Perplexo! Eis a minha expressão quando do final da contagem dos votos dia 01º de outubro. Detesto argumentar sobre o que aconteceu, mas não posso ficar quieto diante algumas questões.
Ao mesmo tempo em que fiquei deveras chateado com o resultado de segundo turno para Presidente, fiquei eufórico quando soube da notícia da eleição da camarada Manuela, no Rio Grande do Sul. Não se trata de uma eleição qualquer, principalmente quando sabemos que nenhuma eleição é qualquer se tratando de Câmara dos Deputados. Mas, trata-se da deputada mais votada nessas eleições (mais de 270 mil votos), terceira maior votação da história sulriograndense, a primeira mulher eleita e o segundo representante comunista na Câmara Federal daquele estado.
Fiquei contente, primeiro, por ela ser uma camarada que conheci em diversas lutas que travamos lado-a-lado. Dos sonhos em organizar a juventude brasileira numa verdadeira imersão no pensamento socialista. Das longas reuniões do movimento estudantil em que ela, representante da UNE para o sul e eu, representante da UJS na UPE, quase nos engalfinhavam em debates acalorados, mas sempre com o objetivo de se elaborar o que há de melhor, e como elaboramos. Das aflições, por vivermos em dois Estados tão distintos, mas com uma essência política pra lá de conservadora, e o desejo enorme em transformá-los. Segundo, em reconhecimento ao seu incansável trabalho como vereadora da capital gaúcha. Eleita com uma impressionante marca de aproximadamente 10 mil votos, seu mandato foi marcado pela jovialidade e pelos nomes PCdoB e UJS, que sempre ela frisava em cada um de seus discursos e materiais. E por falar em materiais, ela não virou as costas para a UJS, sua origem, depois de eleita. Pelo contrário, quando eu encontrava meus camaradas do Rio Grande e perguntava como estava a UJS por lá, ouvia sempre a mesma resposta: “A equipe da Manu deu uma senhora organizada por lá”. Verdade seja dita: eu, aqui em Curitiba, não teve uma só edição de seus jornais e panfletos (e até convites para atividades de seu gabinete) que eu não tenha recebido dela. Toda uma refinada atenção para seus amigos e camaradas também não faltou. Lembro-me de cartão e mensagens em meu aniversário que ela ou a equipe dela me enviara naquela data. Como não ter carinho e admiração política por esta camarada? Por último, fiquei feliz por saber que teremos uma deputada da UJS na Câmara Federal. E que, junto com Aldo Rebelo, e tantos outros camaradas do PCdoB, teremos uma bancada combativa e de luta.
Deixei para o final deste uma breve comparação que não pude evitar. Como se explica a sonora eleição de Manuela no RS e a não-eleição de Ricardo Gomyde no PR? Claro que, para isto, devemos desconsiderar que Rio Grande e Paraná possuem formações políticas e conjunturas bastante distintas. Mas alguns pontos devem ser observados. Gomyde é de uma geração pioneira da UJS no Paraná e Manuela é da atual geração da UJS no Rio Grande. Manuela é vereadora licenciada, Gomyde Secretário de Estado licenciado. Ambos possuem grandes aliados em diversos partidos e segmentos sociais. As finanças para as campanhas de ambos foram modestas se comparados aos demais eleitos. Estes são pontos em comum. Os incomuns foram que, durante a gestão de Manuela na Câmara, investiu-se, politicamente, pesado na organização, estruturação e fortalecimento da juventude. E, que sem vacilo, todas as base do PCdoB do Rio Grande do Sul não só apoiaram como fizeram uma campanha unificada e engajada. Ósculos e Amplexos.
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