suas transformações.

04 setembro 2010

Afinal, qual o contexto?


Não me aguentei: tive que bater uma foto do salão de cabeleireiros ao lado da minha casa em Praia de Leste. A frase de Shakespeare é, no mínimo, curiosa.
Procurei no Google seu contexto, mas não há. (O que me leva a crer que não exista). Procurei em qual obra a frase se encontra. Nem um dos mais de sessenta sonetos que li eu consegui achar a frase.
Sem o contexto de Shakespeare, fiquei sem o contexto do Salão também. Será uma ironia? Será que a dona, após tantas e tantas maquiagens, decidiu se rebelar contra a falsa beleza dos cosméticos? Ou será que é apenas um aviso de que não possui poderes mágicos, tampouco é capaz de realizar milagres?
De qualquer maneira, a placa conseguiu ganhar um admirador.
Ósculos e amplexos!

01 setembro 2010

"Pió que tá pode ficá"





Gaudêncio Torquato é conhecido jornalista, professor da renomada USP, consultor de comunicação bastante famoso em sua área. Mas, ao escrever seu texto “pior que está não fica”, assinou como consultor político para O Estado de São Paulo. Cometeu dois equívocos logo de início: não se trata de um texto político, tampouco em um veículo politicamente imparcial.


Qual a relação entre as mudanças históricas no pensamento político com a expansão da alienação, ou com a ridicularização da política? Para Torquato, apenas a de que nossa consideração para com a política chegou ao fundo do poço. E, para ilustrar seu argumento, utiliza-se da campanha eleitoral de Tiririca.


Para Torquato, não será espantoso se Tiririca se eleger, pois outras celebridades já conseguiram. E, defende duas hipóteses para tal movimento: “ou os novos atores foram compelidos a ingressar no espaço público para cumprir relevante missão a serviço de coletividades que representam” ou “a opção se deve ao esgotamento do ciclo profissional e ao vislumbre de uma carreira sob as luzes da democracia representativa”. Para logo após ignorar a linha investigativa iniciada para começar outra com o propósito de tentar desvendar o que significa a candidatura de celebridades.


Para buscar um significado, elabora o seguinte questionamento: “a razão para profissionais de outros nichos ingressarem no mundo da política tem que ver com a eleição de uma figura de origem humilde para o cargo mais importante da Nação?”. Para tal hipótese, Torquato concorda de início, mas considera que há outros componentes talvez mais apropriados para explicar tal fenômeno. E vai buscar na explicação psicológica de alguma teoria dos ídolos o motivo pelo qual uma celebridade consegue se eleger.


Termina seu texto parabenizando as celebridades que usam de sua fama para lutar por algum ideal ou para representar uma base política real. Parabeniza o sucesso do governo Lula. E critica a existência dos oportunistas e quadros debochados que aparecem no horário eleitoral, associando a inércia que a política possui no Brasil. E termina concordando com Tiririca quando diz que “pior que tá não fica”.


Minha vez: quanta bobagem, senhor Torquato! Pior que está pode ficar sim!


Antes de eu explicar como podem as coisas ficarem pior que estão, questionemos o que vossa sapiência insinuou em seu texto. Primeiramente, não se coloca em um mesmo saco as celebridades. Há inúmeras que vieram de uma base política real, que representam inclusive anseios de classe. Netinho de Paula, do PcdoB, apesar de não ser comunista, já socou jornalista em “pânico” por insinuações preconceituosas diante de uma noite de gala em dia de luta pela igualdade racial. Leci Brandão sempre teve atuação entre as comunidades carentes, sendo por muitas vezes sua voz. Enfim, tantos que vossa sapiência diz que aplaude, mas que de uma certa maneira, em seu texto, acabou colocando-os em um mesmo saco.


Não é de hoje que a política possui quem a ridicularize. Lembra-se do Macaco Tião, que é até hoje o animal mais votado da história? Ele foi invenção do Casseta e Planeta em 1988. E o rinoceronte Cacareco (que acho que você o mencionou an passant no fim do seu texto, mas não ficou claro) da década de 1950? Pior, Silvio Santos para Presidente? Há alguma ligação entre tais momentos históricos? Entre os candidatos? Entre a ridicularização?


