A velha e boa cozinha de Michael Genofre migrou para o Blogger! Sempre uma alquimia de coisas e mais coisas, com nexo ou não!
14 outubro 2008
E o tsunami vai se mostrando marolinha...
30 setembro 2008
Saiu a primeira reforma: a da língua Portuguesa!
25 setembro 2008
O melhor do mau humor...
19 setembro 2008
Um pouco sobre mim...
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04 setembro 2008
Atletas de alto rendimento: proletários do esporte!
31 agosto 2008
ENEM 2008 - Fácil, porém cansativa!
20 julho 2008
Rodada de Doha e mais alguns vinhos
A Rodada de Doha: atletiba? Desde quando?
Estamos falando de Celso Amorim, diplomata de carreira e por três mandatos presidenciais Ministro das Relações Exteriores. Ícone da intelectualidade profissional pública. E que, na Rodada de Doha, fala em nome de todos os países-membros da OMC do Hemisfério Sul. O Chanceler possui não apenas um Ministério competente, mas como também o que há de melhor no que diz respeito à assessoria, uma das melhores do mundo. Denunciou uma mentira do Norte para escravizar o Sul, e o Norte acabou mesmo desqualificando Amorim para ganhar tempo, afinal a denúncia veio de nada mais nada menos que o até então sempre tratado enquanto quintal ianque. Mais uma prova de que o Brasil assume de vez uma política internacional independente, compromissada com o seu desenvolvimento e fortalecimento político no cenário mundial.
Botella 44281 - Mendoza, Argentina
Levemente maduro, demora para abrir (20'). Rubi-violáceo, indo para tons mais avermelhados. Bouquê de frutas vermelhas, um pouco abaunilhado, com leve notas de tabaco. Na boca é suave, apesar do desequilíbrio no tanino. Bastante adstringente, porém sua permanência é curtíssima. Sugiro que se evite esse vinho, antes mesmo de se começar a degustá-lo, ele se mostrou bastante frustrante. R$ 9,90 no Wal-Mart. Nota MG 74,0.
Nota de pesquisa: o Tempus Alba Cabernet Sauvignon ter se aberto rapidamente foi uma surpresa agradável. Cepas como C. Sauvignon, Franc, e Merlot produzidos em Mendoza, principalmente "ao pé dos Andes" costumam ser demorados para abrir. Tabaco e baunilha é outra característica marcante para essas cepas de Mendoza. Não ter essas duas características acaba sendo uma raridade. Outra curiosidade que encontrei sobre as cepas de Mendoza é o rápido clareamento de seus vinhos. Logo, um Cabernet Sauvignon mais atijolado não é sinônimo de vino maduro.
17 julho 2008
A primeira avaliação de vinhos.
14 julho 2008
Solidariedade aos trabalhadores de campo
Eu ia novamente escrever sobre impressões de nossas eleições municipais, especificamente na minha querida capital paranense. A total ausência de maturidade dos partidos políticos seria o tema e uma tentativa de explicação pela completa superficialidade dos candidatos e candidatas, princiapalmente prefeituráveis para o pleito desse ano. Porém, deixarei para o próximo "post", uma vez que uma outra avaliação tornou-se mais atrativa para esse que vos escreve. No dia de hoje, os trabalhadores dos Correios fizeram uma inusitada manifestação na Boca Maldita. Eles querem adicional por periculosidade, e colocaram um cachorro treinado para mostrar aos transeuntes os riscos que o trabalhador de campo corre todos os dias e sem nenhum adicional por isso.
Imediatamente lembrei-me dos tempos em que eu era um trabalhador da Sanepar, leiturista. Caminhava de oito à dez quilômetros por dia, visitando cerca de quatrocentas residências, comércios ou indústrias em toda Curitiba e Região Metropolitana. De Piên a Adrianópolis, de Campo Largo a Itaperuçu, todos os dias carregando um trambolho para lá de ultrapassado e que pesava 3,5 quilos (mas que no fim do dia parecia ter aumentando uns dez quilos), um sapato apto para trabalhos pesados, preferencialmente em um canteiro de obras, um uniforme resistente inclusive ao calor e ao frio (pois quando fazia calor, passava ainda mais calor, e quando frio, passava ainda mais frio), e tudo isso com um sorriso no rosto para bem recepcionar os nem tão bem humorados clientes da empresa de saneamento. Além de tudo isso, haviam cachorros, marrecos, touros, e até avestruzes para atentar contra a saúde ou, no mínimo, contra a integridade física do trabalhador. E tudo isso numa jornada de trabalho de insuportáveis oito horas.
