04 julho 2007

Análise Geral Conjuntura (I)

Prefácio Essencial Geral
Urubu tá com raiva do boi
E eu já sei que ele tem razão
É que o urubu tá querendo cumê
Mas o boi num qué morrê
Num tem alimentação
O mosquito é engolido pelo sapo
O sapo: a cobra lhe devora
Mas o urubu não pode devorá o boi
Todo dia chora, todo dia chora
Gavião qué engolir a socó
Socó pega o peixe e dá o fora
Mas o urubu não pode devorá o boi
Todo dia chora, todo dia chora
(Chico Anisio/Arnaud Rodirgues)


A época do Milagre Econômico, dos governos Costa e Silva e Médici, e dos Ministros da Fazenda Bulhões e Delfim Netto, caracterizou-se pelos maiores índices de crescimento econômico da história brasileira. Eram taxas de crescimento eram acima de 10% ao ano. O tal Milagre foi fruto de um período de reformas institucionais e recessão do período anterior, que gerou uma enorme paralisia no setor industrial. Havia também um crescimento econômico mundial que influenciou significativamente na economia brasileira. Mas a que custo?


O governo adotou, na época, uma política recessiva e monetarista, de forte intervenção do governo e, ao mesmo tempo, de transferência de responsabilidades estatais para o setor privado. Uma política de "Teoria do Bolo", cujo continha a idéia de que primeiro deveria crescer o bolo para depois melhor poder dividí-lo, se revelou, no fim das contas, um dos mais intensos períodos de desigualdade na distribuição. Além disso, a inflação, do contrário dos 15% ao ano anunciada pelo governo no período, há cálculos atuais que demonstram que ela chegou a beirar os 200%. O que fez o governo para manter o tal Milagre? A velha fórmula econômica: cortar gastos com aquilo que não é prioridade. E, para os militares e elite brasileira, gastos com saneamento, obras, subsídios à cesta básica, e facilidades nos empréstimos internos, nunca são prioridades.


O período deu uma verdadeira lição ao Brasil, mas que infelizmente nossos governos não aprenderam direito: crescimento econômico não significa desenvolvimento social! A frase do General Médici, "O país vai bem mas o povo vai mal", sintetiza o que significa basear toda a política num sistema econômico, ou apostar as fichas apenas numa fórmula de crescimento acelerado sem as devidas reformas estruturais de base que supram a necessidade de desenvolver o trabalhador brasileiro. O tal Milagre foi uma catástrofe para o desenvolvimento social e quase toda a crise das décadas seguintes foram influenciadíssimas por esse período.
O que temos hoje? A luta pelo crescimento econômico e uma covardia absurda para implementar reformas estruturais de base. Com um período infinitamente mais democrático e com o elemento trabalhador na eterna disputa do poder nacional pelo curtíssimo período de seis anos representado por Lula, o desenvolvimento social deveria ter dados passos mais largos. Os ínfimos 3,5% de crescimento anual para o Brasil não deveria incomodar tanto se considerarmos a enorme estabilidade financeira que possuímos. Mas o crescimento da desigualdade social sim.

Crescimento econômico não é solução para a desigualdade social, nem no Brasil e nem no mundo. A falência definitiva de qualquer pensamento contrário veio com a crise neoliberal, que não conseguia responder como o mundo pôde produzir tanto, em tão pouco tempo, e aumentado tanto as desigualdades quando deveria tê-las sanadas. Um velho pensamento marxista vêm sempre à mente quando discute-se o tema atual, ou seja, é contraditório demais ter ricos e não ter pobres, um depende do outro para que as coisas fiquem dessa maneira. Acabou-se o feudalismo, mas as a essência da luta de classes não mudou quase nada.

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