14 novembro 2012

Movimentos Sociais e a Ciberpolítica.


Há tempos venho buscando resposta para o debate sobre a comunicação nos movimentos sociais. Desde quando houve uma série de debates e congressos que eu participei enquanto militante do movimento estudantil sobre a crise do movimento secundarista. Esse debate já passou mais de uma década e eu continuava sem uma resposta. E olha que muito procurei. Eis que, completamente descompromissado, fuçando as prateleiras de uma livraria encontro um livro que não me deu as respostas, mas o caminho para a conclusão (Kevin A. Hill, John E. Hughes. Cyberpolitics: citizen activism in the age of the Internet” Rowman & Littlefield, 1998). Curiosamente, o livro foi publicado em 1998, muito antes da chamada internet 2.0. E, bastante visionário, trouxe-me o caminho para as reflexões que tentarei descrever aqui (quem sabe, mais tarde, não vire um artigo). Utilizarei como exemplo o movimento estudantil, mas creio que as situações podem ser aplicadas em qualquer organização política.

Em uma conversa com amigos que ainda atuam no meio estudantil surgiu uma dúvida: qual a importância atualmente do jornalzinho do grêmio ou do centro acadêmico? Praticamente não se vê mais nas mãos de ninguém um papel sequer dizendo o que o diretor, o professor, o coordenador ou mesmo o que os estudantes fazem. Mas, por outro lado, muito mais do que se poderia imaginar, há mais de uma década, já se encontra de tudo com uma riqueza imensa de detalhes disponível na internet para que souber procurar. Inclusive, sobre todos os elementos de uma vida escolar ou acadêmica. São os efeitos da chamada ciberpolítica.

A ciberpolítica, resumidamente, é o uso das novas tecnologias na política. Parte-se do princípio que cada nova tecnologia que se massifica tem um grande potencial político, sendo capaz de promover mudanças na sociedade. Porém, acreditar que uma ação na internet, por si só, pode ser capaz de mudar o mundo soa como um exagero imenso. Afinal, por melhor que seja uma determinada ação política no meio virtual, ela é incapaz de mudar a forma pela qual as tomadas de decisões são realizadas. Ainda que influencie, e muito, ela não transforma. A ciberpolítica é capaz de acelerar ou desacelerar, por algo em evidência ou até mesmo inverter prioridades, porém ela não altera o processo político em si.

Aquele que acredita que a política pode ser inteiramente feita pela internet se engana e se ilude igualmente aquele que acredita que é uma grande bobagem a chamada ciberpolítica. Muito mais que uma técnica de comunicação, o uso da internet é uma estratégia política complexa. O domínio dessa ferramenta consiste em, mais ou menos, na predeterminação de um resultado. Em outras palavras, ao selecionar quais as entradas no meio virtual se espera uma determinada saída – deixando que a surpresa seja no sentido da intensidade, jamais na propriedade. A retroalimentação é base da ciberpolítica. Todos os elementos devem se comunicar entre si, de maneira coerente e constante. Eis o núcleo do processo.

Enquanto o jornalzinho da escola agia como uma espécie de vitrine – onde as informações estão expostas para quem quiser ver – a chamada web 2.0 é inteiramente interativa. E aquele ator político que se pretende atuar na rede mundial de computadores deve pensar de maneira a correlacionar todos os entes comunicativos e fazer com que interajam entre si. Portanto, o jornalzinho da escola estará obsoleto assim como obsoleto é o blog do grêmio. Há a necessidade, portanto, de um verdadeiro ativismo comunicativo. Todas as ferramentas de comunicação devem interagir com todos os que se deseja comunicar. O secretário de comunicação de um grêmio estudantil, que no máximo cuidava da periodicidade do jornalzinho, hoje tem que ser responsável por uma imensa estratégia de comunicação que envolva o jornalzinho, o blog, os blogues de todos os estudantes e apoiadores do grêmio, o facebook, o Orkut, o Twitter, o tumblr, o foursquare, SMS, e tudo o mais que for surgindo e se massificando.

Jamais subestimar a capacidade comunicativa de um meio de comunicação é a primeira regra. Jamais saia utilizando os meios de comunicação sem uma estratégia de comunicação bem definida é a segunda. Ter um discurso de comunicação é a terceira – e que tem que ser o discurso de muitos, não o de um (empowering people).Quarta regra: desenvolva as ferramentas comunicativas e coloque à disposição de todos e todas, livremente e sem medo de críticas (aliás, há sempre uma forte tendência em se querer limitar ou mesmo aplicar uma espécie de censura interna aos membros de uma determinada organização em nome de uma suposta unidade de ação. Ledo engano, é justamente na diversidade de ideias é que surge a unidade – as coisas mudaram muito com a chegada da internet). E, por fim, visibilidade – online e off-line!

Por fim, há um processo que deve ser considerado em matéria política. Todas as ações sociais, em geral, seguem três passos: debate, convocatória e mobilização. No primeiro, define-se problema e estratégia. No segundo, angaria apoios. No terceiro, massifica. Mas, engana-se quem acredita que a ciberpolítica tem maior peso somente no terceiro passo. Tem peso em todos eles, principalmente no primeiro. O debate, com a interatividade online e off-line exigida pelos tempos atuais, exige um número significativamente maior de pessoas para que a estratégia definida ganhe corpo e mais tarde às ruas. Então, respondendo, não é o jornalzinho que se está em crise, mas toda a estratégia de comunicação – que infelizmente, não há uma cultura instituída nos movimentos sociais ainda.

29 maio 2012

Posso desrespeitar, estou “de figas”!


                Em frente à minha morada há um semáforo, mas não há um cruzamento. E a explicação é muito simples: há dois imensos condomínios em uma avenida bastante movimentada que, sem um semáforo, seus moradores não teriam condição nenhuma de atravessá-la. Havia sobre a faixa de pedestre uma lombada eletrônica, porém os motoristas apenas reduziam a velocidade e jamais paravam para os pedestres. A solução urbana foi colocar um semáforo.
                Dizer que ninguém respeita é um exagero. Mas, infelizmente, há uma minoria irresponsável. Sempre que o sinal fecha pelo menos um carro ou uma moto avança o sinal. Os moradores de meu e do condomínio ao lado ainda recebem gesticulações ou mesmo palavrões bastante indecorosos desta minoria sem educação. Curiosamente, o próximo semáforo é respeitado por todos: há um radar para flagrar tanto excesso de velocidade quanto avanço de sinal. E o bairro inteiro conclui: mal educado só respeita o bolso. Como contestar essa sabedoria popular? Questiono a indústria da multa, mas a cada dia defendo mais que deveria ter esses “pardais” em todos os semáforos da cidade.
                Agora, o mais irritante é o famoso sinal luminoso de alerta, vulgo pisca-alerta. Uma espécie de sinal capaz de dar superpoderes a qualquer um que a utilizar. Em minha infância, havia um sinal que permitia descansar sem maiores prejuízos para a brincadeira: dedos cruzados ou, como dizíamos na época “estar de figas”. O pisca-alerta, para muitos motoristas, transformou-se em uma espécie de “figas” para qualquer lei de trânsito. Batas ligar o pisca-alerta e o motorista se considera no direito de parar em fila dupla, subir na calçada, furar o sinal e, pasmem, brigar com pedestre que teima em atravessar na faixa de pedestre e com o sinal fechado para os carros – como o que existe em frente à minha morada, por exemplo. Certo dia, pude presenciar essa cena ridícula. Motorista saindo do carro, gesticulando furiosamente, e dizendo: - “não viu que eu estava com o pisca-alerta ligado?” – falou para o pobre senhor com seus mais de 70 anos que por pouco não fora atropelado.
                Ficou indignado ou indignada? Eu também fiquei. Comecei então a observar quantas “figas” da lei ou do respeito ao próximo estamos sujeitos. E fiquei assustado com o resultado: pior que no trânsito, há uma insistência imensa pelos meios de comunicação de que o humor é “figas” para o respeito. Ou seja, temos que aceitar com naturalidade qualquer coisa desde que ela seja uma brincadeira. Caso contrário, escutaremos um sermão sobre o chamado politicamente correto. Tudo o que machuca, assusta, suja, incita violência, ou ofende não é uma brincadeira, é assédio. É uma lógica estúpida justificar que o humor permite provocar dor, destruir reputações, e até mesmo causar traumas e fraturas irreversíveis.
                Ficamos refém do mal educado motorista, pois não há como denunciá-lo. Ficamos refém dos superpoderes do pisca-alerta, pois podemos ser frontalmente atacados por um motorista perigoso e que se acha cheio de razão. Ficamos refém da baixaria, dos péssimos humoristas, que sem uma regulação dos meios de comunicação não temos como nos defender.