É essa a realidade de todo leiturista, carteiro, e demais trabalhadores de campo. E realmente merecem adicionais por periculosidade, e em alguns casos até de insalubridade (novamente lembrando de meus colegas da Sanepar que, por não lidar diretamente com o esgoto, mas indiretamente apenas, não possuem direito algum sobre insalubridade). E, quando se entra em greve, estampam em nossa cara que queremos apenas melhorias de salário (como se já se ganhasse grandes coisas), quando é a própria dignidade do trabalhador que está sendo reivindicado. A greve dos Correios é justa, por mais incovenientes que causam a ausência de seus serviços. O respeito ao trabalhador é questionado diariamente na labuta desses profissionais nem sempre valorizados.
Aos trabalhadores e trabalhadoras de campo, minhas totais solidariedades!
07 julho 2008
Alea Jacta Est
Há de se concordar com a imprensa curitibana: a campanha esse ano começou morníssima. Exceto do candidato do PMDB, Reitor Moreira, que abre uma luta sem tréguas para reaglutinar militantes do próprio partido, não se viu nas ruas uma campanha visualmente mais destacada, com bandeirassos e afins. A caminhada de Gleisi Hoffmann do PT no corredor formado pelo estádio Couto Pereira e a Igreja de Nsa. Sra. do Perpétuo Socorro não foi suficiente para dar impressão de volume no lançamento de sua campanha. Gomyde, do PCdoB, e Fábio Camargo, do PTB, considerados reserva técnica pela imprensa, sofrem algumas dificuldades para iniciar suas campanhas e seus respectivos lançamentos de campanha passaram simplesmente despercebidos pelos curitibanos nesse domingo. Os demais candidatos opositores ao atual prefeito, Bruno Meirinho (PSOL), Marinete Silva (PRTB), Lauro Rodrigues (PTdoB), Maurício Furtado (PV), estiveram lado a lado no anonimato e, na prática, não tiveram nenhuma ação mais destacada nesse domingo, aparecendo tão somente no estranho debate na Igreja da Barreirinha.
Como diria Julio César: "Alea Jacta Est", a sorte está lançada. A campanha pode e deverá esquentar nos próximos dias. Mas, por enquanto, nenhuma das questões políticas que, de fato, podem influenciar nas vidas curitibanas nos próximos quatro anos estão sendo tratadas. Muito sentimento de guerra, pouca proposta, e, no momento, nenhuma campanha capaz de mexer com corações e mentes dos eleitores. Por enquanto, micro-regionalmente, esse debate está por conta dos candidatos à Camara Municipal. Esboçando uma clara necessidade de se mudar a política da capital paranaense, dada a inversão de prioridades nas funções que os candidatos estão demonstrando. Por enquanto, coube aos vereáveis propostas executivas, e aos prefeituráveis, uma discussão típica de Pequeno Expediente da Câmara Municipal.
03 julho 2008
O último bolinho
Da série sobre coisas corriqueiras que, quando resolvemos prestar atenção, ou ficamos perplexos ou, no mínimo, pensativos. Estava eu e a moça, bela moça, em uma esquina dessas de promoções: um tantão de bolinhos por um tantinho de dinheiro, e grátis um cafezinho. Tempos difíceis, não podia esbanjar. Mas era muito bela a moça. Valia gastar mais do que eu tinha para fazer de mim um pouco mais atraente aos olhos daquela bela donzela. Infelizmente, o dono do estabelecimento não era tão romântico quanto meus desejos, e o dinheiro deu para apenas sete bolinhos e um café para a moça. Lembrando que o meu estava na promoção do café gratuito para a promoção de bolinhos.
Em meio a um delicioso assunto, daqueles em que quase esquecemos da comida e atacamos querer comer aquilo que o outro está formulando em pensamentos, fui notando os bolinhos, lentamente, sendo consumidos. E, o número ímpar favorece algumas brigas, algumas rusgas, discussões e, enfim, um moço feito eu voltando frustrado e sozinho para casa. Esse maldito número ímpar é causador de conflitos internacionais, mataram um, e a Primeira Guerra Mundial começou. Por conta de um que queria um mundo inteiro a si submisso, outra ainda maior se deu início. Por conta de um mundo unido e proletário, uma guerra fria começou. Até o mundo bipolar, na verdade era ímpar na história da humanidade. Entre iraquianos, um governo americano querendo impor uma única verdade. Por conta de uma fórmula, milhares de vidas ceifadas graças ao resultado daquele veneno nuclear. O tal do número ímpar já desfez lares felizes. Ao acrescentar uma terceira, o par se dividiu. O amor de dois do mesmo sexo é tratado como um, e assim não podem contrair nupcias. A aliança, que resume dois seres em um, é lapidado em um metal que, se esticado, vai até o infinito, e por ele pessoas matam ou perdem sua identidade. Por cinco cartas, apenas um jogador é consagrado vencedor no pôquer, causando outros tantos desespero, desatres, ou falência financeira.