Agora, preocupante é afirmar que a política é para políticos profissionais. Afirmação quase platônica, de efeito tão fascista quanto o desejado por este filósofo quando em sua A República. Principalmente para um país que finalmente começa a ter uma democracia amadurecida. E que, eleger o Tiririca, que ridiculariza a democracia, é sim surpreendente e jamais deverá ser vista com naturalidade.


Pior que está pode ficar. Podemos retroceder em nosso estágio. Ainda não temos uma democracia tão amadurecida assim, apesar de nosso melhor momento político, econômico e social da história. Podemos eleger quem acha que dois professores ganhando mal e sem o menor incentivo em uma mesma sala é a solução para os problemas educacionais. Podemos eleger Tiriricas, e institucionalizar a corrupção e a falta de compromisso para com o povo. Podemos aceitar ideias tiranas para solucionar o problema de sermos um país ainda longe de possuir o PIB que possui os Estados Unidos. Pior que está pode ficar!


Estou apenas usando meu livre exercício da crítica. Não te conheço, mas respeito seu trabalho em comunicação. Mas, francamente, quanta bobagem para quem assina ser consultor político, e para um jornal de enorme circulação (e questionáveis posicionamentos autoritários ao longo de todo o período de amadurecimento político brasileiro que tivermos nestes últimos oito anos). Pior que tá sempre há como ficar.


Ósculos e amplexos!


PS: O blog ainda está em obras... mas as eleições dão situações que temos que parar o que estamos fazendo para publicar nossa opinião.

18 agosto 2010

EM OBRAS


Queridos e queridas!


Faz tempo que não atualizo minha cozinha. Acreditem, é por um bom motivo. Quero fazer uma reforminha básica nela. Então, obrigado aos que me cobraram novos posts.


O motivo pelo meu sumiço? São vários: trabalho novo, fim de faculdade (TCC)... e por aí vai!



Desculpem-me pelo transtorno. Estou em obras para melhor postar novidades!


Ósculos e amplexos!

02 julho 2010

Acabou a Copa para nós!

Seleção brasileira na Copa, somente em 2014. A campanha para o hexacampeonato teve de ser adiada por pelo menos mais quatro anos. Como diriam os colegas fãs da bola: a seleção "pipocou". Mas, o que aconteceu?

Aconteceu uma Copa do Mundo em um país onde há pouco tempo eliminou a segregação racial institucionalizada que possuía. Em um continente arrasado pela cobiça das chamadas nações poderosas. Em meio a um povo alegre, porém sofrido, que nunca perdeu as esperanças de um dia as coisas melhorarem. Entre estádios monumentais e alta tecnologia das televisões, vivem os trabalhadores sul-africanos com todas as desigualdades sociais que sempre tiveram.

Aconteceu um futebol pequeno, mas com grandes "bodes expiatórios". Primeiro, culparam a bola. Depois, culparam as variações de temperatura e clima entre as cidades-sede. Culparam o gramado, culparam juízes, culparam quem coloca a culpa em outras pessoas. Não culparam o país, pois seria escancarado o preconceito para com os países pobres e sua maioria étnica negra - mas que não se furtaram de dar indícios de que isto ocorreu.

Aconteceu uma nivelação entre as equipes. A falta de espetáculo incomodou os torcedores, que declararam que se tratou de um nivelamento "por baixo" - [sabe-se lá como é que se nivela algo dessa maneira]. Mas o fato é que aconteceu um crescimento do nível esportivo dos países mais pobres, que passaram a ter políticas de Estado para o esporte e desenvolvimento físico de seus povos. Coisa que não foi acompanhada pelos países ricos, que tem seu futebol marcado pelos jogadores "importados" e a grande distância entre o esporte de base e o de alto rendimento.

Por fim, aconteceu uma Copa. Uma etapa final onde 64 seleções disputam para ver qual delas, mas apenas uma, se sagra campeã. Um momento em que mexe com o coração de bilhões de pessoas no mundo inteiro. Que faz com que trabalhadores brasileiros sejam dispensados de seus trabalhos, mas que terão que pagar ao patrão de seus salários - e obviamente que o patrão terá um prejuízo insignificante se comparado aos rios de lucros que já ganhou explorando os seus trabalhadores.

Ah! Houve um técnico que não era técnico comandando a seleção dele, e não a brasileira. Um técnico que peitou a Globo, mas que esqueceu da magia que os seus comandados provocam no povo brasileiro. Fez treinos e mais treinos em regime de internato. Não levou os ídolos do povo. E o resultado foi a seleção ter "pipocado" tanto na Olimpíada de Pequim quanto na Copa da África.

