05 novembro 2010

"That's Entertainment": corrente (virada) cultural de Curitiba e outras constatações

Há um bom tempo atrás, eu anunciava a intenção da Fundação Cultural de Curitiba em realizar na capital paranaense sua versão para a Virada Cultural. E, em véspera do acontecimento, as previsões se demonstraram acertadas - infelizmente.

Curitiba é e continuará sendo como é até que um dia seu povo decida mudar (e com isso a administração pública tende a mudar junto). Trata-se de uma administração que exige alvará para que manifestações culturais espontâneas aconteçam. Trata-se de uma cidade que considera qualquer aglomeração de pessoas uma balbúrdia e fecha bares boêmios enquanto mantém os de bairro nobre intocáveis. Associa qualquer movimento de juventude à vandalismo ou drogadição, inclusive os que combatem o vandalismo e a drogadição. Que incentiva donos de estabelecimentos culturais a exigirem que as bandas locais sejam eternamente "covers". E é uma prefeitura que entende a cultura como mero espetáculo, como um produtor de entretenimento.

A virada cultural terá uma singela homenagem ao Ivo (Blindagem), colocando grupos da cena alternativa para tocar no reduto boêmio da cidade. Logo ao lado, Pato Fu - em um palco; e - em outro palco - Paulinho da Viola da o ar de sua majestade. Sem falar que ocorrerá, paralelamente, inúmeros eventos como exposições, jam sessions, e filmes.

Entre o nada e o alguma coisa, é sempre bom optar pelo alguma coisa. A programação não é das piores. Haverão excelentes opções de entretenimento e um bocado de cultura durante a Virada. Agora, a máquina de divulgação da prefeitura resolveu pifar logo em sua Corrente Cultural? (Cadê os Reporteres Cidadões avisando que haverá um grande agito rolando 24 horas no centro da cidade?). A programação oficial é muito mal disponibilizada, e o mapa confuso. Além disso, Roberto Carlos - o mesmo que cobrou mais de mil reais para tocar para o público curitibano; é "la cerise sur le gateau" da comemoração da RPC - e a prefeitura nem sequer se manifestou (contribuindo para o elevadíssimo cachê do cantor que optou pelas elites curitibanas ao seu público mais apaixonado e fiel).





Enfim, "that's entertainment" como já cantava "The Jam".


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