18 setembro 2007

O que pensam os candidatáveis à Presidência dos Estados Unidos.

A questão Aborto

Em 1973, a Corte Suprema decidiu, por 7 votos a 2, que os Estado Unidos não tinham atribuições constitucionais para restringir o direito de uma mulher fazer aborto. O caso que deu origem a essa decisão ficou conhecido como Ron Vs Wade, onde a Suprema Corte dos EUA sentenciou que uma mulher possui o direito constitucional específico à privacidade em questões de procriação e tal direito inclui o de interromper a gravidez, desde que ela e seu médico optem por fazê-lo. Decidiu também que os Estados somente poderão condenar o aborto, criminalizando-no, somene após o sexto período (28 semanas) de gravidez.

A Suprema Corte considera que o direito à privacidade da mulher é parte do direito constitucional do indivíduo à sua privacidade, e esse tem que ser livre da instrução governamental, pois afeta profundamente a vida de uma pessoa. A decisão de se casar, de se divorciar, de ter ou não filhos não pode ser nem proibida e nem obrigada por força de lei. Foi com base nessa interpretação que em 1965, no caso Griswold Vs Connecticut, a Suprema Corte decidiu que um Estado não pode proibir a venda de anticoncepcionais às pessoas casadas, e mais tarde ampliada às pessoas solteiras.

E 2003, o Presidente Bush cria a Lei que proíbe um específico método de aborto realizado em períodos avançados da gravidez, conhecida pelo nome de "Nascimento Parcial". Mas essa Lei é rejeitada inicialmente, com base no histórico jurídico de que afetaria o princípio de privacidade do indivíduo. Em abril de 2007, a Suprema Corte valida, por 5 votos a 4, a Lei de 2003 contra o Nascimento Parcial. Consideraram-na um método desumano, que fere outro princípio constitucional que é o respeito à integridade humana. E, para a concepção da Suprema Corte, tal decisão não se opõe ao direito de privacidade e garante a integridade do indivíduo.

A Lei contra o método do Nascimento Parcial reabriu o debate sobre o aborto legal nos Estados Unidos. Uma vez que o Estado intervém num método, abre margem para que outras intervenções sobre outros métodos possam surgir. A polêmica ganhou espaço, naturalmente, na disputa presidencial estadunidense.

Vejam o que pensam os candidatáveis sobre Ron Vs. Wade, a Lei contra o Nascimento Parcial, e outras considerações (ordenado segundo a pesquisa Ramussen Reports, 10/09/2007, sobre as intenções de votos nas primárias):




Republicanos





Fred Thompson (26%)
Considera que o papel do judiciário americano é o de interpretar leis, e não fazê-las. A promoção da cultura do aborto é culpa de um judiciário que interfere diretamente nas esferas que não deveria. A cultura do aborto deve ser combatida, assim como os poderes da Suprema Corte em viabilizar ou inviabilizar as Leis americanas. A recuperação da Lei de 2003 deve ser vista não como uma vitória, mas sim como um justo ofício da Suprema Corte em apenas interpretar as leis federais.
Rudy Giuliani (22%)
Separa o debate em dois momentos. Primeiramente, acredita que a mulher deve possuir o direito de decidir sobre sua vida, e que é justo o direito de privacidade abranger a não proibição do aborto. Entretanto, é contra o aborto e considera que uma conscientização ampla deveria diminuir as taxas abortivas. O segundo momento, considera que o problema consiste nas camadas pobres, onde o aborto acabou se tornando um método contra-conceptivo. Isso, na concepção de Giuliani, foge ao princípio da privacidade do indivíduo e, por isso, Ron/Wade deve ser revisto no sentido de se criar um sistema onde sejam limitados os casos permissíveis de aborto.
John McCain (12%)
Não suporta a existência da não proibição do aborto nos Estados Unidos, porém não vê a possibilidade de evitar o número de operações perigosas que as mulheres teriam que se submeter caso o aborto se transformasse numa prática ilegal. A decisão da Suprema Corte sobre a Lei de 2003 é o que há de mais avançado sobre o assunto, pois promove a integridade das pessoas envolvidas e principalmente por colocar o governo e o poder judiciário do lado da vida. Conseguiu assim, a Suprema Corte, se posicionar claramente sobre um assunto sem usurpar a autoridade das legislações estaduais, do Congresso e da Presidência dos Estados Unidos.
Mitt Romney (12%)
Mudou de opinião sobre o aborto. Acreditava que o aborto deveria ser seguro e legal nos Estados Unidos, porém acredita que o debate sobre clonagem humana acrescentou uma nova preocupação sobre a questão da livre escolha. Tanto o aborto quanto a clonagem humana são possibilidades que devem ser banidas dos Estados Unidos. E a decisão da Suprema Corte sobre a Lei de 2003 deu um forte passo para a soberania das decisões americanas sobre a liberdade e segurança da vida do povo americano.
Mike Huckabee (6%)
Acredita que os valores americanos foram seriamente prejudicados graças a não proibição do aborto. Considera que tudo que for possível deverá ser feito para evitar que as mulheres abortem, pois o nascimento de uma criança é peça central para a manutenção do povo americano. A proibição do método do Nascimento Parcial é apenas um início para a proibição de uma vez do aborto. Considera um absurdo os EUA gastar reservas federais para manter um sistema de saúde que paga o aborto com tantas outras prioridades públicas. Promete que, se for Presidente, os EUA não gastarão nenhum centavo mais nisso.

Sam Brownback (menos de 4%).
Considera que o caso Ron/Wade obteve um impacto no mundo inteiro, influenciando o debate sobre o aborto em diversos países. Entretanto, ao não se encontrar na Constituição dos EUA nada que consiga proibir o aborto, ao mesmo tempo não há nada que o permita. A validação da Lei de 2003 o surpreendeu positivamente, pois acredita que seja um método que fere diretamente a integridade da mulher e do médico que o executa. Defende que a Suprema Corte reveja a decisão Ron/Wade, por considerar que não há métodos abortivos que respeitem a integridade humana.
James Gilmore (menos de 4%)
Considera que o caso Ron/Wade foi uma dos maiores equívocos do Direito dos EUA. Lembra que, quando aluno da faculdade de Direito, a sua turma havia estudado a fundo esse caso e concluíram que se tratava de uma decisão que precisava ser revista. Crê que o sexto período de gravidez é demasiadamente tardia para qualquer tipo de método. Indo mais além, acredita que, uma vez que existam métodos anticonceptivos e contra-conceptivos, toda decisão abortiva tomada após 24 horas da concepção deveria ser considerada igualmente ao método abortivo do Nascimento Parcial.

Duncan Hunter (menos de 4%)
Acredita que a interpretação da Suprema Corte está correta e que nada se pode fazer a respeito do aborto enquanto não se emendar a própria Constituição dos Estados Unidos em prol da proteção ao indivíduo desde o momento da concepção. Propõe, portanto, acrescentar na Constituição dos EUA medidas que garantam todas as proteções e direitos ao indivíduo desde o momento da concepção. Considera que decisão da Suprema Corte em validar a Lei de 2003 é uma vitória para o combate às prática abortivas, certamente, reprimindo um ataque aos valores morais e a santidade inerente ao direito de viver.
Ron Paul (menos de 4%)
Considera que Ron/Wade foi uma decisão equivocada, não por ter a Corte Suprema presumido que a legalidade ou a proibição do aborto não faz parte da Constituição, mas por não levar em consideração que essa e suas emendas, quando foram escritas, não constava nada que opinasse sobre o aborto. Enquanto médico, afirma que o Nascimento Parcial é um método desnecessário, agressivo, e incivilizado para um problema social.

Tom Tancredo (menos de 4%)
Afirma que houve mais de 40 milhões de mortos com a prática do aborto graças ao caso Ron/Wade. A Suprema Corte começou a dar um fim ao bárbaro infanticídio com a Lei de 2003, e tem que continuar a limitar aquilo que ela mesmo transformou em um desatre moral e intelectual à saúde dos Estados Unidos.





