21 novembro 2006

Meu último sonho non sense.

Francamente, vira e mexe, tenho sonhos pra lá de non sense. Mas este se superou.

Enquanto Eleanor Rigby catava o arroz,
Padre Mackenzie guardava a prata.
Ela teve um final atroz,
E ele, disse uma homilia para o nada:

Quando tivermos sessenta e quatro anos não estaremos juntos, o aquecimento global derreterá nossos laços. Lucy, no céu, com seus carvões. Todos que você verá estarão adormecidos, mas não responderão o seu bom dia. Aquela invenção que substitui o combustível fóssil por elétrica criará tanta água de onde não existia que viveremos numa nuvem eterna. E o clube dos corações solitários mudará de nome, passará a ser união dos corações solidários. Eles farão um filme sobre um homem solitário, um novo mártir. Todos os dias, as noites serão ainda mais difíceis, e iremos continuar trabalhando como um cachorro. E, em casa, servirão-se de uma boa dose de “rhythm and blues” enquanto uma bomba nuclear, vindo da Coréia do Sul, atingir o coração da América do Norte. E, aplaudindo, estarão novamente na U.R.S.S; União das Repúblicas Socialistas Sulamericanas.

Não, não é o apocalipse. É apenas o mundo em seu apogeu. O Grand Canyon será um imenso milharal; a Amazônia marca registrada; e a Sibéria será a commodities mundial de cubos de gelo. A União Européia estará em conflito por conta da milésima tentativa de aprovar uma constituição, enquanto a Inglaterra continuará coroando a mesma família real. Descobrirão que as baleias falam, e em seu idioma, dirão aos homens “vão à merda”! A neta de Brigitte Bardot adotará um bom menino, coisa em extinção. A cirurgia plástica será item da cesta básica, e o pão será artigo de luxo. Tudo por conta da má administração dos trigais lunares, eleita em sistema de rodízio diplomático entre o clube das duas nações mais poderosas do mundo neo-liberal-pró-keynisiano.

O presidente da Suiça, último país neoliberal do mundo, será condenado à forca pelo movimento anti-terrorista ianque-anti-muçulmano. Motivo: escutas clandestinas nos sonhos do embaixador Chinês. O ar não será cobrado, fiquem tranqüilos, desde que não usem ventiladores.



Não pude ouvir mais, meu despertador tocou antes do amém. Ósculos e amplexos.

16 novembro 2006

Sobre a declaração do PSTU sobre a vitória de Lula.

Quer divertir um pouco o intelecto? Vá até a página do PSTU e leia qualquer coisa. Se não ficares ofendido por ousar levar à sério, certamente rirás um bocado. Logo na primeira grande constatação da “Declaração”, ou seja, a de que “os resultados desse segundo turno das eleições mostram que Lula foi reeleito Presidente da República” (sic), já é digna de risos ululantes. Ainda bem que esses resultados mostraram isso, pois mais de 60% dos votos, pelo menos para mim, não deixa a menor margem para dúvidas. E, o partido que defendeu o voto nulo, que para um partido que, pelo menos, tenta ser sério, é outra grande piada; faz um joguete que nem a criatividade da Marquesa de Rabicó conseguiria explicar o que a declaração tenta dizer, ou sussurrar.

Lembro-me de que, certa vez, num dos animados debates em meu Centro Acadêmico (orgulhosamente, o CAFIL), regados a muita birita e argumentos “descolados”; quase que um colega de faculdade saí no soco comigo. Tudo por eu ter defendido que Hobbes, por querer emular as ciências naturais, em busca de leis gerais, cria uma tendência a-historicista, tratando a anarquia enquanto elemento político natural de uma sociedade, quando a ciência já provou de tudo quanto é maneira que exatamente o contrário o que acontece. E que, por isso, não deve ser levado tão a sério, obviamente se o objetivo for o de analisar os conflitos políticos da atualidade. No dia seguinte, estávamos em sala de aula. Nossa amizade continua numa boa. E, é claro, os dois foram com voracidade estudar “O Leviatã” para uma nova rodada de birita nas animadas festas do CAFIL. Enfim, ilustrei essa passagem apenas para dizer que o PSTU, se numa situação semelhante, ainda estaria de porre e querendo brigar comigo na sede do CAFIL desde então.