03 maio 2012

Anunciada a data da Rededicação do Templo SUD de Buenos Aires


Após extensas remodelagens e expansões, o Templo Buenos Aires Argentina de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias estará aberto para visitação pública e para sua cerimônia de rededicação durante três sessões especiais no domingo, 9 de setembro.

O Templo terá portas abertas, quando qualquer pessoa está convidada a conhecer o templo por dentro, entre os dias, exceto aos domingos, 25 de agosto e 8 de setembro. A rededidação do Templo será celebrada durante uma especial celebração com música e dança.

Uma vez que o Templo é rededicado, ele deixa de ser aberto para visitação pública. Como acontece em todos os Templos SUD, somente membros da Igreja SUD que possuam sua Recomendação para o Templo emitida pelas lideranças eclesiásticas locais podem adentrar após o prédio ser dedicado. Por outro lado, as capelas SUD onde semanalmente são realizados atividades entre os membros estão sempre abertas para o público.

Localizado no subúrbio oeste da Cidade Evita, o Templo de Buenos Aires entrou em operação em 1986 quando foi dedicado pelo Presidente Thomas S. Monson – que havia apenas dois meses que recebera o chamado de Conselheiro da Primeira Presidência. Naquela época, haviam 39 Templos em operação ao redor do mundo e aquele foi o quarto Templo na América do Sul e o primeiro da Argentina. Desde então, outro Templo SUD está em construção em Córdoba, na Argentina. Há hoje um total de 20 Templos na América do Sul.

A renovação e a expansão do Templo de Buenos Aires está em marcha desde novembro de 2009. Com os acréscimos, o Templo receberá três novas asas estendidas do pavilhão central. No mesmo terreno do Templo ainda haverá um Centro de Treinamento Missionário e um Centro de Visitantes nos quase três acres de terreno.

(Fonte: Deseret News)

25 fevereiro 2012

Diário de Bordo - (014) Mercado do Porto e Rock

Fiz várias amizades neste hostel, a maioria com canadenses e estadunidenses. Mas foi com um grupo de brasileiros que realmente a coisa fluiu. Logo de manhã, inventamos de fazer uma peregrinação para encontrar a melhor taxa de câmbio de Montevideo. E justamente na parte mais turística da cidade foi onde encontramos a imbatível taxa de R$10,50 (em todos os lugares não variavam muito entre 10,10 e 10,15). Feito o câmbio, resolvemos "turistar" um pouco. Destino: Mercado del Puerto.

Ao contrário do que muitos podem pensar, não é como os nossos mercados municipais. Tudo muito bem organizado e as carnes todas sendo assadas na sua frente. Tentamos ficar no balcão, mas o calor estava insuportável. Escolhemos uma mesa e fomos exercitar o lado bom da gordisse. Escolhemos uma porção para três pessoas e fomos advertidos garçom: - "todos comem muito?", disse o garçom. Dizia ele que se comer bem, uma porção para duas pessoas é o suficiente para três. Então, foi o que fizemos: pedimos uma porção para duas pessoas. Quando chegou a comida, ao olharmos pensamos que fomos enganados. Mas, à medida que íamos comendo percebemos que o rapaz estava mais do que certo.

Como pedimos a parrillada completa, veio duas coisas estranhas com a alcatra e outras carnes: rim e intestino. Provei e definitivamente detestei. O rim, bem quente, até que é suportável. Porém, basta esfriar um pouquinho para que a coisa passeie pela sua boca e se recuse a descer goela abaixo. O intestino então, só o cheiro embrulhava o estômago (buchada é buchada em qualquer parte do mundo). Agora, as carnes estavam deliciosas.

Aliás, as comparações com Buenos Aires são inevitáveis. E Montevideo ganha em quase todos os aspectos quando o assunto é comida. O alfajor é divino, as carnes são maravilhosas, o doce de leite então te faz flutuar em gozo. Mas, se tem uma coisa que argentino ganha e disparado é no sorvete. Para começar, o uruguaio não faz bola. É meio que esfregado, sobrando boa parte para fora da casquinha. Uma coisa um pouco medonha e que, em dias de calor, faz uma lambança digna de infância. Segundo, o sabor. Definitivamente, o portenho tem a arte da "helatería" mais desenvolvida.

À noite, resolvi cozinhar para o grupo de brasileiros que estavam por aqui e novamente dá-lhe eu na cozinha. O prato: um cozido uruguaio que aprendi com o dono do Hostel. Aliás, ele é chef de cuisine e todo sábado ele promove um encontro de gastronomia. Fizemos amizade mais do que depressa. E o cozido ficou ótimo, um pouco forte, mas ótimo.
Um soninho para digerir o bendito cozido e todos do Hostel agitadíssimos. Havia uma promoção muito bacana no PUB irlandês que há na Ciudad Vieja. Muito rock e o melhor: sem entrada. Ainda, de quebra, dava para perambular em outros barzinhos que ficam na mesma rua. Um jeito bastante barato de curtir uma noitada. De uma hora para outra, o The Shannon se transformou em um universo paralelo onde todos falavam apenas em inglês. O dono do PUB, que é escocês, de tão feliz presenteava os gringos com jarras de coca ou de chopp stout. Houve quem voltou engatinhando para o hostel.

Quatro da manhã, todos exaustos, chegamos no Hostel caindo pelas tabelas. Quando nos deparamos com um casal de argentinos ensaiando para um show de tango que iriam fazer em Buceo. E não é que ganharam plateia! Ficamos encantadíssimos com a dança deles. Um disse: vocês devem prender tango, é fácil. Eu respondi: tudo bem, aprendam a sambar facilmente que eu aprendo tango com a mesma facilidade. Todos riram e fomos dormir.

Gosta de aventura? Durma em um beliche onde o teu "vizinho de cima" está completamente bêbado e não consegue subir! Divertidíssimo...

Ósculos e amplexos!

23 fevereiro 2012

Diário de Bordo - (013) Montevideo, como te adoro!


