A velha e boa cozinha de Michael Genofre migrou para o Blogger! Sempre uma alquimia de coisas e mais coisas, com nexo ou não!
05 outubro 2011
20 anos que esta estátua me dá angústia! (Aniversário do Jardim Botânico de Curitiba)
Um mega-evento no Brasil pode acabar não sendo para trabalhadores brasileiros.
O que aconteceu com este Rock'n'Rio? Muitas pessoas estão se perguntando, mas geralmente se referindo à enorme salada-mista de estilos que passaram no "palco mundo" – o palco principal do mega-evento. A resposta não pode vir se olharmos somente à edição deste ano, afinal, o Rock'n'Rio sempre foi isso mesmo – e talvez justamente o segredo de seu enorme sucesso seja trazer o que atrai todos os públicos ainda que estes públicos não se comuniquem entre si.
O mais interessante, e o que cabe enorme reflexão, é que o Rock'n'Rio é o primeiro de muitos mega-eventos que ocorrerão no país nesta década. Ele é a "ponta do Iceberg". Teremos Jogos Mundiais Militares (2011), Encontro Mundial da Juventude Católica com a presença do Papa Bento XVI (2013), Copa do Mundo FIFA (2014) e Jogos Olímpicos (2016). . O Brasil está no foco da mídia internacional o tempo todo (por isso minha crítica quanto ao "Tropa de Elite 2" ser a indicação brasileira ao Oscar, ainda que não houvesse nenhum outro filme feito com tamanha qualidade para servir de concorrente doméstico). Mas, e a população? E a massa de trabalhadores, como fica?
Ao ler que o Ministério dos Esportes não se manifestou em sua proposta de "Lei da Copa" em respeito à meia-entrada – que curiosamente o Ministro é um ex-presidente da UNE – é que me dei conta de que muita coisa pode ser sacrificada em nome do evento, e pouca coisa pode ser garantida à população trabalhadora brasileira em nome da governabilidade que se está em jogo diante de tanta responsabilidade para com os gringos. Em nome das grandes estruturas necessárias para os breves e curtos, porém mega-eventos, poderá ser constante vermos a população trabalhadora sendo removida de suas casas ou a agressividade de uma polícia nada humanizada atingir picos elevadíssimos. Ver cada vez mais vezes a militarização de áreas pobres e, como conseqüência, o pensamento de marginalização da população trabalhadora aumentar ainda mais. Ver cada vez mais o ultrajante recurso juridicamente inexistente do mandado de busca coletivo que permite a revista pessoal humilhante em todo aquele que subir ou descer o morro, entrar ou sair das vilas ou favelas (lembrando que culturalmente, por exemplo, Curitiba chama de vilas as suas favelas). Ver a chamada higienização social, que busca "limpar" os centros urbanos da população de rua, tratar o trabalhador como detrito (vários trabalhadores em Curitiba que trabalham em regime de escala ou mesmo na captação de materiais recicláveis dormem na rua vários dias da semana, pois não compensa para eles voltar para casa que fica muito distante de seu local de trabalho – por vezes duas horas de ônibus por trecho).
Para piorar, qualquer posicionamento referente aos mega-eventos rapidamente recebe chancela e cor política. Se é a favor da Copa, é partidário da Dilma. Se critica, é partidário da oposição. Os veículos de imprensa, que mal e mau pontualmente publicam aspectos desta realidade – afinal, elas lucram e muito com a cobertura destes eventos – ajudam a reforçar a cultura de declarar lado diante de qualquer crítica.
Acredito que as forças políticas e os movimentos sociais comprometidos com a população trabalhadora, pouco importando se estão ou não em qualquer esfera de governo, devem se posicionar criticamente em relação aos mega-eventos. O povo brasileiro quer que tudo aconteça e com sucesso para que lá fora o Brasil seja visto com os melhores olhares e com as melhores impressões. Fazer a linha do "é melhor que nada aconteça" é um erro. Mas, devemos estar vigilantes para que a trabalhadora e o trabalhador não seja triturado em meio aos maus tratos e higienizações que virão por aí. A população trabalhadora não pode pagar com sangue o preço dos mega-eventos que virão.
Ósculos e amplexos!
30 setembro 2011
Reflexões para o movimento social (1): A necessidade de profissionalismo é desafiante e urgente.