Sorte da Holanda, que soube explorar todos os defeitos do Brasil, com um futebol feio mas eficiente. Venceu um time que depende de três jogadores, contra uma seleção que abriu mão de criativos jogadores justamente no setor de criação e meio campo (Ronaldo Gaúcho e Ganso).

Sorte da Argentina, que tem uma grande seleção e um técnico que sabe dar espetáculo e elevar o moral da tropa. E que, muito provavelmente enfrentará a Holanda na final.

Azar nosso!

24 maio 2010

Amor sem escalas (Up in the air): gênero indefinido!


Na capa do DVD, o gênero classificado é comédia. Para muitos críticos se trata de um romance. Para os mais conciliadores, comédia-romântica. Para mim, classificaria-o como melancólico. Mas, como não há essa classificação, recomendo que o filme "Amor sem escalas" (Up in the air, 2009) fique na prateleira de gênero indefinido.

Há tempos não via argumentos tão bem desenvolvidos e personagens tão bem interpretados, em uma história tão bem contada. Mas, alerto: dê uma chance para o filme te conquistar, pois demora para isto acontecer. Aliás, a sutileza é a tônica do filme e o tempo dele também é bem sutil, em um limiar de quase total monotonia. Entretanto, aos poucos, cada personagem vai conquistando a quem assiste ao filme. E, quando se aproxima o fim do filme, estamos completamente apaixonados pela história e atônitos pelo final sutilmente surpreendente.

O nome dado em português não colabora. Mais uma para a saga "como destruir o interesse por um filme logo pelo título". Não me surpreenderia se alguém entrasse com processo por propaganda enganosa. Ryan Bingham (George Clooney) possui a mais lucrativa e medíocre profissão em tempos de estouro de bolha econômica e crise financeira: ele trabalha despedindo pessoas. As empresas contratam empresas como a de Bingham não por não ter coragem de despedir seus funcionários, mas por elas possuírem uma abordagem capaz de dar falsas esperanças aos miseráveis demitidos e assim diminuir o número de processos trabalhistas. Bingham dá palestras "motivacionais" sobre como viver sem "pesos na mochila", sendo tais pesos qualquer coisa que não caibam em uma mochila, como casa, família, parentes, amores, etc. "Não somos cisnes, somos tubarões" é a tese de Bingham, e ele realmente vive sua estúpida filosofia de vida. Como não tem uma família, nem mesmo uma casa equipada para se chamar de lar, além de uma profissão da qual se torna impossível se dizer orgulhoso, seus símbolos de status são: atendimento preferencial para VIP nos aeroportos, hotéis e locadoras de veículos. Seu hobby e sonho: acumular 10 milhões de milhas aéreas para ser membro de um seleto clube de milhagens de uma empresa aérea americana (e ele simplesmente não come nada que não lhe acumule milhas por isso).

Bingham ama a vida que tem. Dos 365 dias do ano, ele passa 322 viajando entre um aeroporto e outro. Sejamos sinceros: há algo mais melancólico que um aeroporto? Ele conhece uma versão feminina de si, Alex (Vera Farmiga). Mesmo soando um tanto cômico, os flertes se dão em meio à cartões de clubes de fidelidade - não havendo mais limites para a melancolia. Seu "namoro" com Alex é por meio de roteiros profissionais coincidentes (ainda que o próprio filme, por intermédio da irmã de Bingham, diga que adultos não namoram). Trocam carícias e picantes provocações por meio de seus celulares (e por mensagem de texto!). Por fim, Bingham tem que lidar com a novata e inovadora colega de trabalho Anna Kendrick (Natalie Keener), que propõe revolucionar o trabalho implementando um sistema de demissão à distância, via teleconferência.

Há poucos momentos em que Bingham demonstra ter coração. O primeiro, é o romance com Alex, que aos poucos ele vai se permitindo criar vínculos. O segundo, a recusa pelo procedimento de Anna - afinal, mesmo não se importando com ninguém, ele se importa consigo próprio e argumenta que o encontro pessoalmente evita maiores danos no futuro desempregado. E o terceiro, a tentativa de integração com sua família (não darei mais detalhes para que esse texto não contenha spoilers).

