Em uma música do Blindagem, Ivo Rodrigues cantava: "Não sei mais quanto tempo vou esperar pra ver minha estrela brilhar". Pois é, Ivo não está mais entre nós e sua estrela brilhou no respeito que inúmeros amantes curitibanos da boa música sempre tiveram pelo seu trabalho e vozeirão. Uma singela homenagem está sendo preparada pela Fundação Cultural de Curitiba: o palco do Teatro Universitário de Curitiba se chamará Sala Ivo Rodrigues.
Pensemos: trata-se de uma homenagem à altura? Não sei dizer ao certo. Por um lado, o TUC fica no maior reduto boêmio da cidade - o Largo da Ordem. Nesse local, era comum ver o Ivo e sua turma dando o ar de sua graça em alguma das inúmeras mesas, e por vezes tentando descolar uns trocados cantando em um dos bares locais (aliás, o Ivo peregrinava pela cidade inteira em busca de alguns trocados cantando em bares). Por outro lado, a Galeria Julio Moreira (onde fica o teatro) já recebeu inúmeras poesias chamando-a de "galeria mais sinistra de Curitiba". Trata-se de uma galeria esquecida, servindo apenas de passagem pela movimentada rua que há sobre ela. E há anos que nada de muito importante, salvo raras apresentações, acontecem no TUC. Uma homenagem em um lugar desvalorizado pode desvalorizar o homenageado. Mas, como disse, ainda não tenho opinião formada à respeito.
Curitiba tem dessas coisas. Talvez por uma cultura de não valorizar muito o que tem por aqui. Depois do sucesso da Virada Cultural de São Paulo ano passado, que tive a oportunidade de participar (e amar), várias cidades do Brasil estão organizando as suas. Este ano, por exemplo, já aconteceu no Rio de Janeiro três dias de Virada. E nas cidades do interior de São Paulo estão marcadas uma Viradona multicidades. E em todas elas, artistas locais dividem palco com artistas de expressão nacional. E o melhor: são vários palcos prestigiando todas as mais diferenciadas vertentes culturais. Ano passado, na Virada paulistana, houveram palcos brega, rock, "Toca Raul", pagode, samba, hip hop, eletrônico, erudita, e por aí vai. Exceto no palco principal, que somente artistas renomados se apresentaram, em todos os demais haviam artistas locais e artistas renomados se alternando.
A Fundação Cultural de Curitiba está prometendo para novembro, dias 6 e 7, a nossa versão da Virada - que aqui será chamada de Corrente Cultural. Sinceramente, temo pelos resultados. Se depender da forma que estão cuidando da cultura curitibana, tem tudo para ser um evento para inglês ver; e não da Curitiba que viajo, como diria Trevisan. Se cuidarem da Virada como cuidam de seus artistas locais, ficará aquela eterna dúvida se será bom ou ruim, tendendo para o pessimismo. Igualmente à homenagem que querem fazer para o Ivo.
Ósculos e amplexos!
Pensemos: trata-se de uma homenagem à altura? Não sei dizer ao certo. Por um lado, o TUC fica no maior reduto boêmio da cidade - o Largo da Ordem. Nesse local, era comum ver o Ivo e sua turma dando o ar de sua graça em alguma das inúmeras mesas, e por vezes tentando descolar uns trocados cantando em um dos bares locais (aliás, o Ivo peregrinava pela cidade inteira em busca de alguns trocados cantando em bares). Por outro lado, a Galeria Julio Moreira (onde fica o teatro) já recebeu inúmeras poesias chamando-a de "galeria mais sinistra de Curitiba". Trata-se de uma galeria esquecida, servindo apenas de passagem pela movimentada rua que há sobre ela. E há anos que nada de muito importante, salvo raras apresentações, acontecem no TUC. Uma homenagem em um lugar desvalorizado pode desvalorizar o homenageado. Mas, como disse, ainda não tenho opinião formada à respeito.
Curitiba tem dessas coisas. Talvez por uma cultura de não valorizar muito o que tem por aqui. Depois do sucesso da Virada Cultural de São Paulo ano passado, que tive a oportunidade de participar (e amar), várias cidades do Brasil estão organizando as suas. Este ano, por exemplo, já aconteceu no Rio de Janeiro três dias de Virada. E nas cidades do interior de São Paulo estão marcadas uma Viradona multicidades. E em todas elas, artistas locais dividem palco com artistas de expressão nacional. E o melhor: são vários palcos prestigiando todas as mais diferenciadas vertentes culturais. Ano passado, na Virada paulistana, houveram palcos brega, rock, "Toca Raul", pagode, samba, hip hop, eletrônico, erudita, e por aí vai. Exceto no palco principal, que somente artistas renomados se apresentaram, em todos os demais haviam artistas locais e artistas renomados se alternando.
A Fundação Cultural de Curitiba está prometendo para novembro, dias 6 e 7, a nossa versão da Virada - que aqui será chamada de Corrente Cultural. Sinceramente, temo pelos resultados. Se depender da forma que estão cuidando da cultura curitibana, tem tudo para ser um evento para inglês ver; e não da Curitiba que viajo, como diria Trevisan. Se cuidarem da Virada como cuidam de seus artistas locais, ficará aquela eterna dúvida se será bom ou ruim, tendendo para o pessimismo. Igualmente à homenagem que querem fazer para o Ivo.
Ósculos e amplexos!
5 comentários:
Torcendo pra "virada" de Curitiba virar essa mesa...
Mas deixo, também, um link de "gente boa da melhor qualidade" que vira essa mesa todos os dias: http://prasbandas.blogspot.com/
Deixa a gente feliz de ver que acontece!
Vale a pena conferir!
Te amo, manão!
Bem lembrado, Queisse.
O festival Pras Bandas tira leite de pedra em nossa terrinha provinciana. Merece todo nosso prestígio.
Ósculos!
Por falar em tirar leite de pedra... alguém tem fotos ou alguma lembrança do antiquíssimo "Festival Leite Quente"?
Acho um pouco pesado demais a sua critica quanto a Galeria "sinistra"
Trabalho no teatro e não concordo temos agenda cheia o ano todo, um clube de xadrez funcionando a todo vapo e uma sla de exposição também.
Reveja seus conceitos quanto a isso...
Caro anônimo,
A crítica não é minha, é de alguns poetas curitibanos (conforme eu disse no meu texto). E, conforme eu também disse em meu texto, não tenho opinião formada sobre a galeria (ainda que eu a ache desvalorizada).
Não há mal algum desejar que um lugar que tem um teatro universitário que, como você mesmo diz, possui atividades o ano inteiro, tenha maior cuidado e divulgação de suas atividades. E o clube de xadrez, o poderoso Erbo, que funcionava na antiga galeria Ritz (que hoje é um shopping popular), ganhou recentemente sua sede na "sinistra" galeria (mas que em nenhum lugar se divulga sequer seu horário de funcionamento).
Farei questão de rever meus conceitos quando a prefeitura de Curitiba der o devido valor que tem a Cultura. Quando sua visão de que a cultura só pode ser desenvolvida em espaços sucateados seja mudada.
Farei questão de mudar minha crítica quando houverem incentivos para que a homenagem ao Ivo seja "ver a estrela brilhar" de pessoas talentosas como ele era.
Ósculos ou amplexos, e obrigado pela sua opinião. Ela sempre será bem vinda (melhor ainda quando você se identificar).
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