Impressionante, santa virada, Batman! Obama deu uma verdadeira surra em Hillary. A questão racial nos EUA é tema saboroso certamente para qualquer analista político, porém de maneira tão enlatada quanto a forma de ver a cultura americana pelas telas de televisão ou cinema. Os debates foram acalorados. Hillary e Obama se preocuparam muito em tirar de cena a questão racial para se aplicarem especificamente nas críticas à crise econômica estadunidense. Porém, mais de 55% dos votos para Obama na Carolina do Sul coloca uma votação em massa de Democratas negros e brancos, preocupados com a postura conservadora de Hillary, num momento econômico cujo conservadorismo é justamente uma das principais vertentes do problema.
Durante o jogo político, há reviravoltas, há palavras de impacto, mudanças nos rumos dos ventos da política. Quando fiz a análise sobre as prévias na Carolina do Sul, fiz com um perigoso adiantamento de duas semanas. Um crime, considerando que se trata de prévias historicamente mais imprevisíveis dos EUA. A surra dada em Hillary fortaleceu Obama a ponto de, se perder a Superterça, ainda assim estará nos calcanhares de Hillary e cada Estado, cada fração de delegados à Conferência Democrata, se fará decisiva. Ainda que eu aposte em Clinton, não sei mais dizer com toda certeza se não dará Obama.
O que virá, certamente, é a derrota da ultra-direita nos Estados Unidos, representada por Bush, Cheney, e Rice. A patética Política Patriota (Patriot Act), que dá direito aos órgãos e serviços de segurança passar sobre os direitos individuais; a crise econômica, as guerras absurdas, enfim, o eleitorado dos Estado Unidos sente agora na pele seus efeitos e tem o poder de vencer a ultra-direita colocando, na sua forma de pensar, um Democrata no lugar de um Republicano. Quanto mais Obama vai se destacando enquanto um direitista "against" aos ultra-direitistas, Hillary vai se colocando enquanto uma ultra-direita moderada, se é que posso utilizar essa forma de expressão.
Os conservadores já decretaram: Hillary, entre eles New York Times e Herald Tribune; os progressistas, por sua vez, Obama. Resta saber se Michael Moore estava certo há quatro anos atrás, em seus 10 motivos para não cortar os pulsos ainda: a juventude estadunidense será maioria em 2008, vai eleger um Democrata e, esse, será aquele que romper com o tradicionalismo do "neo-facista" Bush.
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