Democratas



Hillary Clinton (43%)
Acredita que o aborto é uma das mais difíceis e fundamentais decisões que uma pessoa, uma família, pode tomar, e o governo não pode criar leis que atrapalhem isso. Afirma que o aborto é considerado por todos um ato abominável, que sempre é sinônimo de tristeza, e uma trágica escolha para a mulher. Dificilmente é visto, portanto, como um método anticonceptivo, e sim como uma dura escolha sobre como será a vida da mulher daquele momento em diante. A decisão da Suprema Corte sobre a Lei de 2003 não levou em consideração a saúde da mulher, mas somente uma pressão política de George Bush. Diz que antes de se manifestar como mulher, ela tem a obrigação e a responsabilidade de se manifestar enquanto a Senadora dos Estados Unidos, e, por isso, tem por obrigação respeitar e certificar-se de que o direito de escolha das mulheres seja respeitado pelos Estados Unidos e seus Poderes.

Barack Obama (22%)
Afirma que a maioria dos americanos reconhecem que o aborto se trata de uma decisão tão dura e tão profunda para a mulher que faz com que ela não escolha à toa por fazê-lo. Não permitir o aborto ou criminalizá-lo é não confiar que a mulher seja capaz de tomar suas próprias decisões. E essa decisão nunca é tomada sozinha, ela já sofre pressão de todos os lados, de sua família, de seu médico, de sua comunidade, de sua religião, não pode, portanto, adquirir mais uma pressão de um organismo que poderá prendê-la por uma decisão que ela tomou para si própria e seu próprio corpo. A decisão da Suprema Corte sobre a Lei de 2003 é, para Obama, é na verdade uma negligência ao respeito e as decisões da mulher e seu médico, das relações doutor e paciente, e se usa de um pretexto dramático em nome de quem mais será prejudicado.

John Edwards (16% das intensões)
Concorda que se trata de um assunto bastante polêmico e difícil para o povo americano. Acredita que o governo estadunidense não deve se debruçar sobre decisões em nome da mulher, mas sim criar condições para que ela possa tomar suas decisões com liberdade, seja pelo aborto ou pela gravidez. O país deve dar condições tanto para uma decisão ou outra, principalmente para as camadas mais pobres da população, que está excluída dos cuidados médicos principalmente para a escolha de se ter um filho na América. Critica a Lei de 2003 e aproveita para alfinetar os adversários Republicanos: "A proibição é arrebatadora e não leva em consideração à saúde individual das mulheres. É a volta do pensamento duro de direita Marcartista e um lembrete de que os republicanos não podem mais permanecer no poder".

Bill Richardson (4%)
O direito de escolher da mulher, na opinião de Richardson, não pode ser mantida nas mãos nem do Estado, nem da sua família, nem de seu médico, e nem mesmo de sua religião. Ainda que católico declarado e contrário ao aborto, o candidatável diz que assim como o Estado deve proteger as escolhas individuais na escolha de uma religião, deve ser mantido um sistema político e jurídico que protejam também aqueles que não desejam concordar com religião alguma e tomar uma decisão sobre seu próprio corpo. A decisão sobre o Nascimento Parcial, para Richardson, é um passo para trás para o direito de privacidade e escolha pessoal, por abrir portas para o furto das possibilidades de escolha e comprometer as decisões médicas.

Joseph Biden (menos de 4%)
Afirma que, por ser católico praticante, a questão Ron/Wade sempre representou um dilema entre visão religiosa e visão política. De um lado, o Estado não pode legislar sob uma concepção religiosa, ainda mais quando não há nem mesmo entre as próprias religiões um consenso no que diz respeito ao momento inicial da vida. Por outro, é contra o aborto por concordar com o catolicismo que pratica. A decisão da Suprema Corte sobre a Lei de 2003 foi desonesta. Não foi o procedimento em si, que por sua vez é raro e deveria ser disponibilizado sempre que a vida da mulher estiver em perigo, mas pelo "Cavalo de Tróia" que essa decisão se transformou sobre um assunto que já deveria ter sido superado nos Estados Unidos.

Chris Dodd (menos de 4%)
Afirma que é um fiel defensor do direito da mulher escolher sobre sua própria vida. Defende, inclusive que não apenas o sistema público de saúde ofereça apoio médico e psicológico para a mulher que opta pelo aborto, como deve obrigar o sistema privado também a destinar parte de suas verbas para assistência pública para isso. Sobre a decisão da Suprema Corte sobre a Lei de 2003, critica a não existência de exceções para casos onde a vida da mulher esteja em perigo, e criando um clima de indecisão sobre a legalidade dos demais métodos abortivos. Condenar o aborto hoje, nos Estados Unidos, na opinião de Dodd, é jogar milhões de mulheres em clínicas clandestinas sob cuidados de métodos ainda mais questionáveis que o Nascimento Parcial.

Mike Gravel (menos de 4%)
Era contrário, porém mudou de opinião. Considera que a decisão entre a mulher e seu médico já é deveras difícil para ser ainda mais tumultuada pela intervenção do governo. A decisão sobre a Lei de 2003, para Gravel, foi um teatro político que não levou em consideração a escolha da mulher pelo método que irá adotar para si. O que se levou em consideração foi a pressão política dos eleitores de Bush.



Pesquisa: primárias nos EUA.

Fonte: NBC-TV/Wall Street Journal


Democratas:
Hillary Clinton - 44%
Barack Obama - 23%
John Edwards - 16%
Outros, individualmente, não alcançam 4% cada.


Republicanos
Rudy Giuliani - 32%
Thompson - 26%
McCain - 14%
Romney - 11%
Outros, individualmente, não alcançam 3% cada.



Cada vez mais se confirma a disputa entre Hillary e Giuliani, bem como o favoritismo dos Democratas.

Explicando a confusão.



Atendendo diversos pedidos que recebi por correio eletrônico, escrevo aqui uma breve explicação de como é o processo eleitoral nos Estados Unidos. Comparado ao processo brasileiro, ele é bem confuso e planejado para que não haja mudanças bruscas na política dos Estados Unidos. E não é confuso apenas para nós, brasileiros. Diversos estadunidenses questionam esse processo político que, se não me engano, é o mesmo desde 1901.

O sistema chamado de bipartidário não significa que apenas dois partidos possam concorrer à Casa Branca. Existem diversos partidos nos Estados Unidos, mais até do que existe no Brasil. Para que um candidato possa aparecer na cédula eleitoral, ele deverá possuir um número de assinaturas proporcional ao número de eleitores em cada estado dos EUA. Essa listagem é conhecida pelo nome de "primárias". Onde o eleitor escolhe, dentre uma lista de nomes, quem são os que possuem condições para ser candidato à Presidência. Os Partidos Democrata e Republicano, quando lançam seus candidatos, conquistam com muita facilidade o número de assinaturas necessárias para que um candidato concorra em todos os estados. Já os partidos menores necessitam fazer um grande bloco com diversos outros partidos e organizações para que consigam lançar um candidato.

Pode acontecer, por exemplo, de um candidato de uma coalização independente ou de um partido menor só conseguir assinaturas em um único estado. Então, somente naquele estado haverá na cédula eleitoral o nome daquele candidato, obviamente, junto com os dois outros dos Partidos Democrata e Republicano. Por isso que o sistema é conhecido por bipartidário, pois é quase impossível que um candidato que não seja dos dois partidos gigantes ou que não se una com um deles seja eleito presidente ou para quase todos os outros cargos. Para se ter uma idéia, o Senado dos EUA é composto por 55 republicanos, 44 democratas e apenas um independente.
Uma vez encerrada as primárias, os partidos fazem suas convenções, que se trata de um lançamento da candidatura oficial. Nesse momento, todos os votos "migram" para o candidato vencedor, garantindo assim uma campanha forte desde seu início.
A eleição em si é ainda mais confusa, se compararmos ao sistema brasileiro. Aqui, o voto é obrigatório e a eleição é direta. Lá, o voto não é obrigatório, e os eleitores votam numa lista de delegados comprometidos com um dos candidatos, formando assim o colégio eleitoral e esse vota em seus candidatos. O que torna ainda mais difícil um candidato independente vencer as eleições presidenciais. Com exceção de apenas dois estados, aquele candidato que possuir o maior número de votos ganha o voto do estado. Isso faz com que seja possível que um Presidente eleito não seja necessariamente o mais votado, como aconteceu com Bush em 2000.
Espero ter esclarecido um pouco. Buscarei me informar melhor dos detalhes, e depois escrevo mais sobre o sistema eleitoral dos Estados Unidos.