A quantidade enorme de casos em que a troca de forças políticas no comando de uma entidade em nada resultou quanto ao problema de aproximação entre direção e bases leva a crer que não se trata de um problema de força política, mas de uma cultura ou um ciclo vicioso comum à praticamente todas as organizações do movimento social.
Existe, e não há como negar, o interesse proposital de manutenção da distância entre direção e bases. Seja por conta de uma prática da oposição – que isola as bases da direção, em uma espécie de "cordão sanitário" a fim de proteger a possibilidade da situação ser derrotada na próxima eleição por esvaziamento de sua base de apoio -, seja por conta de uma estratégia da própria situação de evitar o questionamento constante de sua atuação – quanto mais distante da base, mais fácil de se fazer qualquer trabalho, pois não haverá a necessidade de prestação de contas de maneira constante. Mas, ao mesmo tempo, ambas políticas – na minha opinião, mesquinhas – fazem com que as bases se desmobilizem e se afastem, perdendo a vontade e o envolvimento. O movimento se enfraquece e as disputas entre situação e oposição vão ficando cada vez mais sanguinolentas. Sem bases, sobram somente os desejos dos grupos organizados. A entidade entra em falência, se não de recursos humanos e financeiros, a mais grave: a política.
Não há tática ou estratégia defendida por uma força política que dispute uma organização e que aceite uma entidade falida politicamente como resultado. Por conta disso, inúmeras políticas tomam como critério de análise a capacidade de relacionamento ou o conjunto de mecanismos de tomada de decisão que mais envolveram o conjunto de representados; abandonando ou desconsiderando as lutas sociais. Em outras palavras, é mais valorizada uma entidade que se torna eficiente no sentido de se traduzir enquanto centro de convivência do que uma que busca disputar e transformar aspectos da sociedade atual a que está imersa. E praticamente inexistem as organizações que conseguem ser excelentes centros de convivência ao mesmo tempo em que são combativas nas lutas sociais.
Quando uma entidade não consegue ser nem uma coisa e nem outra, as próprias bases dão por falida sua entidade e se afastam. A exigência, e o grande desafio, portanto, é ter organizações do movimento social que sejam capazes de se bem relacionar interna e externamente ao mesmo tempo em que usa deste relacionamento para se projetar com força política capaz de lutar e provocar mudanças sociais.
A profissionalização dos quadros de uma entidade, ou a criação de meios para a contratação de quadros profissionais, talvez seja um caminho obrigatório para as organizações do movimento social. Por diversos motivos – e muito bem justificados -, deseja-se que a transformação ou mesmo uma ação defendida por uma organização do movimento social seja alcançada de maneira autônoma e diretamente pela própria entidade. Porém, a política institucional gera resultados de tamanha valia, com tamanha regularidade e com tantos bons resultados que chega a ser atualmente tola a política de evitá-la. Em outras palavras, por exemplo, ter um razoável time de advogados no movimento produz muito mais resultado e impacto positivo em uma luta social do que não tê-los – por vezes, a luta só chega em algum lugar por ter desenvolvido uma boa atuação jurídica apesar de todos os esforços de mobilização, agitação e luta.
Atingir este grau de profissionalismo é um desafio e tanto! Por exemplo, o movimento estudantil, cuja base não tem obrigações de contribuição como no movimento sindical, imaginar um time multiprofissional, composto por ex-militantes enquanto formadores e gestores do conhecimento acumulado, todos bem remunerados, parece ser mais uma utopia em um primeiro momento. Mas é fato notável que os poucos – e bravos - militantes sejam consumidos pelo movimento, sendo obrigados a atuar de maneira voluntária e amadora nos mais diversos aspectos. "Batem o escanteio e correm para a área para o cabeceio". E o resultado: há muita motivação no começo, muitos esforços sobre-humanos pelo caminho, e completa destruição do sujeito caso fique muito tempo neste processo. Sequer experiência profissional podem acrescentar em seus currículos profissionais, pois não é visto com bons olhos tanto tempo de dedicação em atividade voluntária – muito menos em atividade considerada por muitos como "subversiva".
