Elas estão de volta! O segundo filme sobre Carrie, Samantha, Charlotte e Miranda chegará nas telonas dia 28 de maio. E, por melhor ou pior que seja, irá contar um pouco mais sobre as quatro amigas que revolucionaram o modelo sitcom (comédia de situação) e se tornaram referências para se observar o complexo universo feminino.
Para quem não sabe do que se trata - provavelmente por ter passado os últimos 12 anos em Marte -, o filme é a continuação das histórias da série (saga) homônima que foi exibida pela HBO entre 1998 e 2004 (no Brasil entre 2002 e 2004, com cortes das cenas mais picantes e episódios mais polêmicos - um "The Sex and the City" light). Ao todo, são mais de 45 horas de programa, divididos em 94 episódios, exibidos em seis temporadas e um filme para o cinema. Trazia a história de quatro mulheres solteiras, bonitas, inteligentes, sexualmente bastante ativas, e com idades entre 30 e 40 anos. Sem nenhum exagero, um Balzac contemporâneo e multimidiático.
A série revolucionou o sitcom com o assassinato das insurportáveis claques - as risadas e aplausos de fundo, que simulava uma "interação" com o público; e com a saída do estúdio e explorando toda a cidade para o cenário das histórias. Mas, foi mais além, soube partir de uma estereotipação de seus personagens, mas foi com o decorrer do tempo amadurecendo-os. Ao invés de fixos estereótipos, as personagens foram construídas à partir dos anseios e características típicas do imaginário feminino, e na medida em que iam vivendo suas aventuras, agregavam novas características e inovando seus personagens.
Ainda que tenha revolucionado o sitcom, não é esse elemento o que provocou tanta paixão tanto por mulheres quanto homens pela série, mas todo um conjunto que apresentou o novo universo feminino do século XXI. Definitivamente não é um olhar feminista, inclusive há uma certa rejeição ao complexo e multifacetado movimento de mulheres. É uma nova balzaquiana, ou melhor, quatro diferentes "balzacas" apresentando diferentes pontos de vista para os mesmos temas. São mulheres solteiras, emancipadas, de classe média, com suas virtudes, vícios e muitos impulsos consumistas. São mulheres que lidam com seus problemas sozinhas ou somente com o apoio de suas amigas. Que vivem na charmosa Nova York, que desfrutam de todas as vantagens de se viver na metrópole mais cosmopolita do mundo. Mas que ao mesmo tempo buscam um amor para que tudo isso torne suas vidas completas e mais feliz. E fundamentalmente: é uma série divertida e inteligente!
Outra coisa que me chama bastante a atenção em The Sex and the City é que, ao mesmo tempo em que pode ser resumido em sexo, comportamento e consumismo, é também uma grande injustiça em resumir a série de tal forma. É uma série sobre mulheres que compram o que querem, fazem sexo com quem querem, alcançam os objetivos profissionais que traçam, frequentam lugares concorridos ou simples que desejam, e enfrentam e superam doenças e decepções, mas que temem ficar sozinhas. A instabilidade feminina é demonstrada com um humor incrível, ao mesmo tempo em que manda um recado para os homens: se quer ter uma mulher de verdade em sua vida, deve simplesmente aceitar suas instabilidades e aprender a conviver com elas. São mulheres que condenam o patriarcalismo tradicional, ainda que não consigam se desprender dele (elas são por diversas vezes patriarcalistas radicais, por vezes bastante preconceituosas, ainda que condenem ambos com veemência). São mulheres desprovidas de pudores sexuais e afetivos, mas que se tornam infelizes e neuróticas sem a presença de um parceiro.
Por fim, a série e o primeiro filme deu um final feliz para as quatro amigas. Não deu para todas o casamento enquanto desfecho para o "felizes para sempre", mas trouxe o parceiro para cada uma delas. O segundo filme irá explorar o que acontece depois do "felizes para sempre". Irá explorar a vida após o casamento. Irá explorar outro lugares, e o olhar feminino sobre o diferente (inclusive a espinhosa abordagem sobre a cultura árabe). Uma série que virou filme, um filme que fechou a saga, uma continuação que promete pelo menos matarmos as saudades das quatro amigas que se tornaram referência tanto para a linguagem do sitcom quanto para a mulher do século XXI.
Ainda que eu me irritasse com algumas futilidades e outras coisas, no geral, adorava a série e estou ansioso para ver o resultado do segundo filme.
Ósculos e amplexos!
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Dedico esse post para minha querida amiga, verdadeira irmã, Priscila (fã incondicional de The Sex and The City).
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Diário de um intercambista: infelizmente, o projeto teve que ser adiado para o ano que vem. Aos que torceram por mim, meu mais sincero muito obrigado. Mas, a vida é assim mesmo. Nem sempre tudo dá certo. Viva a resiliência!