Para cada proposta política que um candidato apresenta, há um princípio do qual lhe é implícito. Separar princípios da verdadeira miscelânia de propostas não é uma tarefa fácil. E mesmo os mais eruditos, por vezes pecam ao analisar uma proposta pelos seus resultados diretos e não pelos princípios que nela estão implícitos. E para os que estão indecisos, tudo aparenta ser tão igual que, quanto mais propostas aparecem, maior fica a confusão e a semelhança entre um candidato e outro.
O primeiro grande princípio a ser analisado é: para quem este ou aquele candidato apresenta seus projetos? Respondendo isto, já é meio caminho andado para se escolher sabiamente seu candidato.
O grande problema, neste caso, é que a política é dinâmica. E os grupos e camadas sociais que um determinado candidato defendeu ontem, hoje pode não mais defendê-los. Assim como as coisas mudam, as alianças também. E é extremamente natural aquele inimigo de ontem estar hoje aliado. Traição, em política, é não cumprir acordos. Mudar de lado, de postura ou de opinião é a coisa mais normal e saudável que se tem - desde que não se descumpra acordos ou compromissos.
E, por falar em compromisso, esse se faz com o eleitorado. Portanto, registrar em cartório um programa de governo não significa nada, exceto uma medida de impacto para os mais desprevinidos se impressionarem com o gesto. Cartório nenhum tem poder de impeachment.
No debate de ontem, 20 de setembro, na RIC-TV (Record); chamou-me a atenção algumas coisas, que somente analisando os princípios é que dá para separar o joio do trigo.
- O ex-prefeito de Curitiba se considera o melhor candidato por ser o único com experiência no Executivo (os demais ou foram parlamentares ou nunca conseguiram se eleger). Tal argumento possui princípio aristocrata, portanto nada democrático. Platão, por exemplo, aristocrata, era contra a democracia, pois defendia que há pessoas que nascem pilotos, outros marinheiros. E que, a democracia, faria com que marinheiros fossem escolhidos como pilotos, comprometendo a navegação. Prova de que a democracia não depende de expertises no comando é que Lula, que nunca foi eleito para o Executivo, é o presidente melhor avaliado da história do Brasil e por mais longo tempo.
- Outra do ex-Prefeito: "Vou levar cultura para o povo". Esconde-se neste argumento dois preconceitos de classe: o primeiro é a ideia de que o povo não tem cultura e o segundo é que povo e pobre são as mesmas coisas.
Resumindo... Devemos identificar as camadas e grupos sociais que cada candidato está comprometido e se perguntar se fazemos realmente parte de tais grupos ou camadas. Um candidato comprometido com os trabalhadores dificilmente fará política que beneficie somente o patrão, e vice-e-versa. Por mais que se queira ser patrão, se sua condição é de trabalhador, o ideal é identificar candidatos comprometidos com as camadas trabalhadoras. Devemos também separar das propostas o princípio que a sustenta. Somente assim se é possível distinguir uma proposta da outra. Senão, todas serão bastante parecidas.
Tenha um bom e sábio voto!
Ósculos e amplexos.
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