10 outubro 2009

"Cemitério dos Elefantes" ganhou meu voto!


Antes de mais nada, deixe-me corrigir uma informação de minha última postagem. Eu havia dito que o juri popular escolhia somente os filmes brasileiros para o prêmio Araucária de Ouro. Não é bem assim que funciona. Há um juri especializado que avalia vários critérios e que distribuirá vários prêmios, como os tradicionais "melhor ator", "melhor atriz", etc. O juri popular escolhe um dentre dez filmes, sendo eles brasileiros ou estrangeiros. São os filmes: "Utopia e Barbárie", de Silvio Tendler (RJ); "Almoço em Agosto", de Gianni Di Gregorio (ITA); "Pau Brasil", de Fernando Belens (BA); "Terra Sonâmbula", de Tereza Prata (MOZ); "Prisão Domiciliar", de Gabriel Retes (MEX); "Brasil Santo: retratos da fé", de Gil Baroni e Mônica Rischbieter (PR); "Bosque", de Pablo Siciliano e Eugênio Lasserre (ARG); "Um Dia de Ontem", de Thiago Luciano e Beto Schultz (SP/RJ); "Cemitério dos Elefantes", de Tonchy Antezana (BOL); e "Sem Fio", de Tiaraju Aronovich (SP).

Em minha opinião, o boliviano "Cemitério dos Elefantes" é disparadamente o melhor filme. Tanto pelas imagens, fotografia, atores, como pelo roteiro. Um "filmão", de encher a alma, ainda que o tema seja forte, desagradável, lembrando a máxima dos Titãs "miséria é miséria em qualquer canto, riquezas são diferentes". (Eu não concordo inteiramente com essa estrofe da música, mas nesse caso, coube perfeitamente). Não se trata de uma miséria simplesmente financeira, mas uma miséria moral corrompida pelo vício do álcool. "Cemitério dos Elefantes" conta a rapsódia de um alcoolatra e sua "hospedagem" na suíte presidencial, um quarto fétido, onde apenas um balde de bebida e um para necessidades é oferecida. O filme é incrível, vai te anestesiando na medida em que a vida do personagem vai sendo contada. Ao fim, sente-se bêbado, também revoltado com a condição degradante recém assistida.

Sobre os outros filmes de ontem. Apesar do carisma de Caco Ciocler, o filme em que ele faz o protagonista é fraco, cansativo, "non sense" demais para pouco roteiro. "Um dia de ontem" se arrastava ainda mais lento que a própria interpretação de Ciocler, cujo admite ter abusado das pausas dramáticas por demais.

Sobre o curta "Teatro de Titãs" fiquei naquela: ou não entendi lhufas ou o filme é ruim mesmo. Um debate sobre o tablado, com inúmeros figurantes em círculo, mas apenas um protagonista verborrágico. Misturava-se tudo e concluía o teatro como algo vivo e morto ao mesmo tempo. Quem quiser arriscar dizer que o filme é bom se for compreensível, terá bastante trabalho.

"Socarrat" confirma a tônica deste festival: a diferença gritante entre os longas e os curtas em matéria de qualidade. Os curtas estão dando um verdadeiro baile sobre os longas nesse festival. Socarrat lembra os clássicos europeus "Parente é serpente" e "Declínio do Império Americano". Bem humorado, apresenta uma família e alguns dramas bastante contemporâneos e suas soluções. Excelente!

Vou nessa que hoje tem mais!

Ósculos e Amplexos!

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