18 setembro 2007

O que pensam os candidatáveis à Presidência dos Estados Unidos.

A questão Aborto

Em 1973, a Corte Suprema decidiu, por 7 votos a 2, que os Estado Unidos não tinham atribuições constitucionais para restringir o direito de uma mulher fazer aborto. O caso que deu origem a essa decisão ficou conhecido como Ron Vs Wade, onde a Suprema Corte dos EUA sentenciou que uma mulher possui o direito constitucional específico à privacidade em questões de procriação e tal direito inclui o de interromper a gravidez, desde que ela e seu médico optem por fazê-lo. Decidiu também que os Estados somente poderão condenar o aborto, criminalizando-no, somene após o sexto período (28 semanas) de gravidez.

A Suprema Corte considera que o direito à privacidade da mulher é parte do direito constitucional do indivíduo à sua privacidade, e esse tem que ser livre da instrução governamental, pois afeta profundamente a vida de uma pessoa. A decisão de se casar, de se divorciar, de ter ou não filhos não pode ser nem proibida e nem obrigada por força de lei. Foi com base nessa interpretação que em 1965, no caso Griswold Vs Connecticut, a Suprema Corte decidiu que um Estado não pode proibir a venda de anticoncepcionais às pessoas casadas, e mais tarde ampliada às pessoas solteiras.

E 2003, o Presidente Bush cria a Lei que proíbe um específico método de aborto realizado em períodos avançados da gravidez, conhecida pelo nome de "Nascimento Parcial". Mas essa Lei é rejeitada inicialmente, com base no histórico jurídico de que afetaria o princípio de privacidade do indivíduo. Em abril de 2007, a Suprema Corte valida, por 5 votos a 4, a Lei de 2003 contra o Nascimento Parcial. Consideraram-na um método desumano, que fere outro princípio constitucional que é o respeito à integridade humana. E, para a concepção da Suprema Corte, tal decisão não se opõe ao direito de privacidade e garante a integridade do indivíduo.

A Lei contra o método do Nascimento Parcial reabriu o debate sobre o aborto legal nos Estados Unidos. Uma vez que o Estado intervém num método, abre margem para que outras intervenções sobre outros métodos possam surgir. A polêmica ganhou espaço, naturalmente, na disputa presidencial estadunidense.

Vejam o que pensam os candidatáveis sobre Ron Vs. Wade, a Lei contra o Nascimento Parcial, e outras considerações (ordenado segundo a pesquisa Ramussen Reports, 10/09/2007, sobre as intenções de votos nas primárias):




