08 agosto 2009

Um duro golpe nos estudantes paranaenses!


Hoje me uno em solidariedade aos estudantes secundaristas do Paraná que estão acampados no terreno onde se situava a sede da União Paranaense dos Estudantes Secundaristas, Upes.

Há dez anos atrás, eu e minha grei política da época ocupávamos aquela casa, em nome da Umesc (na época, União Metropolitana de Estudantes Secundaristas de Curitiba), Umes-Campo Mourão e diversos grêmios estudantis da capital, com o propósito de devolvê-la para os estudantes. Tratava-se de uma revolta política, interna entre as forças da própria entidade. Nosso grupo político não aceitava os abusos cometidos pela gestão que nos antecedera, tão pouco pela impunidade pelo qual foram eles todos tratados. Internamente, depois de muito confronto, chegando inclusive às vias de fato, a sede foi recuperada, mas nós fomos expulsos de dentro da casa. Mas, pouco tempo depois reinou a democracia, todas as forças frequentavam a sede juntos, discutindo como gestar a entidade e como promover os interesses estudantis. Na manhã de ontem, a essa casa foi derrubada. Uma outra espécie de oportunista invadiu e levou a sede embora: o especulador imobiliário.

A sede da Upes foi uma conquista estudantil, um símbolo do que o estudante é capaz de conquistar. Ela já foi muito mais bonita, quando era de material e seu terreno muito maior. Passou o tempo, a casa foi demolida e o terreno partido. Em cima do que sobrou, foi construída uma casa de madeira, daquelas bem populares, e tenho dúvidas até os dias de hoje se a casa foi inteiramente entregue e construída. Sempre houve espertalhões que desejaram o valioso terreno no bairro nobre do Juvevê. Principalmente nos tempos sombrios da ditadura militar, e nos tempos tenebrosos de FHC/Lerner.

Para mim, além das resistências, dos debates, dos inúmeros cursos de formação e conscientização política que ministrei ou participei naquela sede; lá fiz inúmeros amigos leais, conheci alguns verdadeiros amores em minha vida, tive experiências de solidariedade com vizinhos imensas, passei fome, frios, medo, mas também comi bem, me aqueci, me encorajei lá dentro. De tempos em tempos eu visitava a nova geração, e olhava orgulhoso alguns materiais do meu tempo que na sede estavam guardados. Lembrava a dificuldade que era confeccionar jornais, principalmente usando fotocópias, mimiógrafos (com aquele cheirinho dopante inesquecível), o que desse para enviar para o maior número possível de estudantes a nossa opinião (que nunca chegava devido imensas dificuldades políticas e também de logística de distribuição).


Como disse, uma sede é um símbolo. Ela acompanha o reflexo de como suas forças tratam o movimento estudantil. Hoje, pode-se dizer tranquilamente que apenas uma juventude política se importa com ela. E como uma andorinha apenas não faz verão, uma força política apenas não faz o movimento estudantil se fortalecer nem para defender seu próprio patrimônio. Vejo os tempos atuais desse movimento social que tenho tanto carinho, pois foi o meu umbral para o engajamento político, tenebrosos.

A atual diretoria não possui culpa nenhuma, talvez apenas a de não ter dinheiro para contratar dispendiosíssimos advogados para defender essa difícil lide histórica. É um passado maldito que herdaram de acumulados históricos de oportunismo e erros desenfreados. Em nome da democracia, talvez a minha geração teve mais culpa que a atual, pois, no enfrentamento contra os oportunistas, levamos socos e pontapés, e perdemos. Contribuímos, de certa forma, para que as gerações futuras fossem perdendo ainda mais coisas para os tubarões da lei do menor esforço.

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