10 março 2007

"Eu quero é botar meu bloco na rua"

Machado, "charge on-line"

"Há quem diga que eu dormi de touca. Que eu fiquei calado. Que eu fugi da briga."
Acho engraçado toda vez que escuto de um colega estudante que a UNE não é mais a mesma. Que nos tempos da ditadura é que o movimento estudantil era de verdade. Que hoje, a UNE se perdeu, só quer saber de apertão mãos.
Engraçado, primeiramente, pois nenhum de nós vivemos aquele período para julgarmos. Além disso, mesmo aqueles que viveram naquela época, hoje não estão mais nos bancos universitários. Segundo, pois naquela época, os enfrentamentos com o exército não era bem visto por todos. Aliás, lembremos que foi uma coisa clandestina, portanto, fadado a poucos. E qual era o pai ou a mãe que queria ver seu filho ou filha procurados pela polícia, pelos torturadores, pelos assassinos da pátria e dos filhos da nossa terra mãe? Não inventaram ainda, e creio que nem inventarão, um "rebeldômetro".
Agora, que a UNE não é a mesma, isso eu concordo. Nem poderia ser. O mundo não é o mesmo. O capitalismo não é o mesmo. As forças políticas no poder não são mais os mesmos. E tão somente aquele boçal que acha que a UNE boa é tão somente a da década de 70, talvez, seja o mesmo. E, indo mais além, desde aquela época, ou ainda antes, os estudantes quiseram apertar as mãos e serem respeitados pela política nacional. Quando não obtinham respostas, partiam para a pancada. Isso, com certeza, também não mudou.
Vendo a calorosa recepção dos estudantes ao presidente Bush, e a mais calorosa ainda recepção da polícia paulistana aos estudantes. Com aquela tradicional troca de presentes, ou seja, estudantes de um lado dando pedradas e policiais, do outro, dando bombas e tiros. Aquele clima de confraternização, onde cada um tinha no rosto a estampa de uma alegria imensa misturada com suor, lágrima e sangue. Apertar as mãos nesse momento com o facínora do governador de São Paulo e o prefeito da capital paulista é um ato de burrice ou atestado de incoerência. Esse aperto de mãos não ocorreu. Assim como não ocorreu com o "persona non grata" George W. Bush "juninho".
Parabéns União Nacional dos Estudantes, parabéns estudantes brasileiros. Bush: Go Home and never more come back!

2 comentários:

Anônimo disse...

Isso é verdade Michael, eu diria mais ainda... Pois não são só esdutantes em sala de aula q diz isso, alguns "profissionais" do ME tb... Tão incoerentes q não sabem q eles tb são UNE...
Abraços

Anônimo disse...

Mais uma vez brilhante,
Fazia algum tempo que eu não comentava, mas enfim, como fiel leitora, cá estou novamente.
É claro, o mundo mudou, como tudo na vida, porém o que não pode ser esquecido é que o jovem, o estudante universitário traz consigo a sentelha da revolução escondida sob a máscara da rebeldia, muitas vezes taxada como sem causa.
Assim como o mundo mudou as formas de exploração também mudaram, portanto cabe a nós encontrarmos uma nova forma de enfrentá-las.
É uma pena que vários dos nossos camaradas de luta não consigam compreender isso, e ficam achando que a forma correta de mostrar-nos insatifeitos seja com pancadaria sempre, não que a pancadaria não seja um instrumento válido, mas tudo tem a sua hora e o seu lugar, existem conquistas que são alcançadas pela nossa capacidade diplomática e por isso não podem ser desmerecidas.
A nossa forma de lutar deve ser tão dinâmica quanto a realidade na qual estamos inseridos.
Boa luta para todos e que estas culminem em uma vitória muito mais ampla, contemplando a todos nós.