22 agosto 2009

PEC do ensino fundamental de oito horas diárias.


Normalmente, eu aplaudo toda iniciativa que vise a melhoria do ensino no Brasil. Mas, a PEC do Deputado Felipe Maia (DEM-RN), aprovada pela CCJ da Câmara Federal, não é das mais felizes.

A PEC 317/08 prevê a obrigatoriedade do ensino fundamental ser de oito horas diárias, ou seja, a Constituição Federal deverá exigir que o ensino fundamental passe a ser obrigatoriamente integral em todo o país. O que chama a atenção é a de ser essa proposta uma de emenda constitucional, e não uma inclusão ao Plano Nacional de Educação de mecanismos para que isso aconteça.

A CCJ não rejeitou a PEC por não ter o que rejeitar. Constitucionalmente, é previsto a obrigatoriedade do ensino, porém nada diz sobre a carga horária mínima. E, ao mesmo tempo, na Carta Magna, nada impede de que a matéria seja incorporada. E, no PNE, é visível o desejo do país em aumentar a carga horária do ensino fundamental para, pelo menos, sete horas diárias, em ritmo e estrutura que o país consiga atender uniformemente.

O problema da PEC é a não definição de absolutamente nada. Simplesmente colocar uma ampliação dessa na Constituição Brasileira e solicitar para que leis complementares busquem a solução como estrutura e regras dessa ampliação é chover no molhado. Na melhor das hipóteses, implica no racionamento de vagas, pois o sistema de ensino brasileiro ainda não comporta dobrar as vagas existentes e, obviamente, acabará tendo que cortar as vagas pela metade para atender a exigência constitucional. Atualmente, menos de meio milhão de estudantes estão no ensino integral, seja público ou particular; menos de 1,5% da população estudantil.

Além de ser uma PEC bastante questionável, e desnecessária devido o PNE buscar essa ampliação aos poucos e no ritmo adequado, essa PEC ainda não diz a sua intensão real. O legislador não informa para que deve servir essa ampliação de horário, além de tomar como pressuposto que todos os estudantes, mesmo os mais necessitados, possuem esse tempo assegurado e garantido em tempos atuais. Ou é isso, ou simplesmente o legislador deseja que o país adote uma postura paternalista, e não uma postura de investimento maciço na educação. E, ao adotar tal postura paternalista, é notório que inúmeras classes sociais irão sair prejudicadas.

De afogadilho, "forçando a barra", a educação brasileira não melhora. Forçar, nesse caso, significará aumento da evasão escolar. Não irá melhorar o ensino, mas o limitará. Aumentará o abismo entre pobres e ricos. Elitizará ainda mais a educação brasileira. Além de, tranquilamente, seguir no caminho oposto ao direito de educação enunciado na própria constituição brasileira.

2 comentários:

Unknown disse...

Oi beibe..
brigadinha pelo coments!
e adiciona a gente aí nos seus links ^^
vc estará nos nossos!
Daisy Kazienko

Luana Bonone disse...

Oi Michael!

Odeio correntes em geral... mas surgiu uma iniciativa entre blogueiros que achei bacana, pois se trata de um instrumento de divulgação de blogs, uma solidariedade quase militante entre blogueiros, então... te mandei um selo!

Confira em : http://versonotrombone.blogspot.com/

Saudações!

Luana Bonone