E por conta de sete bolinhos se iniciou meu desespero. Na medida em que nossos assuntos iam se entrecortando, formulando, passando, ia restando um insistente e único bolinho no prato das diferenças. - E agora? - Pensava eu quando ainda tinham apenas três daqueles causadores de discórdias. Se eu simplesmente o comesse, ela me consideraria mesquinho ou egoísta o suficiente para nunca mais querer me ver. Se eu deixasse ela comê-lo, poderia me considerar passivo demais para que eu seja digno de seu valor. Quando restaram três bolinhos, meu desespero era ainda apenas metafísico, mas veio uma bocada dela em um, e a minha no outro. O ímpar maior chegara. Meu desespero se tornava objetivo. Catava migalhas na solidão de minha alma. Se eu aceitasse que ela simplesmente atacasse o último bolinho, não honraria mais as calças que eu vesti minha vida inteira. Se ela simplesmente aceitasse que eu o fizesse, mais uma que não tem amor próprio o suficiente para enfrentar as dificuldades da vida à dois. E como perturbava-me aquele último bolinho.
Finalmente, a hora de iniciar a guerra chegou. Ali estavam lançados os dados, e eu pronto para o combate. Discretamente estava eu com guardanapo como se uma espada, ela com um sorriso como se uma mira de perito atirador. Mas era realmente fantástica a moça, e como eu era bobo. Além de rápida, não era ela nem um nem outro na guerra dos machismos e convenções sociais. Antes que eu esboçasse qualquer reação, se propôs pagar a conta. E o bolinho, simplesmente ela dividiu ao meio ante de me dar aquele beijo arrebatador.
05 maio 2008
Como é bom te ver campeão de novo!
Quando começou o campeonato paranaense, era um time frágil. Seu arqui-rival era majestoso.
26 abril 2008
Passado, presente e futuro, numa única semana!
Comemorar é ótimo, quando se tem uma história tão rica quanto o movimento estudantil possui é melhor ainda! Como reunir numa única atividade décadas de história, luta política, e conquistas? A União Paranaense dos Estudantes conseguiu. Mais de cem pessoas presentes, mais algumas dezenas que mandaram suas saudações à distância por seus compromissos inadiáveis, no jantar que inaugurou as comemorações pelos 90 anos de Casarão dos Estudantes, a sede do estudante universitário paranaense, e pelos 70 anos de luta da entidade. Estavam presentes, dentre outras autoridades, o Vice-Governador do Paraná, Orlando Pessuti; o atual Presidente da Sanepar e Presidente da UPE na gestão dos conturbados meses de 1968, Stênio Jacob; o Deputado Estadual Tadeu Veneri (PT), ex-diretor da UPE na década de 70; os vereadores Paulo Salamuni (PV) e Luizão Stelfeld (PCdoB); o Presidente Estadual do PCdoB, Milton Alves; o Presidente Municipal do PMDB, Doático dos Santos; a Presidenta Municipal do PT, recentemente em licensa, e ex-Presidenta da UMESC, Gleisi Hoffmann; o Presidente da Paraná Esporte, Ricardo Gomyde; e tantos outros que pretendo ainda publicar nesse blog. Além disso, estiveram presentes ex-presidentes e diretores da UPE de diversas gerações, dentre eles: Joel Benin, Presidente 1997-1999; Arilton Freres, Presidente 2005-2007; Antonio Anibelli, Presidente 2004-2005; o já citado Stênio Jacob; e tantos outros. Destaque para a participação da atual Presidenta da União Nacional dos Estudantes, Lucia Stumpf; do atual Presidente da União Parananese dos Estudantes Secundaristas, Rafael Clabonde; e de José Richa Filho, representando, ao mesmo tempo, o Prefeito de Curitiba e o ex-Presidente da UPE e ex-Governador do Paraná José Richa.
Agora, três participações eu gostaria de destacar. A primeira, a do Vice-Governador Orlando Pessuti. Ele, que atuou no movimento estudantil tanto no Centro Acadêmico de seu curso na UFPR quanto na Presidência da Casa do Estudante Universitário, fez questão de lembrar dessa época, e majestosamente relembrou a fundamental presença dos estudantes no episódio da ocupação da Assembléia Legislativa do Paraná quando a Copel quase foi vendida. A segunda participação explêndida foi a de Vitório Sorotiuk, que presenteou José Richa Filho com uma foto da gestão de seu pai na UPE, corrigindo uma rusga histórica entre os estudantes e o Governo Richa, reconhecendo o valor tanto como um dos melhores presidentes da UPE quanto um dos mais queridos governadores que esse Estado já teve. E, por último, a emocionante presença de Doutor Zequinha, o "Prêmio Esso" pela foto dele enfrentando a cavalaria da PM em 1968 com um estilingue, que foi lembrado por todos, inclusive por Gleisi, que quando era Presidenta dos estudantes secundaristas de Curitiba e Região Metropolitana, Dr. Zequinha era o responsável pela formação política dela e de todos os militantes do movimento estudantil do PCdoB daquela época.
