Não há como passar em frente e não lastimar que alí havia um cinema. No gigante Cine São João assisti meu primeiro filme (A História sem Fim, 1984) e que desde então só tenho alimentado essa paixão pelo cinema. Hoje, o antigo gigante é uma minúscula portinha de um cineminha pixulé e que só passa filme pornô - e que me recuso a entrar, apesar da curiosidade em saber se lá dentro as coisas também sofreram maiores intervenções. O mesmo rumo teve os cines Lido1 e Lido2, onde passavam os blockbusters que marcaram a geração "coca-cola" dos anos 90. Quando não se entregaram para a exibição de pornografias, os cinemas curitibanos se transformaram em igrejas. Até mesmo os "cabeças", da Fundação Cultural de Curitiba, como o cine Luz e o Ritz hoje são passado.
Meu pai muito me falava da Cinelândia Curitibana, que conheci na década de 1980 já em decadência. Era composta pelos "cines" São João, Astor (que naufragou junto com o Titanic, 1997), Condor, Lido(s), Plaza, Bristol, e Avenida. Ao longo da década de 1990 o glamour das salas de cinema foi se perdendo de vez: aos poucos iam se transformando em bingos. E com a chegada do Shopping Curitiba, veio a modernidade: as salas de cinema em Shopping.
Na verdade, as salas de cinema em shopping não foi bem assim uma novidade, pois no Shopping Itália havia o cine Itália e o Palace Itália (que ficava na cobertura do arranha-céu do CCI, e que passavam os melhores filmes de terror e à meia-noite), e no Shopping Água Verde até hoje sobrevivem os cines Água Verde (1 e 2). Mas o conceito de sala de cinema que virou coqueluche no Brasil veio com o Shopping Curitiba e logo após com o Crystal e o atual Estação. Depois disso, nunca mais o cinema curitibano foi o mesmo.
Perdemos muito em glamour, ganhamos em qualidade e rotatividade de filmes. Perdemos o ritual que se era necessário para assistir a um filme, ganhamos em segurança (somos assaltados agora pelo preço dos ingressos, mas não mais por punguistas na fila). Entre ônus e bônus, segue abaixo minha avaliação das salas de cinema de Curitiba.
CINEMARK MÜELLER: apesar desse shopping ter perdido seu título de mais luxuoso de Curitiba, continua sendo o principal shopping da juventude curitibana. Talvez somente o Estação consegue reunir tamanha juventude. E isso faz com que você assista em uma sala da rede Cinemark (que é idêntica em qualquer lugar) com um montão de joves sempre. E, talvez pela agitação da idade e da necessidade de auto-afirmação de alguns mais empolgados, paz e tranquilidade é coisa impossível. Tem também uma limpeza que deixa bastante a desejar, assim como o atendimento - fruto de um visível número insuficiente de funcionários explorados "até o talo".
CINEMARK BARIGÜI: como todo Cinemark, é idêntico ao do Müeller inclusive na visível insuficiência de funcionários. Porém, por ser no atual shopping mais luxuoso da cidade, tem-se um público bastante complicado e com "tipinhos" cansativos de se aturar. Explico: não houve uma vez sequer que eu fui lá e não vi alguém dando escândalo na fila do ingresso por algum motivo bobo sequer. Não houve uma vez sequer que eu fui lá e não vi pelo menos uma vez alguém em um poderoso telefone no meio da sessão. E tive que me render ao barulho enlouquecedor da pipoca, pois o pessoal lá come pipoca como se não houvesse o amanhã. Por outro lado, a rotatividade de filmes lá é interessante, e muito do que já saiu de cartaz ainda resiste por lá.
Unibanco Crystal: não é o mais luxuoso, mas é o shopping mais requintado no que diz respeito ao seu público. É o shopping da semana de moda de Curitiba e está localizado em um dos bairros mais charmosos de Curitiba. Seu cinema tem um público mais "cabeça" e sua estrutura é suficiente para os mais cinéfilos. Mas, por ser antigo, peca na estrutura em diversos pontos. A tela não é das maiores e os bancos são um pouco desconfortáveis, ambos comparados, por exemplo, ao cinemark (que possui a melhor relação Tela e Poltrona das salas de cinema). Seu ingresso possui um precinho justo e o número de funcionários, também explorados "até o talo" pelo menos é suficiente.
Shopping Novo Batel - Creio que está para nascer shopping mais charmoso que o NovoBatel. Ao lado do Crystal, possui porém um público consideravelmente diferente: a ausência de público. Você se sente um pouco solitário lá dentro. E a depressão se aprofunda na medida em que vai descendo as escadas rumo a bilheteria. E termina por ser enterrado em uma sala com estrutura fraquinha e bastante insuficiente até mesmo para os poucos exigentes. O lado bom é que o irritante barulhinho da pipoca inexiste.
