A velha e boa cozinha de Michael Genofre migrou para o Blogger! Sempre uma alquimia de coisas e mais coisas, com nexo ou não!
22 setembro 2010
21 setembro 2010
Como diferenciar um candidato de outro?
O primeiro grande princípio a ser analisado é: para quem este ou aquele candidato apresenta seus projetos? Respondendo isto, já é meio caminho andado para se escolher sabiamente seu candidato.
O grande problema, neste caso, é que a política é dinâmica. E os grupos e camadas sociais que um determinado candidato defendeu ontem, hoje pode não mais defendê-los. Assim como as coisas mudam, as alianças também. E é extremamente natural aquele inimigo de ontem estar hoje aliado. Traição, em política, é não cumprir acordos. Mudar de lado, de postura ou de opinião é a coisa mais normal e saudável que se tem - desde que não se descumpra acordos ou compromissos.
E, por falar em compromisso, esse se faz com o eleitorado. Portanto, registrar em cartório um programa de governo não significa nada, exceto uma medida de impacto para os mais desprevinidos se impressionarem com o gesto. Cartório nenhum tem poder de impeachment.
No debate de ontem, 20 de setembro, na RIC-TV (Record); chamou-me a atenção algumas coisas, que somente analisando os princípios é que dá para separar o joio do trigo.
- O ex-prefeito de Curitiba se considera o melhor candidato por ser o único com experiência no Executivo (os demais ou foram parlamentares ou nunca conseguiram se eleger). Tal argumento possui princípio aristocrata, portanto nada democrático. Platão, por exemplo, aristocrata, era contra a democracia, pois defendia que há pessoas que nascem pilotos, outros marinheiros. E que, a democracia, faria com que marinheiros fossem escolhidos como pilotos, comprometendo a navegação. Prova de que a democracia não depende de expertises no comando é que Lula, que nunca foi eleito para o Executivo, é o presidente melhor avaliado da história do Brasil e por mais longo tempo.
- Outra do ex-Prefeito: "Vou levar cultura para o povo". Esconde-se neste argumento dois preconceitos de classe: o primeiro é a ideia de que o povo não tem cultura e o segundo é que povo e pobre são as mesmas coisas.
Resumindo... Devemos identificar as camadas e grupos sociais que cada candidato está comprometido e se perguntar se fazemos realmente parte de tais grupos ou camadas. Um candidato comprometido com os trabalhadores dificilmente fará política que beneficie somente o patrão, e vice-e-versa. Por mais que se queira ser patrão, se sua condição é de trabalhador, o ideal é identificar candidatos comprometidos com as camadas trabalhadoras. Devemos também separar das propostas o princípio que a sustenta. Somente assim se é possível distinguir uma proposta da outra. Senão, todas serão bastante parecidas.
Tenha um bom e sábio voto!
Ósculos e amplexos.
20 setembro 2010
Arte na Faixa.
14 setembro 2010
Sobre o Piá de Prédio.
Bom, estou escrevendo sobre uma expressão usada recentemente pelo ex-Governador do Paraná para descrever sobre um determinado candidato. Faço pois, no Paraná mesmo, há muitos que estão me perguntando o que o ex-Governador está querendo dizer.
A palavra, ou expressão, piá é de significados diversos para a população curitibana. Na verdade, ninguém sabe ao certo o que a palavra significa. Há consenso apenas quanto o uso ao se referir a um menino. E, de uso tão comum, que mesmo os que são de outras cidades, rapidamente já incorporam a palavra em seu vocabulário.
Aurélio de Holanda, que seu dicionário pertence hoje a uma imensa e poderosa rede educacional com sede em Curitiba, considera que o verbete piá significa "menino de engenho". Em guarani, língua onde se originou o nome da cidade, "pyã" significa coração. E durante muito tempo, para minha mãe, eu era chamado de piá toda vez em que eu quebrava algo em casa. (Tenho calafrios só de lembrar a frase: ah, piá!).
Até aí, tudo bem. Basta vir a Curitiba uma vez, ou ouvir o comentário de alguém que veio para que a palavra deixe de ser estranha. A junção Piá com Prédio é que chama a atenção. Tanto que em pleno 7 de setembro, na página da Gazeta do Povo, jornal curitibano que praticamente batizou a "Boca Maldita", causou alvoroço entre os ilustres senhores do Senadinho curitibano. Estavam eles irados com um blog do jornal em que se dizia que o significado seria algo como "filhinho da mamãe". O que faço coro com eles.
O significado de Piá sempre foi polêmico, mas as mães curitibanas nunca chamaram seus filhos assim em momento de ternura. Sempre foi atrelado à descoberta de alguma traquinagem. Pelos vizinhos então, piorou: era mais equivalente ao "pivete" usado no Rio de Janeiro que ao "guri" usado no Rio Grande do Sul.
Piá de Prédio seria o inverso: aquele que não teve a oportunidade de fazer traquinagem. Que nunca teve o prazer de subir em uma árvore, de empinar uma pipa, ou de correr atrás de uma bola. Era o chato do "dono da bola" ou melhor "do video-game", que desligava a chave geral da casa caso não ganhasse dos amiguinhos de joystick. Era o nome, ou melhor, a forma pelo qual a molecada do bairro se vingava dos esnobes do centro da cidade. Piá de Prédio, enfim, era aquele que se um dia empinou pipa, foi de sacola de mercado e pela janela do décimo andar.