Republicanos





Fred Thompson (26%)
Considera que o papel do judiciário americano é o de interpretar leis, e não fazê-las. A promoção da cultura do aborto é culpa de um judiciário que interfere diretamente nas esferas que não deveria. A cultura do aborto deve ser combatida, assim como os poderes da Suprema Corte em viabilizar ou inviabilizar as Leis americanas. A recuperação da Lei de 2003 deve ser vista não como uma vitória, mas sim como um justo ofício da Suprema Corte em apenas interpretar as leis federais.
Rudy Giuliani (22%)
Separa o debate em dois momentos. Primeiramente, acredita que a mulher deve possuir o direito de decidir sobre sua vida, e que é justo o direito de privacidade abranger a não proibição do aborto. Entretanto, é contra o aborto e considera que uma conscientização ampla deveria diminuir as taxas abortivas. O segundo momento, considera que o problema consiste nas camadas pobres, onde o aborto acabou se tornando um método contra-conceptivo. Isso, na concepção de Giuliani, foge ao princípio da privacidade do indivíduo e, por isso, Ron/Wade deve ser revisto no sentido de se criar um sistema onde sejam limitados os casos permissíveis de aborto.
John McCain (12%)
Não suporta a existência da não proibição do aborto nos Estados Unidos, porém não vê a possibilidade de evitar o número de operações perigosas que as mulheres teriam que se submeter caso o aborto se transformasse numa prática ilegal. A decisão da Suprema Corte sobre a Lei de 2003 é o que há de mais avançado sobre o assunto, pois promove a integridade das pessoas envolvidas e principalmente por colocar o governo e o poder judiciário do lado da vida. Conseguiu assim, a Suprema Corte, se posicionar claramente sobre um assunto sem usurpar a autoridade das legislações estaduais, do Congresso e da Presidência dos Estados Unidos.
Mitt Romney (12%)
Mudou de opinião sobre o aborto. Acreditava que o aborto deveria ser seguro e legal nos Estados Unidos, porém acredita que o debate sobre clonagem humana acrescentou uma nova preocupação sobre a questão da livre escolha. Tanto o aborto quanto a clonagem humana são possibilidades que devem ser banidas dos Estados Unidos. E a decisão da Suprema Corte sobre a Lei de 2003 deu um forte passo para a soberania das decisões americanas sobre a liberdade e segurança da vida do povo americano.
Mike Huckabee (6%)
Acredita que os valores americanos foram seriamente prejudicados graças a não proibição do aborto. Considera que tudo que for possível deverá ser feito para evitar que as mulheres abortem, pois o nascimento de uma criança é peça central para a manutenção do povo americano. A proibição do método do Nascimento Parcial é apenas um início para a proibição de uma vez do aborto. Considera um absurdo os EUA gastar reservas federais para manter um sistema de saúde que paga o aborto com tantas outras prioridades públicas. Promete que, se for Presidente, os EUA não gastarão nenhum centavo mais nisso.

Sam Brownback (menos de 4%).
Considera que o caso Ron/Wade obteve um impacto no mundo inteiro, influenciando o debate sobre o aborto em diversos países. Entretanto, ao não se encontrar na Constituição dos EUA nada que consiga proibir o aborto, ao mesmo tempo não há nada que o permita. A validação da Lei de 2003 o surpreendeu positivamente, pois acredita que seja um método que fere diretamente a integridade da mulher e do médico que o executa. Defende que a Suprema Corte reveja a decisão Ron/Wade, por considerar que não há métodos abortivos que respeitem a integridade humana.
James Gilmore (menos de 4%)
Considera que o caso Ron/Wade foi uma dos maiores equívocos do Direito dos EUA. Lembra que, quando aluno da faculdade de Direito, a sua turma havia estudado a fundo esse caso e concluíram que se tratava de uma decisão que precisava ser revista. Crê que o sexto período de gravidez é demasiadamente tardia para qualquer tipo de método. Indo mais além, acredita que, uma vez que existam métodos anticonceptivos e contra-conceptivos, toda decisão abortiva tomada após 24 horas da concepção deveria ser considerada igualmente ao método abortivo do Nascimento Parcial.

Duncan Hunter (menos de 4%)
Acredita que a interpretação da Suprema Corte está correta e que nada se pode fazer a respeito do aborto enquanto não se emendar a própria Constituição dos Estados Unidos em prol da proteção ao indivíduo desde o momento da concepção. Propõe, portanto, acrescentar na Constituição dos EUA medidas que garantam todas as proteções e direitos ao indivíduo desde o momento da concepção. Considera que decisão da Suprema Corte em validar a Lei de 2003 é uma vitória para o combate às prática abortivas, certamente, reprimindo um ataque aos valores morais e a santidade inerente ao direito de viver.
Ron Paul (menos de 4%)
Considera que Ron/Wade foi uma decisão equivocada, não por ter a Corte Suprema presumido que a legalidade ou a proibição do aborto não faz parte da Constituição, mas por não levar em consideração que essa e suas emendas, quando foram escritas, não constava nada que opinasse sobre o aborto. Enquanto médico, afirma que o Nascimento Parcial é um método desnecessário, agressivo, e incivilizado para um problema social.

Tom Tancredo (menos de 4%)
Afirma que houve mais de 40 milhões de mortos com a prática do aborto graças ao caso Ron/Wade. A Suprema Corte começou a dar um fim ao bárbaro infanticídio com a Lei de 2003, e tem que continuar a limitar aquilo que ela mesmo transformou em um desatre moral e intelectual à saúde dos Estados Unidos.