É meio o que acontece na “Declaração”. A mágoa histórica que os militantes do PSTU ressentem sobre o PT é tamanha que, ainda que afirmem com todas as letras sua luta sem tréguas pelo “fim da burguesia”; que essa burguesia, no processo eleitoral, foi claramente representada por Geraldo Alckmin; para o PSTU, todos os canhões de Navarone deverão ser apontados sempre em direção ao Partido dos Trabalhadores e seus aliados (leia-se, principalmente, PCdoB, e não outros partidos de formação não-operária). Trata-se de uma antinomia aparente, porém explicável com sincera simplicidade: o PSTU não luta contra a burguesia, mas pelo seu espaço ao sol na esquerda brasileira, quiçá mundial, e que vê tudo e todos enquanto inimigos potenciais.

Agora, destaque total para o terrorismo do parágrafo sexto da “Declaração”, onde se lê: “A reforma trabalhista pretende eliminar conquistas históricas dos trabalhadores, como o décimo-terceiro salário e o FGTS, reduzir as férias e flexibilizar mecanismos de contratações”. É a “anarchophilia” mais engenhosa que eu já vi de um partido político que tenta, ou pelo menos diz que tenta, ser sério. Gostaria que algum analista de lá me dissesse como isso é possível em dias atuais, pois, francamente, não consegui achar nenhuma forma, exceto a loucura.

Por fim, a expressão que demonstra claramente a posição dos militantes do PSTU “(...) o PSTU manterá uma luta sem tréguas contra o governo petista” (sic). Notem que se trata de uma luta contra o governo do Partido dos Trabalhadores, e não contra os pensamentos conservadores, nem contra a burguesia, nem contra os lobbistas, nem contra a corrupção, contra as mazelas sociais, contra os ataques neoliberais às massas trabalhadoras; mas tão e exclusivamente o PT!

Ósculos e amplexos!

“Há um despacho na esquina do futuro” (O Rappa).

Se analisarmos bem a questão da nacionalização do gás boliviano, concluiremos que o grande problema foi, sem embargo, o processo eleitoral brasileiro.

O brasileiro, ao ver que um determinado diretor acaba de assumir o comando de uma empresa, “não bota fé” em um primeiro momento e espera para ver “que bicho vai dar”, para depois embasar seus comentários. Infelizmente é uma cultura bastante estranha, verdade. Mas, não deixa, de certo modo, de ter ocorrido o mesmo com o nosso país vizinho. Evo Morales, de origem ainda mais humilde a de nosso presidente “pindoramaense”, e de formação política ainda mais radical que a do Partido dos Trabalhadores, e num país de magnitude econômica deveras inferior à brasileira, não teria outra atitude senão buscar a reestruturação estatal, obviamente, em detrimento dos trabalhadores. Ao invés de, imediatamente após a confirmação do resultado eleitoral boliviano, Petrobrás e governo do Brasil renegociar na sua totalidade os acordos comerciais e produtivos naquele país, ocupou-se da lógica cultural estranha descrita acima.

E, não podendo ser diferente devido a sua postura política, Evo Morales parte com sede ao pote da reestatização das estruturas bolivianas. Começou logo com uma “lapada”, aumentando de 18% para 35% as taxas para as indústrias de hidrocarbonetos estrangeiras. Sinal de que alguma coisa muito maior ainda estaria por vir. E, como se trata de hidrocarboneto, não haveria motivos para que a Petrobrás não fosse tratada igualmente à Texas Co.; ou seja, como “gringa”. Igualmente tratado como “gringa”, num primeiro momento, a estatal venezuelana PDVSA, não perdeu tempo e, antes mesmo que Morales assumisse o comando do Palácio Quemado, Hugo Chávez já estava no encalço para estabelecer novas parcerias e negociar todos os acordos. O resultado foi um comum acordo que aproximou mais Morales da proposta bolivariana de Chávez a proposta “globalizante” do mundo petrolífero.

Por sua vez, o Brasil esperou. Continuou esperando. E tardou por sua espera. Enquanto os militares bolivianos ocupavam as instalações da Petrobrás na Bolívia, o Brasil mergulhava numa eleição presidencial onde todos possuíam opiniões sobre o problema, mas não apresentavam nada de concreto. Havia, naquele momento, três alternativas apenas: 1) dizer um não para a Bolívia, cair fora e chorar as mágoas na vã esperança de uma corte internacional condenar a Bolívia a pagar indenizações ao Brasil (Petrobrás); 2) não só dizer um não, mas “botar” o sucateado exército brasileiro, ainda assim mais poderoso que o boliviano, para defender os “interesses” brasileiros; ou 3) buscar uma alternativa diplomática, ainda que isso signifique perdas enormes para a empresa brasileira.

