18 janeiro 2010

Meishikoukan


Da série "pronto! Aprendi mais uma".

Um colega de relações internacionais acabou de chegar em Tóquio para seu intercâmbio. Desde criança, ele queria muito ir ao Japão, e estudou o idioma japonês (hiragana e katagana) do jeito que deu. Esse amigo, apesar de apaixonado pelo Japão, não tem nenhuma ascendência nipônica. Não teve nenhuma "batian" para lhe ensinar os mistérios da cultura japonesa. Na verdade, sua ascendência é polonesa, bastante comum aqui em terras paranaenses. E sua paixão pelo Japão é devido muito mais aos empreendimentos de lá que realmente a cultura em si.

Em todo o mundo, a troca de cartões de apresentação sela um compromisso, ou mesmo demonstra o interesse de se manter contato profissional ou aumentar o network. Em todo o mundo, trata-se de um simples trocar de informações. Um entrega o cartão, o outro recebe, e pronto. Mas, o Japão tem uma cultura fantástica. E tem cerimonial para tudo. Descobriu, o pobre amigo, o "Meishikoukan", ou "cerimônia da troca de cartão".

Segundo a tradição japonesa, o cartão simboliza a personalidade da pessoa. Então, é algo que deve ser tratado com total respeito. Dessa forma, o cartão deve ser entregue com as duas mãos, cuidando para que somente os polegares estejam na parte de cima. e com uma leve reverência (o curvar de costas). A pessoa que irá receber o cartão, deve fazer a mesma reverência, e aceitar o cartão também com ambas as mãos. Esse cartão deverá ficar à frente da pessoa ao longo de toda a reunião, afinal, o símbolo de sua personalidade se manterá ao longo de toda a negociação.

Logo na primeira entrevista, o que iria determinar a posição hierárquica em que iria se posicionar ao longo de seu estágio, é pedido para o colega um cartão de apresentação. Ele não tinha. Constrangido, falou que havia esquecido, mas que enviaria por meio de alguém o quanto antes. Então, o chefe da empresa foi entregar o cartão, bem como manda o protocolo japonês. Antes mesmo de curvar-se, o pobre amigo simplesmente "raptou" o cartão da mão do Big Boss e colocou no bolso de trás da calça.

A sala toda já estava rindo, vindo abaixo, de tão constragidos que ficaram, com o fato do colega ter enfiado a personalidade do chefe, vamos dizer assim, nos fundilhos. Totalmente desesperado, o colega esqueceu o pouco que sabia de japonês, o pouco que sabia de inglês, e em bom português mesmo sacou: - Ué... que foi? Tem alguma coisa no meu dente? E então, tirou o cartão do bolso e rapidamente esfregou em suas gengivas.

Ósculos e amplexos.


2 comentários:

Queisse disse...

Caraca!!!
Vou rir disso durante semanas...
E como está seu colega lá no Japão? Já se acostumou a ser faxineiro? Porque, depois disso, não deve ter sobrado nem servir o cafezinho!
Huahuahaa

Michael Genofre disse...

Segundo fontes quase seguras... ele conseguiu um cargo entre o nada e o coisa nenhuma rsrsrs... beijos!