Amor sem escalas é uma apologia à melancolia. Seja pela crise econômica que é o pano de fundo, seja pela vida sem maiores apegos da sonhada vida dos tubarões executivos, seja simplesmente por ser a vida algo melancôlico para quem quer vê-la assim. É um filme excelente, mas sem grandes cores. Um cinza que vai colorindo o vazio do sonho americano.

Ósculos e amplexos!

PS* Apesar de Bingham ser compulsivo em matéria de se ganhar tempo nos "check in", o filme dá excelentes dicas para amenizarmos o sofrimento aeroportuário (principalmente com as paranoicas determinações de segurança que há nos EUA).

22 maio 2010

The sex and the city 2: elas estão de volta!


Elas estão de volta! O segundo filme sobre Carrie, Samantha, Charlotte e Miranda chegará nas telonas dia 28 de maio. E, por melhor ou pior que seja, irá contar um pouco mais sobre as quatro amigas que revolucionaram o modelo sitcom (comédia de situação) e se tornaram referências para se observar o complexo universo feminino.

Para quem não sabe do que se trata - provavelmente por ter passado os últimos 12 anos em Marte -, o filme é a continuação das histórias da série (saga) homônima que foi exibida pela HBO entre 1998 e 2004 (no Brasil entre 2002 e 2004, com cortes das cenas mais picantes e episódios mais polêmicos - um "The Sex and the City" light). Ao todo, são mais de 45 horas de programa, divididos em 94 episódios, exibidos em seis temporadas e um filme para o cinema. Trazia a história de quatro mulheres solteiras, bonitas, inteligentes, sexualmente bastante ativas, e com idades entre 30 e 40 anos. Sem nenhum exagero, um Balzac contemporâneo e multimidiático.

A série revolucionou o sitcom com o assassinato das insurportáveis claques - as risadas e aplausos de fundo, que simulava uma "interação" com o público; e com a saída do estúdio e explorando toda a cidade para o cenário das histórias. Mas, foi mais além, soube partir de uma estereotipação de seus personagens, mas foi com o decorrer do tempo amadurecendo-os. Ao invés de fixos estereótipos, as personagens foram construídas à partir dos anseios e características típicas do imaginário feminino, e na medida em que iam vivendo suas aventuras, agregavam novas características e inovando seus personagens.

Ainda que tenha revolucionado o sitcom, não é esse elemento o que provocou tanta paixão tanto por mulheres quanto homens pela série, mas todo um conjunto que apresentou o novo universo feminino do século XXI. Definitivamente não é um olhar feminista, inclusive há uma certa rejeição ao complexo e multifacetado movimento de mulheres. É uma nova balzaquiana, ou melhor, quatro diferentes "balzacas" apresentando diferentes pontos de vista para os mesmos temas. São mulheres solteiras, emancipadas, de classe média, com suas virtudes, vícios e muitos impulsos consumistas. São mulheres que lidam com seus problemas sozinhas ou somente com o apoio de suas amigas. Que vivem na charmosa Nova York, que desfrutam de todas as vantagens de se viver na metrópole mais cosmopolita do mundo. Mas que ao mesmo tempo buscam um amor para que tudo isso torne suas vidas completas e mais feliz. E fundamentalmente: é uma série divertida e inteligente!

Outra coisa que me chama bastante a atenção em The Sex and the City é que, ao mesmo tempo em que pode ser resumido em sexo, comportamento e consumismo, é também uma grande injustiça em resumir a série de tal forma. É uma série sobre mulheres que compram o que querem, fazem sexo com quem querem, alcançam os objetivos profissionais que traçam, frequentam lugares concorridos ou simples que desejam, e enfrentam e superam doenças e decepções, mas que temem ficar sozinhas. A instabilidade feminina é demonstrada com um humor incrível, ao mesmo tempo em que manda um recado para os homens: se quer ter uma mulher de verdade em sua vida, deve simplesmente aceitar suas instabilidades e aprender a conviver com elas. São mulheres que condenam o patriarcalismo tradicional, ainda que não consigam se desprender dele (elas são por diversas vezes patriarcalistas radicais, por vezes bastante preconceituosas, ainda que condenem ambos com veemência). São mulheres desprovidas de pudores sexuais e afetivos, mas que se tornam infelizes e neuróticas sem a presença de um parceiro.

