Xenofobia, medo do que é diferente. "É que Narciso acha feio o que não é espelho", como diria a música "Sampa". Sobre o que falo? Das tentativas parlamentares de se limitar o amplo acesso às universidades paranaenses aos estudantes de outros estados. Com o argumento de que o estudante "forasteiro" vem para cá, utiliza-se da estrutura das universidades estaduais, e volta ao seu estado de origem e, por isso, não gera riquezas para o Paraná, é que alguns Deputados Estaduais resolveram adotar medidas, no mínimo, xenofóbicas. Antônio Belinati (PP), por exemplo, utilizando-se do argumento acima, propôs à Assembleia Legislativa Lei que institui "cota" de 80% das vagas das universidades estaduais para os paranaenses.
O argumento, mais uma vez, além de xenofóbico, desconhece a função da universidade no Brasil. Mesmo que as receitas sejam providas pelo Estado do Paraná, sua função é a de promover o desenvolvimento técnico e científico brasileiro através do desenvolvimento do Estado do Paraná. Logo, dizer que o estudante de São Paulo, Santa Catarina, ou de qualquer outro estado seja sinônimo de desperdício de investimento público se esse estuda na universidade estadual é ser xenofóbico ou narcisista.
A diversidade estudantil oxigena a universidade. Faz com que experiências de outras culturas integrem a pesquisa acadêmica. Faz com que cursos como Medicina, por exemplo, seja obrigado a enxergar que o futuro médico deverá compreender que há inúmeras culturas no Brasil e ele terá que conviver com elas. Além disso, a quantidade de dinheiro que os estudantes de outros estados fazem circular no Paraná é desconsiderado pelo parlamentar. Ele recebe de seus pais, ele trabalha nas empresas daqui, ele compra livros aqui, ele aluga apartamentos aqui, ele abre contas bancárias por aqui, etc, etc, etc. Sem falar que, ao longo de sua vida acadêmica, vai criando vínculos com o Paraná, e pode, em um futuro próximo, ser justamente esse quem determinará se uma empresa multinacional irá se instalar em terras paranaenses.
Além disso, seguindo a mesma linha de raciocínio, o estudante paranaense que se formou aqui no Paraná vai se deparar com Lei que o obriga a manter-se no Estado? O estudante paranaense não migra para outros estados? Seremos um caso à parte no País, ou seremos brasileiros como todos os paulistas, cariocas, catarinenses, gaúchos, pernambucanos, etc?
Depois de dizer que o estudante paulista ou catarinense "rouba" vaga de paranaenses, o argumento xenofóbico pode tranquilamente ser estendido para o infinito absurdo. Depois de roubar vagas, roubará empregos, roubará esposas e maridos, roubará sua casa, e assim por diante.
Simplesmente um absurdo, senhor Belinati e senhores deputados que fazem coro a outras xenofobias. Querem resolver o problema, se isso for um problema, aumentem as vagas no ensino público, e melhorem o ensino fundamental e médio de nosso Estado para que possamos concorrer com melhores condições com o realmente injusto vestibular.
Nenhum comentário:
Postar um comentário