Nem toda partida é necessariamente triste. Adorei Buenos Aires, mas confesso que foram dias difíceis. Uma semana bastante solitária em uma cidade imensa. Lembrou-me meus dias de São Paulo. Talvez por minhas escolhas terem sido não muito das melhores, talvez por ser mesmo Buenos Aires um pouco do que conclui o tango que escutei em San Telmo: "Buenos Aires, cual a una querida, si estás lejos mejor hay que amarte".

Agora, que alegria me deu acordar cedo hoje. Sentir pela primeira vez nessa viagem frio e mesmo assim encarar com felicidade o chuveiro que teimava em não esquentar. Arrumar com calma e com cuidado toda minha bagagem. Preparar um desjejum de primeira qualidade e acessar rapidamente a internet apenas para ver mais uma vez o endereço de meu Hostel. Saí caminhando e em dez minutos estava na estação Independencia do simpático trem que há em Puerto Madero. Na outra ponta da linha há a estação do barco que me levará para outro país: El Buquebus!

Para economizar, comprei a passagem com antecedência na Seacat, e via Colônia Sacramento. Mas o barco é o mesmo. Para quem quiser, tem uma opção direta entre as capitais que parece ser interessante. Principalmente se for de primeira classe. Tanto um quanto o outro duram três horas. Mas, via Colônia, duas horas serão em um excelente ônibus. Mas, nesse caso, não compensa gastar muito mais do que pede a classe turística (bem como não compensa comprar nada, nem mesmo no free shop, uma vez que você passará por outra aduana para voltar ao Brasil.
A viagem é bonita, mas aos quinze minutos vendo água e apenas água, a coisa fica um pouco tediosa. Então, pouco importa onde se sente - desde que seja logo, pois o barco lota rápido. A viagem é rápida, o barco é grande, e nem dá tempo para passar mal. Duas simpáticas senhoras passaram boa parte da viagem conversando comigo e elogiando meu castellano. Para não dizer que não fiz amizade com portenhos, na despedida fiz com duas sexagenárias.

Chegando em Montevideo, a alegria tomou conta. Senti-me como Dante, que após conhecer Virgílio no purgatório e com ele visitar o inferno, enfim cheguei no paraíso - mas tive de deixar o amigo para trás. Que maravilha estar em uma cidade tão charmosa e ao mesmo tempo tão agradável como esta. A primeira coisa que fiz? Ligar para a família. Primeiro para o Kalléu, que me salvou de uma fria, para minha mãe pelo hábito de ligar sempre que chego em algum lugar, e para Carol que dessa vez não pode me atender. A Segunda? Comer um alfajor!

Como já havia dito, os alfajores argentinos são deliciosos, mas os uruguaios são simplesmente divinos! E o melhor de tudo: enquanto o argentino custa um pouco mais de quatro reais, o uruguaio não chega a dois. É o dobro do tamanho e tudo de bom! Além do atendimento, que é marcante.

Como não quis pegar um táxi e caminhar um pouco para matar saudades da capital uruguaia, acabei me cansando mais do que devia. Então, cheguei no hostel, tomei um banho, e tentei dormir um pouco. Mas as dores provocadas pela viagem não me deixaram em paz. Saí e fui para a 18 de Julio, principal avenida da cidade. Estava passando na cinemateca um filme argentino e resolvi entrar para conferir. O filme se chama "Cerro Bayo", e não achei lá essas coisas.

A ideia de comprar um chivito foi poderosa, mas lembrei de seu tamanho e de que não estava com muita fome. Resolvi experimentar um refrigerante chamado "Paso de los Toros", sabor "Pomelo". Que coisa horrorosa!!! Ainda bem que é uma garrafinha pequena e que não custou um real. Mas se arrependimento matasse...

Enfim, estou no Hostel Willy Fogg. Diferentemente do La Boca, este tem muito mais cara de hostel. Mas, a maioria é de língua inglesa, então, dá-lhe gastar meu inglês nestes últimos dias de viagem.

O mais legal qe encontrei aqui no hostel foi um jogo que só tinha visto no saudoso 6. andar do DCE da UFPR: o peteleco. Obviamente que não sei o nome do jogo oficialmente, mas me acabei de jogar (bem mais sóbrio dessa vez kkk). Amanhã postarei fotos.

Ósculos e amplexos!


22 fevereiro 2012

Diário de Bordo (012) - Despedida e tragédia em Buenos Aires.


Acordo por volta das nove da manhã com um barulho infernal de ambulâncias. O Hostal fica ao lado de um hospital e ser acordado por sirenes até é relativamente normal. Mas hoje foi absurdo. Não paravam de chegar mais e mais ambulâncias. Na porta do Hostal, bastante pessoas olhavam em direção oposta ao hospital: para uma televisão que fica no restaurante ao lado. Eu estava presenciando o desenlace de uma tragédia que abalou Buenos Aires.

Um trem bateu em outro na estação Once, bem próximo de onde eu estava ontem quando fui para Palermo. 49 mortos e mais de 200 feridos. O hospital que fica no Bairro La Boca foi um dos primeiro a receber os feridos. Muita, mas muita gente chegava e era assustadora a sensação.

Fui testemunha do tenebroso sistema de transporte férreo de Buenos Aires. Realmente, quando se entra passa rapidamente na cabeça: como isso aqui não dá em tragédia? Péssimo mesmo! Seja o metrô (Subte), seja os trens para a região metropolitana, a sensação de insegurança é imensa. Conversando com outras pessoas, descubro que um outro acidente semelhante ocorrera há pouco tempo, em dezembro passado.

A despedida de Buenos Aires não poderia ser mais triste. Foram dias bastante solitários por um lado. Mas, por outro, de grande aprendizado. Estudei o triplo do que estudava em Asunción e pude conhecer bastante a cidade. Aliás, a forma mais barata e interessante de conhecer Buenos Aires é se perdendo nela. Ia em direção ao microcentro hoje para minha última visitinha e presenciava as bandeiras baixando a meio mastro.

Perdi a vontade de explorar a cidade e voltei para o Hostal. Antes passei no mercado e decidi fazer um almoço de alto nível, pagando pouco (é claro). Fiquei maluco em descobrir o preço dos queijos e doces. Simplesmente dados. E o Chandele de Tiramisú então? Saí me perguntando: por que isso não tem no Brasil? Amanhã meu desjejum será Chandele e queijo.

É isso, volto a teclar agora somente de Montevidéu, último trajeto de minha viagem.

Ósculos e amplexos!

21 fevereiro 2012

Diário de Bordo (011) - Pajarhijo e Palermo!

Aprendi uma palavra nova: ¡Pajarhijo! É que estava eu andando pelas inúmeras praças e parques de Palermo quando um passarinho filho da P... com diarreia resolveu encontrar alívio em minhas costas. Até o momento desse incidente, tudo estava terrível neste passeio. Ônibus lotado, tive que pedir moedas emprestada por ter errado na conta (sem moeda, sem ônibus). E, nao que eu estivesse procurando, mas encontrei a chamada mala atención porteña em Palermo.
 
Isso tudo nao iria acabar com o meu dia, em clima de despedida de Buenos Aires. Quando o pajarhijo resolveu se aliviar, automaticamente o porteño se revelou solidário. Quando menos esperava, surgiu acho que umas oito pessoas com panos, lenços de papel, e água para me ajudar a me limpar. E olha que o passarinho fez um estrago e tanto! Lembrei da Talita, quando dizia: dê comida para o gordinho que seus problemas acabam e fui para um restaurante na Avenida Santa Fé.
 
