24 setembro 2009

Líbia, Uganda, Catar, e Turquemenistão na 64ª AG da ONU.

Líbia: o coronel Muammar Al-Qadhafi, líder da revolução da Líbia, iniciou seu discurso parabenizando o presidente dos EUA pelo seu primeiro pronunciamento na ONU. Abordou sobre a unidade mundial necessária para o enfrentamento da crise econômica, crise alimentar, e sobre as mudanças climáticas no planeta. Pediu a reforma da ONU, especificamente sobre seu Conselho de Segurança, defendendo que a Carta das Nações Unidas está com regras obsoletas em relação à realidade mundial. Criticou a forma utilizada do direito de veto como uma agressividade contra os povos em guerra. Ainda sobre a reforma da ONU, defendeu que a União Africana deveria ter um assento permanente no Conselho de Segurança, única forma de fato para que o continente possa criminalizar e superar seu passado colonial. Encerrou sugerindo que o debate geral da Assembleia Geral da ONU seja feita com sede rotativa, ou seja, em outros continentes que não seja o americano.


Uganda: o presidente Yoweri Kaguta Museveni iniciou seu discurso enaltecendo o desenvolvimento atingido pelo continente africano nos últimos 20 anos. Nesse sentido, Uganda participou desse desenvolvimento com um crescimento anual entre 6,5 e 7 porcento, mesmo durante a crise econômica. As razões para esse crescimento, segundo o presidente, deveu-se aos investimentos em infra-estrutura no país. Entretanto, mesmo com investimentos elevados, Uganda e a África ainda estão longe de possuírem autossuficiência energética, disse Museveni comparando a produção per capita de energia dos Estados Unidos, de 14.124 quilowatts/hora, com o da África, de 9 quilowatts/hora. Um dos "gargalos" que dificultam o desenvolvimento africano é o elevado custo para a construção de rodovias, novamente em comparação, enquanto a China gasta 12 dólares por quilômetro construído, o oeste africano gasta 65 dólares. Outro "gargalo" a ser resolvido na África é quanto a sua produção e exportação agrícola, que segundo o presidente, ainda exerce o modelo dos tempos escravistas. Encerrou seu discurso dizendo que a África possui duas tarefas ainda: uma, trazer as economias do continente para um crescimento que as coloquem em um patamar moderno, e a outra, solucionar os efeitos da crise econômica no continente, bem como da deteriorização ambiental. Disse, enfatizando a necessidade de ampliar o diálogo entre as nações.


Catar: o emir, xeque Hamad Bin Khalifa Al-Thani,disse que é um momento otimista para a atual Assembleia Geral, pois coincide com um período de esforços mundiais coletivos para um momento de desenvolvimento global provocado pelas crises e a melhor interação dos sistemas internacionais. Trata-se de uma oportunidade de ver o mundo através de uma ótica distinta daquela construída após os atentados de 11 de setembro. Porém, para melhor efeito, urge a necessidade de se reformar as Nações Unidas. Da forma em que está a ONU, ela é incapaz de solucionar as regiões instáveis do planeta, portanto, incapaz de apaziguar as relações do Ocidente com o Oriente Médio. A contribuição dos países pequenos deve ser repensada, criando instrumentos para melhor atuação dos pequenos na ordem internacional. Encerrou anunciando as preocupações do Catar com energias renováveis, bem como novas formas de exploração do gás natural e petróleo utilizando fontes alternativas de alimentação energética das máquinas extratoras.


Turquemenistão: o presidente Gurbanguly Berdimuhamedov pediu maior cooperação dos Estados e das Organizações Internacionais para enfrentar os problemas ecológicos, energéticos, alimentares, de pobreza, e de distribuição de água; como garantia única de paz universal. Para isso, reforçou a necessidade de reforma na ONU e em seu Conselho de Segurança. Afirmou que a tradicional postura de neutralidade do Turquemenistão tem ajudado positivamente no desenvolvimento da região da Ásia Central e do Mar Cáspio. A ideia é a de se criar um mecanismo regional permanente a fim de se enfrentar os problemas da região e acelerar seu crescimento. Sobre os problemas energéticos, o presidente afirmou que há muito ainda a se fazer para que seja criado um modelo mundial de gestão dos recursos energéticos. Algumas propostas do Turquemenistão tem ajudado na construção desse modelo. Sobre a segurança internacional, a região tem desenvolvido um programa que, desde 2006, pode-se considera-la região livre de armas nucleares. Mas alerta sobre problemas na região com as ameaças de terrorismo, tráfico de drogas, e crime internacional organizado; dos quais a ajuda internacional é imprescindível para o combate desses problemas. Demonstrou preocupação e ajuda para o Afeganistão, criticando a política adotada pelos grandes contra esse país. Sobre a crise econômica, encerrou seu discurso dizendo que é responsabilidade dessa geração criar novas formas de gestar as finanças mundiais a fim de que as futuras gerações não herdem os problemas criados por esse momento.


Ósculos e amplexos.
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Fotos: ONU/Marco Castro

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