Democratas



Hillary Clinton (43%)
Acredita que o aborto é uma das mais difíceis e fundamentais decisões que uma pessoa, uma família, pode tomar, e o governo não pode criar leis que atrapalhem isso. Afirma que o aborto é considerado por todos um ato abominável, que sempre é sinônimo de tristeza, e uma trágica escolha para a mulher. Dificilmente é visto, portanto, como um método anticonceptivo, e sim como uma dura escolha sobre como será a vida da mulher daquele momento em diante. A decisão da Suprema Corte sobre a Lei de 2003 não levou em consideração a saúde da mulher, mas somente uma pressão política de George Bush. Diz que antes de se manifestar como mulher, ela tem a obrigação e a responsabilidade de se manifestar enquanto a Senadora dos Estados Unidos, e, por isso, tem por obrigação respeitar e certificar-se de que o direito de escolha das mulheres seja respeitado pelos Estados Unidos e seus Poderes.

Barack Obama (22%)
Afirma que a maioria dos americanos reconhecem que o aborto se trata de uma decisão tão dura e tão profunda para a mulher que faz com que ela não escolha à toa por fazê-lo. Não permitir o aborto ou criminalizá-lo é não confiar que a mulher seja capaz de tomar suas próprias decisões. E essa decisão nunca é tomada sozinha, ela já sofre pressão de todos os lados, de sua família, de seu médico, de sua comunidade, de sua religião, não pode, portanto, adquirir mais uma pressão de um organismo que poderá prendê-la por uma decisão que ela tomou para si própria e seu próprio corpo. A decisão da Suprema Corte sobre a Lei de 2003 é, para Obama, é na verdade uma negligência ao respeito e as decisões da mulher e seu médico, das relações doutor e paciente, e se usa de um pretexto dramático em nome de quem mais será prejudicado.

John Edwards (16% das intensões)
Concorda que se trata de um assunto bastante polêmico e difícil para o povo americano. Acredita que o governo estadunidense não deve se debruçar sobre decisões em nome da mulher, mas sim criar condições para que ela possa tomar suas decisões com liberdade, seja pelo aborto ou pela gravidez. O país deve dar condições tanto para uma decisão ou outra, principalmente para as camadas mais pobres da população, que está excluída dos cuidados médicos principalmente para a escolha de se ter um filho na América. Critica a Lei de 2003 e aproveita para alfinetar os adversários Republicanos: "A proibição é arrebatadora e não leva em consideração à saúde individual das mulheres. É a volta do pensamento duro de direita Marcartista e um lembrete de que os republicanos não podem mais permanecer no poder".

Bill Richardson (4%)
O direito de escolher da mulher, na opinião de Richardson, não pode ser mantida nas mãos nem do Estado, nem da sua família, nem de seu médico, e nem mesmo de sua religião. Ainda que católico declarado e contrário ao aborto, o candidatável diz que assim como o Estado deve proteger as escolhas individuais na escolha de uma religião, deve ser mantido um sistema político e jurídico que protejam também aqueles que não desejam concordar com religião alguma e tomar uma decisão sobre seu próprio corpo. A decisão sobre o Nascimento Parcial, para Richardson, é um passo para trás para o direito de privacidade e escolha pessoal, por abrir portas para o furto das possibilidades de escolha e comprometer as decisões médicas.

Joseph Biden (menos de 4%)
Afirma que, por ser católico praticante, a questão Ron/Wade sempre representou um dilema entre visão religiosa e visão política. De um lado, o Estado não pode legislar sob uma concepção religiosa, ainda mais quando não há nem mesmo entre as próprias religiões um consenso no que diz respeito ao momento inicial da vida. Por outro, é contra o aborto por concordar com o catolicismo que pratica. A decisão da Suprema Corte sobre a Lei de 2003 foi desonesta. Não foi o procedimento em si, que por sua vez é raro e deveria ser disponibilizado sempre que a vida da mulher estiver em perigo, mas pelo "Cavalo de Tróia" que essa decisão se transformou sobre um assunto que já deveria ter sido superado nos Estados Unidos.