[continua]
Meu pai muito me falava da Cinelândia Curitibana, que conheci na década de 1980 já em decadência. Era composta pelos "cines" São João, Astor (que naufragou junto com o Titanic, 1997), Condor, Lido(s), Plaza, Bristol, e Avenida. Ao longo da década de 1990 o glamour das salas de cinema foi se perdendo de vez: aos poucos iam se transformando em bingos. E com a chegada do Shopping Curitiba, veio a modernidade: as salas de cinema em Shopping.
Na verdade, as salas de cinema em shopping não foi bem assim uma novidade, pois no Shopping Itália havia o cine Itália e o Palace Itália (que ficava na cobertura do arranha-céu do CCI, e que passavam os melhores filmes de terror e à meia-noite), e no Shopping Água Verde até hoje sobrevivem os cines Água Verde (1 e 2). Mas o conceito de sala de cinema que virou coqueluche no Brasil veio com o Shopping Curitiba e logo após com o Crystal e o atual Estação. Depois disso, nunca mais o cinema curitibano foi o mesmo.
Perdemos muito em glamour, ganhamos em qualidade e rotatividade de filmes. Perdemos o ritual que se era necessário para assistir a um filme, ganhamos em segurança (somos assaltados agora pelo preço dos ingressos, mas não mais por punguistas na fila). Entre ônus e bônus, segue abaixo minha avaliação das salas de cinema de Curitiba.
CINEMARK MÜELLER: apesar desse shopping ter perdido seu título de mais luxuoso de Curitiba, continua sendo o principal shopping da juventude curitibana. Talvez somente o Estação consegue reunir tamanha juventude. E isso faz com que você assista em uma sala da rede Cinemark (que é idêntica em qualquer lugar) com um montão de joves sempre. E, talvez pela agitação da idade e da necessidade de auto-afirmação de alguns mais empolgados, paz e tranquilidade é coisa impossível. Tem também uma limpeza que deixa bastante a desejar, assim como o atendimento - fruto de um visível número insuficiente de funcionários explorados "até o talo".
CINEMARK BARIGÜI: como todo Cinemark, é idêntico ao do Müeller inclusive na visível insuficiência de funcionários. Porém, por ser no atual shopping mais luxuoso da cidade, tem-se um público bastante complicado e com "tipinhos" cansativos de se aturar. Explico: não houve uma vez sequer que eu fui lá e não vi alguém dando escândalo na fila do ingresso por algum motivo bobo sequer. Não houve uma vez sequer que eu fui lá e não vi pelo menos uma vez alguém em um poderoso telefone no meio da sessão. E tive que me render ao barulho enlouquecedor da pipoca, pois o pessoal lá come pipoca como se não houvesse o amanhã. Por outro lado, a rotatividade de filmes lá é interessante, e muito do que já saiu de cartaz ainda resiste por lá.
Unibanco Crystal: não é o mais luxuoso, mas é o shopping mais requintado no que diz respeito ao seu público. É o shopping da semana de moda de Curitiba e está localizado em um dos bairros mais charmosos de Curitiba. Seu cinema tem um público mais "cabeça" e sua estrutura é suficiente para os mais cinéfilos. Mas, por ser antigo, peca na estrutura em diversos pontos. A tela não é das maiores e os bancos são um pouco desconfortáveis, ambos comparados, por exemplo, ao cinemark (que possui a melhor relação Tela e Poltrona das salas de cinema). Seu ingresso possui um precinho justo e o número de funcionários, também explorados "até o talo" pelo menos é suficiente.
Shopping Novo Batel - Creio que está para nascer shopping mais charmoso que o NovoBatel. Ao lado do Crystal, possui porém um público consideravelmente diferente: a ausência de público. Você se sente um pouco solitário lá dentro. E a depressão se aprofunda na medida em que vai descendo as escadas rumo a bilheteria. E termina por ser enterrado em uma sala com estrutura fraquinha e bastante insuficiente até mesmo para os poucos exigentes. O lado bom é que o irritante barulhinho da pipoca inexiste.
[continua]
2 comentários:
Muito interessante suas colocações acerca dos cinemas da cidade. Concordo em muitos pontos (qualidade das salas, alto valor dos ingressos, nostalgia pelos cinemas de rua, má qualidade do Cinemark...). Pra mim, no entanto, a melhor rede de cinemas presente na cidade é o ainda não citado UCI. Preferencialmente o do Shopping Estação: salas amplas, ingresso rápido, preços mais baratos em alguns dias, ótima qualidade de som e imagem. Ao lado do IMAX, minha sala preferida para todas as semanas.
Flávio, obrigado pelas considerações. No meu post seguinte, opino sobre as salas citadas. Abraços
Postar um comentário