17 setembro 2007

O que pensam os candidatáveis à presidência dos EUA!

O Cozinha irá acompanhar, à partir de hoje, passo a passo a corrida presidencial estadunidense e, na medida do possível, explicar como funcionam, por lá, as coisas. É claro que para se fazer análises e comparações mais aprofundadas serão necessárias contribuições, que espero que tanto leitores quanto colunistas pesquisados resolvam essa necessidade.


Questão Iraque

Analisando as propostas dos candidatáveis, tanto os republicanos quanto os democratas, nenhum responsabiliza os Estados Unidos pela intervenção no Iraque. Todas as propostas, sejam elas de manutenção ou de retirada das tropas, atribuem a responsabilidade aos países aliados de financiar a reconstrução do Iraque. E mesmo as propostas mais radicais no que diz respeito ao fim da guerra, coloca os Estados Unidos enquanto fornecedora de preparação e material bélico para a região. A questão de manutenção de bases dos Estados Unidos no Iraque é debatida por pouquíssimos candidatáveis, o que demonstra uma grande preocupação no que diz respeito à possível perda de votos se tocar nesse assunto. Os dois principais concorrentes à Casa Branca, Hillary e Giuliani, são diametralmente opostos no que diz respeito à guerra. Ela, defende o fim imediato e ele defende a manutenção.







Partido Democrata

De uma maneira geral, os candidatáveis do Partido Democrata são contra a Guerra do Iraque, mas se dividem no que diz respeito ao processo de desocupação militar. As posições mais radicais são de Biden e Kucinich, o primeiro defende a manutenção da guerra, porém com um replanejamento; e o segundo defende uma reforma nas políticas militares dos Estados Unidos.

Joseph R. Biden Jr (Joe Biden).: advogado, Senador por Delaware. Considera que a Guerra do Iraque segue numa linha confusa, atrapalhada. Propõe um Plano Real para a Guerra no Iraque que consiste em: 1) focar a guerra numa caçada aos grupos principais resistentes e que ainda controlam suas regiões, e criar uma agência do governo com o interesse de deliberar sobre assuntos comuns como defender as fronteiras e distribuir os rendimentos do petróleo; 2) criar uma política de sustentação dos Sunitas, os sem-petróleo, garantindo que uma parte proporcional do rendimento petrolífero; 3) aumentar o auxílio para a reconstrução do Iraque, porém com uma pressão nos demais países do Golfo ricos em petróleo financiem a reconstrução, e criando um programa de geração de trabalho e proteção dos direitos das minorias; 4) iniciar uma ofensiva diplomática para a sustentação do novo poder iraquiano e de seus vizinhos, criando um bloco político para reforçar os compromissos regionais; 5) Iniciar um novo recrutamento de soldados estadunidenses, retirando as tropas antigas, e criando uma ofensiva ainda mais agressiva em conjunto com os países vizinhos "honestos" para golpear de vez toda a concentração terrorista.

Hillary Rodham Clinton (Hillary Clinton): Empresária, ex-Primeira Dama, e atual Senadora por Nova Iorque, é apontada pela maioria dos cientistas políticos como a favorita para a corrida presidencial pelo Partido Democrata. Defende o fim da Guerra do Iraque, por considerar que a guerra promoveu um custo demasiadamente caro tanto financeiramente quanto moralmente. Propõe a imediata retirada das tropas estadunidenses e é contra a manutenção de bases permanentes, optando por um treinamento de elite às tropas iraquianas e uma política de suporte logístico ao Iraque no que diz respeito à luta contra o terrorismo.


Christopher John Dodd (Chris Dodd): Ex-voluntário na missão de paz na República Dominicana em 1966, Senador por Connecticut. Defende a retirada das tropas estadunidenses em um processo que não dure mais que um ano, atribuindo a responsabilidade pela defesa do Iraque ao exército iraquiano. Porém, defende três exceções: proteção do pessoal de infraestrutura dos Estados Unidos no Iraque, operações contraterroristas, e auxílio financeiro e treinamento das tropas iraquianas. Propõe uma reunião com as nações do Oriente Médio para debater assuntos de caráter regional como uma ofensiva contra Al-Qaeda, colocando a diplomacia e o exército dos EUA à disposição dos resultados dessa reunião.

John Reid Edwards (John Edwards): Empresário, ex-Senador pela Carolina do Norte. Defende uma política de retirada progressiva das tropas estadunidenses do Iraque, promovendo o fim da guerra e atribuindo a responsabilidade de conduzir o Iraque aos iraquianos. Corte do orçamento para financiar a guerra, e denúncia por crimes de guerra à Bush por considerar que houve abuso de poder no momento em que o exército dos EUA foi autorizado intervir na guerra civil iraquiana. É contra a instalação de bases permanentes, porém defende operações especiais para defesa das fronteiras iraquianas para que a instabilidade não afete outros países. Defende o treinamento das topas iraquianas, com o financiamento e apoio dos países da região, e a instalação de uma conferência de paz.

Maurice Robert Gravel (Mike Gravel): Aposentado, ex-Senador pelo Alasca. Foi contra a Guerra do Iraque desde seu início. Defende o fim imediato da guerra, redirecionando os recursos para a educação e saúde. Porém, não se pronuncia no como se dará a retirada das tropas, e nem como se dará o comportamento dos Estados Unidos sobre o Iraque após o fim da guerra.



Dennis Kucinich: Representante do Estado de Ohio. Não apenas defende a imediata retirada das tropas estadunidenses do Iraque como também defende uma reforma na política militar dos Estados Unidos. Ousado no discurso, orgulha-se em dizer que é o único candidato à Presidência dos Estados Unidos que, em 2002, foi contra e votou contra a autorização da entrada militar no Iraque. Porém, não se encontra propostas mais práticas.


Barack Hussein Obama Jr (Barack Obama): Advogado, Senador pelo Ilinois. É contra a guerra, e defende retirada progessiva das tropas estadunidenses no Iraque. Defende a criação de um prazo para o início da retirada, bem como o fim da guerra. Propõe que o Governo Iraquiano passe a defender sozinho seus interesses e a formação de uma comunidade internacional para a solução dos conflitos no Oriente Médio, bem como a criação de uma política internacional anti-terrorista.

William Blaine Richardson III (Bill Richardson): Governador do Novo México. É contra a guerra, e defende que o Congresso retire os poderes de intervenção de Bush e retire as tropas estadunidenses num prazo de seis meses. Defende também que não hajam tropas residuais e nem bases permanentes no Iraque após a retirada das tropas. Deseja a promoção de uma conferência internacional de reconciliação do Iraque, onde debaterá as medidas necessárias para dar um fim á guerra civil. Nessa conferência, que deverá ser arbitrada pela ONU, deverão ser estudadas as medidas militares dentro de uma política de não interferência e que capte recursos internacionais para a reconstrução do Iraque. Porém, defende a manutenção de tropas e bases estadunidenses em países vizinhos e aliados dos Estados Unidos para manutenção da ofensiva anti-terrorista.









Partido Republicano

De uma maneira geral, os republicanos são favoráveis pela manutenção da guerra do Iraque. Acreditam que não há condições favoráveis para a retirada das tropas dos Estados Unidos. Os mais radicais são Romney e Tancredo, o primeiro defende a doutrina Bush, e o segundo é contra a guerra, mas não acredita numa solução imediata.

Sam Brownback: Fazendeiro, Senador pelo Kansas. Não se manifesta sobre possíveis retiradas, pelo contrário, se diz esperançoso pelos resultados que a guerra surtiu no Iraque. Segundo o senador "vi que a situação lá é precária, mas esperançosa" (www.brownback.com). Defende o debate de novas políticas para manutenção da política de "democratização iraquiana".



Rudolph Willian Giuliani (Rudy Giuliani): Ex-prefeito de Nova Iorque, é apontado pelos especialistas e cientistas políticos como favorito à corrida presidencial pelo Partido Republicano. Como ele mesmo diz: "reza pelo sucesso das tropas no Iraque e pelo repouso do retorno seguro dos soldados". Mas defende que qualquer prazo para retirada das tropas em dias atuais é artificial, e portanto um erro terrível. Acredita que a guerra no Iraque é apenas a linha de frente de uma guerra contra o terrorismo, e a retirada das tropas nesse momento iria favorecer os inimigos. A retirada dos Estados Unidos tem que ser operada tão somente após transformar o Iraque num País democrático e sustentável.

