23 abril 2006

Pela unidade latino-americana: Pablo Milanés.

Dispensável qualquer apresentação, apenas a poesia daquilo que muito desejo!
O Sonho de Bolívar, unida com José Martí, dignificada por Fidel, quem sabe Chavez, e também certamente pelo povo brasileiro!

Canção pela unidade da América Latina.

Pablo Milanés.

O nascimento de um mundo se atrasou por um momento
um breve lapso do tempo, do universo um segundo.
Sem delongas, parecia que tudo ia se acabar.
Com a distância mortal que separou nossas vidas.

Realizaram o trabalho de desunir nossas mãos.
E apesar de sermos irmãos, nos olhamos com temor.
Quando passaram os anos, acumularam-se rancores.
Esqueceram-se dos amores, parecíamos estranhos.

Que distância tão sofrida, que mundo tão separado.
Jamais houvera encontrado sem aportar novas vidas.
Escravo por um lado, servil criado por outro.
É o primeiro que nota, é o último em desatar-se.
Explorando esta missão de ver tudo tão claro.
Um dia se viu livre por esta revolução.
Isto não foi um bom exemplo para outros se libertarem
O novo trabalho foi ilhar, bloqueando toda experiência.

O que brilha com luz própria, nada poderá apagá-lo.
Seu brilho pode alcançar a escuridão das outras coisas
Que pagará este pesar do tempo que se perdeu
das vidas que custou, e daquelas que poderão custar

E pagará a unidade dos povos em questão
E àquele que negar esta razão a história condenará
A história leva sua carruagem e a muitos a montarão
Por sobre passará daqueles que quiseram negá-la.

Bolívar criou uma estrela que junto a Martí brilhou
Fidel a dignificou para poder andar por estas terras.

19 abril 2006

Some weird sin.

“Bom, eu nunca tirei licença para viver.
Eles não me concederiam.
Então eu tento arrombar a entrada do mundo.
Eu vou tentando quebrá-la.
Oh! Eu sei que isso não é para mim.
E tudo o que vejo
Deixa-me triste e doente.
Então eu saio procurando
Algum pecado estranho
Tudo é muito careta.
Não consigo suportar.
Sinto-me preso, preso numa cabeça de alfinete.
Eu procuro então algum pecado estranho
Só para relaxar com ele.
Algum pecado idiota.
Por um tempinho pelo menos.
Só algum pecado estranho.”

(Iggy Pop/ David Bowie: “Some Weird Sin”)

Chegar ao fim de uma jornada e refletir sobre a próxima e ainda viver intensamente sem a devida permissão para isso. Estar jovem é um estado de espírito, ser jovem é outros quinhentos. Perceber que uma determinada coisa chega ao fim, mas essa coisa não é algo passageiro, mas a própria vida. Logo iremos trabalhar, e com isso nos igualaremos aos caretas, sejam eles partidários ou não dessa condição alienante. Como é bom achar um pecado, fazer com que as coisas deixem de ser retas. Fazer o próprio pecado é transformar o mundo. O santo de ontem é o demônio de hoje, o pecado de hoje será a virtude de amanhã. Desafiar o tempo, estando jovem quando se é jovem, ser jovem estando careta. Criar na confusão algum sentido, especialmente feito para quem vive, quem tem acesso e pode ver a confusão. A vida acaba quando não mais temos um caminho para percorrer, as opções secam. A juventude vive quando, uma vez que cerraram os caminhos, ela ousa criar o seu próprio pecado e continuar caminhando. E toda vez que colocarem uma porta entre ele e seu futuro, haverão os pontapés!