Ora, venceu, e ainda bem, a postura de número 3; de esquerda, que além de resguardar a autonomia dos povos, principalmente a dos povos vizinhos; manteve sua prioridade dada á América do Sul e na visão dos benefícios futuros dessa posição. Se dependêssemos da postura “tucana”, estaríamos em pé de guerra com o vizinho boliviano, matando e saqueando o pouco que eles possuem, em prol de um interesse que, no fundo, não é genuíno, mas internacional. Além, é claro, chamar de vez a atenção do mundo para nosso país de maneira mais negativa do que nossos próprios problemas (fome, miséria etc) já o fazem. Ou ainda pior, nem uma nem outra, continuaríamos esperando, esperando, esperando (...).

Ósculos e amplexos

08 novembro 2006

Ai se tivessem vergonha na cara!

Ao contrário do que Veja afirmou em seu editorial da semana passada, suas posturas frente ao governo não foram imparciais e iguais às críticas que ela fez aos presidentes Collor, FHC. Nunca um Presidente foi tão mal tratado, nunca foi tão desprezado, e nunca foi tão desrespeitado por um veículo de imprensa de grande circulação como foi com o Lula. E o que se diz de Veja, pode-se aplicar a quase todos os veículos da mídia.

Miriam Leitão, que só falta comentar futebol, destilou venenos e mais venenos. Torceu, distorceu, pintou e bordou sobre caricaturas, que dava para ler, nas entrelinhas, o dedo burguês dizendo o que Miriam estava falando. Como se ela fosse o boneco, e os veículos, títeres. Quando houve o primeiro debate do segundo turno, aquele da Band, os cientistas políticos mais respeitados do Brasil forçavam a barra para desenvolver a tese de que “não há vencedores em debates”, pois, uma vez que cada candidato fala para seu possível eleitorado, existe, no máximo, aquele que melhor apresentou suas propostas naquele curto espaço de tempo; Miriam Leitão se apegava a lapsos, quase ínfimos se comparados aos de Alckmin, para afirmar que o candidato Tucano havia ganhado o debate. Heródoto Barbeiro, que de jornalista é ótimo professor de história, reclamava que a comitiva presidencial era exagerada (cinco carros, doze motos, um minicaminhão, seguranças, etc); esquecendo-se que se trata de segurança nacional proteger um presidente, e que aquilo é praxe que todos, absolutamente, todos os presidentes são obrigados, e ainda bem, a terem. E tantas e tantas outras pérolas que foram lançadas a porcos vestidos de Dior e que em seu cocho comiam a idéia de despojar a figura do Presidente da república, na velha política do “se não é meu, que então não seja de mais ninguém”.

Ainda bem que a política triunfou nessas eleições, e não a classe média alta com seus veículos de imprensa amarrados com a burguesia. Se dependêssemos da imprensa, dos veículos de comunicação, o Presidente não viajaria para representar o Brasil em nada; se fosse se deslocar, iria a pé; faria com que recebesse outros chefes de Estado de chinelo Havaianas, calção e camiseta do Corinthians (preferencialmente aquela com a propaganda da Coca-Cola); e transformaria o gabinete Presidencial em um depósito, deslocando o Presidente para uma salinha nos fundos do Palácio, lembrando aquelas velhas cabines burocráticas abarrotadas de papel velho e poeira. Tudo isso enquanto ainda sonha com um Air Force One, do Presidente ianque; com as jóias da coroa britânica; com as viagens pomposas do Rei Juan Carlos da Espanha; e em dormir na cama double king size do premier francês. Além, é claro, de taxar o salário presidencial a um salário mínimo, e sem direito nem à cesta básica no natal.

A primeira avaliação que toda imprensa brasileira deveria ter feito, se tivesse vergonha na cara, era, com direito a manchete de capa, “Perdemos! Venceu o povo brasileiro”.

Ósculos e amplexos!

06 novembro 2006

Depois da tempestade: construir a bonança.

As eleições acabaram. Agora, com a cabeça mais fresca, podemos pensar um pouco mais sobre as coisas como deveriam ser e no como foram. Foram inúmeras as colunas que li, antes e após o segundo turno, cujo avaliavam os debates entre, principalmente, Lula e Alckmin. Todas foram uníssonas: a fórmula de debates está viciada, virou um senhor evento televisivo e um mínimo momento político.

Lembro-me que assisti ansioso o primeiro debate do segundo turno entre os presidenciáveis, aquele da Band. Do jeito que pegou fogo, via que o dia seguinte a população inteira estaria em plena guerra civil. Mas, a mídia logo correu para abafar aquele pega pra capar. E, o que vimos depois, foi uma série de debates completamente sem sal. Sem gosto algum. Sobrando para as redes televisivas os altos pontos no IBOPE, mas para o povo brasileiro um sentimento justo de que aquela fórmula não valeu de nada.