Por fim, a série e o primeiro filme deu um final feliz para as quatro amigas. Não deu para todas o casamento enquanto desfecho para o "felizes para sempre", mas trouxe o parceiro para cada uma delas. O segundo filme irá explorar o que acontece depois do "felizes para sempre". Irá explorar a vida após o casamento. Irá explorar outro lugares, e o olhar feminino sobre o diferente (inclusive a espinhosa abordagem sobre a cultura árabe). Uma série que virou filme, um filme que fechou a saga, uma continuação que promete pelo menos matarmos as saudades das quatro amigas que se tornaram referência tanto para a linguagem do sitcom quanto para a mulher do século XXI.

Ainda que eu me irritasse com algumas futilidades e outras coisas, no geral, adorava a série e estou ansioso para ver o resultado do segundo filme.

Ósculos e amplexos!

========================================================
Dedico esse post para minha querida amiga, verdadeira irmã, Priscila (fã incondicional de The Sex and The City).
========================================================
Diário de um intercambista: infelizmente, o projeto teve que ser adiado para o ano que vem. Aos que torceram por mim, meu mais sincero muito obrigado. Mas, a vida é assim mesmo. Nem sempre tudo dá certo. Viva a resiliência!

05 maio 2010

Homem de Ferro 2: uma opinião.

O filme Homem de Ferro 2 tem excelentes cenas de ação, convincentes efeitos, e só. Infelizmente, a praga das continuações atacou as empresas Stark. Um elenco, ou melhor, uma constelação de bons atores não conseguiu segurar a fraca e apelativa história. E para os fãs de HQ, continuam assassinando a trajetória de Tony Stark. Nem a tradicional "invasão rápida" de Stan Lee surpreende mais. E o pai "bonzinho" de Tony Stark é um crime para as melhores edições do HQ de Homem de Ferro.

Viúva Negra (a linda Scarlett Johannson) tem apenas uma única cena de ação e, de praxe, nenhum fio de cabelo fora do lugar após a pancadaria. A interpretação de Downey Jr. não é das mais inspiradas. A sua cara é a mesma com crise, à beira da morte, em meio a uma luta, e no detetive Sherlock Holmes. Pepper Potts (a tão bela quanto Johannson, Gwyneth Paltrow) e Chicote Negro (Mickey Rourke) são os únicos que convencem pela interpretação. Os personagens vão se perdendo ao longo da trama. Sem tempo para demonstrar sequer remorso, dores, ou outros problemas que qualquer ser humano normal passa diante de tantos acontecimentos.

Para quem gosta de HQ, o filme é fraco. Para quem não acompanha, mediano. Para aficcionados pela fusão HQ e cinema, o filme pode ser assistido como mero passatempo, pois carece de uma boa trama. Um HQ que somente apresenta pancadaria, sem uma boa história que a acompanhe, sem um bom argumento pelo qual a briga começou, geralmente é deixada de lado logo nas primeiras páginas. Mas, como em um filme não podemos fazer isso, torcemos em vão até o final para que o óbvio sempre aconteça: o bandido dá trabalho, mas perde para o mocinho de maneira relativamente fácil depois de inúmeros e intermináveis prelúdios do que vai acontecer.

O que se salva é o gancho para a versão cinematográfica de "Os Vingadores". Para quem não acompanha HQ, é a resposta da Marvel (editora/universo de Homem de Ferro, Thor, Hulk, e tantos outros herois) para a Liga da Justiça da DC Comics (Editora/Universo de Superman, Batman, Flash, e tantos outros). A série tem uma curiosidade interessante: o governo apoia o "clube de herois"; coisa inusitada para o universo Marvel. Para quem acompanha, sabe o quanto essa série é importante. E pelo jeito, será com a primeira formação (Homem de Ferro, Hulk, Thor, Formiga Negra e Vespa), ou seja, sem o xarope do Capitão América. Com o possível Hulk Vs Homem de Ferro, para a continuação da saga cinematográfica de Hulk, já sabemos de antemão como é possível "Os Vingadores" surgirem.

Enfim, o filme Homem de Ferro 2 dá esperanças para que o universo HQ no cinema se torne mais enriquecido. Mas, vá assistí-lo sem muitas esperanças de ver um bom filme. A chance de sair decepcionado é grande.

Ósculos e Amplexos!

