29 outubro 2010

Para aumentar um pouco a cultura: Sinatra


Quando estava lendo o Blog do Raoni em sua Seção Saudade - cujo deliciou-nos com três belíssimas canções - deixei um breve comentário sobre o Mr. Blue Eyes, Frank Sinatra. Porém, sabe quando você tem a impressão de que ainda não passou o recado que queria ter passado?

Nesta postagem, quero dizer que a contribuição de Sinatra foi muito maior do que muita gente acha. Mais do que uma belíssima voz, ele também é referência para muita gente, sendo um dos primeiros a trabalhar com um padrão de três minutos para cada música (mas não no disco que irei falar logo abaixo).



"In The Wee Small Hours" é um álbum daqueles de se tirar o fôlego. Definitivamente não é o Sinatra que acostumamos a ver na tela grande. Não é aquele alegre malandrão. Tampouco o dono do riso fácil em meio aos seus marcantes olhos azuis. A capa do disco denuncia: trata-se da obra que fala ao homem sozinho, comum, igual a qualquer outro na fossa. É um álbum conceitual, que irá abordar com profundidade cada dorzinha que sente um homem abandonado.

A separação dói! Cada faixa é uma demonstração clara disto. O álbum abre com a faixa que dá nome à obra. A música, que vai te envolvendo, tem uma conclusão terrível: são nas primeiras horas da manhã quando você mais sente a falta dela. A segunda, faz uma brincadeira com a palavra inglesa "blue", enquanto tristeza, e a cor azul - índigo. "Mood Indigo" trata sobre a sua nova companheira, a tristeza, adquirida desde aquele dia em que a amada companheira foi embora. A terceira, "Glad to Be Unhappy" (grato por ser infeliz) chega a ser engraçada dada a ironia de seu título. Uma espécie de aceitação do terrível destino de não ter por quem sofrer de amor. A quarta, "I Get Along Without You Very Well (except sometimes) [Eu vou muito bem sem você (exceto às vezes)] só falta ter a clássica "só dói quando eu respiro", pois as demais constatações de que qualquer coisa que lembre a ex torna-se um transtorno permanente. A quinta faixa "Deep in a Dream" é o próprio retrato da fossa em fumaça de cigarro e mergulho de cabeça na tristeza. E assim por diante. Sinatra vai destilando sem dó algum cada etapa da fossa masculina. Até as confissões bêbadas diante do garçom não foi esquecida.



Um verdadeiro marco, de um grande artista. E que a história faz questão de demonstrar que mesmo o talento e uma excelente proposta poderia ter sido perdida. Sinatra realmente estava na pior, quando um corajoso amigo lhe fez assinar um contrato de anos e elaborou este álbum.

Um disco memorável. Chega a ter cheiro de boteco, cigarro, e muito arrependimento por ter deixado a moça ter ido embora.

Ósculos e amplexos, e boa fossa!




Um comentário:

Carol disse...

Acho que o cerumano é sinônimo de superação, já repaprou qta coisa bonita sai dos momentos de fossa?
kkk
sinatra é impressionante meu caro!e a pro pósito gostei do texto.