
Não sou fã dele, mas admito que gostaria de ir no show de Roberto Carlos. Queria, ainda, fazer um agrado para algumas pessoas queridas. Mas, o preço não compensa. Os ingressos custam de R$400,00 à 1200,00. Um preço acima do usual até para apresentações internacionais. Segundo nota da produtora de Roberto Carlos, Curitiba entrou no roteiro devido o carinho do cantor pelos fãs curitibanos. Mas, que por causa da estrutura do show, os elevados custos tiveram que ser repassados para o público.
O que chama a atenção nessa nota é a fórmula adotada para compor o preço. Fizeram uma pesquisa e descobriram que mais de 80% dos ingressos seriam comprados com carteirinha estudantil. Então, matemática básica: R$1.200,00 divididos por dois é igual à R$600,00; preço igual ao dos demais locais onde o show foi apresentado, exceto Florianópolis (que foi de graça).
Ora, a própria nota da produtora condena o evento por preços abusivos. Primeiro, o grande público de Roberto Carlos não é composto por maioria estudantil, o que justifica questionar a pesquisa feita. Segundo, o teatro que será utilizado será o da Universidade Positivo, que a cada dia que passa mostra que não tem intenção nenhuma em promover espetáculos para a comunidade acadêmica, mas para o público em geral e, assim, fazer publicidade de sua estrutura. E, agora o pior, transgride o motivo pelo qual o estudante deve pagar meia-entrada para eventos esportivos e culturais.
O papel do estudante é estudar. Quando ele recebe benefícios como a carteirinha estudantil, isso deve ser visto como um investimento e não como assistencialismo. O estudante que tem acesso facilitado à eventos como esse, divulga a cultura nacional, além de pesquisá-la, e será determinante para que o futuro profissional seja de horizontes amplos, e não aquele tradicional "bitolado" que em nada ajuda o país.
Utilizar do argumento de que o grande número de ingressos serão vendidos para estudante, e que isso deve ser adotado para compor o enorme preço do ingresso e um crime contra o estudante, além de um desrespeito ao curitibano. O cantor, que disse ter um enorme carinho por seus fãs curitibanos, acaba justamente maltratando seu público e o desrespeitando. Subverte a função da assistência estudantil, e colabora para que a cultura nacional ande para trás. E, considerando que o show será em um teatro universitário, se torna crime hediondo, pois uma mega estrutura paga pelo estudante (afinal, por mais que seja proibido, acabou sendo a mensalidade do estudante quem patrocinou a construção desse teatro), irá novamente passar longe da comunidade acadêmica.
Todos conhecem o grupo Positivo. Que possui uma das mais caras, mais distantes, e mais elitizadas universidades do Paraná; tradicional em desrespeitar a organização estudantil, evitando a todo custo que o direito de livre construção de Centros Acadêmicos seja exercida. Além disso, possui um dos maiores lobbies nacionais da educação (o que o movimento estudantil chama de "tubarão do ensino"). Trocando em miúdos, preço que desrespeita, universidade que desrespeita, cidade que desrespeita por não ter lugar para grandes shows. O curitibano não pode deixar passar batido!