Chris Dodd (menos de 4%)
Afirma que é um fiel defensor do direito da mulher escolher sobre sua própria vida. Defende, inclusive que não apenas o sistema público de saúde ofereça apoio médico e psicológico para a mulher que opta pelo aborto, como deve obrigar o sistema privado também a destinar parte de suas verbas para assistência pública para isso. Sobre a decisão da Suprema Corte sobre a Lei de 2003, critica a não existência de exceções para casos onde a vida da mulher esteja em perigo, e criando um clima de indecisão sobre a legalidade dos demais métodos abortivos. Condenar o aborto hoje, nos Estados Unidos, na opinião de Dodd, é jogar milhões de mulheres em clínicas clandestinas sob cuidados de métodos ainda mais questionáveis que o Nascimento Parcial.

Mike Gravel (menos de 4%)
Era contrário, porém mudou de opinião. Considera que a decisão entre a mulher e seu médico já é deveras difícil para ser ainda mais tumultuada pela intervenção do governo. A decisão sobre a Lei de 2003, para Gravel, foi um teatro político que não levou em consideração a escolha da mulher pelo método que irá adotar para si. O que se levou em consideração foi a pressão política dos eleitores de Bush.



Pesquisa: primárias nos EUA.

Fonte: NBC-TV/Wall Street Journal


Democratas:
Hillary Clinton - 44%
Barack Obama - 23%
John Edwards - 16%
Outros, individualmente, não alcançam 4% cada.


Republicanos
Rudy Giuliani - 32%
Thompson - 26%
McCain - 14%
Romney - 11%
Outros, individualmente, não alcançam 3% cada.



Cada vez mais se confirma a disputa entre Hillary e Giuliani, bem como o favoritismo dos Democratas.

Explicando a confusão.



Atendendo diversos pedidos que recebi por correio eletrônico, escrevo aqui uma breve explicação de como é o processo eleitoral nos Estados Unidos. Comparado ao processo brasileiro, ele é bem confuso e planejado para que não haja mudanças bruscas na política dos Estados Unidos. E não é confuso apenas para nós, brasileiros. Diversos estadunidenses questionam esse processo político que, se não me engano, é o mesmo desde 1901.

O sistema chamado de bipartidário não significa que apenas dois partidos possam concorrer à Casa Branca. Existem diversos partidos nos Estados Unidos, mais até do que existe no Brasil. Para que um candidato possa aparecer na cédula eleitoral, ele deverá possuir um número de assinaturas proporcional ao número de eleitores em cada estado dos EUA. Essa listagem é conhecida pelo nome de "primárias". Onde o eleitor escolhe, dentre uma lista de nomes, quem são os que possuem condições para ser candidato à Presidência. Os Partidos Democrata e Republicano, quando lançam seus candidatos, conquistam com muita facilidade o número de assinaturas necessárias para que um candidato concorra em todos os estados. Já os partidos menores necessitam fazer um grande bloco com diversos outros partidos e organizações para que consigam lançar um candidato.

