19 abril 2006

Some weird sin.

“Bom, eu nunca tirei licença para viver.
Eles não me concederiam.
Então eu tento arrombar a entrada do mundo.
Eu vou tentando quebrá-la.
Oh! Eu sei que isso não é para mim.
E tudo o que vejo
Deixa-me triste e doente.
Então eu saio procurando
Algum pecado estranho
Tudo é muito careta.
Não consigo suportar.
Sinto-me preso, preso numa cabeça de alfinete.
Eu procuro então algum pecado estranho
Só para relaxar com ele.
Algum pecado idiota.
Por um tempinho pelo menos.
Só algum pecado estranho.”

(Iggy Pop/ David Bowie: “Some Weird Sin”)

Chegar ao fim de uma jornada e refletir sobre a próxima e ainda viver intensamente sem a devida permissão para isso. Estar jovem é um estado de espírito, ser jovem é outros quinhentos. Perceber que uma determinada coisa chega ao fim, mas essa coisa não é algo passageiro, mas a própria vida. Logo iremos trabalhar, e com isso nos igualaremos aos caretas, sejam eles partidários ou não dessa condição alienante. Como é bom achar um pecado, fazer com que as coisas deixem de ser retas. Fazer o próprio pecado é transformar o mundo. O santo de ontem é o demônio de hoje, o pecado de hoje será a virtude de amanhã. Desafiar o tempo, estando jovem quando se é jovem, ser jovem estando careta. Criar na confusão algum sentido, especialmente feito para quem vive, quem tem acesso e pode ver a confusão. A vida acaba quando não mais temos um caminho para percorrer, as opções secam. A juventude vive quando, uma vez que cerraram os caminhos, ela ousa criar o seu próprio pecado e continuar caminhando. E toda vez que colocarem uma porta entre ele e seu futuro, haverão os pontapés!

Um comentário:

Anônimo disse...

Começar a caminhada, caminhar parar e mudar de rumo, essa é a sina do humano, sempre buscando o seu caminho, ou seus vários caminhos, quem disse que um caminho só nos basta??
Mas é a lógica da vida, acostumarmo-nos com uma certa rotina pra depois rompermos com ela, ao nascermos estamos frente a uma nova realidade que vai se alterando através destas rupturas, sempre nos colocando frente ao desconhecido.
Os homens tem diferentes formas de enfrentar este desconhecido, que sempre traz medo e insegurança, mas eu sempre classifico em dois: Os bravos e os covardes.
Pode parecer uma classificação demasiado simples, mas como todas as coisas simples, torna-se de difícil explicação.
Afinal o que é ser bravo e o que é ser covarde?? quem poderia responder-nos de forma satisfatória esta questão?? não sei, mas me arrisco a algumas linhas sobre elas.
Ao se deparar com uma mudança tão esperada, mas ao mesmo tempo tão abrupta, a temerosidade nos alcança mais rápido que todos os outros sentimentos, a postura frente a esta nova realidade, a esta nova forma de viver e de organizar-se nos coloca entre os bravos ou entre os covardes. Os Bravos, apesar de temerosos e ansiosos, começam a pensar em como será esta nova etapa, faz planos, prevê a continuidade de uma luta iniciada a tantos anos atrás, não se deixa abater pela insegurança que o desconhecido traz. Já o Covarde, bom este está tão apavorado frente à possibilidade de mudar a sua rotina medíocre que traz pra ele uma falsa segurança, que o que está para acontecer não o interessa muito, desde que ele possa criar uma nova rotina alienante e protetora pra si mesmo, estará tudo bem.
É isso que eu vejo em ti, quando começa a falar de sua nova vida, vejo um bravo lutador sendo deslocado de uma frente de batalha e colocado em outra, sob uma bandeira diferente, mas não conflitante com a bandeira de luta maior, que envolve a todos nós, a bandeira da revolução socialista.
Estou certa que esta nova fase virá a somar muito nesta sua luta, e saiba que estarei sempre aqui, com o meu ombro para as suas inseguranças, com críticas para os seus esquívocos e com muito apoio para as suas certezas.