Duncan Hunter: representante da California. Acredita que a guerra foi necessária, ainda que polêmica. Que os Estados Unidos ganhou diversas batalhas contra o terrorismo graças a sua intervenção no Iraque. Defende a inserção de tropas vizinhas ao Iraque, enquanto aliadas dos Estados Unidos interfiram na reconstrução do Iraque, e assim, transmitindo gradativamente a responsabilidade pelo Iraque para o Governo iraquiano.


John Sidney McCain III (John MacCain): Senador pelo Arizona. Defende a manutenção das tropas no Iraque por acreditar que não existam planos de contingência que evitem um caos e um genocídio ainda maior na região.






Ronald Ernest Paul (Ron Paul): Médico, Representante do Estado do Texas. É contra a guerra do Iraque e acredita que existam medidas seguras que podem ser tomadas para a retirada das tropas estadunidenses do Iraque. Coisa que não aconteceu ainda, na opinião de Dr. Paul, por causa da política de segurança internacional equivocada de Bush. Portanto, defende uma reforma na política de segurança dos Estados Unidos.




Willard Mitt Romney (Mitt Romney): Ex-governador de Massachusetts. Considerado o mais conservador dos republicanos candidatáveis. Defende a manutenção da política de Bush no que diz respeito à intervenção iraquiana. Acredita que as tropas estadunidenses deverão ser renovadas, e que os Estados Unidos deve fazer uma ofensiva diplomática para envolver mais países na política contra o terrorismo.





Tom Tancredo: Representante do Estado do Colorado. Se opõe à guerra do Iraque, porém não acredita que haja uma solução pacífica para a retirada das tropas americanas. Defende que haja um maior suporte aos soldados estadunidenses por parte do governo dos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, acredita que os Estados Unidos deve treinar as tropas iraquianas e permanecer em território estrangeiro até que o governo do Iraque tenha condições de governabilidade.




Michael Dale Huckabee (Mike Huckabee): Ex-governador do Arkansas. É crítico sobre a manutenção dos Estados Unidos no Iraque, porém não é contra a guerra. Acredita que seu maior resultado foi ter capturado Saddam Hussein, mas os Estados Unidos não pode se retirar ainda por ter a responsabilidade de reconstruir o Iraque. Defende que a retirada das tropas estadunidenses se dê na mesma proporção em que o governo iraquiano vá conquistando governabilidade e condições de se responsabilizar pelo País.



Fred Dalton Thompson (Fred Thompson): Ator e ex-Senado pelo Tennessee. Não se manifesta sobre a guerra do Iraque propriamente dita. Mas defende uma ampliação dos poderes dos Estado Unidos na guerra contra o terrorismo, através da ampliação e capacitação do sistema de segurança e mísseis. Defende a criação de um sistema jurídico específico para julgar combatentes inimigos.

13 setembro 2007

Votação do Senado: vitória de quem?



O resultado de 40 votos contra 35 pela absolvição de Renan Calheiros possui muito mais vitoriosos e derrotados que se pode imaginar. De um lado, temos a mídia conservadora, que se adiantou às instituições brasileiras, novamente, e resolveu denunciar, julgar e condenar Renan. Ainda desse lado, uma oposição sedenta por desestabilizar de qualquer maneira a governabilidade de Lula. Do outro, uma base fiel ao governo e o próprio executivo se preservando com a política de não comentar assuntos que não sejam da alçada do Poder Executivo.
Agora, o que mais intriga nesse episódio, é o fato de que não foi julgado Renan Calheiros, mas sim foi manipulada uma enorme operação por desestabilização das bases governistas. E o resultado não poderia ter sido pior: ainda que derrotada, a política conservadora irá continuar usando terrorismos e crises em sua atuação. Isso é um atraso para a política brasileira, pois não se debate opiniões adversas, não se comparam e votam projetos políticos, não se reforma nada e ainda destrói o pouco que ainda está funcionando. É a vulga oposição oportunista, aquela que presa por destruir o que não é dela a fim de ocupar o espaço se formará na medida em que os representantes da situação se desestabilizam e caem.
Mudaram as táticas, mas as armas continuam as mesmas. Não se faz mais ataques diretos ao Presidente Lula, afinal seu apoio popular é enorme e as tentativas de derrubá-lo diretamente ou por golpe já é ridicularizado pelas massas trabalhadoras. O "Cansei" e movimento consortes não avançaram milimetros sequer e, por fim, se demonstrou carente de razões políticas e de fortíssima base preconceituosa, além de conservadora. A mídia conservadora, maioria nos meios comunicativos do Brasil, age como um partido político oposicionista e busca injetar escândalos diários e foge dos principais debates do País. Parte-se agora, os oposicionistas, em desestabilizar tudo aquilo que apóie o governo ou aquilo que lhe dá governabilidade. É justamente na Casa Alta, cujo seu tradicional conservadorismo faz com que seja onde o governo tenha suas maiores dificuldades, que a oposição resolveu atacar para desestabilizar.O problema é que a necessária Reforma Política, Universitária, Previdenciária, enfim, todas as reformas nacionais que urgentemente necessitam ser debatidas e operadas, são colocadas à posteriori por um mundo de escândalos e escandalóides que lotam os noticiários e instauram crises em todas os poderes nacionais. Trocando em miúdos, as coisas de real importância para o povo brasileiro é subvertida e adiada em nome da luta do poder e suas imundas armas de desestabilização.
Não há como concordar com o editorial de 13 de setembro de 2007 da Gazeta do Povo, "Democracia Golpeada", pois não foi a absolvição de Renan que golpeou a democracia, mas sim todo um processo utilizado para desestabilizar um governo em nome do sujo jogo do poder. Queria, a Gazeta do Povo, que o Executivo se manifestasse sobre a votação. E como não cairam nessa, a mídia ficou espumando de raiva. Ora, a decisão do Executivo é a mais acertada! O mais importante, que é o funcionamento da Casa, é que tem que ser estabelecido. O restante é processo que o próprio Poder Legislativo tem autoridade incontestável para resolver. Tomar uma postura de ingerência, nesse momento, aí sim seria um senhor de um ataque à democracia, pois atacaria a própria instituição democrática brasileira.
Na votação de 12 de setembro, não importava o resultado, pois quem saiu perdendo foi o povo brasileiro.
* Charge: Lane, Diário de Brasília, 13/09/2007

18 agosto 2007

A economia doméstica e o efeito borboleta.