Foto 2: As presidentas da UNE, Lúcia Stumpf, e da UPE, Fabiana "Binha" Zelinski
O clima de nostalgia não teve, pois todos os diretores e ex-diretores estavam bastante preocupados com o futuro da luta estudantil. A Presidenta do DCE da Uniandrade, Fabiola Benvenutti, que também estava presente no jantar, comentou com os diretores a importância de um movimento estudantil que possua diálogo com a comunidade acadêmica, com autoridades, mas sem perder de vista nossas conquistas históricas. "Comemorar, quando temos o que comemorar é ótimo, mas comemorar quando temos tanto ainda por fazer é cobrança ainda maior", confidenciou-me na hora do cafezinho. O mesmo foi lembrado pelo Presidente do DCE da Tuiuti, Zeca e pelo Vice-Presidente da UNE, Marc Emmanuel, com outras palavras, porém com a mesma preocupação. Os militantes do movimento mudança, fizeram questão de lembrar que o Casarão é, antes de mais nada, símbolo de resistência e conquista, lembrando que o casarão já fora tomado pelas forças conservadoras do Estado e recuperadas pela força do movimento estudantil organizado.
O Presidente da União da Juventude Socialista e Ex-Presidente da UPE, Arilton Freres, fez questão de lembrar que o Casarão não deve apenas servir de local de reunião da UPE, mas ser palco de elaboração das propostas e ações do movimento social paranaense como um todo. Que há lutas importantes que temos que implementar. Entre elas, a questão do Passe Livre, reforçada pelo Presidente da Upes Rafael Clabonde. "Estamos numa viagem sem volta, o benefício para os estudantes está sendo tratado como coisa inútil pelos conservadores, os mesmo que quando em campanha falam que irão priorizar investimentos em educação; ora passe livre é um investimento fundamental para a educação!" - Disse Rafael Clabonde, lembrando da carta publicada aos usuários do transporte coletivo curitibano.
Foto 3: Fazendo meu jabá; como diria Ivelise, Tesoureira da UPE, à direita na foto, "Os mestres de cerimônia.
O sucesso desse jantar não se deu pelo clima de festividades, mas pela seriedade como a juventude trata a política e o reconhecimento público desse esforço. Quando vemos tantos ex-diretores de entidades estudantis hoje enquanto membros do Legislativo, do Executivo, do Judiciário, ou mesmo no comando de setores estratégicos para o povo paranaense, e esses reunidos em um mesmo lugar para comemorar a existência de um lugar comum na história de todos eles e elas; me pergunto: onde estão aqueles que falam que o movimento estudantil inexiste? Eis a prova de que o defunto pintado por eles possui uma vivacidade notável!
Foto 4: Diretores da UPE com Orlando Pessuti e Stênio Jacob; ao fundo, mural com o símbolo da UPE e alguns materiais das décadas de 60, 70, e 80 usadas pela entidade.
09 abril 2008
"Se o presente é de luta, o futuro nos pertence"
"Os saudosistas em geral e os detratores da UNE em particular lamentam que os estudantes e a entidade tenham mudado, não sejam os de outras épocas, como, aliás, as pesquisas não se cansam de constatar. Para ficar só na moda, o que querem eles: a volta do terno e gravata dos fundadores da UNE ou dos cabelos desgrenhados e da bolsa e das sandálias de couro bicho-grilo? Mas não é só moda. O estilo num sentido mais amplo, a linguagem, as relações, inclusive as de trabalho e as sexuais, tudo, enfim, está em permanente transformação, para melhor ou para pior, dependendo do ponto de vista. Como é que a UNE, uma das mais antigas instituições republicanas, poderia permanecer inalterada?" (Arthur Poerner).
Como é que o movimento estudantil e suas entidades poderiam permanecer as mesmas com todo o presente em constante transformação? O movimento estudantil, tardiamente ou com exatidão, compreendeu que o momento político é mais complexo, que a implementação de suas bandeiras de luta exigem um patamar mais elevado, bem como uma política melhor elaborada, sob o risco de ser atropelado pela imensa roda da história caso não se adapte com rapidez ao novo cenário político. Quem não entendeu o recado, está praticamente fora de combate, ínfimo em sua atuação entre a sociedade. O movimento estudantil que se mobiliza para apoiar o governador em sua luta contra o retorno da assombrosa censura, é o mesmo que, no mesmo dia, e para o mesmo governador, pugna por democracia, pelo fim das listas tríplices e eleições diretas para diretor, nas universidades estaduais e escolas estaduais respectivamente, querendo o fim desse outro resquício dos tempos de chumbo no Brasil. É exatamente o mesmo movimento estudantil que, em um mesmo dia, busca dialogar com a prefeitura de Curitiba sobre a possibilidade de ampliar os benefícios da meia-entrada estudantil e apanha da Guarda Municipal, já no dia seguinte, por exigir o passe estudantil. O que seria contradições tamanhas há pouco tempo atrás, hoje deve ser visto enquanto o cotidiano de entidades estudantis capazes de representar o estudante além das manifestações pelos seus anseios, mas na implementação real de suas bandeiras de luta.