===============================================
Parabéns Carol pela decisão do batismo! Certamente será uma das mais importantes decisões de sua vida.
===============================================
Diário de um intercambista: consegui um emprego temporário para levantar uma grana pro meu intercâmbio. E a universidade estrangeira já fez contato comigo, prometendo que a coisa vai dar certo.
===============================================

29 abril 2010

Sala Ivo Rodrigues e Virada Cultural em Curitiba

Foto: Gazeta do Povo - Luiz Cequinel/FCC

Em uma música do Blindagem, Ivo Rodrigues cantava: "Não sei mais quanto tempo vou esperar pra ver minha estrela brilhar". Pois é, Ivo não está mais entre nós e sua estrela brilhou no respeito que inúmeros amantes curitibanos da boa música sempre tiveram pelo seu trabalho e vozeirão. Uma singela homenagem está sendo preparada pela Fundação Cultural de Curitiba: o palco do Teatro Universitário de Curitiba se chamará Sala Ivo Rodrigues.

Pensemos: trata-se de uma homenagem à altura? Não sei dizer ao certo. Por um lado, o TUC fica no maior reduto boêmio da cidade - o Largo da Ordem. Nesse local, era comum ver o Ivo e sua turma dando o ar de sua graça em alguma das inúmeras mesas, e por vezes tentando descolar uns trocados cantando em um dos bares locais (aliás, o Ivo peregrinava pela cidade inteira em busca de alguns trocados cantando em bares). Por outro lado, a Galeria Julio Moreira (onde fica o teatro) já recebeu inúmeras poesias chamando-a de "galeria mais sinistra de Curitiba". Trata-se de uma galeria esquecida, servindo apenas de passagem pela movimentada rua que há sobre ela. E há anos que nada de muito importante, salvo raras apresentações, acontecem no TUC. Uma homenagem em um lugar desvalorizado pode desvalorizar o homenageado. Mas, como disse, ainda não tenho opinião formada à respeito.

Curitiba tem dessas coisas. Talvez por uma cultura de não valorizar muito o que tem por aqui. Depois do sucesso da Virada Cultural de São Paulo ano passado, que tive a oportunidade de participar (e amar), várias cidades do Brasil estão organizando as suas. Este ano, por exemplo, já aconteceu no Rio de Janeiro três dias de Virada. E nas cidades do interior de São Paulo estão marcadas uma Viradona multicidades. E em todas elas, artistas locais dividem palco com artistas de expressão nacional. E o melhor: são vários palcos prestigiando todas as mais diferenciadas vertentes culturais. Ano passado, na Virada paulistana, houveram palcos brega, rock, "Toca Raul", pagode, samba, hip hop, eletrônico, erudita, e por aí vai. Exceto no palco principal, que somente artistas renomados se apresentaram, em todos os demais haviam artistas locais e artistas renomados se alternando.

A Fundação Cultural de Curitiba está prometendo para novembro, dias 6 e 7, a nossa versão da Virada - que aqui será chamada de Corrente Cultural. Sinceramente, temo pelos resultados. Se depender da forma que estão cuidando da cultura curitibana, tem tudo para ser um evento para inglês ver; e não da Curitiba que viajo, como diria Trevisan. Se cuidarem da Virada como cuidam de seus artistas locais, ficará aquela eterna dúvida se será bom ou ruim, tendendo para o pessimismo. Igualmente à homenagem que querem fazer para o Ivo.

Ósculos e amplexos!

Papo Universitário: Diários Secretos e Apatia Juvenil.


Foto: Gazeta do Povo - Pedro Serapio

Um excelente debate entre os Professores Doutores Adriano Codato; Ana Luisa Fauet Saad; o jornalista André Gonçalves; e meu amigo e Presidente da UPE Paulo Moreira da Rosa Júnior. O evento organizado pela Gazeta do Povo e pelo Instituto RPC, realizado no teatro do Paiol, foi bastante participativo e chegou a lembrar o extinto programa de televisão "Programa Livre".

Praticamente não se falou dos diários secretos da Assembleia Legislativa. Em seu lugar, uma reflexão muito me chamou a atenção: o fato de que os grandes veículos tradicionais da imprensa foram questionados pelos presentes. O baixo prestígio dos veículos tradicionais de comunicação ajudam na apatia pela qual tantas pessoas se queixam ao ver os movimentos sociais arrastarem tão poucas pessoas diante de um escândalo como o dos Diários Secretos.