Pode acontecer, por exemplo, de um candidato de uma coalização independente ou de um partido menor só conseguir assinaturas em um único estado. Então, somente naquele estado haverá na cédula eleitoral o nome daquele candidato, obviamente, junto com os dois outros dos Partidos Democrata e Republicano. Por isso que o sistema é conhecido por bipartidário, pois é quase impossível que um candidato que não seja dos dois partidos gigantes ou que não se una com um deles seja eleito presidente ou para quase todos os outros cargos. Para se ter uma idéia, o Senado dos EUA é composto por 55 republicanos, 44 democratas e apenas um independente.
Uma vez encerrada as primárias, os partidos fazem suas convenções, que se trata de um lançamento da candidatura oficial. Nesse momento, todos os votos "migram" para o candidato vencedor, garantindo assim uma campanha forte desde seu início.
A eleição em si é ainda mais confusa, se compararmos ao sistema brasileiro. Aqui, o voto é obrigatório e a eleição é direta. Lá, o voto não é obrigatório, e os eleitores votam numa lista de delegados comprometidos com um dos candidatos, formando assim o colégio eleitoral e esse vota em seus candidatos. O que torna ainda mais difícil um candidato independente vencer as eleições presidenciais. Com exceção de apenas dois estados, aquele candidato que possuir o maior número de votos ganha o voto do estado. Isso faz com que seja possível que um Presidente eleito não seja necessariamente o mais votado, como aconteceu com Bush em 2000.
Espero ter esclarecido um pouco. Buscarei me informar melhor dos detalhes, e depois escrevo mais sobre o sistema eleitoral dos Estados Unidos.

17 setembro 2007

O que pensam os candidatáveis à presidência dos EUA!

O Cozinha irá acompanhar, à partir de hoje, passo a passo a corrida presidencial estadunidense e, na medida do possível, explicar como funcionam, por lá, as coisas. É claro que para se fazer análises e comparações mais aprofundadas serão necessárias contribuições, que espero que tanto leitores quanto colunistas pesquisados resolvam essa necessidade.


Questão Iraque

Analisando as propostas dos candidatáveis, tanto os republicanos quanto os democratas, nenhum responsabiliza os Estados Unidos pela intervenção no Iraque. Todas as propostas, sejam elas de manutenção ou de retirada das tropas, atribuem a responsabilidade aos países aliados de financiar a reconstrução do Iraque. E mesmo as propostas mais radicais no que diz respeito ao fim da guerra, coloca os Estados Unidos enquanto fornecedora de preparação e material bélico para a região. A questão de manutenção de bases dos Estados Unidos no Iraque é debatida por pouquíssimos candidatáveis, o que demonstra uma grande preocupação no que diz respeito à possível perda de votos se tocar nesse assunto. Os dois principais concorrentes à Casa Branca, Hillary e Giuliani, são diametralmente opostos no que diz respeito à guerra. Ela, defende o fim imediato e ele defende a manutenção.







Partido Democrata

De uma maneira geral, os candidatáveis do Partido Democrata são contra a Guerra do Iraque, mas se dividem no que diz respeito ao processo de desocupação militar. As posições mais radicais são de Biden e Kucinich, o primeiro defende a manutenção da guerra, porém com um replanejamento; e o segundo defende uma reforma nas políticas militares dos Estados Unidos.

Joseph R. Biden Jr (Joe Biden).: advogado, Senador por Delaware. Considera que a Guerra do Iraque segue numa linha confusa, atrapalhada. Propõe um Plano Real para a Guerra no Iraque que consiste em: 1) focar a guerra numa caçada aos grupos principais resistentes e que ainda controlam suas regiões, e criar uma agência do governo com o interesse de deliberar sobre assuntos comuns como defender as fronteiras e distribuir os rendimentos do petróleo; 2) criar uma política de sustentação dos Sunitas, os sem-petróleo, garantindo que uma parte proporcional do rendimento petrolífero; 3) aumentar o auxílio para a reconstrução do Iraque, porém com uma pressão nos demais países do Golfo ricos em petróleo financiem a reconstrução, e criando um programa de geração de trabalho e proteção dos direitos das minorias; 4) iniciar uma ofensiva diplomática para a sustentação do novo poder iraquiano e de seus vizinhos, criando um bloco político para reforçar os compromissos regionais; 5) Iniciar um novo recrutamento de soldados estadunidenses, retirando as tropas antigas, e criando uma ofensiva ainda mais agressiva em conjunto com os países vizinhos "honestos" para golpear de vez toda a concentração terrorista.