Pode parecer filme de ficção ou de terror psicológico, mas o trabalho doméstico é uma realidade econômica onde muitos analistas se debruçam e afirmam: é a base de qualquer economia urbana. É na economia doméstica onde o comércio possui grande impacto, e justamente aí onde as principais operações de crédito encontram seus principais clientes no Brasil.
O brasileiro, geralmente, possui um comportamento econômico de caráter imediatista ou de planejamento de curto prazo. Talvez um resquício de uma época de inflação galopante onde ou se comprava algo na hora ou corria-se o risco de nunca poder poupar o suficiente para adquirí-lo.
Naquela época, os preços mudavam em questão de minutos, e isso forçava a população a, assim que recebia o seu salário, sair numa disparada em busca de seus produtos, pois corria o risco de não mais poder comprar metade do que se precisava em questão de duas ou três horas depois. Depois do Real, o que se viu no Brasil em matéria de mudança de comportamento foi apenas a introdução do planejamento de curto prazo, mas a manutenção do caráter de consumo imediatista. Ou seja, em geral, o brasileiro prefere iniciar uma dívida parcelada em 12 ou 24 meses para comprar a sua televisão a optar por uma poupança, às vezes em tempo menor, para adquirí-la. O critério é sempre o mesmo: parcelando, o produto é entregue imediatamente, enquanto que poupando, o mesmo só poderá estar na sala do brasileiro quando finalmente tiver o montante necessário.
O comportamento norte-americano é bem diferente ao do brasileiro. Já é culturalmente um de longo prazo. Isso, basicamente, explica o volume de micro-investidores no mercado de ações e no mercado de valores imobiliários desses países. O estadunidense, culturalmente, investe suas reservas em mercados de ações, ao passo em que o brasileiro, quando no muito, aplica em poupança ou em carteiras de curto ou médio prazo. Isso explica também um segundo momento da economia, ou seja, as chamadas reservas de segurança. Tratam-se de investimentos conservadores, onde o risco é muito pequeno, porém a rentabilidade é significativamente baixa, o suficiente para que o dinheiro investido não se desvalorize simplesmente. Muitos estadunidenses aplicam dinheiro no mercado de valores imobiliários, conservador, e tido como algo seguro, à prova de quebras. Já o brasileiro, opta por comprar imóveis e imediatamente colocá-los para alugar, sem gerar uma cota sequer de ação em mercado imobiliário.
Acontece que diversos estadunidenses começaram a comprar não somente cotas do mercado de imóveis, mas também as dívidas. Aquele aluguel que alguém deixa de pagar gera uma dívida cujo credor vende para o mercado a fim de ver o dinheiro mais rapidamente e o investidor receber mais tarde pelo juros. Com isso, empresas de todos os portes começaram a comprar também essa parte do mercado imobiliário e, como é considerado conservador e seguro, gerou uma economia rentável e que valorizava demais economias. Mas, chegou o dia em que as dívidas se tornaram impagáveis e o montante aplicado nelas deixou de ter algum valor. Milhões, bilhões, talvez trilhões de dólares perderam valor da noite para o dia, pois o mercado de valores concluiu que o pagamento dessa dívida se tornou impossível. E assim, a economia estadunidense entrou em crise e arrastou com ele mercados internacionais que também possuíam elevados valores investidos na dívida imobiliária. Instaurando a mais atual crise do mercado internacional.
Quando um gigante escorrega, tudo ao seu redor estremece junto. E quando vários escorregam ao mesmo tempo, temos tremores imensos. É claro que a crise iniciada na economia doméstica americana vai afetar o Brasil, porém, pela nossa característica de não investir muito no mesmo setor que os americanos e europeus aplicam, sendo praticamente apenas investimentos bancários e de comércio internacional, não teremos grandes prejuízos em nossa economia. É claro que, quando o vizinho tem dificuldades para que seu dinheiro valha o suficiente para comprar, os produtos nossos terão que diminuir seu preço a fim de que ele possa adquirí-lo, afinal, se ele não compra, a gente também não vende. Ganharemos menos dinheiro, porém, o inverso também é verdadeiro, poderemos comprar mais pois o vizinho estará liquidando tudo, como se fosse um bazar.
É claro que nossa economia sofrerá com o impacto da nova crise econômica mundial. Achar que não é inocência ou delírio. Porém, não terá tantas perdas quanto a economia estadunidense ou européia, pois a nossa base econômica não possui tanta dependência do mercado de valores imobiliários. Não iremos crescer economicamente com a crise mundial, pois o vizinho não poderá comprar o que queremos vender. Mas, aquela televisão de marca estadunidense poderá ser financiada em menos meses por nós brasileiros.

24 julho 2007

O Pan, o Brasil e as vaias no Pan do Brasil.


Uma vogal: u. Um milhão de sentimentos. E, na terra da especulação, especula-se racionalidade onde não há alguma. Terra da especulação, pois não faz um mês do terrível acidente da TAM e menos de 10 meses do acidente da GOL, e já há explicação, culpados, teorias e mais teorias, enfim, tudo menos o fim de uma investigação que não pode ser menos do que rigorosíssima. E, quando o presidente Lula foi vaiado durante a abertura do Pan, novamente estava ela, a especulação, tomando bandeira e partido e explicando o que não é explicável. Como já diria aquela velha máxima: "para tudo existe uma explicação absurdamente simples e invariavelmente errada".

Roberto Gomes, autor de "Crítica da Razão Tupiniquim", em sua coluna na Gazeta do Povo também arriscou seu palpite: "Ouviu a vaia ou a vaia não houve?". Fazendo uso do pensamento desse mesmo filósofo: Roberto Gomes foi sério ou levou a questão a sério? Estranha-me que um pensador como Roberto Gomes tenha ousado criar um texto do qual o senso comum é desavergonhosamente usado para opinar sobre assunto que exige tantas reflexões. Também desconfio de paranóias, mas não é paranóia alguma encarar com seriedade tantos fatos relevantes. Como um grande apaixonado por futebol que é Roberto, já deveria ter percebido que basta alguns gatos pingados esbravejar na arquibancada para que vários que estão ao seu lado façam o mesmo. Não é aquele que fica de costas para o jogo que levanta a torcida organizada, mas sim pedaços da torcida que faz a torcida inteira continuar gritando mesmo que o jogo esteja no intervalo.
Primeiramente, o poder da claque em liderar um número significativo de pessoas a vaiarem a ponto de encobrir o som daqueles que aplaudiam o presidente é exatamente o mesmo que fez com que a maioria aplaudisse César Maia. Inversão de valores ou satisfação com as medidas políticas no Rio de Janeiro? Trata-se de um público do qual a maior antipatia ao Lula é notável antes mesmo dele ter sido eleito. O trabalhador, a verdadeira base do atual presidente, não poderia pagar pelo ingresso da abertura dos jogos no Maracanã, e isso é bastante significativo. E há vídeos onde a claque é organizada para deflaglar a vaia.

O governo Lula é tímido, às vezes covarde. Não toma postura e muitas vezes cede aos que sempre legaram o atraso para nosso país. Não possui força política para alterar as estruturas políticas e tem que ceder espaço para forças políticas que não desejam essas transformações e tão somente querem um naco do poder para si. Mas duvido que tamanhas vaias tenham tido esse senso crítico. Não creio que a classe média carioca esteja insatisfeita com a dificuldade em aliar desenvolvimento social com a necessidade de crescimento econômico. Aliás, não creio que haja sequer a leitura de um crecimento do país, mas tão somente para seus já altivos poderes de consumo, infinitamente superior ao das camadas mais operárias brasileiras. Também vejo que não seria razoável considerar os brasileiros enquanto marionetes, mas aquele público no Maracanã não representa o povo brasileiro, e se conformam em ser marionetes no jogo do poder. Logo, são marionetes, nem tão bons de bola assim e muito espertos, até demais.

A conclusão cartesiana de Roberto Gomes é equivocada, ele esqueceu de duvidar e deixou que seus pensamentos, seu gênio do mal, invadisse a sua crítica e o resultado foi uma conclusão equivocada, portanto, inválida para a verdade. A mentora da vaia foi a oposição a Lula, o organizador líderes dos setores que querem o poder novamente centralizado em mãos das velhas oligarquias, e a deflagradora a classe média carioca. E, seguindo o pensamento da Razão Tupiniquim: Roberto Gomes, que pena, não levo a sério o problema, prefiriu ser sério.
Ósculos e amplexos

04 julho 2007

Análise Geral Conjuntura (3)

Separando o joio do trigo.


Há dois tipos de desenvolvimento econômico: o primeiro busca instalar aqui, num país em desenvolvimento, uma estrutura que iguale os padrões de consumo dos países desenvolvidos. O segundo busca ter dinheiro e estrutura econômica para habilitar um desenvolvimento social em larga escala. O primeiro é contraditório com o segundo, por mais que ambos recebam o mesmo nome. Um se trata de um mito, enquanto o outro uma utopia. O problema é que cada setor da política que disputa o poder no Brasil adota parte de ambas, ou somente aquele tipo inviável para o desenvolvimento social.

O subdesenvolvimento não é condição histórica necessária ao desenvolvimento. Um país desenvolvido não precisou e nem precisa passar pelas condições do subdesenvolvimento para se tornar uma potência. O que determina se um país é subdesenvolvido ou desenvolvido são suas condições históricas, seu processo de formação, suas escolhas no mundo atual, e seu comportamento frente aos problemas econômicos. Quando um governo busca um desenvolvimento econômico que busca igualar os padrões de consumo dos países centrais do capitalismo, busca na verdade, um aumento significativo na sua concentração de renda. Mas, ao mesmo tempo, concentrar renda num país com tamanhas desigualdades e com fortíssimas resistências para se investir com vulto na redução dessas, o desenvolvimento se torna uma alocação de recursos de maneira tal que irá conduzir um aumento da produção que consiga conquistar vantagens comparativas em setores dos países centrais. O resultado final é que, sem maiores mudanças no campo social e um equilíbrio nas suas desigualdades, o padrão de consumo que se atinge com esse desenvolvimento somente será aproveitado por uma parcela pequena da população: sua elite.

