07 setembro 2009

Uma novidade no movimento estudantil?


Segundo a máxima do jornalismo, de Charles A. Dana, "Um cachorro morder um homem não é notícia, notícia é quando um homem morde um cachorro". Não há outra forma de ver a matéria da Gazeta do Povo do último domingo, 6 de setembro, sobre a atual composição da diretoria da União Paranaense dos Estudantes. A matéria traz os integrantes do movimento Oxigênio em destaque, cujos principais membros são ligados à partidos como o DEM e o PSDB. Porém, a matéria não é ruim.

Não se trata de tanta novidade assim. Por diversas vezes na história da UPE e do movimento estudantil paranaense os "de direita" se fizeram presentes, inclusive no comando da entidade. Isso reflete a postura democrática da entidade, onde reproduz em seu seio as disputas políticas nacionais. Se existem estudantes filiados à partidos como PSDB, nada mais justo e natural que esses se organizem e disputem as entidades estudantis. O enfoque dado pela Gazeta foi a de que há tempos o ambiente estudantil é dominado pelos "de esquerda", e que a presença dos "de direita" mostra mudanças no movimento.

Em outros Estados, como por exemplo Santa Catarina, a disputa entre esquerdistas e direitistas é mais evidente. Palmo à palmo, universidades são disputadas por legendas como PP, PSDB, PPS, PCdoB, PMDB, PT, DEM, PSC, além de organizações como Demolay, Rotaract, Leo, e tantos outros. Isso realmente não é problema, pois garante um amplo leque representativo, além de inúmeros pontos de vista distintos sendo debatidos e decididos pelas entidades estudantis. Não é problema, mas desde que envolva os estudantes, não ficando somente na disputa das entidades.

Na matéria da Gazeta, um dado preocupante: menos de 1% dos estudantes se envolvem com o movimento estudantil, e menos de 25% diz ter ouvido falar ou saber quem é o presidente da UPE ou da UNE. Isso demonstra uma outra evidência: a necessidade do movimento estudantil ser repensado. Um verdadeiro desafio para os líderes estudantis é descobrir como envolver os estudantes que não se identificam com o engajamento político. Fazer isso, porém, sem abrir mão da necessária organização política e dos militantes políticos. Debater a realidade dos estudantes, fazendo-a passar pelo centro acadêmico, mas sem isolar o que não é da esfera do debate político é um grande desafio tanto para "de esquerdas" como "de direitas".

Por fim, tenho que parabenizar a matéria sobre a posição das forças políticas sobre a questão Sarney. Conseguiu mostrar que cada força tem um pensamento bastante distinto uma da outras. Além disso, tenho que parabenizar o Paulo, Presidente da UPE, que em nome da UJS foi mais profundo, exigindo uma reforma política no país.

Ósculos e amplexos.

2 comentários:

Jonivan Carlos de Oliveira 'Tim' disse...

Muito bom o post, eu só teria a acrescentar que estamos em um novo momento da UPE e o surgimento de outras força, mostra um bom trabalho em torno da entidade.
Por mais ainda não li a materia da Gazeta, mas se falou do movimento estudantil e você falou que foi bom,então vou procurar lê.

Michael Genofre disse...

Quando existe democracia, existe renovação. Não a renovação que o PIG diz ser (a de hora ser de esquerda, hora ser de direita quem está no poder); mas renovação no sentido de novos atores participarem das decisões políticas.Não vejo o Oxigênio como um mal, mas como uma prova de que a UPE está no caminho certo quando o assunto é democracia e representatividade.Conviver com a oposição é também sinônimo de maturidade política, principalmente quando ela é diametralmente oposta, como é o caso da UJS e do Oxigênio.

Sobre esse aspecto, sim, foi feito um bom trabalho na entidade pela última gestão.

Obrigado pelo comentário, Joni.