Talvez igualável apenas pelo "Pasquim", a revista MAD foi marcante para a história do Brasil. Ao encontrar o sítio não-oficial da Revista Mad, (http://www.micromania.com.br/), onde se encontram todas as capas publicadas no Brasil desde sua primeira edição, passei a respeitar mais essa revista. Ela foi marcante, e suas capas ilustram com maestria excelentes passagens da minha vida. Compartilho com meus amigos e amigas um pouco sobre mim, ilustrado por algumas capas da revista MAD...
Ósculos e amplexos
Michael Genofre
[PS* Antes que me perguntem, adorava as charges de canto de página do Don Martin, mas meu preferido era o Spy vs Spy]
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Setembro - 1978: Óbvio que não me lembro dessa publicação, apenas está aqui por referência ao mês que nasci. Uma das principais características da MAD é o de ilustrar em sua capa aquilo do qual é o maior assunto pop do momento. "Os Embalos de Sábado à Noite" viriam a se tornar um ícone no Brasil e no mundo. Quem não se lembra ou satiriza os passinhos de Travolta até os dias de hoje? E, segundo minha irmã, estreou no começo de setembro em Curitiba, Cine São João, na época, o maior cinema da capital paranaense [careço de uma fonte oficial, mas vou procurar amanhã mesmo na Biblioteca Pública sobre essa confirmação].
Outra coisa digna de nota: lembrem-se que é uma revista completamente anárquica, que teve sua publicação no Brasil nascida em meados da década de 70, pleno período de chumbo no país.
Março - 1985: Senhores do juri, admito, eu dançava igualzinho aos Menudos, e peço-vos que "no me reprima". Aliás, trata-se de um período valioso para mim, pois os quatro irmãos moravam juntos na mesma casa. Assistia "Perdidos na noite" com meu irmão Moacir, e comendo suas deliciosas panquecas doces (que ele chamava de vira-prato); Viva a Noite com a minha irmã Fátima (do Gugu Liberato, e a dança do passarinho "tchu-tchu-tchu-tchu"); e ensaiava os passos de Rick, Robin, e compania com a minha irmã Mara. Quem nunca pagou um mico com boy band que atire a primeira pedra!
Neste mesmo ano, o comecei a me interessar por futebol, o Coritiba sagrara-se campeão brasileiro de futebol, e no cinema, assisti "Goonies".
Dezembro - 1985: Desculpem-me o salto no tempo, mas somente com sete anos de idade é que a televisão passou a fazer parte da minha vida com maior intensidade. E foi com o fenômeno de Roque Santeiro que a tele novela entrou na minha vida. Hoje, não suporto nenhuma, e até me irrito com diversas delas. Mas lembro-me que, naquela época, foi uma novela de enorme duração, se não me falha a memória, durou mais de um ano (contrariamente aos tradicionais nove meses que geralmente duram as novelas). Lembro que a viúva Porcina chamava o sinhôzinho Malta igualmente a um cachorro, e se tratava do sujeito mais malvado de todo o elenco. "Tô certo ou tô errado?".
Lembro-me de minha primeira televisão. Ela era preto em branco, trocava-se o canal na própria televisão, e toda vez que se fazia isso, tinha que mover uma espécie de anel que existia no próprio botão de canais para melhor sintonizá-los. Ah! Sem se esquecer da palha de aço na antena para "melhor nitidez". Quando desligava a televisão, ficava um ponto claro bem no meio da tela que foi o responsável por alguns sustos em meu quarto! Senão me engano, essa televisão era de meu irmão, e que por algum motivo foi parar sob meus cuidados. Na sala, havia uma televisão gigante, colorida, hoje comparável com as de plasma. Na época, artigo de luxo na maioria das casas brasileiras.