Hillary Rodham Clinton (Hillary Clinton): Empresária, ex-Primeira Dama, e atual Senadora por Nova Iorque, é apontada pela maioria dos cientistas políticos como a favorita para a corrida presidencial pelo Partido Democrata. Defende o fim da Guerra do Iraque, por considerar que a guerra promoveu um custo demasiadamente caro tanto financeiramente quanto moralmente. Propõe a imediata retirada das tropas estadunidenses e é contra a manutenção de bases permanentes, optando por um treinamento de elite às tropas iraquianas e uma política de suporte logístico ao Iraque no que diz respeito à luta contra o terrorismo.


Christopher John Dodd (Chris Dodd): Ex-voluntário na missão de paz na República Dominicana em 1966, Senador por Connecticut. Defende a retirada das tropas estadunidenses em um processo que não dure mais que um ano, atribuindo a responsabilidade pela defesa do Iraque ao exército iraquiano. Porém, defende três exceções: proteção do pessoal de infraestrutura dos Estados Unidos no Iraque, operações contraterroristas, e auxílio financeiro e treinamento das tropas iraquianas. Propõe uma reunião com as nações do Oriente Médio para debater assuntos de caráter regional como uma ofensiva contra Al-Qaeda, colocando a diplomacia e o exército dos EUA à disposição dos resultados dessa reunião.

John Reid Edwards (John Edwards): Empresário, ex-Senador pela Carolina do Norte. Defende uma política de retirada progressiva das tropas estadunidenses do Iraque, promovendo o fim da guerra e atribuindo a responsabilidade de conduzir o Iraque aos iraquianos. Corte do orçamento para financiar a guerra, e denúncia por crimes de guerra à Bush por considerar que houve abuso de poder no momento em que o exército dos EUA foi autorizado intervir na guerra civil iraquiana. É contra a instalação de bases permanentes, porém defende operações especiais para defesa das fronteiras iraquianas para que a instabilidade não afete outros países. Defende o treinamento das topas iraquianas, com o financiamento e apoio dos países da região, e a instalação de uma conferência de paz.

Maurice Robert Gravel (Mike Gravel): Aposentado, ex-Senador pelo Alasca. Foi contra a Guerra do Iraque desde seu início. Defende o fim imediato da guerra, redirecionando os recursos para a educação e saúde. Porém, não se pronuncia no como se dará a retirada das tropas, e nem como se dará o comportamento dos Estados Unidos sobre o Iraque após o fim da guerra.



Dennis Kucinich: Representante do Estado de Ohio. Não apenas defende a imediata retirada das tropas estadunidenses do Iraque como também defende uma reforma na política militar dos Estados Unidos. Ousado no discurso, orgulha-se em dizer que é o único candidato à Presidência dos Estados Unidos que, em 2002, foi contra e votou contra a autorização da entrada militar no Iraque. Porém, não se encontra propostas mais práticas.


Barack Hussein Obama Jr (Barack Obama): Advogado, Senador pelo Ilinois. É contra a guerra, e defende retirada progessiva das tropas estadunidenses no Iraque. Defende a criação de um prazo para o início da retirada, bem como o fim da guerra. Propõe que o Governo Iraquiano passe a defender sozinho seus interesses e a formação de uma comunidade internacional para a solução dos conflitos no Oriente Médio, bem como a criação de uma política internacional anti-terrorista.

William Blaine Richardson III (Bill Richardson): Governador do Novo México. É contra a guerra, e defende que o Congresso retire os poderes de intervenção de Bush e retire as tropas estadunidenses num prazo de seis meses. Defende também que não hajam tropas residuais e nem bases permanentes no Iraque após a retirada das tropas. Deseja a promoção de uma conferência internacional de reconciliação do Iraque, onde debaterá as medidas necessárias para dar um fim á guerra civil. Nessa conferência, que deverá ser arbitrada pela ONU, deverão ser estudadas as medidas militares dentro de uma política de não interferência e que capte recursos internacionais para a reconstrução do Iraque. Porém, defende a manutenção de tropas e bases estadunidenses em países vizinhos e aliados dos Estados Unidos para manutenção da ofensiva anti-terrorista.









