24 setembro 2009

Chile e Uruguai na 64ª AG da ONU.

Chile: Michele Bachelet abriu seu discurso dizendo que, ainda que os países pequenos, as mulheres, as crianças, e os perseguidos, não tenham sido objeto de atenção da Assembleia Geral da ONU, são louváveis os esforços pela paz, pelos direitos humanos, pelo direito internacional, e pelo desenvolvimento. E esses esforços ainda não tem sido suficientes para erradicar as injustiças mundiais. Mas, vê com otimismo o fortalecimento das organizações internacionais em direção a um mundo melhor. A crise internacional é culpa da incapacidade dos países e da comunidade internacional de regular e ser transparente em matéria econômica. A crise ambiental é fruto da maneira em que o mundo escolheu para produzir e conseguir energia, além da incapacidade de acordar normas e políticas que visem impedir o aquecimento global. E o mais grave, segundo Bachelet: em pleno século 21 há mais de um bilhão de famélicos, sendo que 50 milhões desses estão na América Latina, e todos ainda são vistos como mera estatísticas. Enquanto o mundo se desdobra para superar a crise financeira, menos de 0,1% do que já foi gasto nos planos de resgate financeiros poderia acabar com a crise alimentar em dezenas de países. E não se pode permitir que, com o pretexto de combate à crise econômica, diminuam-se os esforços para se acabar com a fome no mundo. Criticou o neoliberalismo, que vê o Estado como um problema e não como uma solução. E apoia o pensamento de que a crise econômica foi, na verdade, uma crise dos dogmas do neoliberalismo. Disse que o Chile suportou bem a crise graças a intervenções do Estado, além de uma política econômica acertada e inibidora dos ataques especulativos. Demonstrou apoio à reforma das Nações Unidas e ampliação de seu Conselho de Segurança. Manifestou a tranquilidade política da região, informando que, aos poucos, os países latino-americanos estão consolidando a democracia em todos os seus países. Mas, com pesar, invocou a intervenção, baseada no acordo de San José da OEA, para solução do golpe político ocorrido em Honduras.


Uruguai: o presidente Tabaré Vázquez abriu seu discurso constatando que o período atual possui uma realidade contrastante onde a humanidade teve, simultaneamente, tantas possibilidades e tantas ameaças. Porém, questiona sobre o que se tem feito para dissipar as ameaças e aproveitar as oportunidades. Reiterou o firme rechaço ao uso da força, ao uso do terrorismo, ao narcotráfico, e a todo tipo de violência e discriminação; apoio à solução pacífica dos conflitos, com igualdade soberana dos Estados, livre determinação dos povos, com a cooperação internacional em matéria econômica e social, e ao multilateralismo que abarca também a liberalização do comércio e o combate ao protecionismo; defesa e proteção dos Direitos Humanos; proteção do meio ambiente e ações pelo desenvolvimento sustentável; rechaço ao golpe em Honduras, pelo imediato re-estabelecimento da ordem constitucional e dos cargos democraticamente eleitos no país; e pela integração americana sem exclusões ou exceções, nem bloqueios como o que existe em Cuba. Ainda que o Uruguai seja um dos países que mais envia soldados para as missões de paz da ONU, Vázquez demonstrou preocupação quanto os efeitos da crise mundial no tocante à diminuição dos esforços de apaziguamento e combate à fome e outras mazelas sociais no mundo. Enumerou os esforços do Uruguai em matéria de preservação ambiental e políticas anti-tabaco. Sobre esse último, anunciou que é o primeiro país das Américas e o sétimo do mundo livre da fumaça do tabaco, proibindo o uso de fumíferos em todos os ambientes fechados do país. Investimentos para a democratização da informação, como por exemplo o programa "una laptop para cada niño" tem sido exemplo do Uruguai para o mundo. O chamado Plano Ceibal, de democratização da informação, totalmente custeado pelo Estado uruguaio, e que não se limita na distribuição de computadores, mas numa política de acesso indiscriminado às benesses da informática a toda a população. Por fim, reiterou o apoio à reforma da ONU e ampliação de seu Conselho de Segurança.

Ósculos e amplexos!
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Fotos: ONU/Marco Castro

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