Paguei um pouco caro pelo desjejum, mas valeu muito a pena. Um suco de laranja maravilhoso, acompanhado de "facturas" divinas. Come-se muito bem, apesar do péssimo atendimento. Comi, nao dei gorjeta, e fui explorar os bosques de Palermo.
 
Dei de cara com o Jardim Japonês, ou melhor, um encontro de mangá e cosplayers me encontraram.  Um lugar maravilhoso para sentar, recuperar as forças e meditar. Pena que havia muito brasileiro, ou seja, todo mundo falando em português. Fui me refugiar no encontro de mangá. A nerdolândia por aqui é imensa! (Joni, você tem que conhecer Buenos Aires).
 
Depois, encontrei o lugar dos sonhos para quem deseja ter um álbum de casamento. El Rodedal é simplesmente magnìfico! E o melhor, grátis (o Jardim Japonês se paga cerca de R$ 7.00).
 
Passei no mercado, comprei algumas coisinhas para que o dinheiro dure o último dia de Buenos Aires sem maiores apertos. Amanha será em clima de despedida. Mas nao como foi em Asunción. Como o Hostel está decadente, foram dias solitários por Buenos Aires. O lado bom é que consegui estudar muito melhor que em Asunción. Montevideo que me aguarde!
 
Ósculos e amplexos!

20 fevereiro 2012

Diário de Bordo (010) - Em busca de um presente e Recoleta


Realmente quero comprar "un regalo" para a Carol. Mas, com os preços e com o pouco dinheiro, realmente as coisas ficam um pouco impossíveis. Ainda mais que em uma feira basta eu abrir a boca e os preços triplicam. Caso eu não queira ser enganado, tenho que ir a uma loja e lá serei estorquido. De qualquer maneira, pelo menos estou andando um montão graças a essa busca e conhecendo mais um pouco dessa apaixonante cidade de Buenos Aires.

Domingo foi um dia de descanço. Não avançou muito no que diz respeito ao conhecimento da cidade. Apenas à noite que resolvi andar um pouco, falar com Carol e tentar ligar para minha mãe (que só obtive sucesso em falar com a Carol). Devido eu ter dormido a tarde inteira, à noite eu estava elétrico. Degustei uma bela parrillada (afinal, domingo é dia de churrasco de Asunción até a Terra do Fogo, passando por Montevideo) pela pechincha de R$ 8,00. Nisso, conheci a Calle Defensa. Como estava de noite, decidi voltar pela manhã.

De manhã cedo, dá-lhe Michael caminhando pela cidade. Resolvi andar toda a Calle La Defensa e ver onde dava. A rua é uma espécie de shopping a céu aberto. Algumas figuras ilustres declararam amor a esta rua, dentre eles, os moradores Quino e Che Guevara. Em frente onde Quino morou, há uma estátua da Mafalda.

A rua acaba em plena Plaza del Mayo. Cheguei a conclusão de que você descobre fácil se está aproximando de um lugar muito turístico: a língua portuguesa vai se tornando dominante! A frase que mais escutei dos brasileiros que estavam por aqui era: brasileiro é igual mato, está em todo lugar. Mas o mais impressionante é que os que eu vi não faziam a qualquer questão de se esforçar em falar o espanhol (diferentemente de outros gringos, que era visível a sua dificuldade e mesmo assim se esforçavam). Quando uma brasileira, toda cheia dos badulaques, pediu-me em bom português se eu poderia tirar uma foto dela em frente a Casa Rosada, fiz questão de o tempo todo falar em espanhol com ela. No final, ela ainda me disse que eu tinha sido o portenho mais simpático que ela havia conhecido até agora. Escutei o barulhinho da auréolazinha surgindo sobre a minha cabeça.

Resolvi ceder e ir até o Obelisco. De lá, caminhei até Palermo e achei apenas bonita (com suas lindas vitrines). De Palermo, resolvi caminhar até Recoleta. Em Recoleta, o passeio funesto: o cemitério. Pude ver os túmulos de ícones da luta por uma América Latina livre, unida e poderosa: Mitre, Sarmiento, Brown, enfim, uma viagem pela história.

Ainda não achei um presente para Carol, mas pelo menos estou conhecendo bastante dessa cidade encantadora.

Ósculos e Amplexos!

19 fevereiro 2012

Diário de Bordo (009) - Murga, o carnaval de Buenos Aires

Para quem vê a foto, parece uma foliã igual a nossa. Mas há algumas diferenças importantes. A primeira é que o bloco, ou melhor, a murga é na verdade uma sátira das fanfarras militares. Todos utilizam como fantasia uma espécie de uniforme onde nelese estão apostos símbolos e desenhos que o personalizam. Então, é comum ver nos uniformes escudos de futebol, Homer Simpson (argentino tem verdadeira fixação pelos Simpsons), e até a famosa boca dos Rolling Stones. A bateria, vamos denominá-la assim, é basicamente um surdo com um prato acoplado. De vez em quando há uma caixa e só vi em uma única murga instrumentos de sopro - no geral, não tem. O melhor é ver:





Antes de brincar com a murga, algumas coisas são importantes de se frisar. O carnaval foi manifestação cultural reprimida até começo de dois mil. Era uma troça popular do regime militar e foi duramente acusada de ser subversiva (além de um argumento funesto de que os comunistas poderiam se infiltrar em Buenos Aires mascarados). De qualquer maneira, a murga é uma conquista dos trabalhadores e eles levam muito à sério. A fanfarra vai abrindo a avenida até que o povo o encurra-la. Para não ser destruído pelo povão, eles terão que cantar uma "crítica". Que nada mais é do que uma canção em que se critica a realidade social. E aí, tem de tudo. Desde condenação da visão de entretenimento que a televisão argentina possui, até algumas provocações com o nosso carnaval (que eles chamam de murga em português). Entre uma murga e outra, as crianças (de todas as idades) se acabam brincando de guerra de espuma (aqueles sprays de espuma são sucesso absoluto).




Ontem e hoje eu tenho tirado para excursões culturais. Fui assistir a um filme de comédia portenha. Peter Capusotto faz um verdadeiro tratado sobre o entretenimento. Como é uma comédia bem portenha, boiei boa parte do filme. Mas o pouco que vi me rachei de rir. E pretendo adaptar o filme para uma peça de teatro. Quem sabe um dia a ideia não vinga?

Buenos Aires é assim, caminhando você vai sendo bombardeado com uma infinidade de ideias e inspirações culturais.


O melhor do dia foi a constatação: e o Senhor inventou o talharim! Tipo, achando tudo muito caro, fiquei sem opção para comer por aqui. Decidi observar como os portenhos se viram diante desses preços. Quando vi uma fila enorme e banquei o curitibano: entrei na fila sem saber nem do que se tratava. Descobri uma casa de massas (estou em um bairro bem italiano aqui em Buenos Aires). Comprei um talharim, que se você quiser e tiver um tempinho, eles até a cozinham para você. E comprando o molho, com champignon de verdade, o preço aumenta pouco. Com menos de R$ 6,00 tive um almoço digno de chef.


Enfim... Por enquanto é isso. Depois conto mais.


Ósculos e amplexos!













