Em direitos humanos, não há ser humano ilegal. Nem poderia. Todos os recantos da Terra a lei foi feita para a harmonia entre os seres humanos. Negar direitos como à saúde e à educação por ser este ser oriundo de outra parte do globo é simplesmente um crime contra toda a humanidade. Mas, como tratar todos os seres humanos como sujeitos universais de direito em um país onde quase 12 milhões de homens e mulheres vivem ilegalmente? Esse é o novo desafio anunciado por Barack Obama para o ano de 2010.
A tão criticada pelos mais conservadores Reforma da Saúde nos Estados Unidos possui um problema que depende de uma Reforma Imigratória: o atendimento público para aqueles que não são reconhecidos como cidadãos. Na "Health Reform", está previsto o atendimento indiscriminado em casos de riscos à vida. Entretanto, toda necessidade de atendimento médico não é justamente um atendimento contra tais riscos? A resposta foi: tem que estar morrendo para que o doente seja atendido como qualquer outro cidadão americano sem correr o risco de ser deportado.
Os conservadores usam a velha ladainha dos "riscos dos imigrantes roubarem os empregos dos americanos". Ladainha falaciosa e preconceituosa. Os quase 12 milhões de imigrantes ilegais já estão lá, trabalhando e muito. Enchendo as burras dos americanos de dinheiro. Quem contrata trabalhadores ditos "ilegais" são os que mais reclamam contra a reforma imigratória. E, nada mais natural, uma vez contratando "não-cidadãos", obrigações mínimas como cuidar da saúde de seus funcionários em caso de acidente de trabalho são desconsideradas, pois o trabalhador é bicho, não é cidadão.
Obama tem uma dívida com os trabalhadores imigrantes, afinal, os que conseguiram a cidadania estadunidense votaram em massa no primeiro presidente negro dos EUA. Os Estados Unidos tem uma dívida imensa para com os imigrantes, afinal, foi um país contruído por eles. E a última vez que um presidente fez algo favorável para eles foi a "anistia" de Reagan, que beneficiou uma ínfima parcela de imigrantes até então ilegais (apenas 3 mil anistiados).
Se a reforma da saúde já foi um dos mais memoráveis acertos do governo Obama (e digna de estudos sobre acordos políticos), a Reforma Imigratória vai dar o que falar. Pena que aqui, em terras tupiniquins, as Reformas foram boicotadas, de um lado, por uma imprensa golpista, e de outro, por um governo que preferiu uma governabilidade mais tranquila a enfrentar a necessidade de reformas. Por enquanto, Obama "é o cara".
Ósculos e amplexos.
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