Sou da opinião de que os veículos, principalmente os televisivos, façam as velhas e boas sabatinadas. Com fórmulas diversas, como por exemplo, um candidato comentando a proposta política do outro. A velha “Roda Viva”, com os maiores especialistas sabatinando durante duas horas a fio sobre diversos assuntos. Afinal, os candidatos, esses todos nós conhecemos, o que os diferenciam são as ideologias e programas políticos. Por fim, defendo um único momento de debate. Às vésperas da eleição. Sem interferência da televisão, nem mesmo suas mirabolantes perguntas que não perguntam nada, mas exprimem o desejo de fazer o candidato responder superficialmente a tudo, e com tão somente chavões. Abram o debate, coloquem-se temas gerais para se debater, e deixem que os candidatos se acabem. Outra coisa importante, em cadeia nacional, preferencialmente com organização da Band, que se mostrou única capaz de desenvolver um bom debate, e, na oposição, jamais a Globo, a que se demonstrou a mais tendenciosa e menos qualificada em tudo.

Sugestão dada, mas óbvio que, até as próximas eleições, creio que terei uma idéia melhor elaborada a respeito. Até lá, fico com essas. Sempre aberto ao diálogo e ao convencimento. Ósculos e amplexos.

04 novembro 2006

Cafezinho na Cozinha: Um bate-papo com Luana Bonone.

Luana Bonone, além de querida amiga, é formada em Comunicação Social pela UFMG, Presidente da União Estadual de Estudantes de Minas Gerais, e autora da monografia “Veja: Jornalismo Panfletário também vende!” (orientadora: profª. Dr. Carmem Pereira), sobre a revista Veja. Segue-se uma pequena entrevista que fiz com ela sobre o editorial de Veja, da semana 29/10-4/11.

Michael: Então, gostaria de uma opinião sua sobre o editorial dessa semana.

Luana: Adorei a charge (risos). Veja defende a tese de “Quarto Poder” (referência a Afonso de Albuquerque em seu livro “Um quato poder”), uma cultura norte-americana de jornalismo, ou seja, a mídia como um poder moderador, que investiga e denuncia os demais poderes. O problema é que no Brasil as coisas não funcionam bem assim. Ela escolhe o alvo, acusa, julga e condena... e interfere quase que diretamente nas decisões e acontecimentos do país.

Michael: To gostando, fale mais:

Luana: Acho bom que a Veja, ao término do Editorial, assume que “imprensa livre não é sinônimo de imprensa neutra”, sobre esse ponto de vista, concordo inteiramente com Veja. O grande problema é que Veja não explicita sua opinião como, por exemplo, Carta Capital faz. Na maior parte do tempo, Veja se veste de imparcial para emitir uma opinião, embora escreva, uma vez ou outra, no Editorial, sua opinião em algumas frases que emitem suas convicções. Já, Carta Capital, a sua vez, embasa e formula cada conteúdo e, assim, emite uma opinião baseada nelas. O que faz muita diferença.

Michael: Talvez a Veja reflita a intelectualidade superficial da classe média alta, seu público mais influenciado?

Luana: Sim, Veja acredita, sinceramente, que exerce esse papel de Quarto Poder ao mesmo tempo em que participa de todos os lobbies e pressões nos “bastidores” e, por vezes, fora dele também.

Michael: Seria então uma segunda manifestação contrária ao Governo Lula o fato dele não reconhecer em Veja esse papel de “Quarto Poder” e tratá-la como um veículo importante apenas? Seria, então para Veja, um horror ela ser tratada enquanto revista e não enquanto co-presidente?

Luana: (risos) Na verdade, Veja não reivindica o Poder Moderador, ela compartilha a idéia de Quarto Poder. Que significa liberdade de imprensa, poder de denúncia, poder de mostrar para a sociedade o que está errado, esse papel da mídia, na opinião de Veja, é o que ela reivindica. Mas, na prática, a imprensa acaba adquirindo um poder de pressão social muito maior do que isso. Afonso de Albuquerque fala que o Poder Moderador sempre existiu no Brasil, ganhando força no período militar, mas que no fundo sempre foi um problema na engenharia política do país. Sabe que isso foi o tema de minha monografia, né?

Michael: Óbvio que sei, eu a li. (risos). Mas, estamos falando do maior veículo de imprensa do país. Que, mesmo com tamanhas denúncias sobre sua falta de credibilidade, continua vendendo horrores. Lucro não é definitivamente seu único objetivo, tem que ter coisa maior, não concorda?

