Viva! Curitiba está em festa. Um de seu mais famoso cartão-postal completa 20 anos! E isso me faz lembrar de sua estátua que tanto me causa angústia cada vez que eu me lembro da bela paisagem de lá. A "A Mãe", como se chama a estátua, provoca-me calafrios. Trata-se de uma mãe com seu filho ao colo em posição de proteção. Tanto ela quanto seu filho estão nus. Nada contra a estética, pois a estátua é realmente muito bela. Muito menos a homenageada, a estátua está no meio de um jardinete em honra à urbanista Francisca Maria (Fanchette) Garfunkel Rischbieter, pioneira no planejamento urbano de Curitiba (e que poucos curitibanos sabem disso). O problema é estarem nus em Curitiba, famosa por seu clima rigorosamente frio.
Para piorar, "A Mãe" recebe jatos de água - pense, naquele friozão profissional que faz Curitiba em meados de junho e julho! A expressão da escultura não podia ser mais forte: temos a nítida sensação de que ela protege ainda mais sua criança daqueles jatos tenebrosos que castigam sua nudez. Simplesmente terrível!
O cartão-postal é belíssimo. Mas foi polêmico desde sua criação. O urbanista e na época prefeito Jaime Lerner deixou sua assinatura principalmente com sua versão para o Palácio de Cristal (que em seu início esturricava as plantinhas, que já teve seu problema corrigido). Mas, essa estátua, não há como passar por ela, secando em dia de sol, morrendo de frio em dia de chuva ou geada. E tome água!
O Jardim Botânico já foi até objeto de manifestação política. Em uma eleição "laranja" que deveria escolher o símbolo da cidade, toda armada para que o Jardim Botânico fosse escolhida, teve um fortíssimo revez. Dentre as opções de voto, a única que não continha o dedo do urbanista Jaime Lerner era o prédio da UFPR na Praça Santos Andrade (se não me engano, as outras opções eram: a Rua 24 Horas, o Ópera de Arame, o Jardim Botânico, e as Estações Tubo). Os estudantes da universidade, ao perceberem que não havia controle na votação e que uma mesma pessoa poderia votar quantas vezes quisesse, fizeram com que a população curitibana mais que dobrasse nessa votação. O resultado: o prédio da UFPR foi eleito o símbolo da cidade, e não o Jardim Botânico - e imediatamente a laranjisse foi ignorada pelos prefeitos subsequentes.
Enfim... Nesta Curitiba eu viajo!
Ósculos e amplexos!
PS* Em tempo, um amigo que mora na região me ligou pouco após eu ter publicado este para me dizer que concertaram a fonte. Agora a água molha só a base da estátua.
5 comentários:
Linda foto gostei
Parabéns pelo site esta sensacional
Muito bom o artigo, seu blog está ótimo
Fui eu quem mandou colocar a estátua lá. A água é para protege-la de vandalismo. Aqui, com o frio, vândalos não se metem onde há água. A escultura é de Zaco Paraná, de 1907, foi fundida em 1993 - quando eu era prefeito. Não tem relação com a Fanchette - embora ela tenha sido Mãe -. É uma homenagem a todas as mães. Foi colocada ali no dia das mães do ano 300 da nossa amada cidade.
Rafael Greca, prefeito de Curitiba 1993-1996.
Querido Rafael Greca, obrigado por sua postagem. Ter presença tão ilustre em meu blog valoriza esse meu pequeno trabalho. Entristeço-me que sua decisão foi baseada não em critério estético, mas na suposição de que certamente a estátua seria vandalizada. Agora, ciente de que as águas não pertencem mesmo à obra de Zaco Paraná (localizada no jardinete em homenagem à Fanchette, conforme dito em minha postagem), a estátua me dá ainda mais calafrios.
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