Até pouco tempo atrás, o máximo que o movimento estudantil conseguia era sair às ruas e protestar, isso quando conseguia ir às ruas. Hoje, implementa propostas, debate de igual para igual com autoridades, elabora e promove atividades concretas de representação, conquistou espaço na sociedade e na política das comunidades, e continua indo às ruas protestar sempre que as portas se fecham ou quando a intolerância o ignora. Para qualquer pessoa, leiga ou profunda conhecedora do movimento estudantil, se não estiver com miopia política ou de má fé, chega facilmente a seguinte conclusão: as entidades estudantis estão mais representativas por terem conquistado maiores condições para o ato de representar.
Essa mudança no movimento estudantil, ainda aquém de seu pleno desenvolvimento, porém com capacidades representativas consideravelmente aprimoradas, conseguiu transpor a imagem de prefeito "da gente", das obras faraônicas de ano eleitoral, das pesquisas que apontam Beto Richa como reeleito antes mesmo do pleito se iniciar, e mostrar para a sociedade curitibana que os problemas que sempre atormentam a vida do curitibano continuam os mesmos, que a repressão continua sendo o mecanismo de defesa para todo aquele que ousar mostrar que o governo municipal continua hostil aos seus habitantes, que a prefeitura continua subserviente às verdadeira máfias do transporte coletivo e tantas outras máfias, e que negligencia as necessidades do trabalhador e dos estudantes para privilegiar os parasitas e sanguessugas do orçamento público. Sem dúvida, o movimento estudantil foi o único até agora capaz de atirar pedras na vidraça da imagem construída de Beto Richa. Isso incomodou os setores conservadores, que não economizaram em seus mecanismos de manipulação e repressão das massas. Nenhuma matéria da imprensa curitibana foi publicada sem distorcer absolutamente todos os fatos, pouquíssimos vereadores ousaram questionar o prefeito sobre a repressão utilizada, pouquíssimas entidades sociais saíram do muro, e pouquíssimos partidos políticos ousaram manifestar qualquer coisa sobre o assunto, seja contra ou seja à favor. E mesmo com tudo isso, com tantos obstáculos para superar, o movimento estudantil não pára. Intensifica ainda mais sua mobilização em resposta. E ainda assim, haverá quem diga, pior, há quem sobreviva com o discurso, de que o movimento estudantil está parado, imobilizado, aparelhado por partidos, governista, burocrata, blá, blá, blá, blá.
02 abril 2008
Fascismo curitibano: Guarda Municipal e Tartufo para a Classe Média curitibana
A semana teve vários dias de manifestações estudantis por todo o país. Mas chama a atenção a forma em que cada lugar foi recebida e merece análise. Em praticamente todos os lugares onde o governo municipal era ou do PSDB ou do DEM, havendo manifestações, houveram choques entre estudantes e Guardas Municipais. Curitiba não fez por menos, mandou responsáveis por segurança de patrimônio, a Guarda Municipal, caçar estudantes até mesmo em frente ao prédio do Ministério da Fazenda, que todos sabem, é patrimônio federal.
A justificativa da Guarda Municipal: 300 estudantes tentaram invadir o tubo da Estação Central, o que exigiria uma reação mais violenta por conta do baixo efetivo policial na área. Primeiramente, não cabem 300 estudantes mais população que pega ônibus por volta do meio-dia naquela estação. Segundo, é impossível que tenha tido tantos estudantes intencionados pela contravenção. O que sugere que alguns pares de jovens, de fato, tentaram invadir o local, e a truculência da Guarda avaliou da seguinte forma: "se estiver de uniforme, botemos para fora!". Ao fazer isso, é claro que explode um confronto: de um lado Guarda Municipal, de outro estudantes, entre esses, uma minoria contraventora e uma maioria indignada por ter sido forçada a fazer algo que não queria. Terceiro, existem regras na segurança pública. Se o efetivo da Guarda Municipal era insuficiente para simplesmente fazer uma bloqueio nas portas da Estação, acionasse a Polícia Militar, que é a única responsável para conter situações de massa. Mas o que aconteceu foi o abuso de diversos guardas municipais, frustrados e mal treinados, que trazem consigo (e todo mundo sabe disso), armamento proibido àqueles que são responsáveis pela segurança de patrimônio municipal como spray de pimenta e aparelhos de choque elétrico.
