13 setembro 2007

Votação do Senado: vitória de quem?



O resultado de 40 votos contra 35 pela absolvição de Renan Calheiros possui muito mais vitoriosos e derrotados que se pode imaginar. De um lado, temos a mídia conservadora, que se adiantou às instituições brasileiras, novamente, e resolveu denunciar, julgar e condenar Renan. Ainda desse lado, uma oposição sedenta por desestabilizar de qualquer maneira a governabilidade de Lula. Do outro, uma base fiel ao governo e o próprio executivo se preservando com a política de não comentar assuntos que não sejam da alçada do Poder Executivo.
Agora, o que mais intriga nesse episódio, é o fato de que não foi julgado Renan Calheiros, mas sim foi manipulada uma enorme operação por desestabilização das bases governistas. E o resultado não poderia ter sido pior: ainda que derrotada, a política conservadora irá continuar usando terrorismos e crises em sua atuação. Isso é um atraso para a política brasileira, pois não se debate opiniões adversas, não se comparam e votam projetos políticos, não se reforma nada e ainda destrói o pouco que ainda está funcionando. É a vulga oposição oportunista, aquela que presa por destruir o que não é dela a fim de ocupar o espaço se formará na medida em que os representantes da situação se desestabilizam e caem.
Mudaram as táticas, mas as armas continuam as mesmas. Não se faz mais ataques diretos ao Presidente Lula, afinal seu apoio popular é enorme e as tentativas de derrubá-lo diretamente ou por golpe já é ridicularizado pelas massas trabalhadoras. O "Cansei" e movimento consortes não avançaram milimetros sequer e, por fim, se demonstrou carente de razões políticas e de fortíssima base preconceituosa, além de conservadora. A mídia conservadora, maioria nos meios comunicativos do Brasil, age como um partido político oposicionista e busca injetar escândalos diários e foge dos principais debates do País. Parte-se agora, os oposicionistas, em desestabilizar tudo aquilo que apóie o governo ou aquilo que lhe dá governabilidade. É justamente na Casa Alta, cujo seu tradicional conservadorismo faz com que seja onde o governo tenha suas maiores dificuldades, que a oposição resolveu atacar para desestabilizar.O problema é que a necessária Reforma Política, Universitária, Previdenciária, enfim, todas as reformas nacionais que urgentemente necessitam ser debatidas e operadas, são colocadas à posteriori por um mundo de escândalos e escandalóides que lotam os noticiários e instauram crises em todas os poderes nacionais. Trocando em miúdos, as coisas de real importância para o povo brasileiro é subvertida e adiada em nome da luta do poder e suas imundas armas de desestabilização.
Não há como concordar com o editorial de 13 de setembro de 2007 da Gazeta do Povo, "Democracia Golpeada", pois não foi a absolvição de Renan que golpeou a democracia, mas sim todo um processo utilizado para desestabilizar um governo em nome do sujo jogo do poder. Queria, a Gazeta do Povo, que o Executivo se manifestasse sobre a votação. E como não cairam nessa, a mídia ficou espumando de raiva. Ora, a decisão do Executivo é a mais acertada! O mais importante, que é o funcionamento da Casa, é que tem que ser estabelecido. O restante é processo que o próprio Poder Legislativo tem autoridade incontestável para resolver. Tomar uma postura de ingerência, nesse momento, aí sim seria um senhor de um ataque à democracia, pois atacaria a própria instituição democrática brasileira.
Na votação de 12 de setembro, não importava o resultado, pois quem saiu perdendo foi o povo brasileiro.
* Charge: Lane, Diário de Brasília, 13/09/2007

Um comentário:

Jefferson Andrade disse...

Aliados errados, política errada, estratégia equivocada, tática desastrada levam a tal resultado.

Não chegou-se a situação pior em razão de questões mais antigas, que sujam todas as mãos e que o alvo tático da vez muito bem sabe usar.