Com o passar do tempo, e isso já é facilmente identificável em dias atuais, a precariedade de recursos, a enorme sobrecarga na militância, e o desgaste da imagem da entidade ou do próprio movimento para com a base, vai esgotando os poucos batalhadores que se dispõe a dirigir e organizar o seu movimento social. Extremamente cansados, estes militantes – na sua maioria honesta e sem pretensões de se tornar milionários fazendo luta social – caso não consigam se profissionalizar e assim poder abrir caminho para novos dirigentes e bem assessorá-los, serão obrigados a se afastar e correr o risco de ter todo o seu esforço até então perdido. Além de ser um imenso desafio, portanto, também é uma necessidade de imensa urgência.
29 setembro 2011
Eu, Binha e o Shiniti no GoogleStreetView
23 setembro 2011
PL 267/11: Projeto daqueles que sentem saudade da palmatória.
Ninguém questiona o aumento real da violência. No meio de milhares de formas de criminalidade está uma população amedrontada e que, com toda legitimidade, exige soluções imediatas. Estes sentimentos de medo e de insegurança dão margem para que nossos legisladores reforcem a clássica função do Estado em deter o monopólio da força, mas não cumpre o papel de promover a paz para seu povo. Por vários motivos, desde a grande corrupção e freqüente abuso de poder por praticamente todas as formas de autoridade até a falta de acesso à justiça pela maioria da população, a pacificação social é traduzida como aumento da repressão, perda da individualidade e da preservação da intimidade, e intensificação das práticas punitivas. Dentro desse cenário, diversas juventudes vão se constituindo constantemente um objeto nas políticas repressivas. Principalmente as juventudes das camadas mais pobres.
A violência urbana, enquanto representação coletiva, sempre é associada à criminalidade. Nisso, na busca por um grupo social determinado em que seus membros seriam os grandes responsáveis por todo crime que ocorra, cria o sujeito-bandido dotado de inúmeros símbolos e aparências que mais povoam o imaginário e o senso comum do que se associa de fato com a realidade. Dessa forma, é freqüente vítimas se tornarem principais alvos das práticas repressivas e com total apoio da população insegura. E o jovem, em sua maioria populacional, é o que menos possui condições de se defender das mazelas e da própria violência e é também constantemente associado à criminalidade.
O sentimento de medo que há no Brasil é bem fundamentado, pois há aumento real da criminalidade principalmente nos centros urbanos. Porém, tal aumento, não se justifica pelo aumento de uma suposta população bandida. Há uma complexa rede de relações diretas e indiretamente envolvidas com os mais diversos processos sociais. Há o crime organizado com forte recrutamento de trabalhadores, mas os índices de violência contabilizam que os homicídios, em sua maioria, não estão relacionados diretamente com o crime organizado. Há uma fortíssima relação entre a ansiedade provocada pela desigualdade social e o aumento no número de homicídios. Quanto maior a insegurança da população quanto aos seus empregos e ao atendimento de suas necessidades, principalmente as suas necessidades básicas, será mais violenta sua realidade social.
A configuração cultural, institucional e econômica do país, somado com o medo justificado do crime, fortalece no sentimento das massas de que há de se tomar lado com todas as forças na dicotomia entre o bem e o mal. E o representante eleito há de construir propostas e projetos que coloquem o Todo-Poderoso Estado, com seu monopólio da força, em combate ao lado dos defensores do bem contra a população bandida, defensora do mal. Com isso, uma chuva de projetos legislativos é discutida diariamente com o propósito de se aumentar ainda mais a repressão. Sempre alimentando a cultura de que ordem e autoridade é igual à violência legalizada.
A cultura que compreende ordem e autoridade como violência legal atinge todos os aspectos da vida da juventude brasileira. Não apenas a polícia, mas praticamente toda a forma de autoridade na vida de um jovem bebe da mesma água que compreende a violência como algo legítima. Quando a violência troca de mãos é que se tem um problema. Ao invés de se alimentar uma cultura de paz, alimenta-se uma cultura de violência ser legítima ou ilegítima. É o caso do Projeto de Lei 267/11, de autoria da Deputada Federal Cida Borghetti (PP-PR), que estabelece punições para estudantes que desrespeitam professores ou violarem regras éticas e de comportamento de instituições de ensino. O projeto, extremamente subjetivo quanto ao delito, mas absurdamente objetivo quanto à punição, entende que os professores e direção escolar vem perdendo autoridade e busca resgata-la munindo estes profissionais com poderes de repressão e violência (no caso, suspensão escolar e encaminhamento para autoridade judicial, que irá prendê-lo).