Polêmica desfeita, está dado o significado de piá de prédio - pelo menos para mim.
Ósculos e amplexos e espero que agora vocês possam entender o que o ex-Governador quis dizer quando chamou o ex-prefeito de Piá de Bosta!
10 setembro 2010
Pesquisa IBOPE/RPC: uma leitura
Bonecos: Gilberto Yamamoto
04 setembro 2010
Afinal, qual o contexto?
01 setembro 2010
"Pió que tá pode ficá"
Gaudêncio Torquato é conhecido jornalista, professor da renomada USP, consultor de comunicação bastante famoso em sua área. Mas, ao escrever seu texto “pior que está não fica”, assinou como consultor político para O Estado de São Paulo. Cometeu dois equívocos logo de início: não se trata de um texto político, tampouco em um veículo politicamente imparcial.
Qual a relação entre as mudanças históricas no pensamento político com a expansão da alienação, ou com a ridicularização da política? Para Torquato, apenas a de que nossa consideração para com a política chegou ao fundo do poço. E, para ilustrar seu argumento, utiliza-se da campanha eleitoral de Tiririca.
Para Torquato, não será espantoso se Tiririca se eleger, pois outras celebridades já conseguiram. E, defende duas hipóteses para tal movimento: “ou os novos atores foram compelidos a ingressar no espaço público para cumprir relevante missão a serviço de coletividades que representam” ou “a opção se deve ao esgotamento do ciclo profissional e ao vislumbre de uma carreira sob as luzes da democracia representativa”. Para logo após ignorar a linha investigativa iniciada para começar outra com o propósito de tentar desvendar o que significa a candidatura de celebridades.
Para buscar um significado, elabora o seguinte questionamento: “a razão para profissionais de outros nichos ingressarem no mundo da política tem que ver com a eleição de uma figura de origem humilde para o cargo mais importante da Nação?”. Para tal hipótese, Torquato concorda de início, mas considera que há outros componentes talvez mais apropriados para explicar tal fenômeno. E vai buscar na explicação psicológica de alguma teoria dos ídolos o motivo pelo qual uma celebridade consegue se eleger.
Termina seu texto parabenizando as celebridades que usam de sua fama para lutar por algum ideal ou para representar uma base política real. Parabeniza o sucesso do governo Lula. E critica a existência dos oportunistas e quadros debochados que aparecem no horário eleitoral, associando a inércia que a política possui no Brasil. E termina concordando com Tiririca quando diz que “pior que tá não fica”.
Minha vez: quanta bobagem, senhor Torquato! Pior que está pode ficar sim!
Antes de eu explicar como podem as coisas ficarem pior que estão, questionemos o que vossa sapiência insinuou em seu texto. Primeiramente, não se coloca em um mesmo saco as celebridades. Há inúmeras que vieram de uma base política real, que representam inclusive anseios de classe. Netinho de Paula, do PcdoB, apesar de não ser comunista, já socou jornalista em “pânico” por insinuações preconceituosas diante de uma noite de gala em dia de luta pela igualdade racial. Leci Brandão sempre teve atuação entre as comunidades carentes, sendo por muitas vezes sua voz. Enfim, tantos que vossa sapiência diz que aplaude, mas que de uma certa maneira, em seu texto, acabou colocando-os em um mesmo saco.
Não é de hoje que a política possui quem a ridicularize. Lembra-se do Macaco Tião, que é até hoje o animal mais votado da história? Ele foi invenção do Casseta e Planeta em 1988. E o rinoceronte Cacareco (que acho que você o mencionou an passant no fim do seu texto, mas não ficou claro) da década de 1950? Pior, Silvio Santos para Presidente? Há alguma ligação entre tais momentos históricos? Entre os candidatos? Entre a ridicularização?
Agora, preocupante é afirmar que a política é para políticos profissionais. Afirmação quase platônica, de efeito tão fascista quanto o desejado por este filósofo quando em sua A República. Principalmente para um país que finalmente começa a ter uma democracia amadurecida. E que, eleger o Tiririca, que ridiculariza a democracia, é sim surpreendente e jamais deverá ser vista com naturalidade.
Pior que está pode ficar. Podemos retroceder em nosso estágio. Ainda não temos uma democracia tão amadurecida assim, apesar de nosso melhor momento político, econômico e social da história. Podemos eleger quem acha que dois professores ganhando mal e sem o menor incentivo em uma mesma sala é a solução para os problemas educacionais. Podemos eleger Tiriricas, e institucionalizar a corrupção e a falta de compromisso para com o povo. Podemos aceitar ideias tiranas para solucionar o problema de sermos um país ainda longe de possuir o PIB que possui os Estados Unidos. Pior que está pode ficar!
Estou apenas usando meu livre exercício da crítica. Não te conheço, mas respeito seu trabalho em comunicação. Mas, francamente, quanta bobagem para quem assina ser consultor político, e para um jornal de enorme circulação (e questionáveis posicionamentos autoritários ao longo de todo o período de amadurecimento político brasileiro que tivermos nestes últimos oito anos). Pior que tá sempre há como ficar.
Ósculos e amplexos!
PS: O blog ainda está em obras... mas as eleições dão situações que temos que parar o que estamos fazendo para publicar nossa opinião.