No Brasil, o crescimento econômico é condicionado às metas de superávit primário, e essas comprometidas para o pagamento de obrigações internacionais. Soma-se ainda uma altíssima taxa de juros e um absurdo recolhimento de impostos dos mais variados tipos. O desenvolvimento econômico na modalidade até então tratada é contraditória ao desenvolvimento social. Para que se eleve a produção sem modificar suas bases produtivas com o desenvolvimento social, será exigido uma exploração ainda maior da mão-de-obra, e essa terá que ser ainda mais barateada. E, os compromissos de superávit, juros altos, e impostos para se manter impostos, impedem qualquer investimento significativo a ponto de modificar as estruturas sociais e reduzir desigualdades.

Agora, a esquerda brasileira tem alguns desafios. Quando se coloca em pauta o debate do desenvolvimento econômico, deve se levar em consideração que o que interessa para as forças políticas comprometidas com a classe trabalhadora é o desenvolvimento das estruturas de base da produção dentro de um sistema de distribuição de riquezas eficiente e verdadeiramente eqüitativo. Desenvolver a estrutura que permita ao trabalhador determinar seus próprios rumos. Portanto, radicalizar todo o discurso na generalização do desenvolvimento econômico significará uma fuga patológica das necessidades reais e objetivas do trabalhador brasileiro. Outro desafio, é a de disputar o projeto de desenvolvimento econômico que favoreça o trabalhador, por conseqüência, desfavorecendo a elite. Hoje, diversos setores da esquerda não faz nem uma coisa e nem outra, e ainda por cima se ausenta da disputa numa absurda política anti-tudo-e-todos.

Análise Conjuntural (2)

Desenvolvimento econômico x Desenvolvimento social: a questão ambiental , o problema da liderança em biocombustíveis.


Desenvolvimento sustentável, segundo a Nações Unidas, é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das gerações posteriores. Trata-se de uma definição que busca um ponto intermediário na eterna luta entre o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental. Reside nesse ponto intermediário duas problemáticas inconciliáveis. A primeira, sob o aspecto do desenvolvimento econômico, é que é necessário aumentar a exploração dos recursos naturais, e o que se tem já pode ser até quadruplicado que ainda assim não atenderá toda a demanda produtiva sem invadir o pouco que ainda restou de recursos preservados. A segunda, sob o aspecto ambiental, é que necessita-se de uma mudança radical na produção mundial a fim de iniciar uma reversão do caótico quadro natural. O desenvolvimento sustentável não é necessariamente preservação ambiental, mas uma marcha lenta no avanço produtivo com o uso de soluções paleativas de substituições graduais.

Um país como os Estados Unidos, a fim de cumprir a parte que lhe cabe na redução do monóxido de carbono, previsto no Protocolo de Quioto, necessitaria comprometer mais de 70% de sua produção, inteiramente baseada no uso de petróleo e seus derivados. Ou seja, os Estados Unidos, mesmo que quisesse, não poderia fazê-lo, pois o colocaria numa situação arriscada demais e que provavelmente iria reduzir drasticamente sua posição atual de liderança mundial. Por compensação, busca criar soluções caseiras. Tramita no Congresso dos EUA diversas propostas de redução do monóxido de carbono, bem modestas em relação ao proposto pelo Protocolo de Quioto, mas que ainda assim iria forçar grandes manobras na produção ianque. Dentre essas propostas, a implementação de combustíveis alternativos e de origem renovável em gradual substituição à gasolina. Para que a produção interna ianque dar conta sozinha da demanda, precisaria comprometer quase dois terços de sua produção de plantas oleaginosas como o milho e o soja. O resultado é a inevitável importação desse combustível.

O Brasil, que mesmo ainda investindo pouco, é em potencial um dos países mais avançados no mundo em matéria de biocombustível. Porém, para suprir a demanda internacional a ponto de ser líder mundial, também terá que migrar sua produção de alimentos por produção de combustíveis. O resultado é, como diria Nelson Rodrigues, óbvio ululante: o país verá um de seus maiores crescimentos econômicos de sua história assim que começar a ser líder mundial de combustíveis alternativos, mas terá um aumento absurdo de famélicos. Uma política de sustentabilidade de seu desenvolvimento que se revela insustentável. O país não criou e demonstra cada dia mais incapaz de reformar e desenvolver profundamente suas estruturas básicas fundamentais e, assim, desenvolver-se socialmente. A distribuição no país é absurdamente desigual e tenderá a ser ainda mais. E não se tratam de previsões pessimistas, mas de simples análise econômica.

Existe ainda mais alguns agravantes, mas citando o principal, em minha opinião: a resistência protecionista dos mercados ianque e europeu apelam justamente no sentido da preservação ambiental. De que tamanho desenvolvimento em combustíveis alternativos não podem ocorrer no Brasil por ser inevitável, segundo argumentos da União Européia, o desmatamento das últimas matas nativas, principalmente da Amazônia. O direito de um país se desenvolver e de ao menos criar suas próprias respostas para seus problemas é usurpado em nome da preservação ambiental, que só se aplica aos outros, pois as potências mundiais não fazem o mesmo entre si.

Para o desenvolvimento econômico em patamares neoliberais tudo se torna contraditório e inconciliável. Não há como conciliar desenvolvimento social, preservação ambiental, e tantas outras necessidades. Ao mesmo tempo, para que um povo tenha a sua soberania no mundo atual, ele deve ter estrutura, e essa só é conquistada justamente com o desenvolvimento econômico e social. A fábrica de contradições do capitalismo é a única que continua à todo vapor, renovando-se, e sem choques com protocolos e soluções paleativas.

Análise Geral Conjuntura (I)

Prefácio Essencial Geral
Urubu tá com raiva do boi
E eu já sei que ele tem razão
É que o urubu tá querendo cumê
Mas o boi num qué morrê
Num tem alimentação
O mosquito é engolido pelo sapo
O sapo: a cobra lhe devora
Mas o urubu não pode devorá o boi
Todo dia chora, todo dia chora
Gavião qué engolir a socó
Socó pega o peixe e dá o fora
Mas o urubu não pode devorá o boi
Todo dia chora, todo dia chora
(Chico Anisio/Arnaud Rodirgues)


A época do Milagre Econômico, dos governos Costa e Silva e Médici, e dos Ministros da Fazenda Bulhões e Delfim Netto, caracterizou-se pelos maiores índices de crescimento econômico da história brasileira. Eram taxas de crescimento eram acima de 10% ao ano. O tal Milagre foi fruto de um período de reformas institucionais e recessão do período anterior, que gerou uma enorme paralisia no setor industrial. Havia também um crescimento econômico mundial que influenciou significativamente na economia brasileira. Mas a que custo?


O governo adotou, na época, uma política recessiva e monetarista, de forte intervenção do governo e, ao mesmo tempo, de transferência de responsabilidades estatais para o setor privado. Uma política de "Teoria do Bolo", cujo continha a idéia de que primeiro deveria crescer o bolo para depois melhor poder dividí-lo, se revelou, no fim das contas, um dos mais intensos períodos de desigualdade na distribuição. Além disso, a inflação, do contrário dos 15% ao ano anunciada pelo governo no período, há cálculos atuais que demonstram que ela chegou a beirar os 200%. O que fez o governo para manter o tal Milagre? A velha fórmula econômica: cortar gastos com aquilo que não é prioridade. E, para os militares e elite brasileira, gastos com saneamento, obras, subsídios à cesta básica, e facilidades nos empréstimos internos, nunca são prioridades.