Luana: Eis a pergunta que tento responder em minha monografia: como é que a Veja, que não possui a menor objetividade, tem tamanha credibilidade? Eu penso que, e já to pensando em uma pós-graduação sobre isso, que Veja se utiliza muito do expediente do senso comum. Ou seja, reforça opiniões do senso comum, ao mesmo tempo em que as renova, trazendo novos elementos a essa opinião. Certa vez, lembro que, Marilena Chauí, quando em uma palestra na UFMG , a uma pergunta de uma jornalista estupefata, que era a seguinte: “Como é que pode o povo ficar contra a opinião pública?”, e Chauí, respondeu mais ou menos assim: “Justamente porque a idéia introjetada pela mídia de o que é a opinião pública não é a opinião do povo!”.

Michael: Um senso comum pequeno-burguês, uma parcela ínfima e superficial da sociedade dizendo que sua opinião é a opinião pública em geral, e ainda assim a revista continua ganhando fortunas e mais fortunas. Interessante, não?

Luana: Ela tem credibilidade porque mantém-a. Vende muito, tem propagandas, tem variedades, e assim, pega as idéias rasas da pequena-burguesia e distribui como panfleto. Aliás, acho que Diogo Maynard é o retrato caricato da Veja.

Michael: Certa vez, FHC deu uma verdadeira surra intelectual em Maynard, no programa “Manhattan Connexion”. Para se defender, Maynard revela que sua coluna é de humor, não foi feita para ser lavada a sério. Impressionante que só a revista Veja o leva muito a sério?

Luana: (risos) Deve ser de humor mesmo, meu primo adora lê-lo para rir. Mas, a Veja, no fundo, é a própria opinião de Maynard, por isso ela o leva tão a sério.



Ósculos e amplexos, Luana! Obrigado pela entrevista e por autorizá-la. Sucesso!

02 novembro 2006

Papo de Cozinha - 02/10/2006

Na fulô ou na filó! Sei que o papo de cozinha já estava fazendo falta. Então: ei-la! “Hell. Paris 75016”, da francesa Lolita Pille, vai se tornar filme. Bom, falaremos então do livro. Qualquer semelhança entre “Paris, 75016” e “Bervely Hills, 90210”, ou o vulgo “Barrados no Baile” não é mera coincidência. Jovens ricos, bonitos e absurdamente fúteis, são os personagens de ambas histórias. Porém, em “Hell”, alcunha autobiográfica da autora, não temos o carisma dos amiguinhos dos Irmãos Walsh, mas sim um misto de decadência e total falta de valores, dignas dos personagens de “A vida como ela é”, porém sem aquele toque de gênio de Nelson Rodrigues. Obviamente que se trata de uma salada multireferencial, no ritmo decadente de “Eu, Cristiane F.; drogada, prostituída”. Personagens superficiais, sem história, sem trama, sem nada. Apenas alguns lampejos de criatividade, como quando ela tem um breve contato com a realidade ao ter uma crise, no dia em que ela fez um aborto, defronte a vitrine do Baby Dior; quando do acidente de Andrea, o amor mauricinho de Hell, contada pelo próprio defunto, e a transa final de Hell com um desconhecido. O livro, de maneira geral, é de um mau gosto daqueles, mas, por algum motivo que eu prefiro ignorar, se tornou um dos maiores Best-Sellers, com direito a visita de Lolita Pille em São Paulo na Bienal do Livro. E, agora, virará filme.

Ecos da maldade: seção Pare o mundo que eu quero descer! Justiça gaúcha proíbe a “boneca assadinha”! Motivo? Se você achou que é por desacato à inteligência, engana-se! Segundo a juíza, por a boneca ter sensores na região da vagina, que são responsáveis pelos risos ou choros da boneca quando se joga água fria ou morna (afinal, o bebê está assado); revelam um grande conteúdo erótico, inapropriado para crianças. Eu acrescentaria, também para adultos, pois seria um imenso conteúdo pedófilo. Eu diria mais, inapropriado para a fábrica, pois, ô idéia infeliz! Tudo bem que a maldade está por trás dos olhos, e não à frente. Se você quer ver coisas cabulosas, basta um pouco de imaginação que logo você verá a maior suruba em histórias singelas como “Dumbo”, “Cinderela” ou “O Gato de Botas”. Mas uma boneca que vem assada? Eca!

Economia interessante: “Guerra no Líbano provoca aumentos nos preços da maconha em Israel”! Óbvio que, como aqui, é proibido também acolá. Mas, com a vigilância bélica nas fronteiras, a maconha “não passa”. Isso provoca o aumento de até em oito vezes do valor da erva. Os mauricinhos de lá largaram mão da cocaína, pois a erva é que é cara!

Por hoje é só! Ósculos e amplexos!