02 abril 2008

Fascismo curitibano: Guarda Municipal e Tartufo para a Classe Média curitibana


A semana teve vários dias de manifestações estudantis por todo o país. Mas chama a atenção a forma em que cada lugar foi recebida e merece análise. Em praticamente todos os lugares onde o governo municipal era ou do PSDB ou do DEM, havendo manifestações, houveram choques entre estudantes e Guardas Municipais. Curitiba não fez por menos, mandou responsáveis por segurança de patrimônio, a Guarda Municipal, caçar estudantes até mesmo em frente ao prédio do Ministério da Fazenda, que todos sabem, é patrimônio federal.
A justificativa da Guarda Municipal: 300 estudantes tentaram invadir o tubo da Estação Central, o que exigiria uma reação mais violenta por conta do baixo efetivo policial na área. Primeiramente, não cabem 300 estudantes mais população que pega ônibus por volta do meio-dia naquela estação. Segundo, é impossível que tenha tido tantos estudantes intencionados pela contravenção. O que sugere que alguns pares de jovens, de fato, tentaram invadir o local, e a truculência da Guarda avaliou da seguinte forma: "se estiver de uniforme, botemos para fora!". Ao fazer isso, é claro que explode um confronto: de um lado Guarda Municipal, de outro estudantes, entre esses, uma minoria contraventora e uma maioria indignada por ter sido forçada a fazer algo que não queria. Terceiro, existem regras na segurança pública. Se o efetivo da Guarda Municipal era insuficiente para simplesmente fazer uma bloqueio nas portas da Estação, acionasse a Polícia Militar, que é a única responsável para conter situações de massa. Mas o que aconteceu foi o abuso de diversos guardas municipais, frustrados e mal treinados, que trazem consigo (e todo mundo sabe disso), armamento proibido àqueles que são responsáveis pela segurança de patrimônio municipal como spray de pimenta e aparelhos de choque elétrico.



Sabemos também que se tratava de uma minoria de pessoas entre os trabalhadores da Guarda Municipal de Curitiba que abusaram de seus poderes, excedendo em situações inclusive do qual não possuem poder algum. Foi um ato covarde, pois bateram em jovens, estudantes, que sempre são vistos como aquele filho malcriado que merece palmadas, típico de uma mentalidade limitada e doentia. A culpa, logo só pode ser atribuída ao governo municipal, de Beto Richa, senhor Prefeito do PSDB. Ele treina mal, paga mal, contrata mal, e ordena pior ainda sobre seus homens de azul.

A Guarda Municipal disse ainda que os estudantes depredaram o patrimônio público, o que exigiu medida mais radical. Ora, estranhamente não há um vidro sequer trincado na Estação Central, uma pichaçãozinha nova sequer em nenhum dos muros da redondeza. Que tipo de depredação foi essa? Esse mesmo argumento, somado ao suposto "pertubação da ordem pública", foi utilizado para dar voz de prisão aos líderes estudantis. Ora, estranhamente nenhum dos supostos "contraventores" foram presos, apenas líderes estudantis. Conclusão: presos por atividade subversiva, não há outra explicação. Os conservadores curitibanos continuam dormindo com medo do fantasma vermelho embaixo da cama. Cômico, se não fosse trágico.


Outra análise importante que deve ser feita: a situação dos estudantes. O lamentável confronto ocorreu após, e não durante, uma passeata estudantil. Era praticamente a distância de um quilômetro entre o local do confronto e o local onde terminou a passeata estudantil. Os dirigentes estudantis simplesmente tiveram a infelicidade de estar no lugar errado na hora errada, e por isso foram presos enquanto responsáveis pela tentativa de invasão a Estação Central. Mas, por outro lado, é importante lembrar que durante certo tempo, não foram as entidades estudantis que organizaram passeatas na capital paranaense pelo passe livre, mas o Movimento Passe-Livre. Esse movimento tinha como mecanismo de protesto justamente a invasão de tubos e o ato de "pular a catraca". Com a reconstrução das entidades estudantis, esse movimento foi engolido pelos inúmeros movimentos organizados pelas entidades. Mas os adeptos daquele movimento também acabaram incorporados, e sem a menor consulta às entidades (simplesmente, sob consulta às entidades seriam inibidos, logo não iriam fazê-la), e assim que não haviam mais uma massa de estudantes que o reprenderiam pela tentativa de invasão, deram continuidade àquilo que estavam acostumados pelo MPL, Movimento Passe-Livre (o movimento "pula-catraca").



Agora, o prêmio Tartufo do mês vai para a classe média curitibana. Segundo seu jornal, a gazeta, opiniões se dividem. Uns apoiam a brutalidade da Guarda Municipal, afinal fizeram uma contravenção (Guarda Municipal não tem poderes de pelotão de choque, estão parabenizando outra contravenção). Outros apoiam a brutalidade, por serem contra a reivindicação dos estudantes (o fascismo da classe média curitibana é forte e quer reeleger Beto Richa/PSDB).

Um comentário:

Viviane Glenn Becker disse...

Quando eles tiverem oportunidade de reprimir, eles reprimirao...
E triste, mas e fato.
Isso demonstra um medo da volta de manifestos estudantis, pra vc q vive dentro desse meio pode ser q seja ate usual, mas na vida aqui fora isso e raro, me surpreendi que estudantes ainda tentam lutar por alguns ideais, quem dera fossem todos, n estivessem tantos perdidos nos assuntos futeis do dia-a-dia.
Ate mais Michael!!!