O projeto não possui nenhuma preocupação educacional. Ele apenas "lê" que o estudante adquiriu um poder ilegítimo – lembrando que o projeto bebe na fonte que associa autoridade com violência. Não se enxerga um indivíduo agredindo a um outro, mas condena a possibilidade de um estudante agredir um professor. E, uma vez que a ética escolar é fortemente influenciada por seus professores, o contrário pode ser justificado – a agressão de um professor pode ser legítima.
O projeto cai no gosto da população amedrontada. A criminalização da juventude é constante no imaginário que compõe a tal da população-bandida. Nesse imaginário, a figura do mau professor inexiste. O abuso emocional, verbal, ou mesmo psicológico que tais professores cometem contra seus estudantes é algo tão longínquo que muitos pais não acreditam em seus próprios filhos quando esses dizem que foram maltratados por seus professores. E, na ausência de um grêmio estudantil forte, na ausência de uma comunidade escolar democrática e de respeito mútuo entre as categorias escolares, muitos estudantes encontram na violência física contra seu algoz a sua única forma de defesa ou mesmo de manifestação. A exceção vira regra, o estudante é marginalizado, e Projetos de Lei como o da Deputada Federal Cida Borghetti é aclamado.
Há uma preocupação real em se garantir a segurança de professores contra maus estudantes. Realmente, quando um indivíduo agride outro fisicamente ou o ameaça de faze-lo deve sim sofrer as devidas e justas conseqüências. Porém, não é isso que o PL 267/11 fortalece. Ele revigora a criminalização da juventude. Ele dá margens, inclusive, para que isto seja utilizado como mecanismo de perseguição política. Ele se embasa nos mesmíssimos argumentos dos tempos de ditadura militar no país onde se dizia: ame a repressão ou deixe o país, no caso a escola.
O PL 267/11 vai na contramão da democratização da comunidade escolar, valoriza os maus professores, não soluciona o problema de violência nas escolas, e ainda conta com a possibilidade de suspender o direito que todo brasileiro tem à educação. Direito esse que nem mesmo nas penitenciárias se é retirado ou obstruído. Este Projeto de Lei joga por terra a possibilidade de colocar as juventudes como protagonistas de uma série de soluções que os atingem diretamente e reforça a idéia de que toda autoridade se demonstra pelo tamanho do porrete que segura. E, uma vez que permite a suspensão do estudante, coloca-o fora da alçada da proteção escolar e o expõe com maior facilidade ao contato com a violência – consideravelmente pior – que um jovem poderá sofrer fora da escola.
O PL 267/11, no fim das contas, é um projeto que favorece aqueles que sentem saudade da palmatória.
29 abril 2011
"Inverno da Alma", 2010: um olhar diferente sobre os EUA.

"Inverno da Alma" (Winter's Bone) [EUA] , 2010 - 100 minutos Direção: Debra Granik Roteiro: Anne Rosellini, Debra Granik, Daniel Woodrell (romance) Elenco: Jennifer Lawrence, John Hawkes, Kevin Breznahan, Garret Dillahunt, Lauren Sweetser
Os mesmos críticos, consideravelmente melhores do que eu, avaliaram como exagero "Inverno da Alma" ter sido indicado para tantos prêmios, inclusive Sundance e Oscar. Mas, o "zeitgeist" do cinema-arte estadunidense desde o 11 de Setembro é o mesmo: apresentar ao mundo o verdadeiro heroi americano, ou seja, seu sofrido povo trabalhador. Como o público para tal é restrito, isso explica a verdadeira onda de independentes que venham dos EUA.
Em geral, a sinopse que encontramos não ajuda em nada. Ela geralmente é descrita assim: Ree (Lawrence), de 17 anos, é a única responsável por uma mãe catatônica e duas crianças que, de uma hora para outra, se vê em uma corrida contra o tempo para encontrar seu pai para que o terreno e tudo mais o que houver sobre ele não sejam tomados pela justiça. Não ajuda, pois, apesar de ser isso mesmo o filme, ele revela muitíssimo mais do que isso.
