31 março 2010

Professores e professores.


Se toda generalização é burra, então não devo generalizar. Mas como há professor que acaba sendo um crime sua presença em sala de aula. Seu desrespeito para com a inteligência dos estudantes chega a ser um desrespeito para com todo o investimento feito para que se tornasse professor. Há alguns que fazem questão de retroceder décadas na evolução da educação.

Obviamente que há estudantes e estudantes. Há os que se dedicam, que realmente dão o sangue para se apropriar ao máximo de todo conhecimento que a academia pode oferecer. Mas, há também aqueles que não se importam nenhum um pouco com nada. Às vezes, possui um pé em uma infância que deveria ter ido embora há tempos. Mas, bons professores deveriam saber lidar com cada um desses tipos, bem como os intermediários. Deveriam valorizar os bons estudantes e incentivar os nem tão bons assim a descobrirem o seu potencial. Mas, infelizmente, muitos jogam no lixo qualquer possibilidade disso. E apela para a punição, para a perseguição, para a valorização do caos em sala de aula. Sendo absurdamente autoritário, confundindo isso com respeito.

Lembro-me de um professor de matemática. Ele é famoso em Curitiba. Reza a lenda que aos 18 anos de idade, ele já dava aula. Isso nos idos de 1960. Tive a sorte de ter ele como meu professor no (antigo) Segundo Grau, no Cursinho pré-vestibular, na UFPR, e na PUC. No auge de seus mais de quarenta anos de carreira docente, nunca vi ele levantar a voz. E é um professor que se orgulha de nunca ter mandando nenhum estudante para fora de sala de aula. Absolutamente humilde. E, basta sua presença em sala para que todos o respeitem. Todos reconhecem que se trata de um dos maiores matemáticos do Paraná (talvez da América do Sul), mas todos o admira pela sua capacidade de dar aulas. E é um professor que não enxerga os estudantes como um problema, mas como seres humanos, adultos, que estão em sua sala de aula para aprender independentemente seu grau de compromisso. E, fundamentalmente, é um professor que não teme as novidades e está sempre se atualizando. (O nome do professor é Domênico... que ao lado do professor Jessé e do professor Lúcio; foram os melhores professores de matemática que eu tive).

Infelizmente, essa não é a realidade para todos os professores. Como gostaria que todos fossem assim. Dedicados e preparados. Que todos tivessem o mesmo respeito e carinho pelos estudantes que tem o professor Domênico. Infelizmente, a realidade nos oferece péssimos professores. Infelizmente, a educação brasileira anda para trás também graças aos maus professores.

E o estudante, invariavelmente, fica refém dos maus professores. Sempre levam a culpa pelo mau exemplo dado pelo péssimo docente. Até quando?

Ósculos e amplexos!
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PS* Em Ponta Grossa, na famosa Avenida München, tem uma placa escrita "Ponta Grossa, tô gostando" (sic). O interessante é que, para vê-la, é necessário olhar pelo retrovisor. Coisa marota, não?

PS*² Não posso deixar de comentar. Ainda que tenha amado Porto Alegre, algumas coisas não puderam passar desapercebidas. Ao tocar o solo do aeroporto, vi no alto de um prédio os dizeres: "Vipal" (obviamente que é de uma empresa séria... mas o trocadilho foi inevitável).
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Diário de um intercambista: realizada as provas do DELE e do TOEFL! Agora, a ansiedade pelo resultado que sairá tão somente na sexta-feira! (aos que desejaram sorte, meu mais sincero muito obrigado).

4 comentários:

Twigy disse...

Ps* Puta que paril! essa ponta grossa fazendo sucesso em todos os lugares...

Ps** essa placa, Vipal, eu não vi, quer dizer, pelo menos não a placa... heheheh

Quanto ao professor Domênico, poxa vida, quizera eu ter aula com tão ilustre mestre dos números...

Michael Genofre disse...

O professor Domênico é uma lenda aqui em Curitiba (e na minha família também; pois todos os meus irmãos tiveram o privilégio de ter estudado com ele em algum momento de suas vidas).

Tive aula com ele e com a esposa dele (que é doutora na UFPR). Realmente um professor fantástico!

Não sei se ele já se aposentou. Quando tive minha última aula com ele (Matemática Financeira na PUC-PR), ele já estava bem velhinho... mas continuava sendo um senhor professor!

Carol Gross disse...

Sempre digo que ensinar é um dom, assim como o de curar. O profissional precisa amar o que faz, verdadeira e sinceramente, do contrário ele estará fazendo qualquer coisa em sala de aula, menos ensinando.

É o amor à docência que estimula o professor a buscar novos conhecimentos, em suas pós-graduações; que estimula a compreensão da capacidade de cada estudante; que estimula a ganhar o interesse dos dispersos; que motiva a necessidade de esclarecer cada dúvida, seja ela interessante ou não; que traz prazer e emoção quando ele detecta a evolução de seus alunos, a superação de dificuldades e, por que não, a superação do mestre pelo aprendiz.

É muito fácil diferenciar bons professores dos maus, basta avaliar como ele trata seus alunos, como ele fala deles e para eles. Nunca ouviremos um bom professor contabilizando seus títulos, pois para ele são sempre poucos; nunca presenciaremos, de um bom professor, uma cena de humilhação aos seus alunos, pois a sua humildade não lhe permite enxergar diferenciação entre si mesmo e os demais em sala.

Aqueles que se dizem professores e acham isso que foi dito aqui absurdo, procurem outra profissão, pois além de maus profissionais, são pessoas frustradas e que jamais encontrarão prazer em sua atividade profissional.

Ser docente não é para qualquer um, dele depende a evolução de uma nação. Gostaria de deixar esta singela homenagem a quem de fato leva essa profissão a sério, chamando a atenção dos estudantes, para que aprendam a valorizar os bons profissionais...

Evandro disse...

Foi do Domênico que eu ouvi, no Positivo em 1991, que a Matemática foi feita, infelizmente, para ser odiada pela forma como se ensina ela:
Primeiro você aprende que 3 - 5 não pode!
Depois 3 - 5 pode;
Daí não existe raiz quadrada de número negativo;
Depois pode;
Daí chega a sexta série (sétimo ano) a criança é apresentada aos polinômios!

Não há amor que resista aos polinômios!!!


Aqueles, que como eu, continuam gostando de matemática são poucos.

Ele foi com certeza o melhor professor que já tive na vida, entre todas as disciplinas.

Como não lembrar da caixa de imagem que ele inventou depois do filme "Ghost", dos "rabo de galo", e banana split das aulas de arranjo e combinação!

Só quem ama mesmo ensinar poderia ter ideias tão simples e brilhantes para transmitir esse conhecimento.