26 setembro 2006

Um brinde à véspera do aniversário!

E ela chegou: a véspera de meu aniversário! É um tanto incômodo esse dia. Poderia ser um dia como outro qualquer. Mas não é. Em algum lugar do mundo pode ser feriado. Pode ser um momento festivo. Pode ser o dia de uma grande catástrofe. Mas aqui, em meu mundo, nada mais é do que a véspera de meu aniversário. Para os mais viciados em horóscopos, esse dia tem importância por se tratar do último dia de meu inferno astral. Bem, pensemos, se este é o último dia de meu inferno astral, é impressionante como ele é idêntico a todos os outros dias do ano. Acordar, banhar-se, sair de casa, fazer os afazeres, administrar problemas, intermediar conflitos, comemorar soluções, voltar para casa e sonhar com um dia seguinte. Para os maiores mal-humorados, não haveria ansiedade no último dia em que se comemora um ano que já passou em sua vida, ano após ano, com a data de vencimento no exato dia do ano em que você nasceu. Mas o fato é que há ansiedade, angustia, chateação e ao mesmo tempo um pedante “será que alguém além de mim realmente se importa com isso”?

E a lista de presentes aumenta. É outra coisa bastante singular. A gente passa o ano inteiro suspirando por coisas que não temos, não importando o tamanho ou preço. E, no exato momento em que alguém te pergunta o que queres de aniversário, te dá um colapso mental e a resposta sai como atendente de McDonald’s te empurrando um sanduíche, ou seja, o famoso “qualquer coisa está bom”. Ou ainda pior, quando sai àquela resposta digna de comover telespectador assíduo de novela do SBT: “sua amizade é meu maior presente” ou pior “queria mesmo era a paz mundial”. Blergh!

De qualquer forma, tudo só irá se concretizar amanhã, no dia do aniversário. A véspera é apenas mais um dia. E ponto. Proponho então que façamos o seguinte: levantemos nossas taças e brindemos à véspera de aniversário e não ao aniversariante. Assim, comemoraremos um marco que se repete todo ano na vida de qualquer mortal. Perpetuaremos a data, não o mortal. Perpetuaremos a angústia de que dias melhores virão, e que, oxalá, inicie-se exatamente no dia seguinte da véspera de aniversário.

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