19 fevereiro 2012

Diário de Bordo (009) - Murga, o carnaval de Buenos Aires

Para quem vê a foto, parece uma foliã igual a nossa. Mas há algumas diferenças importantes. A primeira é que o bloco, ou melhor, a murga é na verdade uma sátira das fanfarras militares. Todos utilizam como fantasia uma espécie de uniforme onde nelese estão apostos símbolos e desenhos que o personalizam. Então, é comum ver nos uniformes escudos de futebol, Homer Simpson (argentino tem verdadeira fixação pelos Simpsons), e até a famosa boca dos Rolling Stones. A bateria, vamos denominá-la assim, é basicamente um surdo com um prato acoplado. De vez em quando há uma caixa e só vi em uma única murga instrumentos de sopro - no geral, não tem. O melhor é ver:





Antes de brincar com a murga, algumas coisas são importantes de se frisar. O carnaval foi manifestação cultural reprimida até começo de dois mil. Era uma troça popular do regime militar e foi duramente acusada de ser subversiva (além de um argumento funesto de que os comunistas poderiam se infiltrar em Buenos Aires mascarados). De qualquer maneira, a murga é uma conquista dos trabalhadores e eles levam muito à sério. A fanfarra vai abrindo a avenida até que o povo o encurra-la. Para não ser destruído pelo povão, eles terão que cantar uma "crítica". Que nada mais é do que uma canção em que se critica a realidade social. E aí, tem de tudo. Desde condenação da visão de entretenimento que a televisão argentina possui, até algumas provocações com o nosso carnaval (que eles chamam de murga em português). Entre uma murga e outra, as crianças (de todas as idades) se acabam brincando de guerra de espuma (aqueles sprays de espuma são sucesso absoluto).




Ontem e hoje eu tenho tirado para excursões culturais. Fui assistir a um filme de comédia portenha. Peter Capusotto faz um verdadeiro tratado sobre o entretenimento. Como é uma comédia bem portenha, boiei boa parte do filme. Mas o pouco que vi me rachei de rir. E pretendo adaptar o filme para uma peça de teatro. Quem sabe um dia a ideia não vinga?

Buenos Aires é assim, caminhando você vai sendo bombardeado com uma infinidade de ideias e inspirações culturais.


O melhor do dia foi a constatação: e o Senhor inventou o talharim! Tipo, achando tudo muito caro, fiquei sem opção para comer por aqui. Decidi observar como os portenhos se viram diante desses preços. Quando vi uma fila enorme e banquei o curitibano: entrei na fila sem saber nem do que se tratava. Descobri uma casa de massas (estou em um bairro bem italiano aqui em Buenos Aires). Comprei um talharim, que se você quiser e tiver um tempinho, eles até a cozinham para você. E comprando o molho, com champignon de verdade, o preço aumenta pouco. Com menos de R$ 6,00 tive um almoço digno de chef.


Enfim... Por enquanto é isso. Depois conto mais.


Ósculos e amplexos!













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