A história se passa nas rústicas montanhas do Missouri. O filme é rústico e cru como tal. Nessa região, uma verdadeira epidemia de crystal meth vem mudando a paisagem e seu povo - uma anfetamina cerca de seis vezes mais barata que a cocaína e que pode ser fumada, cheirada, injetada, ou simplesmente mascada e que tem seus ingredientes encontrados em uma mistura de derivados da amônia e elementos encontrados em remédios e xaropes para gripe. Pacatos lenhadores vão se transformando, aos poucos, em traficantes. Simples aldeões tem suas saúdes e famílias sendo destruídas ora pelo consumo dessa droga, ora pelo envolvimento com o mundo do crime com entorpecentes. E é exatamente sobre isso que o filme trata: a destruição de uma família por conta desta droga.
Lentamente vamos acompanhando a angústia de Ree. Vamos acompanhando sua família que se nega prestar qualquer tipo de informação sobre seu desaparecido pai. Vemos uma tortura diferente na adolescente para cada passo que ela consegue avançar. Vamos conhecendo um Estados Unidos que nega oportunidade para essa menina - que não pode contar com a polícia, nem com a família, e tampouco com o Estado; o primeiro quer despejá-la, o segundo calá-la, e o terceiro enviá-la para a guerra por 40 mil dólares (que poderá demorar até 84 meses para ser pago). Tudo isto em uma interpretação profunda e muito convincente de Lawrence.
Não há rápidas reviravoltas ou epifanias apelativas. O filme tem uma toada do começo ao fim. E sofremos calados junto com a protagonista.
Os prêmios não enlouqueceram, o filme realmente é muito bom!
Ósculos e amplexos!
[Também publicado em cinemadonosense]
"Hop: coelho sem páscoa", 2011: inadequado para maiores.

"Hop: Coelho sem Páscoa" (Hop ), [EUA] , 2011 - 95 min. Infantil Direção: Tim Hill Roteiro: Cinco Paul, Ken Daurio, Brian Lynch Elenco: Russel Brand, James Marsden, Hugh Laurie, Kaley Cuoco, Elizabeth Perkins, Gary Cole, David Hasselhoff
Para quem foi assistir pensando em ver a mesma genialidade de "Meu Malvado Favorito, 2010" vai sair um tanto quanto decepcionado. Os amarelinhos de "Hop" não se aproximam em nada dos amarelinhos de "Meu Malvado". E para quem foi assisti-lo pensando em ver um "Alvin e os Esquilos, 2007", irá descobrir que "Hop" é um pouquinho melhor que o fraquíssimo Alvin. De qualquer maneira, o filme é desaconselhável para adultos. Sua fofura toda é inteiramente destinada para crianças - que juro que as vi no cinema bocejando.
A páscoa deveria ser no calendário cristão a data mais importante dada a imensa importância que expiação do Senhor significa, porém o apelo comercial faz com que o natal seja uma data consideravelmente mais comemorada. Trata-se apenas de uma observação que, no máximo, poderia causar reflexão sobre como há apropriações e subversões de acordo com o lucro que se pode explorar disso. Não há o menor sentido em criar uma rivalidade entre duas datas do calendário cristão. Porém, em nome do lucro, o filme é feito para explorar o apelo do período de páscoa e ao longo da exibição é possível ver que essa rivalidade aparece o tempo todo e se propondo a ser muito mais do que uma brincadeira. Colocar pintinhos no lugar de renas é de um mau gosto imenso.
Saindo do contexto religioso, o filme não convence. Não é propriamente engraçado, chega a ser chato. É enjoativo de tão doce e a solução para cada momento de conflito é completamente sem sal. Há uma ou outra tirada ocasionalmente divertida (como David Hasselhoff não se surpreender com um coelho falante uma vez que ele era "Michael" de "Supermáquina"). Os atores humanos são sub-aproveitados. E as "Boinas Rosas" são uma imensa perda de tempo, já que nem sequer chegam a ser personagens.
Ao final da sessão, pensei comigo se o filme convenceria menores de 10 anos de idade. Mas o comentário de um representante desta faixa etária que estava por lá esgotou todas as expectativas. Ele perguntou sabiamente à sua mãe: - já que há um teletransporte para os coelhos, para quê serve um trenó puxado por filhotes de galinha?