Sabemos também que se tratava de uma minoria de pessoas entre os trabalhadores da Guarda Municipal de Curitiba que abusaram de seus poderes, excedendo em situações inclusive do qual não possuem poder algum. Foi um ato covarde, pois bateram em jovens, estudantes, que sempre são vistos como aquele filho malcriado que merece palmadas, típico de uma mentalidade limitada e doentia. A culpa, logo só pode ser atribuída ao governo municipal, de Beto Richa, senhor Prefeito do PSDB. Ele treina mal, paga mal, contrata mal, e ordena pior ainda sobre seus homens de azul.
A Guarda Municipal disse ainda que os estudantes depredaram o patrimônio público, o que exigiu medida mais radical. Ora, estranhamente não há um vidro sequer trincado na Estação Central, uma pichaçãozinha nova sequer em nenhum dos muros da redondeza. Que tipo de depredação foi essa? Esse mesmo argumento, somado ao suposto "pertubação da ordem pública", foi utilizado para dar voz de prisão aos líderes estudantis. Ora, estranhamente nenhum dos supostos "contraventores" foram presos, apenas líderes estudantis. Conclusão: presos por atividade subversiva, não há outra explicação. Os conservadores curitibanos continuam dormindo com medo do fantasma vermelho embaixo da cama. Cômico, se não fosse trágico.
Outra análise importante que deve ser feita: a situação dos estudantes. O lamentável confronto ocorreu após, e não durante, uma passeata estudantil. Era praticamente a distância de um quilômetro entre o local do confronto e o local onde terminou a passeata estudantil. Os dirigentes estudantis simplesmente tiveram a infelicidade de estar no lugar errado na hora errada, e por isso foram presos enquanto responsáveis pela tentativa de invasão a Estação Central. Mas, por outro lado, é importante lembrar que durante certo tempo, não foram as entidades estudantis que organizaram passeatas na capital paranaense pelo passe livre, mas o Movimento Passe-Livre. Esse movimento tinha como mecanismo de protesto justamente a invasão de tubos e o ato de "pular a catraca". Com a reconstrução das entidades estudantis, esse movimento foi engolido pelos inúmeros movimentos organizados pelas entidades. Mas os adeptos daquele movimento também acabaram incorporados, e sem a menor consulta às entidades (simplesmente, sob consulta às entidades seriam inibidos, logo não iriam fazê-la), e assim que não haviam mais uma massa de estudantes que o reprenderiam pela tentativa de invasão, deram continuidade àquilo que estavam acostumados pelo MPL, Movimento Passe-Livre (o movimento "pula-catraca").
Agora, o prêmio Tartufo do mês vai para a classe média curitibana. Segundo seu jornal, a gazeta, opiniões se dividem. Uns apoiam a brutalidade da Guarda Municipal, afinal fizeram uma contravenção (Guarda Municipal não tem poderes de pelotão de choque, estão parabenizando outra contravenção). Outros apoiam a brutalidade, por serem contra a reivindicação dos estudantes (o fascismo da classe média curitibana é forte e quer reeleger Beto Richa/PSDB).
25 março 2008
Cante! & Perco-me em ti.
Cante!
Mas cante até!
Cante!
Para mim, para você, para qualquer
Não apenas sussurre,
Cante, faça-se ouvir!
Imagine duetos, sonetos, minuetos, à capellas,
Imaginando no qualquer canções belas.
Solte o verbo, cante, enrouqueça-se de tanto cantar!
Cante a vida, a morte, a alegria, a dor, o calor, o amar.
Cante!
Traduza aquele olhar da pessoa desejada num cantar.
O delicioso frio na espinha no segundo antes de beijar.
Aquele riso de deboche só para desfarçar.
Cante!
Um poema, um dilema, uma peleja, um conversar.
Um abraço de amigo, um ente querido, em qualquer lugar.
A sensação divina do imprevisível, do fascinar.
Cante!
Mas cante alto!
Soluce se quiser chorar, mas o faça copiosamente.
O choro é também um estranho despertar.
O soluçar é um sopro que teima em se reprisar
Cante isso, aquilo, mas não pare de cantar.
Cante!
Não demonstre sigilo, queira cantar.
Deseje esboçar, deseje sentir.
Deseje o desejar.
Por quem canta, o coração deixa-se levar!
PERCO-ME EM TI.
Olhe para mim mais uma vez, estou aguardando.
Fico delirando, imaginando quando você vai voltar a me olhar.
Perco-me em devaneios, sonhando no quando eu poderei te acalentar.
