19 maio 2007

Estratégia ou tática?





Em minha aula de sexta-feira, tive contato com uma parte da administração que muito me chamou a atenção: Administração por Objetivos. Trata-se de um método no qual metas são definidas em conjunto, principalmente entre administrador e seu superior, e as responsabilidades são especificadas para cada função de acordo com os resultados esperados. Porém, o que ganhou minha especial atenção foi a relação Estratégia e Tática que a APO exige. E, foi justamente pensando nas diferenças entre tática e estratégia que cheguei ao questionamento: estaria o Partido dos Trabalhadores invertendo estratégia com tática?

Há muito tempo que a esquerda social-democrata anda atordoada com a necessidade de uma renovação de sua estratégia e, consequentemente, suas táticas. O Partido dos Trabalhadores, PT, após assumir a Presidência do país, perdeu completamente seu senso estratégico em prol de uma diretiva tática. Essa inversão de objetivos é preocupante, e ao mesmo tempo, nociva para os trabalhadores.

Reza a cartilha das teorias de esquerda que a estratégia política, assim como suas táticas, devem-se ocupar unicamente da ascensão do pensamento operário. Ou seja, um partido de esquerda que se preze, ainda que não seja socialista, deve embasar todas as suas táticas na consecução de um objetivo estratégico para a classe trabalhadora. Coisa que não vem acontecendo no PT. Ele se perde na defensiva dos interesses de gestão da máquina federal, e não no contraponto necessário para que se torne menos favorável para a classe dominante a balança da luta de classes. Quando deveria somar-se, junto com outros segmentos de esquerda, enquanto mais importante tarefa política, na determinação da direção principal da classe trabalhadora brasileira rumo aos objetivos estratégicos para essa classe, o PT opta unicamente pelas táticas de manutenção do governo. Ora, uma vez que a tática é uma parte da estratégia, na qual se subordina, a estratégia do maior partido de esquerda do país não pode ser unicamente sua permanência no governo. Pois, ser governo, significa, para um partido político, ter alcançado objetivos táticos fundamentais para execução de uma estratégia maior. No caso do trabalhador brasileiro, não existe estratégia mais importante que a sua liberdade.

A forma de condução da Central Única dos Trabalhadores, a principal central sindical da esquerda brasileira, pelo PT, seu mantenedor hegemônico, hoje segue a orientação única de cumprir objetivos operacionais para a tática governamental. Ora, se a estratégia é o avanço das camadas trabalhadoras na condução dos rumos do país, se a tática é ser governo para garantir a máquina do estado nas mãos trabalhadoras, logo a função operacional da Central Única dos Trabalhadores deveria ser engajar os trabalhadores para que pautem os rumos táticos para êxito nos estratégicos, e não o contrário. Colocar o aparato sindical para ser base de governo, e não do pensamento de esquerda, é de uma insensatez tamanha equivalente contratar um juiz de futebol para arbitrar um jogo de basquete. Equivalente a convocar um comando de greve para obtenção de redução salarial e demissão em massa.

Por necessária ordem de prioridades, tática subordinada à estratégia, a base sindical do Partido Comunista do Brasil, que tem sua estratégia bem clara, uma vez continuando a CUT como está, tende a romper com esse instrumento de luta. Tende a somar-se com uma outra central sindical que tenha suas táticas comprometidas com as estratégias operárias, e não, portanto, com a tática, agora estratégia para o PT, de se manter a máquina do estado para o PT.

Ósculos e amplexos.

10 maio 2007

Eis no Brasil, o chefe de parte de nossa triste história.


Nasci numa família católica, e hoje estudo numa instituição católica. Frequentei missas, tenho minha fé, e minha orientação moral é cristã. E limita-se por aí o meu catolicismo. Minha família, meu batismo, a educação superior, minha noção cristão, enfim, culturas herdadas assim como todo brasileiro. Mas, quando vejo a foto acima, não é o homem vestido de branco que me representa, mas sim aquele que está apertando sua mão. Esse, vestido de terno e gravata, é símbolo do desejo do povo, símbolo daquilo que nós, povo brasileiro, escolhemos para nos representar. O de branco? Foi escolhido por um conselho, cujo o qual tem o poder de declarar quase divino qualquer membro do próprio conselho. Portanto, em momento algum a minha opinião, mesmo sendo católico, jamais foi e nem será consultada.
O homem vestido de branco representa a Santa Sé, a Imaculada Igreja Católica Apostólica Romana. A mesma que há cinco séculos serve à interesses próprios, e nunca sequer considerou o desejo brasileiro. A mesma que, em nome de uma missão catequizadora, ajudou a destruir a cultura, bem como povos inteiros, do índio brasileiro. A mesma que, durante os anos de chumbo no país, engajou-se numa luta de sangue e morte contra àqueles que sonhavam com a liberdade. A mesma que nem sequer reconhece como santo o que o povo brasileiro já é devoto há anos, Padre Cícero. A mesma que fez com que Bento XVI, assim que pisou em solo brasileiro, condenasse o aborto, a eutanásia, a camisinha, antes mesmo que o próprio povo plebiscitasse à respeito.
Sim, realmente não quero macular a imaculada. Realmente acho linda a passagem missal onde se diz em coro: não olheis para nossos pecados, mas para a fé que anima nossa igreja. Pois é a fé do brasileiro católico que tem que ser santa, imaculada. Não o eterno desrespeito à nossa autodeterminação. Dos primeiros povos antes de Cabral, aos dias atuais, Bento XVI representa o atraso, social e político, além do travesseiro do opressor e a sola de sapato do oprimido.
Respeito a fé brasileira. "Essa estranha mania de ter fé na vida" tem que ser admirada, posta num altar. Respeito o direito das pessoas de terem seu credo e culto livremente. Mas não posso admitir que qualquer um, qualquer um que seja, até mesmo o Papa, queira sobrepor sua vontade à nossa.
Que o Papa seja bem recebido, pois receber bem é nosso bom epíteto enquanto povo brasileiro. Mas não por ele ser o Papa, por ele ser um estranjeiro, por ele ser uma pessoa em visita ao nosso país. Que a estada de Sua Santidade seja tranqüila, e serena. E que deixe que assuntos como camisinha, aborto, eutanásia, e qualquer outro de interesse brasileiro para decisão única e soberana ao povo brasileiro.
Ósculos e amplexos.