18 fevereiro 2012

Diário de Bordo (008) - Casa Rosada, Plaza de Mayo, e tudo dando errado

Olá! Mais um dia em Buenos Aires. Quando cheguei, não vi a tão famosa (e odiosa) recepção portenha. Pelo contrário. Toda vez que eu precisei de alguma coisa fui prontamente atendido e com um grande sorriso. As coisas deram erradas simplesmente por vacilo meu. O Hostel está decadente, mas não é ruim (mas também não volto mais); esqueci de fazer câmbio, mas descobri como fazer isso no sábado (com preços ruins, mas também não trocarei muito) e assim por diante. Mas, o que mais me incomodou foi não ter conseguido tirar fotos do Caminito e da Bombonera (Rafinha, I'm sorry!).

Com o decorrer do dia, as coisas foram entrando na normalidade. Consegui comer um "helado de dulce de leche" em plena Avda. del Mayo (tenho uma listas de coisas que quero fazer, como comer um crepe na Champs Elysées, um hot dog na 5th Avenue, e agora solucionado um em Buenos Aires). No caminho, indo por San Telmo, milhões de cafés um mais charmoso que outro. Foi inevitável fazer comparações: o alfajor argentino perde e feio para o uruguaio (e ainda assim é absurdamente superior aos nossos alfajores). Quando dei por mim, estava conversando com as tristes e receptivas madres del mayo e me colocando à par da política Argentina.
Agora, o melhor mesmo do dia foi o passeio pela República Popular de la Boca. Um lugar realmente à parte na Argentina. La Boca e San Telmo foram os primeiros bairros de Buenos Aires. E, impressionantemente, até o sotaque por aqui muda. Uma paixão pelo Boca Juniors que é digno de nota. E o Caminito é uma das partes mais charmosas da decadente boêmia portenha.
Saca só a pizza do bairro (aprox. R$ 12,00). La Boca e San Telmo são bairros bem italianos. Bem diferente do centro (minicentro) de Buenos Aires que tem toda influência parisiense (por conta dos governantes que queriam este aspecto para sua parte histórica). Ah! E o Darwin iria rir muito por aqui diante de algumas construções no mínimo bizarras que ele gosta tanto de reparar.

Como estava bem cansado e estressado com o dia, resolvi dormir mais cedo. Conversei com minha mãe e com Carol por telefone, com a Rafinha pelo Facebook e declarei meu dia encerrado. O problema maior foi conseguir dormir com o cheirão de churrasco que estava todo o hostel (tem uma parillada bem aqui embaixo). Não há com não dormir sem querer comer até o teto!

Ósculos e amplexos!

17 fevereiro 2012

Diário de Bordo (007) - ¡Mí Buenos Aires querida!


Olá amigas e amigos! Já cheguei em Buenos Aires.

Nunca agradeci tanto por ter parado de fumar. Simplesmente são dezoito horas de viagem em que o ônibus não para. Isso mesmo, como diria os estudantes secundaristas de Curitiba: só vai!. Eu via as pessoas se contorcendo de vontade de fumar e beirando à paranoia antes mesmo do dia acabar e o ônibus romper a noite. Para economizar uns trocados, decidi ir com uma companhia paraguaia. Po outro lado, escolhi a melhor delas: a Nuestra Señora de Asunción - NSA. Não tem internet e nem bancos de couro como as companhias argentinas, mas tem serviço de bordo que só faltou a comissária de bordo dar beijinho de boa noite (a Carol já se manifestou em relação a esse comentário, mas não me aguentei e tive que postá-lo aqui).

Até a saída do Paraguai, sem maiores problemas. A Aduana foi um inferno! Um monte de gente de olho em turista vacilão, um monte de burocracia besta, e um montão de filas para pegar. Para piorar, ninguém te diz o que fazer, para onde ir ou onde ficar. Se algum dos "maleteros", identificados ou não, encostar em sua bagagem esteja pronto para desembolsar uma "propina" por nada. Fiquei injuriado com tudo isso que desfiz de meus últimos oito mil guaranis para com o xarope do trigésimo maletero que veio "me ajudar". E não é que ele ficou p. da cara comigo? (Tá, eu sabia que já estava em solo argentino. Vingancinha, tá? rsrs).

Durante a viagem, a sede pegou pesado. O ar condicionado (mais uma dica da Binha que escutei atentamente) realmente é violento. E acabava acordando todo mundo toda vez que eu acionava o botão para a comissária de bordo me atender. Comecei a ficar envergonhado com aquilo. Até que uma alma valiosa teve uma brilhante ideia: emprestar-me sua garrafa de água para tereré a fim de que eu não incomodasse mais ninguém. A Comissária mais do que depressa atendeu o pedido e derramou quase dois litros de água geladinha dentro da garrafa e eu parecia uma criança em loja de brinquedo esperando presente. Abracei aquela garrafa como se disso dependesse minha vida.

Chegando em Buenos Aires acordo assustado. A querida comissária, que não deixei em paz até que a ideia da garrafa térmica surgisse, acordou-me um pouco bruscamente. Ela, sem querer ou de propósito, deixou cair a bandeija com o meu desjejum praticamente na minha cabeça. E nem se desculpou, apenas disse: ¡Buén día, tomé tu desayuno!

Descí em Retiro, terminal, e fui para o ponto de ônibus conforme estava desenhado no mapinha que tirei do sítio do hostel. O que eu não sabía era que não se paga mais ônibus em Buenos Aires com papel-moeda. Ou você paga, o dobro, em moedas ou você usa um cartão magnético (que até agora não descobrí como conseguí-lo). Resultado: vamos de táxi até o Hostel.


O hostel eu já conhecia de outros carnavais. Mas como decaiu! O atendimento continua bom, mas está um pouco abandonado. Quase todos os hóspedes são mensalistas e não tem, portanto, aquele clima bacana de hostel. Ou seja, virou parte da charmosa decadência do bairro La Boca de uma vez. Para piorar, tudo ao redor está extremamente caro. O que está me fazendo pensar se vou mesmo ficar aqui uma semana inteira conforme os planos originais ou se corro o mais rápido possível para Montevideo (última parte da viagem).

Estou estrategicamente posicionado entre La Boca e San Telmo, que ficam há poucos minutos à pé do centro (onde estou agora atualizando o blog). Já liguei para minha mãe e para Carol, o que ajudou a matar um pouquinho das saudades. Vou continuar indo para o centro ver se algo me faz mudar de ideia.

Ósculos e amplexos!

16 fevereiro 2012

Diario de Bordo (006) - iHasta luego, Paraguay querido!

Se eu escrevesse para a televisão, recomendaria uma série baseada em vida de albergue. Todos os episódios teriam um elenco diferente que seriam apresentados para o público quando a recepcionista estivesse apresentando as acomodações e regras para o desjejum. A cada semana, um novo grupo se formaria e se desfaria da mesma maneira. Porém, é claro, cada história fantástica que seria contada garantiria o sucesso da série. Terminaria o episódio quando, na hora do check out, os participantes se despediriam do hostel e apresentariam suas conclusões.

Daqui a pouco, embarco para Buenos Aires. Darei início ao segundo terço de minha viagem. E fica aquele sentimento de despedida no ar. Como pode? Há cinco dias atrás, eu era um ilustre desconhecido para as pessoas que estavam por aqui. Fizemos amizade rapidamente, confidenciamos dramas e alegrias. E, à medida que cada um seguia seu caminho, uma despedida dolorosa ia marcando o nosso peito. Bem... chegou a minha vez.

