17 julho 2008

A primeira avaliação de vinhos.










Sempre fui um admirador de vinhos, porém não muito culto acerca das maravilhas da enofilia. Obviamente que colecionava alguns gostos particulares sobre esse ou aquele vinho, e notava que alguns eram simplesmente esplêndidos em relação a tantos outros. Ainda que não entendesse o motivo, tinha sempre aquela sensação de que muito mais havia em uma garrafa de vinho do que pode explicar nossa vã filosofia. E nada como um enófilo casar-se com uma grande amiga para que esse eterno curioso unisse a admiração por vinhos e a paixão por se inteirar mais intensamente sobre um assunto. O resultado: a admiração tornou-se uma verdadeira paixão, e a curiosidade um desafio para a intelectualidade.
Caneta, muitas perguntas bastante óbvias para quem já está inteirado do assunto, e um apetite por conhecimentos, além da paciência de meu cunhado (uma vez que essa amiga me trata como irmão) em me explicar com riquesas de detalhes acerca do vinho, arrisquei-me nessa aventura de avaliar o objeto de minha mais nova paixão.
Assim foi mais ou menos a história desse neófito na enofilia, falta o encontro com o primeiro desafio: avaliar o primeiro vinho. Essa amiga-irmã, Queisse, indicou-me o Marques del Turia, Bobal-Syrah, 2006 pela relação custo-benefício. A coisa já apertou no início, com a falta de conhecimento da cepa Bobal, ao passo que diversas Syrah, boas e ruins, já haviam passado por mim. Mãos à obra, pesquisa e anotações, cheguei a um resultado bastante consensual entre os valencianos (uma vez que se trata de uma cepa superdifundida na região, e apenas um pouco em mais dois lugares na Espanha): para se entender o Bobal, o vinho costuma ser de baixa graduação alcoólica, e o próprio álcool deve passar desapercebido pela boca. Entretanto, deve se manter um certo tempo no decanter a fim de suavizar o paladar na medida em que vai trabalhando o vinho. Na mistura com o Syrah, essas características devem permanecer, entretanto, o que irá destinguir um bom vinho de um médio dessa mistura será o tanino mais suave, uma acidez um pouco acima do normal para um Syrah, e uma certa corpulência do vinho.
Foi justamente nas características específicas da mistura que Marques del Turia Bobal-Syrah 2006 decepcionou. Um tanto aguado, magro e de lágrimas bem desinteressantes, e sua cor violácea ainda que límpido, apontando talvez sua breve imaturidade. O buquê (desculpem-me os mais contemporâneos, mas prefiro buquê a nariz por meras questões estéticas, e até ontem eu mesmo falava apenas nariz do vinho) é de início, bastante intenso, entretanto, quando o vinho está apto para o paladar, o buquê simplesmente se torna confuso, não complexo, confuso mesmo. Destaca-se o tradicional: frutado, frutas vermelhas com um pouco de café. Adstringente e de permanência média e, realmente o álcool passa bem desapercebido, ainda que sua graduação com a mistura tenha aumentado dos típicos 11% Vol. do Bobal e ido aos 12,5% Vol. Compensa apenas pela relação custo-benefício (R$ 12,99 no Angeloni), pois o vinho é médio. Não me arrisco numa nota ainda, mas na classificação de meu cunhado (o marido da Queisse), Leonardo Araújo, não chegaria mesmo aos 80,0 pontos.

2 comentários:

Leonardo de Araújo disse...

Boa Michael. O melhor caminho nos vinhos é o do estudo, o das provas e o de tomar notas.
Mesmo com "litros nas costas" e com tempo de pesquisa, essa semana estive numa degustação desafiadora.
Continuo na luta, aprendendo muito e me deliciando com os vinhos.

Brindes
Leonardo
Viva o Vinho!

Queisse disse...

Olá, Michael!!!
Que bom que você está postando sobre os vinhos... gostei bastante!
Agora temos que ver a nossa agenda, né, maninho???
Beijos grandes de saudades (já!!!)
e brindes!