Viva a sinceridade quase que cruel das criancinhas! Ósculos e amplexos!
[Também em cinemadonosense]
"Ah o Amor" (Ex), 2009: bela comédia-romântica italiana.

Temos nada menos do que seis casais que, de uma maneira ou outra, encerram seu relacionamento. Abre-se com a história do psicólogo Sergio (Claudio Bisio) que defende a tese de que o amor não dura mais do que mil dias - obviamente um divorciado e que terá que se virar com suas filhas adolescentes depois da morte acidental de sua ex-esposa. Depois, a de um casal -Filippo (Vincenzo Salemme) e Caterina (Nancy Brilli) - que briga na justiça não pelo divórcio, mas pela inversa guarda de seus filhos - ninguém quer ter essa responsabilidade após a separação. Outro é sobre o processo de separação do próprio juiz do caso anterior - Luca (Silvio Orlando) e Loredana (Carla Signoris). Outro casal surge de uma situação complexa, Elisa (Claudia Gerini) reencontra o que seria o homem de sua vida sob a batina daquele que irá celebrar o casamento dela com Corrado (Gianmarco Tognazzi), ou seja, o padre (Angelo Infanti) tinha sido o seu grande namorado nota 10. Outro casal é composto, na verdade, por um triângulo terrível onde um ex-namorado e policial barra pesada atormenta a vida do atual namorado daquela que ele considera o amor de sua vida. E, por fim, o único casal que não está na Itália, tem que se deparar com a distância entre Paris e Nova Zelândia por conta de uma promoção no emprego dela. Tudo isso entre o natal e o dia dos namorados (que na Itália é em 14 de fevereiro).
É uma comédia que, apesar do acréscimo sufixo de romântica, não deixa de ser italiana. Também não tem a pretenção de ser felliniana (praticamente única referência que temos sobre comédia italiana aqui do outro lado do Atlântico). E, apesar da água com açúcar tradicional do gênero ter sido mantido, é uma delícia de ver os encontros e desencontros. E na medida em que vão se desenrolando as histórias, vamos nos vendo torcendo para que todas as teorias sobre relacionamento apresentadas no começo do filme sejam, uma a uma, desfeitas. Quando vemos, até mesmo nossas próprias teorias sobre o fim de relacionamento vão para as cucuias.
O filme apresenta uma nova geração de atores italianos (sinceramente, não reconheci nenhum, exceto o maravilhoso Silvio Orlando). Inclusive, até o próprio filme brinca com isso ao ter um dos casais morrendo de tédio ao longo de uma apresentação de uma famosa cantora italiana "das antigas". Interpretações bem italianas, mas que não se rendem à fácil e incômoda "italianisse caricata" e preconceituosa. São todos, a sua maneira, finais de relacionamento bem contadas na telona e que poderia ser reproduzida na vida de qualquer casal ao redor do planeta. Aliás, são histórias que, de tão bem elaboradas, poderiam cada uma delas gerar um filme todo próprio.
A minha única reclamação é a de que o desenrolar da trama demora muito para chegar ao seu fim. As duas horas de exibição cansam um pouco. E tão somente no dia seguinte é que o cansaço passa e a gente se dá conta da mensagem que o filme quer passar. Mas, sem dúvida, um excelente entretenimento.
Ósculos e amplexos!
[também em cinemadonosense]
28 abril 2011
"O Fiel Camareiro", 1983: quem é o protagonista, afinal?

"O Fiel Camareiro" (The Dresser) , 1983 (Inglaterra) Direção: Peter Yates Atores: Albert Finney, Tom Courtenay, Edward Fox, Zena Walker. Duração: 113 min Gênero: Drama
25 abril 2011
"Meu Malvado Favorito", 2010: Há tempos não se ria tanto com uma animação.

"Meu Malvado Favorito" (Despicable Me) [EUA/França] , 2010 - 95 min. Animação / Infantil Direção: Pierre Coffin, Chris Renaud Roteiro: Ken Daurio, Cinco Paul Elenco: Steve Carell, Jason Segel, Russell Brand, Kristen Wiig, Julie Andrews, Will Arnett, Danny McBride, Jemaine Clement, Miranda Cosgrove, Jack McBrayer, Mindy Kaling, Ken Jeong
Ósculos e amplexos!