Uma pequena depressão, como podem ver, abateu-me por isso. Resolvi tirar o dia para descançar para a próxima parte da viagem. Para minha alegria, choveu! Diminuiu um pouco o calor absurdo que estava por aqui. Quando fui acordado pelos colegas de quarto perguntando se eu estava bem (acabei pegando no sono e dormi quase a tarde inteira). Como retribuição e forma de não voltar para o Brasil com dinheiro paraguaio (que não me serviria de nada), decidimos gastar nossos últimos guaranis com um jantar aqui mesmo no hostel.

Foi uma confraternização maravilhosa. Eu estava cozinhando, mas a galera se empolgou na organização do jantar. Improvisaram toalha de mesa, música, até castiçais e velas. Sem falar na turma do barril que sempre tira de um portal mágico para um universo paralelo refrigerantes, cerveja e muito vinho. Outra curiosidade foi que fiz questão da recepcionista (dona) do hostel jantasse conosco. O critério de qualidade dela é ver se o seu gato se empolga com a comida. Então, minhas "corbatitas al poro" recebeu o selo "gato de hostel" de qualidade.

Boa parte do grupo que estava comigo já se foi no ônibus da meia-noite. Uns iam para o Brasil conhecer o carnaval, outros iriam para um retiro na Bolívia, e pouquíssimos ficavam. Hoje, pela manhã, o hostel já estava com outra cara. Outros sotaques invadiram o hostel. Voltei a ser um ilustre desconhecido. Segue a viagem...

Quebrando um pouco o tom de despedida. Ontem fui ao Mercado 4. Que lugar horroso! Apesar de serem extremamente barata as coisas, é um camelódromo piorado. Eu queria comprar algum artesanato para a Carol para ter alguma lembrança pequena (afinal, cada aquisição é um peso para a mochila, que já não está leve). Mas não consegui nada. As milhões de tentativas de me enganar, de me roubar, e de dizer coisas em guarani toda vez que eu parava um pouco para pensar foram degastantes. Saí correndo de lá (era quase meio-dia, e o calor estava me matando). Realmente, a única coisa do qual não gostei nessa minha passagem por Asunción foi o Mercado.

Outra coisa importante. Tomei uma senhora bronca da Carol Barbosa por conta das minhas postagens acerca do machismo paraguaio. Segundo ela, e com toda razão, nem para contra-propaganda se deve passar adiante as demonstrações sexistas. Ainda que eu tivesse cuidado para filtrar as coisas que vi por aqui, cometi o equívoco de postá-las. Portanto, não mais o farei (só não vou tirar as outras para manter os posts).

Enfim, agora parto para minha viagem rumo à Argentina.

Ósculos e amplexos!


15 fevereiro 2012

Diário de Bordo (005) - Dia dos namorados no Paraguay

Na verdade, poderia chamar de dia dos solteiros. Não tem a mesma força a comemoração do dia dos namorados como no Brasil (muito menos o mesmo apelo comercial). Por outro lado, praticamente todos os estabelecimentos da cidade provocam os solteiros em suas propagandas. Eu e o pessoal do Hostel decidimos passar a noite escutando uma boa música no Britannia Pub. Mas, ao chegar lá, tivemos uma senhora decepção: não haveria música ao vivo porque o bar da frente havia combinado primeiro.

Em outras palavras, estamos em uma cidade que parece sem leis e ao mesmo tempo parece ter leis demais. Eu perguntei se havia uma certa cordialidade e talvez por isso não teriam bandas simultaneamente, mas não. Há de se solicitar à polícia quando há uma atividade com barulho. E, como um fica de frente ao outro, o 904 foi mais rápido. Como não tinha o que queríamos, acabamos indo ao Bolsi engordar alguns quilinhos.

Um dos amigos, chileno, que é um gourmet aficcionado por Crème Brulée foi conferir minha dica sobre ele no Bolsi. E a conclusão que ele chegou é que é muito bom, mas os que ele provara em Santiago eram muito melhores. Por outro lado, ele pirou quando comeu um bem brasileiro brigadeiro (sim, o Bolsi se orgulha de não apenas ser o primeiro restaurante com ar condicionado do Paraguay, mas também de ter "los mejores postres del mundo en un lugar solo"). Comemos até ficarmos redondos e voltamos rolando para o hostel.

Ontem foi o terceiro dia consecutivo de muito, mas muito calor. Resolvi aceitar a sugestão da Juliana e ir ao Paseo Carmelitas. Não é muito grande, mas é bem requintado. É a continuação da Avda España que eu havia comentado em outro post, mas com muito mais atrativos. Seria como uma avenida Batel com mais variedade. Quando cheguei por lá, dei de cara com um bar muito conhecido pelos curitibanos: o John Bull. Mas, infelizmente, o bar só abre aos fins de semana. Contentei-me mesmo com uma maravilhosa helateria que havia por lá (Havanna, a mesma dos chocolates maravilhosos que tem no shopping Mueller).

No caminho, cheguei a conclusão de que é necessário estudar ou trabalhar em Asunción para ficar mais do que quatro dias. Para turismo, mesmo um mais alternativo como o que eu fiz, quatro dias são mais do que necessário. E, como estou há cinco, estou mais do que me coçando para ir logo para Buenos Aires.

Hoje é o dia para arrumar as malas e seguir viagem para Buenos Aires. Como ficarei 18 horas no ônibus, só tornarei a postar em dois dias.

Ósculos e amplexos!

14 fevereiro 2012

Diário de Bordo (004) - Estresse, pizza e muito rock'n'roll em Asunción


Ontem foi um dia de despedidas. O grupo de amigos criados se desfez com a ida de quase todos para outros destinos. Resolvemos então comemorar com estilo. Fomos no Piratas Bar. Trata-se de um bar enorme, com duas pistas de dança e a melhor visão do Palácio López que se pode ter. Havia duas alemãs, dois suíços, um espanhol, uma japonesa (namorada do suíço), um estadunidense e eu, brasileiríssimo.

Como a maioria não dominava o idioma hispânico, a noite foi inteira comentada em inglês. Sem problemas, meu inglês está muito bem, obrigado, e o espanhol está afiadíssimo. Entretanto, como diria o Frank: às vezes o estresse vem à cavalo! Eu entrei em crise idiomática. De repente tudo estava pifando, inclusive o português. Além disso, uma imensa de uma dor de cabeça estava me acompanhando a noite inteira. Não teve jeito, tive que sair de lá para não correr o risco de ser mal interpretado.

Fui então para outro bar, o 904. Eu havia esquecido que o bar ingles (Britânia PUB) não abre às segundas. Mas, em frente, havia um show de blues. O bar é charmoso e o atendimento é bom também. Mas, tem um problema: simplesmente não há opções não-alcoolicas, exceto água. Fiquei parecendo um excêntrico mudinho. Não falava com ninguem, estava sentado sozinho, e tomando água. Pelo menos a música estava maravilhosa.

Bom, isso tudo foi à noite. O estresse estava acumulado também por conta de ter sido o dia mais quente desde que cheguei por aqui. O tempo todo entre 39 e 42 graus, seco, sem vento, estava cruel. Para piorar, eu tinha que comprar minha passagem para Buenos Aires, e acabei me perdendo e demorando um tempão para encontrar o lugar certo para pegar o ônibus para o Terminal. No caminho, encontrei um shopping e uma promoção maravilhosa da Pizza Hut: dizia a placa "Coma o quanto aguentar por 22.000 guaranís (aproximadamente R$ 8,00!!!). Não precisa dizer que me acabei de tanto comer.