Abril - 1987: A televisão influenciava por demais a minha vida, e acho que a de todos os brasileiros. Pela televisão comecei a me interessar por política, afinal, a idéia de uma constituinte num Brasil democrático mexia com corações e mentes em todos os lares, e lá estava o jornal mostrando os bastidores. Havia uma infantil e saudável brincadeira entre meus amigos sobre o que deveríamos colocar na Constituição. Era algo como se você se perguntasse o que faria caso ganhasse na loteria. Imaginávamos capazes de elaborar leis e mais leis, e assim brincávamos de deputados da constituinte. Todos os estudantes deveriam ter o direito a um recreio de uma hora! Era a minha proposta.
A Aids estava também muito presente em nosso cotidiano. Na época, acreditava-se que se tratava de uma doença de homossexuais ou de quem usava drogas, mas a loucura ultrapassava o preconceito, e enxergavamos a possibilidade de se pegar Aids até mesmo jogando bola. E tomei contato com meu primeiro som musical, vamos dizer assim, adulto, com Cazuza.
Março - 1989: Eu ia colocar a capa de minha primeira edição lida do MAD, mas, para que esse post não fique ainda mais comprido, resolvi dar mais um salto no tempo. Para explicar essa capa, eu precisaria colocar mais algumas outras, a fim de que possam ver o galope da inflação. Mas a coisa pode ser explicada mais ou menos assim. Ao se observar as capas do governo Sarney, notamos que o valor da revista subia sempre Cz$ 20,00 (Cz$ = Cruzado) de uma edição para outra. Nos quatro meses que antecederam essa edição, a inflação fazia com que o preço da revista galopasse em média Cz$ 100,00. Com o Cruzado Novo, a revista passou a custar NCz$ 0,59 (Cruzados Novos), uma operação bastante simples: cortavam-se os três últimos zeros do antigo cruzado, e tinha-se um cruzado novo. Essa capa foi fantástica, pois a catástrofe do naufrágio do Bateau Mouche (o Titanic Tupiniquim) ainda estava vivo em nossas mentes, e mais um plano havia sido publicado (e mais uma vez o povo brasileiro dizendo que não iria dar certo). 1989 foi o ano em que eu fui para meu primeiro congresso estudantil, e também foi o ano de minha primeira eleição de grêmio, que infelizmente, perdi. Minha chapa? Chamava-se "Força Jovem", que perdeu para a chapa "Poder Jovem". De lá para cá, coleciono nomes de chapas nada criativas.
Outubro - 1992: Realmente, poderia escrever sobre praticamente cada capa do MAD. Aliás, pretendo fazer um livro sobre a minha vida, e pretendo ilustrar com alguma referências daquela época. Escolhi dar um salto para o significativo ano de 1992 para mim. Haviam diversas capas que eu poderia colocar para ilustrar o ano de 1992, mas escolhi essa pela lembrança que o fenômeno Família Dinossauro foi para mim. Eu lembro que eu saia correndo da escola para chegar a tempo para ver esse programa. Foi no ano de 1992 que eu "fugi" de casa, para morar alguns meses com minha irmã; foi o último ano de vida de meu pai; eu e minha mãe passávamos por um de nossos maiores apertos financeiros de nossas vidas e morávamos em uma kitinet do qual dividíamos espaço com o ateliê dela; foi o ano do Fora Collor, e que eu considero que de fato passei a militar no movimento estudantil, o início de uma jornada de 16 anos; minha primeira namorada; minha inicicação sexual (que não foi com a primeira namorada); alguns de meus melhores amigos conheci nesse ano e eles estão comigo até dias atuais; primeiro porre; primeira grande bobagem de adolescente ... ufa! Considero o ano de 1992 o ano em que acabou a minha infância!
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Queridos amigos....
Resolvi parar um pouco aqui, em 1992... A cabeça está já doendo de tantas histórias. Mas, irei escrever mesmo meu livro com as ilustrações que eu for encontrando. Algum dia, publico aqui o restante de minha história.
Ósculos e amplexos!
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