13 dezembro 2010

Política Internacional e Zumbis!


Um livro simplesmente sensacional. Ele pode ser lido (em inglês) por uma bagatela de US$14.95 pelo link acima (basta clicar na capa do livro). Ou pode-se esperar até 2011, quando chegará às livrarias.

Em relações internacionais, um tema bastante intrigante é a chamada "política de prevenção a agentes desconhecidos". Principalmente após os atentados de 11 de setembro nos Estados Unidos, muito do que se vê (e que muitos classificam, corretamente, de paranoia) na busca por uma defesa preventiva contra os agentes desconhecidos beira a ficção científica. Afinal de contas, precaver-se de algo que ainda não existe não costuma ser algo muito sensato para nenhuma pessoa, quanto menos para uma nação ou para a própria comunidade internacional.

Drezner, a partir de uma visão bem humorada sobre o tema, em um artigo acadêmico propõe a seguinte questão: o mundo está preparado para o enfrentamento de uma epidemia de zumbis? E as respostas não são das mais animadoras. Ao mesmo tempo, a forma em que ele aborda cada tema faz com que o analista internacional chore de rir enquanto empresta horas de raciocínio analisando o enfrentamento desta epidemia (obviamente, nunca ocorrida na história, exceto nos cinemas).

O autor tem tiradas geniais: para os conservadores da linha realista em relações internacionais,, por exemplo, os zumbis nos odeiam por ser eles impedidos de se ter a liberdade de não comer cérebros; "seriam ou não os zumbis atores internacionais" [essa frase eu rolei de rir, considerando minha especialização em relações internacionais nas cidades se perguntar o tempo todo quanto aos demais atores internacionais serem ou não o que são], e a coisa vai se tornando uma verdadeira tese defendendo que o mundo não possui um eficiente sistema de respostas para grandes desastres e novas epidemias.

Torço para que o livro chegue ao Brasil em português. Além de ser uma forma de se divulgar um pouco mais o estudo das Relações Internacionais em nosso País, apresenta uma bem humorada elaboração em relações internacionais, com todos os elementos obrigatórios, crítica e análise. E, concordando com o genial autor: "entre política internacional e zumbis, as pessoas entendem muito mais de zumbis".

Ósculos e amplexos!

O problema é que não foi apenas jogo de equipe.


Stefano Domenicali, chefe da Ferrari, comemorou o fim da suspensão por "anti-jogo" que recebeu quando Massa recebeu ordens para deixar Alonso passar (igualmente quando Barrichelo estava na equipe) e ganhar o Grande Prêmio da Alemanha. Ao comemorar, Stefano tripudiou dizendo ser o fim de uma "hipocrisia inútil". Segundo ele, todas as equipes fazem jogo de equipe e continuarão fazendo, pois se trata de um esporte de equipe.

O que provoca imensa indignação nos amantes deste esporte não é o motivo, mas a forma. Os fins não justificam os meios. Cada corrida é um desafio. Vence quem demonstrar superioridade em relação aos demais, além de errar o mínimo. Quando uma escuderia possui dois competitivos pilotos, eles devem trabalhar em conjunto. Sendo parte de uma estratégia onde ambos façam bastante pontos, tendo o campeonato mundial enquanto consequência da superioridade da equipe em relação com as demais.

Este jogo de equipe pode ser uma facilitada na hora de um ultrapassar o outro (e dessa forma evitando a perda de tempo ou mesmo um acidente mais sério entre ambos pilotos). Pode ser até mesmo um honroso acerto de carro para que um segure a tropa enquanto o outro decola rumo ao pódium. Agora, tirar a vitória retumbante de um piloto alegando jogo de equipe é desconsiderar a história daquela corrida. É fazer o que o torcedor de qualquer esporte odeia: a "marmelada".

Se o resultado final de uma corrida é o segundo sendo o primeiro, demonstra erro de estratégia e não jogo de equipe. Ao piloto cabe ser apenas obediente, jogando fora toda sua competitividade. e seu talento. No caso da Ferrari não se trata de apenas jogo de equipe. Trata-se de uma trapaça, do anti-jogo, e do desrespeito ao torcedor (inclusive aos ferraristas). A FIA encerrou, de fato, uma hipocrisia inútil: a de que a Federação se preocupa com o esporte.

Ósculos e amplexos!

06 dezembro 2010

Vossa excelência Deputado Tiririca, gostando ou não, foi democrático


Neste humilde bloguinho, fiz a seguinte afirmação: “eleger o Tiririca, que ridiculariza a democracia, é sim surpreendente e jamais deverá ser vista com naturalidade”. Atenção para a parte do “que ridiculariza a democracia”. Este foi o ponto principal que tanto fiz questão de demonstrar. Nosso País, que com imensa dificuldade, conseguiu construir uma democracia amadurecida, teve um candidato que sua “marca registrada” foi esculhambar com o sistema democrático brasileiro. Tal forma de campanha é perigosa, e por isso minha indignação.

Quem defende a democracia não pode assistir o que o Poder Judiciário fez com este mesmo palhaço e ficar quieto. Ali, na busca insana para provar se o candidato é ou não analfabeto após sua vultuosa votação demonstrou um abuso de poder que faria Montesquieu se arrepender de ter proposto a separação de poderes. A legislação brasileira proíbe que analfabetos sejam sequer candidatos. Se houve fraude no documento em que, de próprio punho, o candidato Tiririca registrou no Tribunal Eleitoral, que coubesse o processo de falsidade ideológica. Mas coloca-lo à prova após sua esmagadora votação, logo em um argumento tão subjetivo quanto é saber o que é um analfabeto ou não, demonstra o preconceito de classe por parte deste Poder.

Acresce-se ainda minha concordância ao texto “Salutar”, no blog Paranaodesamprender, de minha comadre Clarissa.

Um Deputado Federal tem o poder de legislar emanado do povo. Um grupo social escolhe seu representante. Logo, ele é um representante, e não um técnico das leis ou da política. O representante recebe uma certa soma de dinheiro para poder montar uma equipe competente, repleta de quadros políticos e técnicos que irão elaborar a lei, desenvolver a representação de um determinado anseio, enfim, farão com que a atuação do parlamentar seja de acordo com seus compromissos e com qualidade proporcional à crítica oriunda da base.

A escolha de mais de um milhão e meio de brasileiros deve ser respeitada. Boa ou má, a representação do Deputado Tiririca deverá ser acompanhada igualmente como deve ser acompanhada a atuação de todos os mais de quinhentos Deputados Federais existentes. Qualquer tentativa que desmereça o Deputado que não seja por sua atuação é um crime contra a democracia. E, como igualmente me indignei pela campanha que ridicularizou a democracia brasileira, fico indignado com o preconceito de classe que, mais uma vez, o Poder Judiciário demonstra possuir fortemente e que por pouco desrespeitou o voto de mais de um milhão e meio de brasileiros.

Ósculos e amplexos!