O dia foi curto, com o calor imenso não havia como se mexer e conhecer mais coisas da cidade. Então fiquei no Hostel quase o dia inteiro (perto da piscina). A noite também foi curta, a dor de cabeça e a crise idiomática estava acabando com a minha alegria.

Hoje é dia dos namorados por aqui... depois eu conto as impressões.

Ósculos e amplexos!

13 fevereiro 2012

Diário de Bordo (003) - Avenida España


Quando vi que o hostel estava a poucos minutos do Templo de Asunción, não me aguentei e fui lá apenas para admirar a arquitetura. Foi uma caminhada de uns trinta minutos aproximadamente onde pude sentir o quanto Asunción é a cidade dos contrastes.

Tudo começa no começo. Explico: no início da Avenida Paraguayo Independiente, onde fica a sede do poder central do Paraguai, tem todo o luxo e beleza do Palácio López. Mas, logo ao lado há uma das maiores favelas de Asunción. Esta avenida, seguindo por ela, vai se tornar a Avenida Marescal López, de onde sai a Avenida España. Entre o Palácio (e uma série de construções históricas interessantíssimas) e o começo da Avenida España se encontra um perigoso comércio de tudo quanto é ilegalidades (principalmente drogas e protituição). E um contraste interessante: ao longo de todo o caminho, senti que estava sendo seguido. Mas não era "los ilegales", mas pela polícia. Eles perceberam que eu era mais um desavisado turista e estavam cuidando de mim. Quando tentava atravessar a rua, tomava um apitasso na orelha (e muitos palavrões em guaraní).

Quando se chega no começo da Avenida España algo começa a mudar. O comércio de ilegalidades vai se tornando mais rarefeito e um grande supermercado (o España) surge como um marco divisório entre a pobreza extrema da cidade e o que irá surgir pela frente. Aos poucos, as principais embaixadas do mundo vão te saudando com suas belezas arquitetônicas. Principalmente a coloridíssima embaixada do México.


E a coisa não para de ficar mais exuberante. A Avenida vai se tornado um grande luxo. Lojas e mais lojas do que há de bom e do melhor vão surgindo, mansões e mais mansões também. Lojas de carro que só vendem carrões (vi uma Hammer de perto, estava na frente de uma fila imensa só de mercedez). A coisa vai se tornando cada vez mais impressionante. Fiquei quase duas horas andando toda a avenida, terminando no shopping "del Sol". Lá, o luxo continua. Mas, como diria o camarada Rovilson, o meu lado gordo fala mais alto diante de tanta "gulosimas". E me acabei de comer por lá. A Pizza Hut custa menos de vinte reais (no Brasil eu pago quase cinquenta!). O Whooper, com o dobro do tamanho do brasileiro, não custa vinte reais. E, em um restaurante requintado, comi um surubi (um peixe local) por menos de quarenta reais com tudo o que tem direito.

Uma parada no meio do caminho para ver o jogo do Corinthians e São Paulo. Lembrei-me da Rafinha, que para o que estiver fazendo para fazer fé no timão. Quando recebi pelo celular que o Darwin e a Helena também estavam ligados no jogo. Senti como se uma linha invisível nos unisse naquele momento. E, devido a isso, torci como um grande corintiano (que não sou, todos sabem que sou coxa).

Aliás, a imprensa futebolística por aqui é fenomenal. Tá certo que ela é inteiramente argentina, mas é impressionante como comentam a partida. Diferentemente das emissoras brasileiras, que sempre tratam o espectador como um debiloide, as transmissões argentinas exigem um público "iniciado". Muita informação sobre os jogadores, sobre o campeonato, e nenhuma explicação mais leiga como faria o Galvão Bueno, por exemplo. Partem do princípio de que todo telespectador conhece muito sobre futebol e não tem paciência para obviedades. Tanto que narram somente as melhores jogadas e o gol. No geral, é uma espécie de bate-papo com especialistas da bola.

Outra coisa que me chamou por demais minha atenção. Creio que catraca é coisa de brasileiro. Caracas, Asunción e Montevideo, pelo que vi, não a usam e todos pagam passagem. Tá certo que o transporte público de Caracas e de Asunción é questionável. Mas o de Montevideo deixa muita cidade considerada modelo de gestão pública (como Curitiba, por exemplo) em pé de igualdade. Ao contrário do Brasil, partem do princípio de que é uma minoria quem "tiraria vantagem" desonestamente.

O dia terminou com uma parrillada no hostel. Aliás, como tem gente fazendo churrasco pela cidade no domingo. Em cada esquina há uma carne assando e um tereré sendo tomado como se fosse a coisa mais correta a ser feita em um dia de domingo. Era, no hostel, uma tentativa de adaptar a cultura local em um grande encontro mundial ao lado de uma churrasqueira. Muita carne boa e papos interessantíssimos sobre tudo. Eu, brasileiro, dando aula sobre carnaval, um italiano dando curso sobre política italiana, um estadunidense ensinando espanhol para uma inglesa, dois chilenos mostrando o que há de melhor da música chilena, um romeno desesperado por comprar bebida (Asunción inteira parece guardar o domingo, portanto quase tudo está fechado).

Dormi relativamente cedo e contente com a bela caminhada.

Ósculos e amplexos!

12 fevereiro 2012

Diário de bordo (002) - Asunción


Infelizmente, ainda estou apanhando do tablet e não consegui extrair as fotos da máquina...

Cheguei ontem à noite em Asunción. Depois de seis horas aproximadamente em uma reta sem fim (eu acordava, dormia, acordava novamente, e a estrada não fazia curva). Aliás, como é cruel um ônibus ruim e que não para. Ou melhor, não há aquela paradinha que temos no Brasil a cada tres ou quatro horas para se esticar a perna (e pagar horrores se quiser consumir qualquer coisa). Não precisa dizer o quanto me arrependi de não ter pegado um ônibus melhor. E a economia foi de apenas R$ 5,00.

No terminal de CDE não havia simplesmente nada do qual me agradasse para comer. Nada mesmo. Tive que improvisar com uma espécie de CupNoodles japonês que havia por lá. Até que estava legal, mas muito avesso ao paladar brasileiro. Resultado: entrei no ônibus torcendo para que uma chipera entrasse logo para eu degustar aquelas maravilhas que ela trazia.

Tudo planejado, era apenas esperar para que aquela moça surgisse. Mas, a pessoa que vos escreve aqui dormiu. Quando acordei, a chipera havia acabado de descer. Fiquei com fome quase até o fim da viagem, quando outra chipeira (agora com uniforme azul) entrou no ônibus. Só de raiva, pedi duas Chipas e uma "gaseosa" (refrigerante) e ria sozinho com o fato da garrafa de Coca por aqui ter meio litro.

Aliás, esta é uma parte engraçada da viagem. Uma menina estava ao meu lado quebrando cabeça junto comigo sobre como encontrar uma posição menos desconfortável naquela chimbica. Quando surgiu a Chipera, perguntei para ela se havia algum significado na roupa das chiperas. E ela me respondeu: sabe que nunca percebi que elas tinham roupas diferentes? Depois perguntei se ela sabia o porquê a garrafa tinha meio litro. E ela respondeu com um espanto imenso: no Brasil não é assim??? (Obviamente, parei de perguntas).

