31 agosto 2008

ENEM 2008 - Fácil, porém cansativa!



Desde que o ENEM virou pré-requisito obrigatório para disputar as bolsas do PROUNI (que queixem os mais fundamentalistas, mas é hoje a melhor opção para o trabalhador fazer uma faculdade), seu interesse por estudantes em todo o país cresceu em progressão geométrica. Nessa edição, realizada hoje, eu fui um dos mais de quatro milhões de estudantes que sofreu por horas e horas numa cansativa prova de 63 questões e mais uma redação.


Não desejo opinar sobre o processo, nem tampouco sobre os ônus e bônus do ENEM. Gostaria apenas de expressar minhas opiniões específicas sobre a prova propriamente dita.


A preocupação com o meio-ambiente é o grande tema do ENEM, como todo mundo sabe. Foram sete edições, das onze realizadas e contando com a de hoje, em que tanto a redação quanto boa parte das perguntas objetivas versaram algo sobre o meio-ambiente ou esse serviu para ilustrar algum outro tema. A introdução de novos valores acerca do porquê preservar a Amazônia, tanto do aspecto de sobrevivência humana, quanto por motivos econômicos e estratégicos, fizeram com que diversas perguntas, e algumas delas realmente inteligente, colocasse um "bocadinho" de opinião não-imbecilizante nas cabeças de nossos futuros vestibulandos e vestibulandas. As perguntas "dadas", tradicionais em qualquer prova, avisavam qual era o pensamento reinante em toda a prova: quem "fabrica" chuvas no Brasil, em quase todo o território nacional, é a floresta tropical amazônica. Que tão somente uma preservação sustentável não basta, mas que não se pode também preservá-la de maneira intacta. Ao mesmo tempo, que cada floresta brasileira tem sua particularidade e que nem todas são capazes de um crescimento sustentável. E, por fim, a solução está longe de um consenso. E, de brinde, o estudante teria uma redação para concordar com isso, ou praticar pura metafísica com argumentos de que é possível qualquer solução imediata.


Sobre esses aspectos, achei a prova bastante inteligente. Interdisciplinar do começo ao fim, algumas questões mais complicadas, muitas fáceis e que dependiam apenas de uma boa dose de paciência e atenção na leitura das questões, a alguma ridículas de tão simples (alguns gráficos que me lembraram aquele livro "onde está o Wally", cujo único desafio era encontrar no próprio gráfico o valor desejado, sem conta alguma ou sem maiores teorias em suas interpretações). Por outro lado, 63 questões e mais uma redação em um prazo de seis horas é realmente massacrante para o estudante. Para se responder cada questão com toda atenção desejada, o ideal seria que o estudante tivesse pelo menos cinco minutos em média para cada questão e mais duas horas pelo menos para a redação, com um intervalinho de uns 15 minutos entre uma parte e outra, com direito a troca de opiniões para refrescar a cabeça (utilizando a simples matemática, daria um total de 5 horas e 15 minutos para as objetivas, mais 15 minutos de intervalo, e mais duas horas para a redação, formando um total de sete horas e meia). Ou melhor ainda, diminuir para 30 questões e uma redação seria o ideal para as seis horas de prova.


Ainda não sei se fui bem ou mal. Quando faço a prova, costumo esquecer dela e aguardar o resultado. Para não ficar sofrendo com o gabarito. Mas, como tenho o hábito de ler toda a prova antes e eleger uma prioridade (começo pelas mais difíceis, por ter todo o tempo do mundo), para depois partir para as mais fáceis, e então, vou no banheiro, lavo o rosto, dou um tempo, e volto novo para a redação; fiquei quatro horas e meia na prova e mais trinta minutos na redação. Cinco horas de prova, e isso porque simplesmente não dei toda a atenção do mundo para aquelas que elegi como mais fáceis por não mais aguentar todo aquele massante ataque ao meu intelecto.


Realmente muito cansativo. Nem mesmo aquelas mesinhas com bolachinhas para "gentilmente" realimentar a carência por glicose tinha no ENEM. E a pressão para que não se leve nada é igual a qualquer concurso ou vestibular. Só podia água ou comer no banheiro - o que não é nada agradável (depois descobri que apenas a minha sala é que estava com essa tirania toda, pois os demais estudantes falavam que comeram e beberam tranqüilamente).


Enfim, inteligente, relativamente fácil, porém bastante cansativa essa edição do ENEM. Quando sair o meu resultado eu farei questão de publicar nesse blog. Mas, por enquanto, fica apenas as minhas impressões.


Ósculos e amplexos.

4 comentários:

Queisse disse...

Poutz, que loucura!
Bom, depois disso tudo, espero que tenha ído bem, ainda mais por eu ter dado o "furo do século" e não ter ficado com a Rachel! Risos...
Pilantragens minhas à parte, o sistema de avaliação está arcaico e a organização não evoluiu muito, também... lamentável!
P.S. o meu blog tá liberado, ok?
Bjs

Marc Sousa disse...

Apesar da prova ainda ser um processo de avaliação da educação que permite rankeamento, e não avalie a escola como um todo, como você bem disse, o enem permite o acesso às salas de aula universitárias, dai a sua importância.

Boa sorte no resultado da prova.

Abraço

Guilherme Artigas disse...

Cara, num dos vários vestibulares dos quais participei, li duas ‘resenhas’ das provas, assinadas por aqueles professores performáticos que ganhavam até apartamento para sair do Positivo e ir para o Expoente e tal,,, tinham status de craque com o passe disputado. Um babaquismo.
Foi decepcionante. As mesmas piadinhas ensaiadas, auto-promoção do tipo:”eu avisei que ia cair!” Poucas sacadas e quase nenhuma avaliação sobre as preocupações e temas incluídos no conteúdo da prova. Foi inútil.
Apesar de muito tempo ter passado e seu objetivo ser diferente do deles, lembrei disso e a comparação foi imediata.
Você teve olhar analítico digno. No começo pensei: porra, esse lunático sofreu horas na prova e ainda se propõem a tratar sobre ela tecnicamente. Nada mais têm o que fazer na vida. O cara devia deixar esse texto a cargo de algum professor ou pedagogista caga-regra.
Mas, na verdade, esse texto só teria pegada e os culhões necessários se fosse feito por alguém que fez a prova, e como pouquíssimos, refletiu sobre o contexto em que estava inserido. Uma bela atitude crítica.

Anônimo disse...

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