No lábio no lábio,
Naquele nó na garganta.
No seu perfume, no seu andar.
Seus pés, lindos pés, obras de arte.
Delicados, desenhados, pés de sonho.
Panturrilhas encurvadas, contrabalanceam o curvar de suas coxas.
Belas coxas.
Sua grandeza, de espírito e de altura,
Minha imaginação vai ao longe te desenhando.
Seios, lindos seios, esculpem o teimoso vestido.
Suas mãos, desejáveis mãos,
Todos os pecados serão lembrados e redimidos com um único e breve toque.
Uma simples lembrança sua, doce presença, anuncio-me em céu de gostosuras.
Andando na minha direção, antecipas o paraíso.
____________
Michael Genofre08 março 2008
Talvez, apenas masoquismo de leitor (...)
Talvez seja minha mania quase masoquista de ler sobre tudo que tenho acesso a única justificativa para que eu continue lendo algumas coisas que sei que irão ou ofender a inteligência do leitor ou roubarão preciosos minutos que poderiam ser gastos em qualquer outra coisa mais produtiva. E o pior: sempre leio crendo que se trata de coisa séria, elaborada por pessoa séria, e que possui opiniões construtivas para nosso país, ainda que contrárias às minhas. Talvez por isso eu continue acessando a página da Conlute, a entidade estudantil nacional do PSTU.
Disse, repito, talvez seja por uma mania quase masoquista. Há também a questão da pesquisa política. Essa deve ser feita tanto pelos órgãos de comunicação da situação quanto da oposição. E, nesse quesito, a Conlute seja a única oposição às forças de situação no movimento estudantil que possui uma política de comunicação competente dentro de suas limitações. Ainda que invariavelmente leviano em seus posicionamentos, pois desejam uma nova UNE sem fazer uma proposta do que deveria ser essa nova UNE, apenas agredindo inconseqüentemente as forças políticas que a compõe. Quando se acessa a página ou quando se adquire um jornal desse movimento-entidade, pode-se ter certeza que se trata de uma opinião completamente contrária a todas as organizações políticas que compõem a União Nacional dos Estudantes. Isso faz com que sua maior virtude seja, ao mesmo tempo, seu maior vício.
A crítica sistemática feita pelo Conlute/PSTU ao movimento estudantil, na prática, usa a UNE enquanto cavalo de tróia para combater as forças políticas estudantis. Quando se ataca a UNE, na opinião deles, leia-se um ataque ao PCdoB, ao PT, ao PMDB, ao PSOL, ao PCB, e assim por diante. Eis o maior vício do Conlute/PSTU, se ele combate tão somente as forças políticas, logo, ele luta pelos cargos ou pelo comando dos cargos das entidades estudantis. Sua sistemática, e por vezes competente, oposição se utiliza de argumentos como "peleguismo", "entreguismo", e tantos "ismos" da UNE, porém não elabora uma proposta sequer tomando por base os anseios estudantis. Não elabora uma contra-proposta sequer de oposição às idéias majoritárias do movimento estudantil, pois se limita a apontar defeitos nas organizações alheias enquanto arauto da moralidade política "de esquerda". Quer a direção das entidades, ao mesmo tempo, polícia da esquerda.
Quando li o título do artigo "Por uma nova concepção de política de finanças no movimento estudantil" na página do Conlute (http://www.conlute.org.br/artigos/13rifas.htm), pensei: será que finalmente uma proposta, um debate real, uma contra-proposta a um problema de fato do movimento estudantil? Teríamos, enfim, um debate real com o Conlute/PSTU acerca dos problemas do movimento estudantil? Enfim, um verdadeiro debate de idéias, baseadas em ricas experiências de luta, com todas suas vitórias e frustrações? Será que meu próximo artigo será sobre uma transformação política do Conlute/PSTU a ponto de mudar todas as considerações sobre ela até então?
O movimento estudantil precisa, urgentemente, de uma nova concepção de política de finanças. Não há independência política sem autonomia financeira. Nada é de graça em nosso país, sempre há alguém que paga pela gratuidade de algo. O jornal, a revista, o caminhão de som, enfim, tudo o que o estudante recebe "de graça" da UNE ou qualquer outra entidade estudantil tem, no mínimo, que ter sido pagas pela UNE ou qualquer entidade estudantil. Quase todas entidades estudantis adotam uma postura mendigante de arrecadação, além de pragmáticas quanto ao seu quase nenhum planejamento além do curtíssimo prazo. Logo, tornou-se incompatível representar o estudante de maneira mendigante. É necessário estabelecer políticas mais ousadas tanto para a arrecadação, captação de recursos, como também mais planejadas, visando o médio e o longo prazo. Ser competente na captação de recursos e superar a praticamente tradicional condição de mendigante financeiro.
