14 janeiro 2008

Depois do Estado Granito, lá vem o do Grandes Lagos.



E a corrida para a Casa Branca continua...


McCain e Clinton foram os vencedores em New Hampshire. Porém, Barack Obama segue “cabeça-a-cabeça” com Hillary, e do lado Republicano as coisas continuam indefinidas.


Nada mais natural para um Estado conservador, de importância secundária na grande máquina econômica estadunidense, onde, do lado Democrata, quem obteve maior presença foi o eleitorado tradicional e, do lado Republicano, uma considerável aversão à novidades.
É difícil ter seriedade em considerações como “Hillary virou o jogo após ter chorado, após ter se lembrado que é mulher”. Sinceramente, esse tipo de análise apenas reforça o caráter preconceituoso e machista do analista em questão. Hillary é, definitivamente, a candidata mais conservadora do lado Democrata. Ela irá obter, praticamente, todos os votos dos Democratas tradicionais. Obama, por sua vez, representa o clima de mudança também característico desse partido, porém, também característico é a demora em qualquer forma de renovação na rígida e complexa estrutura Democrata.


Quando em Iowa a juventude compareceu em peso no Caucus Democrata, em New Hempshire as primárias revelaram uma divisão “fifty-fifty” entre o eleitorado Democrata. Tudo isso, enfim, comprova uma das mais disputadas e incertas definições para o grande candidato do lado Democrata para a Casa Branca. A maioria dos analistas políticos dos quais eu possuo simpatia tanto pelo mérito quanto pela concordância aos seus métodos de análise, concordam que há uma fortíssima tendência para que o próximo Presidente dos EUA seja Democrata, e também que os tradicionais desse partido definam as prévias, o que deixaria Hillary no comando da corrida e Obama seu Vice. Todavia, também concordam que somente após a Superterça, quando mais de 20 Estados farão as suas prévias, é que realmente se poderá ter certeza de uma definição sobre qual o candidato Democrata para a Casa Branca.

Do lado Republicano, há tempos que não se existia tamanha incerteza quanto ao resultado das prévias. Giuliani está cada vez mais fora do páreo, Huckabee tende a ser apenas um incômodo, e o combate mesmo se definirá entre McCain e Romney. Entretanto, tão somente após a Superterça e, talvez somente após as prévias no Texas, é que se terá uma maior definição sobre o candidato Republicano.


Michigan poderia ser um verdadeiro divisor de águas e uma espécie de “termômetro” da Superterça. Porém, a severa punição por parte Democrata devido a antecipação da data das prévias nesse Estado, ou seja, a de “caçar” o direito de voto dos delegados à Conferência Nacional, fez com que apenas Hillary surja na cédula Democrata. Os demais candidatos insistem para que o eleitorado acrescente a palavra “uncommited”, algo como “sem compromisso”, para que o resultado final não dê margem ao fortalecimento da campanha de Hillary baseando-se num Estado com candidatura única. Se não fosse por essa punição, Obama certamente teria uma vitória considerável nesse Estado.

Do lado Republicano, aposto fichas novamente no azarão McCain. O estado de Michigan é o mais afetado pela crise imobiliária, o que mais sofre com a desvalorização do mercado automobilístico. O estado dos grandes lagos possui o maior índice de desemprego dos Estados Unidos, e a postura de Huckabee e de Romney não favorecem muito suas campanhas nesse Estado. Giuliani tende a ficar novamente de fora, principalmente com a possível confirmação de Bloomberg, atual prefeito de Nova York e com 73% de aprovação, como candidato independente.


Para encerrar, algumas auto-críticas: quando tentei explicar o confuso sistema de prévias, acabei trocando as bolas, e disse que em New Hampshire a eleição é por Caucus (sendo que é justamente o primeiro estado a realizar primárias); segundo, a lei do cara-e-coroa em caso de empate entre os Democratas só é válido para o Caucus de Iowa, nos demais Estados segue regimento próprio. Até o resultado em Michigan, e que rumbem os tambores, a Superterça está chegando! Ósculos e amplexos.

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