Partido Republicano

De uma maneira geral, os republicanos são favoráveis pela manutenção da guerra do Iraque. Acreditam que não há condições favoráveis para a retirada das tropas dos Estados Unidos. Os mais radicais são Romney e Tancredo, o primeiro defende a doutrina Bush, e o segundo é contra a guerra, mas não acredita numa solução imediata.

Sam Brownback: Fazendeiro, Senador pelo Kansas. Não se manifesta sobre possíveis retiradas, pelo contrário, se diz esperançoso pelos resultados que a guerra surtiu no Iraque. Segundo o senador "vi que a situação lá é precária, mas esperançosa" (www.brownback.com). Defende o debate de novas políticas para manutenção da política de "democratização iraquiana".



Rudolph Willian Giuliani (Rudy Giuliani): Ex-prefeito de Nova Iorque, é apontado pelos especialistas e cientistas políticos como favorito à corrida presidencial pelo Partido Republicano. Como ele mesmo diz: "reza pelo sucesso das tropas no Iraque e pelo repouso do retorno seguro dos soldados". Mas defende que qualquer prazo para retirada das tropas em dias atuais é artificial, e portanto um erro terrível. Acredita que a guerra no Iraque é apenas a linha de frente de uma guerra contra o terrorismo, e a retirada das tropas nesse momento iria favorecer os inimigos. A retirada dos Estados Unidos tem que ser operada tão somente após transformar o Iraque num País democrático e sustentável.

Duncan Hunter: representante da California. Acredita que a guerra foi necessária, ainda que polêmica. Que os Estados Unidos ganhou diversas batalhas contra o terrorismo graças a sua intervenção no Iraque. Defende a inserção de tropas vizinhas ao Iraque, enquanto aliadas dos Estados Unidos interfiram na reconstrução do Iraque, e assim, transmitindo gradativamente a responsabilidade pelo Iraque para o Governo iraquiano.


John Sidney McCain III (John MacCain): Senador pelo Arizona. Defende a manutenção das tropas no Iraque por acreditar que não existam planos de contingência que evitem um caos e um genocídio ainda maior na região.






Ronald Ernest Paul (Ron Paul): Médico, Representante do Estado do Texas. É contra a guerra do Iraque e acredita que existam medidas seguras que podem ser tomadas para a retirada das tropas estadunidenses do Iraque. Coisa que não aconteceu ainda, na opinião de Dr. Paul, por causa da política de segurança internacional equivocada de Bush. Portanto, defende uma reforma na política de segurança dos Estados Unidos.




Willard Mitt Romney (Mitt Romney): Ex-governador de Massachusetts. Considerado o mais conservador dos republicanos candidatáveis. Defende a manutenção da política de Bush no que diz respeito à intervenção iraquiana. Acredita que as tropas estadunidenses deverão ser renovadas, e que os Estados Unidos deve fazer uma ofensiva diplomática para envolver mais países na política contra o terrorismo.





Tom Tancredo: Representante do Estado do Colorado. Se opõe à guerra do Iraque, porém não acredita que haja uma solução pacífica para a retirada das tropas americanas. Defende que haja um maior suporte aos soldados estadunidenses por parte do governo dos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, acredita que os Estados Unidos deve treinar as tropas iraquianas e permanecer em território estrangeiro até que o governo do Iraque tenha condições de governabilidade.




Michael Dale Huckabee (Mike Huckabee): Ex-governador do Arkansas. É crítico sobre a manutenção dos Estados Unidos no Iraque, porém não é contra a guerra. Acredita que seu maior resultado foi ter capturado Saddam Hussein, mas os Estados Unidos não pode se retirar ainda por ter a responsabilidade de reconstruir o Iraque. Defende que a retirada das tropas estadunidenses se dê na mesma proporção em que o governo iraquiano vá conquistando governabilidade e condições de se responsabilizar pelo País.