O período deu uma verdadeira lição ao Brasil, mas que infelizmente nossos governos não aprenderam direito: crescimento econômico não significa desenvolvimento social! A frase do General Médici, "O país vai bem mas o povo vai mal", sintetiza o que significa basear toda a política num sistema econômico, ou apostar as fichas apenas numa fórmula de crescimento acelerado sem as devidas reformas estruturais de base que supram a necessidade de desenvolver o trabalhador brasileiro. O tal Milagre foi uma catástrofe para o desenvolvimento social e quase toda a crise das décadas seguintes foram influenciadíssimas por esse período.
O que temos hoje? A luta pelo crescimento econômico e uma covardia absurda para implementar reformas estruturais de base. Com um período infinitamente mais democrático e com o elemento trabalhador na eterna disputa do poder nacional pelo curtíssimo período de seis anos representado por Lula, o desenvolvimento social deveria ter dados passos mais largos. Os ínfimos 3,5% de crescimento anual para o Brasil não deveria incomodar tanto se considerarmos a enorme estabilidade financeira que possuímos. Mas o crescimento da desigualdade social sim.

Crescimento econômico não é solução para a desigualdade social, nem no Brasil e nem no mundo. A falência definitiva de qualquer pensamento contrário veio com a crise neoliberal, que não conseguia responder como o mundo pôde produzir tanto, em tão pouco tempo, e aumentado tanto as desigualdades quando deveria tê-las sanadas. Um velho pensamento marxista vêm sempre à mente quando discute-se o tema atual, ou seja, é contraditório demais ter ricos e não ter pobres, um depende do outro para que as coisas fiquem dessa maneira. Acabou-se o feudalismo, mas as a essência da luta de classes não mudou quase nada.

23 junho 2007

O sentido histórico de uma subserviência.

O sentido histórico de um povo é perceptível nos fatos mais importantes e essenciais da sua formação em um determinado período de tempo. Esse sentido histórico determina a sua orientação. E esse sentido histórico pode se alterar sob a influência de profundas transformações internas bem como sob o efeito de ações externas de forte impacto social interno. O primeiro sentido de nosso povo, o povo brasileiro, foi o de ser colônia de Portugal, ou seja, o de ser fornecedor de açúcar, tabaco, especiarias, para a Europa enquanto uma sucursal lusitana. E assim foi por durante séculos. Após, manteve-se o sentido de fornecedor de produtos para a Europa, agregando-se também a de ser base do comercio de escravos. E, ambos os sentidos de nosso povo permaneceu imutável durante longos três séculos, dos cinco de nossa vida. Não há como dizer que, mesmo que o sentido histórico em dias atuais tenha se modificado, três séculos com toda uma formação enquanto povo servil a esse sentido histórico não tenha influenciado nossos dias atuais. Afinal, de acordo com o método marxista, a história é um processo, ou seja, os fatos passados se relacionam e se fazem existentes no presente, e ambos servem de base para se chegar a um futuro.

Em dias atuais, o sentido de nossa produção continua sendo o de fornecedor externo. Produzimos para o consumo externo, e não há equilíbrio algum com o consumo interno. O neoliberalismo, no que cabe ao Plano Real, incumbiu ao nosso sistema econômico a manutenção do sentido histórico de produzir para fora, desequilibradamente em relação ao consumo interno. Um dos pilares de sustentação de nossa economia é justamente o chamado comprometimento com as metas de superávit primário. Ou seja, não somente nossa produção é hegemonicamente voltada para o consumo externo, mas como o recolhimento fiscal também o é em nome de manter as dívidas em níveis controláveis. Esse tipo de economia impede a formação de bases nacionais fortes, igualmente tempos coloniais onde essa não formação era explicitamente defendida pela Coroa portuguesa. E o resultado histórico disso é a de uma nação submissa aos interesses internacionais, pois sua estrutura não permite nem mesmo o fortalecimento de suas bases nacionais.

Se deve existir alguma palavra de ordem em dias atuais para que se mude os rumos históricos, e assim criar o sentido histórico ao povo brasileiro de ser livre e soberano, este deverá ser o de fortalecer as bases nacionais. Essa palavra de ordem se torna complexa ao se aplicar a todo o nosso sistema econômico e político. De nada adianta uma aceleração de nossa economia, se essa está comprometida inteiramente ao consumo externo. Nossa produção é para o exterior e nossa arrecadação pública é também. Acelerar a economia com a mesma estrutura econômica irá aumentar os valores de pagamento da dívida internacional, e não na aplicação direta no fortalecimento das bases nacionais. Deve-se acelerar a economia, nisso o PAC é muito bem vindo, mas se não for alterada a estrutura econômica de nosso país, será mais uma idéia fantástica mas impraticável demais para ser implementada em curto e médio prazo, igualmente com a há muito tempo estacionada Reforma Universitária.

17 junho 2007

O Pan é do Brasil!!!




Eu realmente estou sem criatividade para escrever, então, fiquem com algumas imagens que captei pela rede. Divirtam-se!


19 maio 2007

Estratégia ou tática?





Em minha aula de sexta-feira, tive contato com uma parte da administração que muito me chamou a atenção: Administração por Objetivos. Trata-se de um método no qual metas são definidas em conjunto, principalmente entre administrador e seu superior, e as responsabilidades são especificadas para cada função de acordo com os resultados esperados. Porém, o que ganhou minha especial atenção foi a relação Estratégia e Tática que a APO exige. E, foi justamente pensando nas diferenças entre tática e estratégia que cheguei ao questionamento: estaria o Partido dos Trabalhadores invertendo estratégia com tática?

Há muito tempo que a esquerda social-democrata anda atordoada com a necessidade de uma renovação de sua estratégia e, consequentemente, suas táticas. O Partido dos Trabalhadores, PT, após assumir a Presidência do país, perdeu completamente seu senso estratégico em prol de uma diretiva tática. Essa inversão de objetivos é preocupante, e ao mesmo tempo, nociva para os trabalhadores.

Reza a cartilha das teorias de esquerda que a estratégia política, assim como suas táticas, devem-se ocupar unicamente da ascensão do pensamento operário. Ou seja, um partido de esquerda que se preze, ainda que não seja socialista, deve embasar todas as suas táticas na consecução de um objetivo estratégico para a classe trabalhadora. Coisa que não vem acontecendo no PT. Ele se perde na defensiva dos interesses de gestão da máquina federal, e não no contraponto necessário para que se torne menos favorável para a classe dominante a balança da luta de classes. Quando deveria somar-se, junto com outros segmentos de esquerda, enquanto mais importante tarefa política, na determinação da direção principal da classe trabalhadora brasileira rumo aos objetivos estratégicos para essa classe, o PT opta unicamente pelas táticas de manutenção do governo. Ora, uma vez que a tática é uma parte da estratégia, na qual se subordina, a estratégia do maior partido de esquerda do país não pode ser unicamente sua permanência no governo. Pois, ser governo, significa, para um partido político, ter alcançado objetivos táticos fundamentais para execução de uma estratégia maior. No caso do trabalhador brasileiro, não existe estratégia mais importante que a sua liberdade.

A forma de condução da Central Única dos Trabalhadores, a principal central sindical da esquerda brasileira, pelo PT, seu mantenedor hegemônico, hoje segue a orientação única de cumprir objetivos operacionais para a tática governamental. Ora, se a estratégia é o avanço das camadas trabalhadoras na condução dos rumos do país, se a tática é ser governo para garantir a máquina do estado nas mãos trabalhadoras, logo a função operacional da Central Única dos Trabalhadores deveria ser engajar os trabalhadores para que pautem os rumos táticos para êxito nos estratégicos, e não o contrário. Colocar o aparato sindical para ser base de governo, e não do pensamento de esquerda, é de uma insensatez tamanha equivalente contratar um juiz de futebol para arbitrar um jogo de basquete. Equivalente a convocar um comando de greve para obtenção de redução salarial e demissão em massa.

Por necessária ordem de prioridades, tática subordinada à estratégia, a base sindical do Partido Comunista do Brasil, que tem sua estratégia bem clara, uma vez continuando a CUT como está, tende a romper com esse instrumento de luta. Tende a somar-se com uma outra central sindical que tenha suas táticas comprometidas com as estratégias operárias, e não, portanto, com a tática, agora estratégia para o PT, de se manter a máquina do estado para o PT.

Ósculos e amplexos.

10 maio 2007

Eis no Brasil, o chefe de parte de nossa triste história.


