18 setembro 2007

Explicando a confusão.



Atendendo diversos pedidos que recebi por correio eletrônico, escrevo aqui uma breve explicação de como é o processo eleitoral nos Estados Unidos. Comparado ao processo brasileiro, ele é bem confuso e planejado para que não haja mudanças bruscas na política dos Estados Unidos. E não é confuso apenas para nós, brasileiros. Diversos estadunidenses questionam esse processo político que, se não me engano, é o mesmo desde 1901.

O sistema chamado de bipartidário não significa que apenas dois partidos possam concorrer à Casa Branca. Existem diversos partidos nos Estados Unidos, mais até do que existe no Brasil. Para que um candidato possa aparecer na cédula eleitoral, ele deverá possuir um número de assinaturas proporcional ao número de eleitores em cada estado dos EUA. Essa listagem é conhecida pelo nome de "primárias". Onde o eleitor escolhe, dentre uma lista de nomes, quem são os que possuem condições para ser candidato à Presidência. Os Partidos Democrata e Republicano, quando lançam seus candidatos, conquistam com muita facilidade o número de assinaturas necessárias para que um candidato concorra em todos os estados. Já os partidos menores necessitam fazer um grande bloco com diversos outros partidos e organizações para que consigam lançar um candidato.

Pode acontecer, por exemplo, de um candidato de uma coalização independente ou de um partido menor só conseguir assinaturas em um único estado. Então, somente naquele estado haverá na cédula eleitoral o nome daquele candidato, obviamente, junto com os dois outros dos Partidos Democrata e Republicano. Por isso que o sistema é conhecido por bipartidário, pois é quase impossível que um candidato que não seja dos dois partidos gigantes ou que não se una com um deles seja eleito presidente ou para quase todos os outros cargos. Para se ter uma idéia, o Senado dos EUA é composto por 55 republicanos, 44 democratas e apenas um independente.
Uma vez encerrada as primárias, os partidos fazem suas convenções, que se trata de um lançamento da candidatura oficial. Nesse momento, todos os votos "migram" para o candidato vencedor, garantindo assim uma campanha forte desde seu início.
A eleição em si é ainda mais confusa, se compararmos ao sistema brasileiro. Aqui, o voto é obrigatório e a eleição é direta. Lá, o voto não é obrigatório, e os eleitores votam numa lista de delegados comprometidos com um dos candidatos, formando assim o colégio eleitoral e esse vota em seus candidatos. O que torna ainda mais difícil um candidato independente vencer as eleições presidenciais. Com exceção de apenas dois estados, aquele candidato que possuir o maior número de votos ganha o voto do estado. Isso faz com que seja possível que um Presidente eleito não seja necessariamente o mais votado, como aconteceu com Bush em 2000.
Espero ter esclarecido um pouco. Buscarei me informar melhor dos detalhes, e depois escrevo mais sobre o sistema eleitoral dos Estados Unidos.

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