Fred Dalton Thompson (Fred Thompson): Ator e ex-Senado pelo Tennessee. Não se manifesta sobre a guerra do Iraque propriamente dita. Mas defende uma ampliação dos poderes dos Estado Unidos na guerra contra o terrorismo, através da ampliação e capacitação do sistema de segurança e mísseis. Defende a criação de um sistema jurídico específico para julgar combatentes inimigos.

13 setembro 2007

Votação do Senado: vitória de quem?



O resultado de 40 votos contra 35 pela absolvição de Renan Calheiros possui muito mais vitoriosos e derrotados que se pode imaginar. De um lado, temos a mídia conservadora, que se adiantou às instituições brasileiras, novamente, e resolveu denunciar, julgar e condenar Renan. Ainda desse lado, uma oposição sedenta por desestabilizar de qualquer maneira a governabilidade de Lula. Do outro, uma base fiel ao governo e o próprio executivo se preservando com a política de não comentar assuntos que não sejam da alçada do Poder Executivo.
Agora, o que mais intriga nesse episódio, é o fato de que não foi julgado Renan Calheiros, mas sim foi manipulada uma enorme operação por desestabilização das bases governistas. E o resultado não poderia ter sido pior: ainda que derrotada, a política conservadora irá continuar usando terrorismos e crises em sua atuação. Isso é um atraso para a política brasileira, pois não se debate opiniões adversas, não se comparam e votam projetos políticos, não se reforma nada e ainda destrói o pouco que ainda está funcionando. É a vulga oposição oportunista, aquela que presa por destruir o que não é dela a fim de ocupar o espaço se formará na medida em que os representantes da situação se desestabilizam e caem.
Mudaram as táticas, mas as armas continuam as mesmas. Não se faz mais ataques diretos ao Presidente Lula, afinal seu apoio popular é enorme e as tentativas de derrubá-lo diretamente ou por golpe já é ridicularizado pelas massas trabalhadoras. O "Cansei" e movimento consortes não avançaram milimetros sequer e, por fim, se demonstrou carente de razões políticas e de fortíssima base preconceituosa, além de conservadora. A mídia conservadora, maioria nos meios comunicativos do Brasil, age como um partido político oposicionista e busca injetar escândalos diários e foge dos principais debates do País. Parte-se agora, os oposicionistas, em desestabilizar tudo aquilo que apóie o governo ou aquilo que lhe dá governabilidade. É justamente na Casa Alta, cujo seu tradicional conservadorismo faz com que seja onde o governo tenha suas maiores dificuldades, que a oposição resolveu atacar para desestabilizar.O problema é que a necessária Reforma Política, Universitária, Previdenciária, enfim, todas as reformas nacionais que urgentemente necessitam ser debatidas e operadas, são colocadas à posteriori por um mundo de escândalos e escandalóides que lotam os noticiários e instauram crises em todas os poderes nacionais. Trocando em miúdos, as coisas de real importância para o povo brasileiro é subvertida e adiada em nome da luta do poder e suas imundas armas de desestabilização.
Não há como concordar com o editorial de 13 de setembro de 2007 da Gazeta do Povo, "Democracia Golpeada", pois não foi a absolvição de Renan que golpeou a democracia, mas sim todo um processo utilizado para desestabilizar um governo em nome do sujo jogo do poder. Queria, a Gazeta do Povo, que o Executivo se manifestasse sobre a votação. E como não cairam nessa, a mídia ficou espumando de raiva. Ora, a decisão do Executivo é a mais acertada! O mais importante, que é o funcionamento da Casa, é que tem que ser estabelecido. O restante é processo que o próprio Poder Legislativo tem autoridade incontestável para resolver. Tomar uma postura de ingerência, nesse momento, aí sim seria um senhor de um ataque à democracia, pois atacaria a própria instituição democrática brasileira.
Na votação de 12 de setembro, não importava o resultado, pois quem saiu perdendo foi o povo brasileiro.
* Charge: Lane, Diário de Brasília, 13/09/2007