Vou pesquisar mais sobre elas, depois eu conto mais. Mas, desde já, acho que elas merecem o título de patrimônio imaterial da humanidade (assim como nossas baianas com tabuleiro de acarajé possuem).

Por falar em Chipera, lembram-se do comentário passado quando disse que o machismo paraguaio é impressionante. Saca só o comercial que une o melhor(?) desse costume com as famosas chiperas.


Enfim, em Asunción, depois de me registrar, tomar um banho, sofrer com a mistureba de idiomas que estava por aqui (em quase todos os hostels, há uma pequena festa geralmente nas sextas-feiras. Pois bem, rolou um pré-carnaval aqui no sábado). Então as coisas estavam agitadas por aqui. Quer dizer, para sair daqui. Pois o carnaval era em um local próximo. Como demorei um pouco para me arrumar, acabei não achando o lugar.

Chateado por ter perdido a balada do hostel, fui perambular pela redondeza. Dei de cara com o Panteón de los Heroes (amanhã posto mais sobre), e com uma confeitaria onde comi, sem exagero nenhum, o melhor Crème brûlée da minha vida. Além de delicioso, era enorme! (meu lado gordo, recém descoberto, foi à loucura!). A confeitaria Bolsi é linda, charmosa, e de alto nível de atendimento. Para os padrões paraguaios, não é um lugar barato. Mas, com a taxa de câmbio favorável, tudo não custo mais do que oito reais (contando com "la propina").

Como diria minha amiga Talita, mal de gordo é fome. Saí de lá feliz da vida e tentei voltar para o hostel para enfim dormir. Foi quando, na mesma rua, escutei uma cantoria alegre, divertidíssima, coisa boa mesmo. Fui conferir. (Amanhã eu posto o nome do lugar).

Quando entrei, havia muitos universitários e uma banda bem rock'n'roll. Infelizmente, não sei o que cantavam, mas era bastante popular entre a galera (que cantava muito com a banda, além de dançar alucinadamente cada música). Todas as músicas eram, pelo que percebi, paraguaias. Mas de extremo bom gosto. Quando decidiram variar, tocaram um blues do Clapton. Mas, com um detalhe: em guarani. De arrepiar!

Por enquanto é só. Depois volto para contar mais.

Ósculos e amplexos!

Diário de viagem (001) - Curitiba, Ciudad del Este, Asunción


Nossa, faz tempo que não escrevo neste humilde bloguinho. Ainda estou apanhando com o tablet, e as fotos ainda não conseguí tirar da máquina por falta de um cabo específico. Mas, escrevo agora do hostel (black cat) já de banho tomado, e começando a descançar da longa jornada.

O Black Cat é um hostel formidável. Bem no centro de Asunción, precinho camarada, e muita gente legal (e gringa). Só tem um problema (que para mim não foi problema nenhum): ou você gosta de cães e gatos ou você vai odiar o hostel (que a dona possui um de cada espécime). Para se ter uma ideia, a porta, quando abre, mia!

Aliás, como Asunción me surpreendeu. Mas, estou contando a história de trás para frente. Então, vamos ao começo.

Tudo começou muito bem. Cheguei embaixo de muita chuva em Curitiba, saí dela com mais chuva ainda. Um pouco de apreensão por um ônibus que não chegava nunca, um taxi salvador de última hora, e tudo certo para o embarque às 21:30 em Curitiba com destino à Ciudad del Este. Com direito a um telefonema desejando sorte do meu camarada-irmão-compadre Darwin.

Eu costumava contar vantagem quanto aos ônibus que eu ia para Sampa na década de 90, o Cometa de tanto que ele corria. Mas a Pluma se superou. Haja emoção! Além de algumas curvas que, juro, eu sentia algumas rodas saindo do chão, ao meu lado uma simpática senhorinha não parava de comentar sobre a viagem. Aliás, a simpática senhorinha conhecia cada curva daquela estrada e fazia questão de me informar quem ela já viu partindo para o beleléu em cada uma delas. Era assim, eu quase pegando no sono e ela: aqui nessa curva morreu Fulano. Naquela alí, morreram Declano e Ciclano!

Chegando em Foz, eu e a simpática velhinha quase nos pegamos no tapa. O motivo: quem estava com a razão, se ela, que teimava que o ônibus parava no terminal, ou eu, que dizia que não. Na verdade, eu estava confiando cegamente nas sábias palavras da Binha, embaixadora oficial de Foz do Iguaçu em plagas curitibanas. Simplesmente todas as dicas que ela deu foram certeiras e, por vezes, salvadoras. Resultado? Binha 1 x 0 velhinha (mala) simpática.

Quando na parada da Pluma, chegou a vez da empresa nos pregar uma peça. Tivemos que trocar de carro e entramos em uma lata-velha e que estava com o banheiro impraticável.
E demorou à beça para passar pelo ritual da aduana!


Cheguei em CDE e fui fazer compras. Fui à pé do Terminal até o Centro. De boa, estava um clima agradável e eu tinha tempo. Deu até para passar pela Casa China e ver se a mulherada continua usando aquela micro-saia! (Mas não me deixaram bater foto). Aliás, se alguém souber me responder, por favor, ajude-me: por que as saias são tão curtas apenas para os produtos mais lixeira? Por exemplo, a perfumaria e os artigos de luxo elas estão de calça e camisa (Vivarina).

Quando saí da Casa China, reparei o quanto o Paraguai é machista ao extremo. Tem mulher pelada até em propaganda de coca-cola (não estou exagerando não).
Finalmente, compras feitas, tudo indo muito bem. Até encontrei um shopping que nos dá aquele alívio em todos os sentidos. É o Shopping Bariloche, onde tem as principais marcas, e cada loja há um brasileiro para atender em português, com toda gentileza que o brasileiro gosta e merece. Lá, tem, inclusive, o único banheiro praticável acho que de todo o centro de CDE.

Na volta, no único momento em que não ouvi as dicas da Binha, me dei mal. Assim que eu cheguei, comprei minha passagem para Asunción para às 13:20. Olhei para o relógio, era meio-dia. Peguei um ônibus perto da Plaza Verde (um lugar lindo e que tem wi-fi de graça ao lado de uma fonte que faz com que esqueçamos que o calor, quando menos se espera, pega forte). Aliás, ônibus mais trash da minha vida! Custava apenas 1.500 Guaranis (quase cinquenta centavos de real). E olha que eu achei caro! Pense na chimbica véia!!!
Chegando no Terminal, lembrei-me de que não havia seguido a dica da Binha: deixe para comprar a passagem em cima da hora, tem ônibus saindo a cada 20 minutos. Pois é, não fiz isso e me dei mal. Quando olhei para o relógio do Terminal, nem meio dia era. Eu havia me esquecido do FUSO HORÁRIO!!! Para piorar, a Crucero del Este, empresa que comprei a passagem, me pregou um susto enorme. Quando chegou o horário, veio uma chimbica muito parecida com a que eu peguei para ir até o terminal. Imaginem só, ir nesse treco sacolejante por cinco horas!!!

Bom, amanhã eu continuo contando a história (que o post já está enorme!!!)

Ósculos e amplexos!