Por outro lado, houve também algumas manifestações bastante interessantes analisando o outro lado, o dos movimentos sociais. Há uma espécie de descontentamento geral com a política, que somada a anos de criminalização dos movimentos políticos, o resultado é a baixa mobilização na hora de se lutar por direitos e pelo fim da impunidade.

Tirando a desastrosa opinião do professor Codato - que ele acha que os estudantes se tornam vanguarda dos movimentos devido ao tempo disponível que possuem - todos consensualizaram que o que há, na verdade, é uma soma de fatores que contribuem para que não se tenha mais grandes passeatas semelhantes ao do Fora Collor.

Em minha opinião, e que também foi levantada por alguns estudantes presentes, é que a manifestação política acontece em maior volume, porém não da forma tradicional. Aliás, se analisarmos historicamente, a juventude envolvida diretamente com o movimento estudantil nunca foi maioria. Para se ter uma ideia, nos tempos da ditadura militar, o medo fazia com que alguns poucos corajosos se arriscassem lutar por qualquer coisa. Medo mais do que justificável diante das torturas e coisas piores da época. Durante o Fora Collor, até que o movimento tomasse corpo, foram inúmeras atividades que não reuniam mais do que algumas dúzias de pessoas. O Reage Paraná (Em Defesa da Copel) demorou para dar certo e parar dentro da Assembleia. E todos eles, em nenhum momento a liderança da juventude, o movimento estudantil, era a maioria entre os estudantes. Muitos dos que estavam lá sequer ouviram falar em UPE ou mesmo em grêmio estudantil, quiçá o nome do presidente dessas entidades. Mas o movimento estudantil cumpriu o seu papel de vanguarda, de olhar mais à frente. E liderou todos esses movimentos.

E onde há a apatia juvenil se o que existem são juventudes, no plural, e das mais diversificadas? Basta um evento religioso para se reunir milhares de jovens que são lideranças em suas igrejas. Isso também é uma forma de se fazer política. E os inúmeros movimentos ambientais, hip hop, de negros, de mulheres, e culturais? São formas e mais formas diferentes de se fazer política. Definitivamente a juventude não está apática, e talvez nunca esteve no Brasil.

Como eu disse em minha breve intervenção no evento: temos a cultura de analisar tudo com os requintes exagerados de um jogo de futebol. Acreditamos que os tempos passados são melhores e foram melhores que os nossos tempos atuais, quando na verdade apenas são tempos diferentes. E o movimento estudantil sabe disso, e tenta diariamente organizar espaços em todas as escolas e universidades para que todas as manifestações de juventude aconteçam. Mas, esbarra não em uma juventude apática. Mas esbarra em direções, donos de instituições, e inúmeros professores retrógados, parados no tempo, e altamente castradores da manifestação estudantil.

===================================
Diário de um intercambista: a universidade gringa aceitou o meu pedido. Agora é correria para acertar os últimos detalhes documentais para comprar a passagem. Doravante irei dar mais detalhes de minhas preparação. Basta eu receber o "OK" definitivo para começar a me preparar.
===================================
Parabéns Rafinha pela carteira de motorista. Agora é relaxar e perder o medo. Sempre defendi e continuo defendendo que toda mulher deveria aprender a dirigir e assim ganhar mais um passo para sua autonomia. E esse passo finalmente está concretizado! Agora é juntar dinheiro para comprar seu próprio carrão. Beijos.
===================================

Ósculos e amplexos!

13 abril 2010

Bacharelado Interdisciplinar.


Confesso que ainda não estou seguro sobre a novidade, mas, à princípio, aplaudo a iniciativa. O bacharelado interdisciplinar (BI) é a primeira iniciativa, de fato, que aproxima a universidade brasileira das necessidades do país para o século XXI. Com o BI, a estrutura de um grande conglomerado de cursos (herança dos tempos militares) se transformaria em algo mais próximo ao conceito mais amplo de universidade: interdisciplinar e crítica (adotada em quase toda a América Latina e nos Estados Unidos).

