24 novembro 2010

Comentários à moda Prates


Luiz Carlos Prates, colunista (e editorial) do Jornal do Almoço, da RBS de Santa Catarina, virou o assunto do momento nas esquinas e praças por onde andei. Tudo por conta de um comentário, no mínimo, infeliz onde faz algumas comparações que revelam todo seu ódio pelas camadas mais pobres e o incômodo de se ter um trânsito tão caótico em Santa Catarina.

O colunista, psicólogo e fã assumido do ex-Presidente Figueiredo, não associa problemas geográficos, falta de infra-estrutura, ou sequer uma política de turismo agressiva e predatória. Ele associa todos os argumentos sectários de um preconceito de classe que nem os mais fascistas tem coragem de pronunciar. Dentre eles: que a frustração na família vira trânsito mortal; que pobre é ignorante, e que por isto é agressivo. Que o governo é espúrio (segundo o dicionário, espúrio: não autêntico, ilegítimo, bastardo) - mesmo tendo mais de 80 % de aprovação popular, e que favorece uma política de facilitação à aquisição de automóveis àqueles que sequer leram um livro. E tantas outras barbaridades.

Enfim, acrescento algumas "pérolas" do preconceito de classe que colhi nessas andanças, e que gostaria que alguém me explicasse a lógica que leva uma pessoa a cunha-las:

[entre [ ] : comentários meus]

"- Esse povo é terrível. Não tem dinheiro para comprar nenhuma bicicleta, mas tem carro para atrapalhar o trânsito."

[juro que não entendi o terror de não se ter dinheiro para comprar uma bicicleta e ter um carro]

"- Tem pai que, com pouco dinheiro, faz o absurdo: investe comprando carro ao invés de pagar um colégio pro filho."

[qual é a relação existente em ter um carro e ter um filho em uma escola particular necessariamente? O segundo é critério para o primeiro?]

"- Só podia dar nisso mesmo, um povo que não sabe se portar nem nas calçadas (cuspindo, urinando, jogando lixo nas ruas) não tem a menor possibilidade de ser educado no trânsito."

[isso foi uma adesão ou uma auto-crítica?]

"- Rico e pobre fazem bobagem no transito, mas pobre faz mais, porque há mais pobres endividados que agora tem carro... é uma questão de lógica."

[juro que não existe lógica alguma nisto]

"- A equação é simples: mais gente ignorante nas estradas, mais mortes."

[Simples e completamente equivocada]


E agora a melhor de todas:

- A situação do trânsito passou a ser igual ao da saúde. O pobre passou a comer e o resultado é o aumento da obesidade entre os brasileiros.


Se alguém se arrisca a explicar, boa sorte!

Ósculos e amplexos!

6 comentários:

Queisse disse...

Cara...

Tão absurdo que não há nem o que dizer: é rir pra não chorar!!!

Eu ia brincar, dizer que só pode ser ele o mandante das explosões dos veículos aqui no RJ... porque explosão=menos veículos=trânsito melhor.

Mas nem vou brincar com coisa séria, não!

Hahahaha

Bjs
Queisse

Leonardo de Araújo disse...

Caro Michael,
Soube que é esse mesmo canalha que já afirmou no passado que a mulher também tem culpa quando é agredida.
Será coincidência que é a RBS de Santa Catarina que lhe dá voz?
O filhinho de um diretor da referida rede de comunicação esteve envolvido num caso de embebedamento e estúpro recentemente.
A rede até tentou esconder o crime e o delegado do caso amenizou, mas a concorrente passou dias com a boca no trombone.
Para mim, o nexo causal é que essa gente pensa dessa maneira e, claro, isso se reflete na forma como vê o mundo a próxima geração deles.

Queisse disse...

Juro que não fui eu quem pediu pro Nado vir descer a lenha no cara... juro!!!
Hahaha

Bjs

Carol Gross disse...

Eu nem sei o que dizer, juro mesmo...não sei escolher o que é pior, se é o comentarista destilar todo esse veneno em rede aberta de televisão, ou se é o fato de alguns basearem o seu parco pensamento nesses comentários...

Oh God, onde irá parar a nossa sociedade..

Ponto para o preconceito; ponto para a intolerância e ponto para um futuro cada vez mais fascista, pois esse pensamento se perpetua no seio de algumas famílias, não é difícil identificar essas ideias saindo de bocas infantis..

Um brasileiro disse...

Olá. Passei por aqui. Acho que não dá para comentar sobre ele. Não tem. Apareça por lá. Abraços.

Anônimo disse...

Pior que os catarinenses - os ouvintes - gostam desse colunista; tenho parentes que vivem lá e muitos tiram o chapéu pra ele!

abços
márgara