14 julho 2008

Solidariedade aos trabalhadores de campo





Eu ia novamente escrever sobre impressões de nossas eleições municipais, especificamente na minha querida capital paranense. A total ausência de maturidade dos partidos políticos seria o tema e uma tentativa de explicação pela completa superficialidade dos candidatos e candidatas, princiapalmente prefeituráveis para o pleito desse ano. Porém, deixarei para o próximo "post", uma vez que uma outra avaliação tornou-se mais atrativa para esse que vos escreve. No dia de hoje, os trabalhadores dos Correios fizeram uma inusitada manifestação na Boca Maldita. Eles querem adicional por periculosidade, e colocaram um cachorro treinado para mostrar aos transeuntes os riscos que o trabalhador de campo corre todos os dias e sem nenhum adicional por isso.
Imediatamente lembrei-me dos tempos em que eu era um trabalhador da Sanepar, leiturista. Caminhava de oito à dez quilômetros por dia, visitando cerca de quatrocentas residências, comércios ou indústrias em toda Curitiba e Região Metropolitana. De Piên a Adrianópolis, de Campo Largo a Itaperuçu, todos os dias carregando um trambolho para lá de ultrapassado e que pesava 3,5 quilos (mas que no fim do dia parecia ter aumentando uns dez quilos), um sapato apto para trabalhos pesados, preferencialmente em um canteiro de obras, um uniforme resistente inclusive ao calor e ao frio (pois quando fazia calor, passava ainda mais calor, e quando frio, passava ainda mais frio), e tudo isso com um sorriso no rosto para bem recepcionar os nem tão bem humorados clientes da empresa de saneamento. Além de tudo isso, haviam cachorros, marrecos, touros, e até avestruzes para atentar contra a saúde ou, no mínimo, contra a integridade física do trabalhador. E tudo isso numa jornada de trabalho de insuportáveis oito horas.
É essa a realidade de todo leiturista, carteiro, e demais trabalhadores de campo. E realmente merecem adicionais por periculosidade, e em alguns casos até de insalubridade (novamente lembrando de meus colegas da Sanepar que, por não lidar diretamente com o esgoto, mas indiretamente apenas, não possuem direito algum sobre insalubridade). E, quando se entra em greve, estampam em nossa cara que queremos apenas melhorias de salário (como se já se ganhasse grandes coisas), quando é a própria dignidade do trabalhador que está sendo reivindicado. A greve dos Correios é justa, por mais incovenientes que causam a ausência de seus serviços. O respeito ao trabalhador é questionado diariamente na labuta desses profissionais nem sempre valorizados.
Aos trabalhadores e trabalhadoras de campo, minhas totais solidariedades!

Um comentário:

Kampos disse...

Olá!!

Sou Karlo Campos (Kampos), o criador da série de tiras em quadrinhos VIDA DE LEITURISTA. Me deparei com meu desenho em seu blog e fui ler. Realmente, os Leituristas e carteiros mereciam ganhar melhor, pois os riscos são enormes.
Convido vc a entrar e conhecer meu blog VIDA DE LEITURISTA www.vidadeleiturista.blogspot.com