13 abril 2006

Papo de Cozinha - 13/04/2006

Na fulô ou na filó, finalmente! Mais uma fantástica volta de quem não foi ainda. Houve quem, em nossa vã filosofia, afirmou que o tempo em si não existe, existindo somente a impressão do tempo. Pois é, a impressão que eu tenho do tempo é que ele existe, tem vida própria e se diverte me sacaneando. Houve também, na nossa ainda mais vã filosofia política, quem afirmara que o trabalho aliena e, por isso, o trabalhador é alienado. Meu caso é de pré-trabalhador, e afirmo, o pré-trabalho é humilhante e o pré-trabalhador é humilhado. Pré-trabalhador é minha condição, ainda não trabalho, mas estou preste a assinar o contrati de trabalho e, por isso, sem ganhar um centavo para, trabalho pra caramba para poder trabalhar. Exames médicos: 19 no total; documentos para trabalhar: 21 no total; dinheiro para isso: nada! Eita! Fórmula horrenda!!! E a humilhação é total, tem avaliação psicológica que pergunta até de que forma eu visto minha cueca; tem que urinar e defecar num frasquinho e depois entregar para uma mulher de cara feia às sete horas da manhã como se aquilo cheirasse rosas. Além disso, aquela maratona: não existe num só lugar a possibilidade de fazer todos os exames de uma única tacada. Resultado: dá-lhe turismo forçado patrocinado por dinheiro forçosamente emprestado dos mais chegados. Documentos então, um festival burocrático com prazo de sabe Deus. Aliás, queria saber quem são os “Eles”? Deve ser um Deus da burocracia, tudo que a gente sugere para agilizar a documentação o emburrado homem da burocracia sempre fala: - É uma excelente idéia, mas Eles não deixam. Ou então: - “Eles fazem isso por que querem dinheiro!”. Eles deve ser um Deus poderosíssimo!

E por falar em Deus, se Ele quiser, tudo vai dar certo. Taí uma frase que sempre me incomodou um bocado. Vejamos, se você resolve acordar às dez da manhã e acorda, é pela vontade de Deus que o despertador tenha funcionado? Ele, o despertador, é então movido à milagre? Acho que Deus tem muito mais o que fazer do que ficar pajeando relógios. Mas, vou sair dessa assunto, vai que Ele, Deus, queira que eu não publique esse texto.

Por fim, tudo chega a um lugar. Domingo começa o brasileirão, o brasileiro foi para o espaço e voltou, graças a Stálin (afinal ele saiu e voltou para uma base militar criada e desenvolvida pelo grande bigodudo), a VARIG não vai pro brejo, mas vai decolar menos e sem desvio da grana pública, e um velho problema meu de infecção estomacal finalmente foi sanado. Se houver tempestade, a chance de eu estar com guarda-chuvas é enorme! É isso, para quem leu até aqui: terminou! Ósculos e amplexos e comentem, senão você vai acordar com um pôster do Papa Bento XVI colado na sua porta!

08 abril 2006

Ciúmes!

“João, um ciumento risível
Quer ter mulher e descanço.
Compra um cão brabo, terrível
Pra impedir qualquer avanço.
À noite, que ruído horrível!
O cão a todos mordeu.
Salvo o amante que o vendeu”.
(Canção final de Fígaro, na obra “As Bodas de Fígaro” de Beaumarchais).
Talvez por conta de que toda vez que eu olho para essa canção a palavra “ciumento”, me passa em mente a palavra “jumento”. Eis um assunto que sempre quis escrever, mas sempre me incomodou o suficiente para nunca ousar algumas palavras. Todos passam por situações nas quais o sangue realmente ferve, a ponto de escutarmos as borbulhas, e certamente o ciúme é o melhor exemplo dentre todos os exemplos. Mas o que é o ciúme? Puro sentimento de posse? Mas quem é de quem? Ou melhor, posse do que?
Namorados se enciumam de perder o ser enamorado por qualquer coisa, seja outra pessoa, seja por uma outra história, seja por um trabalho, ou simplesmente por disputar com a vida do companheiro, alheia a nossa. Todas as cenas de ciúmes são, por mais divertidas ou excitantes que possam aparentar, idiotas. E o calar é algo que realmente não satisfaz. Ter o bom juízo de aguardar, de não ser enganado pela cólera, causa uma dor tão angustiante que a cena enciumada sempre encanta primeiro a nossa saliva. E a dor é tão grande, que em tão pouco tempo estamos, em nome de algo que não existe, por conta de um sentimento que é idiota, ofendendo, machucando, tanto a nós mesmos quanto nossos amores. Um sentimento de tamanha idiotice, que reduz a todos a um só idiota. E há aqueles que se incomodam quando sua amada não se enciuma. Diz que não está dando a devida devoção ao amor outrora doado. Este então é idiota duplo, está cego de ciúmes, e sua cegueira quer furar o olho do ser amado.
Porém, não ser idiota é algo muito complicado. Afinal, quem quer ter juízo numa paixão completamente ardente e desajuizada? São antagônicos demais. O ser idiota é composição obrigatória para quem ousa se apaixonar. Ou torna-se um idiota e remói-se de puro ciúme, ou se contorcerá por estar solitário e não saber como é amar alguém. Enciumados, idiotas, de todo o mundo: uni-vos!