08 novembro 2006

Ai se tivessem vergonha na cara!

Ao contrário do que Veja afirmou em seu editorial da semana passada, suas posturas frente ao governo não foram imparciais e iguais às críticas que ela fez aos presidentes Collor, FHC. Nunca um Presidente foi tão mal tratado, nunca foi tão desprezado, e nunca foi tão desrespeitado por um veículo de imprensa de grande circulação como foi com o Lula. E o que se diz de Veja, pode-se aplicar a quase todos os veículos da mídia.

Miriam Leitão, que só falta comentar futebol, destilou venenos e mais venenos. Torceu, distorceu, pintou e bordou sobre caricaturas, que dava para ler, nas entrelinhas, o dedo burguês dizendo o que Miriam estava falando. Como se ela fosse o boneco, e os veículos, títeres. Quando houve o primeiro debate do segundo turno, aquele da Band, os cientistas políticos mais respeitados do Brasil forçavam a barra para desenvolver a tese de que “não há vencedores em debates”, pois, uma vez que cada candidato fala para seu possível eleitorado, existe, no máximo, aquele que melhor apresentou suas propostas naquele curto espaço de tempo; Miriam Leitão se apegava a lapsos, quase ínfimos se comparados aos de Alckmin, para afirmar que o candidato Tucano havia ganhado o debate. Heródoto Barbeiro, que de jornalista é ótimo professor de história, reclamava que a comitiva presidencial era exagerada (cinco carros, doze motos, um minicaminhão, seguranças, etc); esquecendo-se que se trata de segurança nacional proteger um presidente, e que aquilo é praxe que todos, absolutamente, todos os presidentes são obrigados, e ainda bem, a terem. E tantas e tantas outras pérolas que foram lançadas a porcos vestidos de Dior e que em seu cocho comiam a idéia de despojar a figura do Presidente da república, na velha política do “se não é meu, que então não seja de mais ninguém”.

Ainda bem que a política triunfou nessas eleições, e não a classe média alta com seus veículos de imprensa amarrados com a burguesia. Se dependêssemos da imprensa, dos veículos de comunicação, o Presidente não viajaria para representar o Brasil em nada; se fosse se deslocar, iria a pé; faria com que recebesse outros chefes de Estado de chinelo Havaianas, calção e camiseta do Corinthians (preferencialmente aquela com a propaganda da Coca-Cola); e transformaria o gabinete Presidencial em um depósito, deslocando o Presidente para uma salinha nos fundos do Palácio, lembrando aquelas velhas cabines burocráticas abarrotadas de papel velho e poeira. Tudo isso enquanto ainda sonha com um Air Force One, do Presidente ianque; com as jóias da coroa britânica; com as viagens pomposas do Rei Juan Carlos da Espanha; e em dormir na cama double king size do premier francês. Além, é claro, de taxar o salário presidencial a um salário mínimo, e sem direito nem à cesta básica no natal.

A primeira avaliação que toda imprensa brasileira deveria ter feito, se tivesse vergonha na cara, era, com direito a manchete de capa, “Perdemos! Venceu o povo brasileiro”.

Ósculos e amplexos!

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