Nasci numa família católica, e hoje estudo numa instituição católica. Frequentei missas, tenho minha fé, e minha orientação moral é cristã. E limita-se por aí o meu catolicismo. Minha família, meu batismo, a educação superior, minha noção cristão, enfim, culturas herdadas assim como todo brasileiro. Mas, quando vejo a foto acima, não é o homem vestido de branco que me representa, mas sim aquele que está apertando sua mão. Esse, vestido de terno e gravata, é símbolo do desejo do povo, símbolo daquilo que nós, povo brasileiro, escolhemos para nos representar. O de branco? Foi escolhido por um conselho, cujo o qual tem o poder de declarar quase divino qualquer membro do próprio conselho. Portanto, em momento algum a minha opinião, mesmo sendo católico, jamais foi e nem será consultada.
O homem vestido de branco representa a Santa Sé, a Imaculada Igreja Católica Apostólica Romana. A mesma que há cinco séculos serve à interesses próprios, e nunca sequer considerou o desejo brasileiro. A mesma que, em nome de uma missão catequizadora, ajudou a destruir a cultura, bem como povos inteiros, do índio brasileiro. A mesma que, durante os anos de chumbo no país, engajou-se numa luta de sangue e morte contra àqueles que sonhavam com a liberdade. A mesma que nem sequer reconhece como santo o que o povo brasileiro já é devoto há anos, Padre Cícero. A mesma que fez com que Bento XVI, assim que pisou em solo brasileiro, condenasse o aborto, a eutanásia, a camisinha, antes mesmo que o próprio povo plebiscitasse à respeito.
Sim, realmente não quero macular a imaculada. Realmente acho linda a passagem missal onde se diz em coro: não olheis para nossos pecados, mas para a fé que anima nossa igreja. Pois é a fé do brasileiro católico que tem que ser santa, imaculada. Não o eterno desrespeito à nossa autodeterminação. Dos primeiros povos antes de Cabral, aos dias atuais, Bento XVI representa o atraso, social e político, além do travesseiro do opressor e a sola de sapato do oprimido.
Respeito a fé brasileira. "Essa estranha mania de ter fé na vida" tem que ser admirada, posta num altar. Respeito o direito das pessoas de terem seu credo e culto livremente. Mas não posso admitir que qualquer um, qualquer um que seja, até mesmo o Papa, queira sobrepor sua vontade à nossa.
Que o Papa seja bem recebido, pois receber bem é nosso bom epíteto enquanto povo brasileiro. Mas não por ele ser o Papa, por ele ser um estranjeiro, por ele ser uma pessoa em visita ao nosso país. Que a estada de Sua Santidade seja tranqüila, e serena. E que deixe que assuntos como camisinha, aborto, eutanásia, e qualquer outro de interesse brasileiro para decisão única e soberana ao povo brasileiro.
Ósculos e amplexos.

26 abril 2007

1.° de maio!


Se tenho voz, mas ela não soa
Suarei todos os dias, mas não terei voz.
Sou trabalhador, lutador e sobrevivente.
Sobrevivo, porém, ao sol, penitente.
Castigai, Senhor, castigai!
Meu explorador, somente.

Michael Genofre

Imagem: Lewis Hine "Garota trabalhadora na máquina de algodão na Carolina"


Queria poder comemorar essa data. Mas seria hipocrisia demais não lembrar o quão sofrido é ser homenageado nesse dia. Parabéns trabalhadores, por estarmos vivos. Por sobrevivermos ao jugo, à dor, ao medo, à fome, ao desrespeito, ao preconceito, ao terror de viver em meio ao lixo daqueles que só nos querem, à força, canibais. Unamo-nos, sejamos fortes. Que derroquemos a mão bruta de quem nos oprime. Que ergamos um novo Brasil, livre da imundice da exploração de vidas. Que façamos do mundo não apenas um lugar melhor para se viver, mas livre e igualitária.

Milhões de parabéns, mas não comemorarei nem a minha e nem a lápide de ninguém.
Desculpem-me, mas minha revolta continua maior que minha repulsa! Ósculos e amplexos.

31 março 2007

Meu amigo tá virando tucano!

Meu amigo virou tucano!

Tenho observado um grande amigo meu nesses últimos dias. Suas novas atitudes tem me preocupado bastante. Ele não era assim. De uns tempos para cá passou a mentir compulsivamente. Se tornou um desastre na administração de coisas essenciais como pagar as contas, honrar compromissos, cuidar da saúde, se empenhar na educação e melhorar a qualidade de vida.

Quando vais às compras é um terror. Gasta mal o dinheiro, só dá atenção às coisas grandes e faraônicas e esnoba coisas importantes porém pequenas e cotidianas. E quando o cobro de qualquer coisa, ele me culpa pela triste situação, pois, segundo ele, fiz apenas a minha parte e não a dele também.


Algumas pessoas queridas poderiam falar que ele está usando drogas, ou somente com uma paixão patológica. Mas eu desconfio que é pior, ele está se tornando tucano! Um emplumando, de bico grande e fã de Fernando Henrique Cardoso e José Serra. Uma legítima espécie da família Ramphastus, mas que prefere ser identificado enquanto Toucan, por considerar que tudo que é dos Estados Unidos é exemplo e digno para nós brasileiros. E os preocupantes sinais e sintomas apresentados acima são apenas o começo dessa doença deveras preocupante. Com o tempo, a mania de grandeza o tornará esnobe. Fará com que esqueça de seu passado de lutas. Chegará a pedir que esqueçam de tudo que ele escreveu para contribuir com uma vida mais digna e igualitária. Tornará violento e ainda acreditará na força bruta para conter os ânimos daqueles que querem uma vida melhor. Se transformará numa pessoa amarga, daquelas que desconfia de todos. E quando menos esperar, estará vendendo tudo e todos em nome daquilo que somente ele achará que é progresso.


Realmente estou muito preocupado. Quem tiver uma sugestão, que me envie urgentemente! Ósculos e amplexos.

10 março 2007

"Eu quero é botar meu bloco na rua"

Machado, "charge on-line"

"Há quem diga que eu dormi de touca. Que eu fiquei calado. Que eu fugi da briga."
Acho engraçado toda vez que escuto de um colega estudante que a UNE não é mais a mesma. Que nos tempos da ditadura é que o movimento estudantil era de verdade. Que hoje, a UNE se perdeu, só quer saber de apertão mãos.
Engraçado, primeiramente, pois nenhum de nós vivemos aquele período para julgarmos. Além disso, mesmo aqueles que viveram naquela época, hoje não estão mais nos bancos universitários. Segundo, pois naquela época, os enfrentamentos com o exército não era bem visto por todos. Aliás, lembremos que foi uma coisa clandestina, portanto, fadado a poucos. E qual era o pai ou a mãe que queria ver seu filho ou filha procurados pela polícia, pelos torturadores, pelos assassinos da pátria e dos filhos da nossa terra mãe? Não inventaram ainda, e creio que nem inventarão, um "rebeldômetro".
Agora, que a UNE não é a mesma, isso eu concordo. Nem poderia ser. O mundo não é o mesmo. O capitalismo não é o mesmo. As forças políticas no poder não são mais os mesmos. E tão somente aquele boçal que acha que a UNE boa é tão somente a da década de 70, talvez, seja o mesmo. E, indo mais além, desde aquela época, ou ainda antes, os estudantes quiseram apertar as mãos e serem respeitados pela política nacional. Quando não obtinham respostas, partiam para a pancada. Isso, com certeza, também não mudou.
Vendo a calorosa recepção dos estudantes ao presidente Bush, e a mais calorosa ainda recepção da polícia paulistana aos estudantes. Com aquela tradicional troca de presentes, ou seja, estudantes de um lado dando pedradas e policiais, do outro, dando bombas e tiros. Aquele clima de confraternização, onde cada um tinha no rosto a estampa de uma alegria imensa misturada com suor, lágrima e sangue. Apertar as mãos nesse momento com o facínora do governador de São Paulo e o prefeito da capital paulista é um ato de burrice ou atestado de incoerência. Esse aperto de mãos não ocorreu. Assim como não ocorreu com o "persona non grata" George W. Bush "juninho".
Parabéns União Nacional dos Estudantes, parabéns estudantes brasileiros. Bush: Go Home and never more come back!