A novidade resolve rapidamente um dos primeiros grandes problemas do ensino superior brasileiro: a baixa idade dos universitários. O estudante, hoje, tende a entrar na universidade com 17 anos, e se formando por volta dos 21. Ou seja, a grande maioria desses jovens ainda não tiveram tempo para um amadurecimento crítico para exercer seu papel crítico na sociedade e uma profissão de nível superior. Outro problema que a novidade ajuda a resolver é a elevação do acesso à universidade. Ajuda a resolver, pois amplia significativamente a oferta de vagas de acordo com a estrutura geral da universidade, e não mais de acordo com a estrutura de um curso específico. Além de outros benefícios como a de se ter uma educação superior interdisciplinar, trazendo novos elementos críticos e amplos durante a formação do estudante; diminuição significativa da evasão universitária por motivo de arrependimento do curso escolhido; e assim por diante.

É claro que para cada ponto à favor há um ponto contrário. E todos os pontos devem ser analisados criteriosamente pela comunidade acadêmica e pela sociedade em geral. Mas os poucos pontos contrário a que tive acesso apenas reforçaram que a ideia do BI, na soma dos fatores, é uma excelente iniciativa.

Dos pontos contrários levantados, e dos quais mais tem sido abordados pela grande imprensa, dois me deixaram preocupado:

O primeiro, quanto à qualidade do ensino devido o aumento no número de estudantes. Isso somente é verdade na relação matemática de que para cada um estudante que se soma a uma sala de aula, as atenções do professor obrigatoriamente será dividida. Entretanto, a universidade não se resume na relação professor, aluno e sala de aula. Aliás, essa relação deveria ser uma parte muito pequena se considerarmos que estamos falando de bacharelado. A relação na univesidade deve ser muito mais pesquisador e pesquisando do que professor e aluno. E, quanto mais interdisciplinar e quanto maior for o número de pessoas contribuindo com pesquisas científicas e tecnológicas, melhor se torna a qualidade do ensino, da pesquisa e da extensão universitária.

O segundo, quanto à migração dos insuficientes. Não acredito que seja uma preocupação plausível, uma vez que durante os anos iniciais, o estudante vai direcionando seu curso para a área específica. Além disso, esse argumento esconde um preconceito. Quem disse que um curso é melhor ou pior que outro, quando na verdade apenas são diferentes? As exigências para se especificar em um curso como medicina apenas são diferentes do de um curso de enfermagem. O risco de uma migração dos insuficientes da medicina para a enfermagem, por exemplo, não tem o menor cabimento, uma vez que na medida em que avança no BI, o estudante tem que ir escolhendo o seu direcionamento. E, como no exemplo, enfermagem e medicina são áreas diferentes, diferentes são suas necessidades específicas. O insuficiente simplesmente não estará apto para nenhuma delas, e portanto não fará nenhuma delas, não havendo migração.

Com certeza que há inúmeras desvantagens, mas por enquanto nenhuma ainda me convenceu pela inviabilidade da proposta de BI. Mesmo que eu, conforme dito acima, não tenha ainda opinião formada sobre o assunto.

Aceito mais contribuições para melhor opinião. Ósculos e amplexos!

============================================================
Diário de um intercambista: os resultados dos exames de proeficiência idiomática saíram. E, para minha supresa, meu inglês é melhor que meu espanhol. Mas obtive a média necessária em ambas para o ingresso na universidade estrangeira. Agora, é só esperar a burocracia do lado de lá para começar a organizar as malas. Continuem me desejando sucesso, amigos e amigas.
============================================================
O peixe morre pela boca: fui fazer uma brincadeira com um amigo sãopaulino quando o Rogério Ceni perdeu aquele pênalti horroso (há dois jogos atrás, quando o goleiro do SPFC tocou a bola pro goleiro adversário, com paradinha horrorosa e tudo) pelo twitter. Mas, não acompanhei o jogo inteiro, pois outros compromissos me afastaram da televisão. Quando voltei, o SPFC havia feito cinco gols no adversário. Não deu nem tempo de apagar o tweet enviado, e com todo direito do mundo houve a tripudiada. Está aqui feita a auto-crítica: o jogo só acaba quando no apito final do árbitro.
O peixe morre pela boca (2): Após o jogo, outro amigo sãopaulino pegou carona no vacilo que eu dei pelo Twitter e disse: São Paulo vai atropelar o Santos nos dois jogos... pois é, o peixe ou melhor o Santo Paulo, morre pela boca!
===========================================================
Estão abertas as inscrições para um concurso de contos mórmons. Aceito sugestões para que eu possa inscrever algo. Mais informações, em um post futuro.