16 fevereiro 2012

Diario de Bordo (006) - iHasta luego, Paraguay querido!

Se eu escrevesse para a televisão, recomendaria uma série baseada em vida de albergue. Todos os episódios teriam um elenco diferente que seriam apresentados para o público quando a recepcionista estivesse apresentando as acomodações e regras para o desjejum. A cada semana, um novo grupo se formaria e se desfaria da mesma maneira. Porém, é claro, cada história fantástica que seria contada garantiria o sucesso da série. Terminaria o episódio quando, na hora do check out, os participantes se despediriam do hostel e apresentariam suas conclusões.

Daqui a pouco, embarco para Buenos Aires. Darei início ao segundo terço de minha viagem. E fica aquele sentimento de despedida no ar. Como pode? Há cinco dias atrás, eu era um ilustre desconhecido para as pessoas que estavam por aqui. Fizemos amizade rapidamente, confidenciamos dramas e alegrias. E, à medida que cada um seguia seu caminho, uma despedida dolorosa ia marcando o nosso peito. Bem... chegou a minha vez.

Uma pequena depressão, como podem ver, abateu-me por isso. Resolvi tirar o dia para descançar para a próxima parte da viagem. Para minha alegria, choveu! Diminuiu um pouco o calor absurdo que estava por aqui. Quando fui acordado pelos colegas de quarto perguntando se eu estava bem (acabei pegando no sono e dormi quase a tarde inteira). Como retribuição e forma de não voltar para o Brasil com dinheiro paraguaio (que não me serviria de nada), decidimos gastar nossos últimos guaranis com um jantar aqui mesmo no hostel.

Foi uma confraternização maravilhosa. Eu estava cozinhando, mas a galera se empolgou na organização do jantar. Improvisaram toalha de mesa, música, até castiçais e velas. Sem falar na turma do barril que sempre tira de um portal mágico para um universo paralelo refrigerantes, cerveja e muito vinho. Outra curiosidade foi que fiz questão da recepcionista (dona) do hostel jantasse conosco. O critério de qualidade dela é ver se o seu gato se empolga com a comida. Então, minhas "corbatitas al poro" recebeu o selo "gato de hostel" de qualidade.

Boa parte do grupo que estava comigo já se foi no ônibus da meia-noite. Uns iam para o Brasil conhecer o carnaval, outros iriam para um retiro na Bolívia, e pouquíssimos ficavam. Hoje, pela manhã, o hostel já estava com outra cara. Outros sotaques invadiram o hostel. Voltei a ser um ilustre desconhecido. Segue a viagem...

Quebrando um pouco o tom de despedida. Ontem fui ao Mercado 4. Que lugar horroso! Apesar de serem extremamente barata as coisas, é um camelódromo piorado. Eu queria comprar algum artesanato para a Carol para ter alguma lembrança pequena (afinal, cada aquisição é um peso para a mochila, que já não está leve). Mas não consegui nada. As milhões de tentativas de me enganar, de me roubar, e de dizer coisas em guarani toda vez que eu parava um pouco para pensar foram degastantes. Saí correndo de lá (era quase meio-dia, e o calor estava me matando). Realmente, a única coisa do qual não gostei nessa minha passagem por Asunción foi o Mercado.

Outra coisa importante. Tomei uma senhora bronca da Carol Barbosa por conta das minhas postagens acerca do machismo paraguaio. Segundo ela, e com toda razão, nem para contra-propaganda se deve passar adiante as demonstrações sexistas. Ainda que eu tivesse cuidado para filtrar as coisas que vi por aqui, cometi o equívoco de postá-las. Portanto, não mais o farei (só não vou tirar as outras para manter os posts).

Enfim, agora parto para minha viagem rumo à Argentina.

Ósculos e amplexos!


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