Eis que o debate se estabelece no tocante limites tanto na arrecadação, captação de recursos, quanto no gasto e planejamento. Atualização e aperfeiçoamento dos atuais métodos de captação de recursos, e planejamento de novas outras formas. Introduzir também elementos financeiros como o investimento, a poupança, enfim, fazer com que o dinheiro mantenha todas as necessidades das entidades estudantis sem esgotar suas reservas. Tudo isso sem a intenção de lucro, o que além de proibido, é avesso à existência das entidades representativas. Além da fundamental transparência em todas contas e atividades financeiras.
Realmente cheguei a pensar que o Conlute/PSTU iria debater o assunto, mas um banho de água fria me trouxe à realidade: bastou começar a ler o artigo para relembrar que eles não lutam pelos estudantes, eles lutam é pela direção das entidades dos estudantes. Eles não debatem problemas do movimento estudantil, eles debatem sobre o problema deles não dirigirem o movimento estudantil.
O artigo acusa a UNE de ter perdido sua independência e ter se burocratizado devido o recebimento de recursos do Estado e de convênios com empresas privadas. E apontam como solução, "uma nova concepção de finanças" segundo a autora do artigo, a velha mendicância das entidades, baseada na arrecadação de fundos através da contribuição dos próprios estudantes por meios de rifas ou similares (se bem que essa proposta não é feita diretamente para a UNE, como podemos ver no artigo, mas para o Conlute, mandando de vez às favas qualquer possibilidade de coerência do texto).
Ora, se o que determina se uma entidade está desse ou do outro "lado da força", seguindo o raciocínio do próprio artigo, é sua saúde financeira e a fonte de sua arrecadação, logo seria o bastante se cada estudante contribuisse regularmente para com suas entidades e a permanência desse lado da "força" estaria garantida. Agora, mostre-me uma única entidade estudantil que possui saúde financeira através de contribuições espontâneas dos próprios estudantes, que eu mostro um homem que compra revista masculina unicamente pelas suas entrevistas e nem sequer dá uma olhadinha nas fotos de mulher pelada.
Saúde financeira nas entidades estudantis por intermédio de contribuição dos próprios estudantes nem mesmo a carteirinha é capaz de garantir. As poucas entidades que conseguem sobreviver com saúde financeira por via da contribuição estudantil regular, invariavelmente, é por ter um acordo com a universidade que coloca no boleto da mensalidade a contribuição mensal, e é claro, com um sistema para lá de burocrático para que se evite que o estudante decline de contribuir. E isso não garante a independência, pelo contrário, é mais fácil manter-se submisso à reitoria a enfrentá-la e correr o risco de romper com esse acordo. Isso sem falar em inúmeros exemplos de entidades que possuem uma luta quase mortal entre seus diretores pela administração dessa arrecadação, tornando-se extremamente antidemocráticas suas gestões.
É claro que a contribuição do estudante é fundamental, mas não para a saúde financeira da entidade, mas, além da questão da contribuição ideológica (você só contribui com aquilo que acredita), por questão de "lastro" político-financeiro. Sobre esse último, por exemplo, o chamado patrocínio das carteiras estudantis consiste, geralmente, na seguinte política de troca: a empresa paga o comercial, a entidade se obriga em divulgar a propaganda. Nada mais do que isso. Caso a empresa queira algo a mais e que represente perigo para o estudante, a entidade terá condições financeiras para ficar com um patrocínio menor ou mesmo sem patrocínio nenhum até que alguma outra empresa aceite tão somente os termos que a entidade deseja.
Por fim, as verbas do Estado não são doações e nem troca de favores. São todas perfeitamente legais e previstas para entidades representativas em seus projetos sociais. O movimento estudantil deve é aprender como funciona esses sistemas em todas as esferas públicas, pois quem usa esse sistema hoje são justamente os inimigos dos estudantes. Sem as entidades estudantis para disputar tais verbas, essas irão integralmente para qualquer outra entidade representativa, que hoje hegemonicamente vai para as entidades mantenedoras de instituições pagas de ensino. E o que o governo pede em troca é prazo cumprido e prestação de contas. A contra-partida não se encontra no acordo, mas na aprovação do projeto. Ora, o movimento estudantil luta, põe milhares de estudantes nas ruas, fazem mudanças acontecer nos governos e no Estado, nada mais do que justo que seus projetos sejam financiados por essas mudanças.
Agora, a torpe visão da Conlute/PSTU não confia nem mesmo no debate do próprio movimento estudantil. Teme manipulações em todos os cantos, pois, na visão deles, se eles não dirigem, tudo é manipulado. Se recebe dinheiro do Estado, é por ter passado para o outro lado da força (gostaria de saber se o PSTU já recusou, alguma vez, de receber o fundo partidário para justificar essa postura).