29 abril 2010

Sala Ivo Rodrigues e Virada Cultural em Curitiba

Foto: Gazeta do Povo - Luiz Cequinel/FCC

Em uma música do Blindagem, Ivo Rodrigues cantava: "Não sei mais quanto tempo vou esperar pra ver minha estrela brilhar". Pois é, Ivo não está mais entre nós e sua estrela brilhou no respeito que inúmeros amantes curitibanos da boa música sempre tiveram pelo seu trabalho e vozeirão. Uma singela homenagem está sendo preparada pela Fundação Cultural de Curitiba: o palco do Teatro Universitário de Curitiba se chamará Sala Ivo Rodrigues.

Pensemos: trata-se de uma homenagem à altura? Não sei dizer ao certo. Por um lado, o TUC fica no maior reduto boêmio da cidade - o Largo da Ordem. Nesse local, era comum ver o Ivo e sua turma dando o ar de sua graça em alguma das inúmeras mesas, e por vezes tentando descolar uns trocados cantando em um dos bares locais (aliás, o Ivo peregrinava pela cidade inteira em busca de alguns trocados cantando em bares). Por outro lado, a Galeria Julio Moreira (onde fica o teatro) já recebeu inúmeras poesias chamando-a de "galeria mais sinistra de Curitiba". Trata-se de uma galeria esquecida, servindo apenas de passagem pela movimentada rua que há sobre ela. E há anos que nada de muito importante, salvo raras apresentações, acontecem no TUC. Uma homenagem em um lugar desvalorizado pode desvalorizar o homenageado. Mas, como disse, ainda não tenho opinião formada à respeito.

Curitiba tem dessas coisas. Talvez por uma cultura de não valorizar muito o que tem por aqui. Depois do sucesso da Virada Cultural de São Paulo ano passado, que tive a oportunidade de participar (e amar), várias cidades do Brasil estão organizando as suas. Este ano, por exemplo, já aconteceu no Rio de Janeiro três dias de Virada. E nas cidades do interior de São Paulo estão marcadas uma Viradona multicidades. E em todas elas, artistas locais dividem palco com artistas de expressão nacional. E o melhor: são vários palcos prestigiando todas as mais diferenciadas vertentes culturais. Ano passado, na Virada paulistana, houveram palcos brega, rock, "Toca Raul", pagode, samba, hip hop, eletrônico, erudita, e por aí vai. Exceto no palco principal, que somente artistas renomados se apresentaram, em todos os demais haviam artistas locais e artistas renomados se alternando.

A Fundação Cultural de Curitiba está prometendo para novembro, dias 6 e 7, a nossa versão da Virada - que aqui será chamada de Corrente Cultural. Sinceramente, temo pelos resultados. Se depender da forma que estão cuidando da cultura curitibana, tem tudo para ser um evento para inglês ver; e não da Curitiba que viajo, como diria Trevisan. Se cuidarem da Virada como cuidam de seus artistas locais, ficará aquela eterna dúvida se será bom ou ruim, tendendo para o pessimismo. Igualmente à homenagem que querem fazer para o Ivo.

Ósculos e amplexos!

Papo Universitário: Diários Secretos e Apatia Juvenil.


Foto: Gazeta do Povo - Pedro Serapio

Um excelente debate entre os Professores Doutores Adriano Codato; Ana Luisa Fauet Saad; o jornalista André Gonçalves; e meu amigo e Presidente da UPE Paulo Moreira da Rosa Júnior. O evento organizado pela Gazeta do Povo e pelo Instituto RPC, realizado no teatro do Paiol, foi bastante participativo e chegou a lembrar o extinto programa de televisão "Programa Livre".

Praticamente não se falou dos diários secretos da Assembleia Legislativa. Em seu lugar, uma reflexão muito me chamou a atenção: o fato de que os grandes veículos tradicionais da imprensa foram questionados pelos presentes. O baixo prestígio dos veículos tradicionais de comunicação ajudam na apatia pela qual tantas pessoas se queixam ao ver os movimentos sociais arrastarem tão poucas pessoas diante de um escândalo como o dos Diários Secretos.

Por outro lado, houve também algumas manifestações bastante interessantes analisando o outro lado, o dos movimentos sociais. Há uma espécie de descontentamento geral com a política, que somada a anos de criminalização dos movimentos políticos, o resultado é a baixa mobilização na hora de se lutar por direitos e pelo fim da impunidade.

Tirando a desastrosa opinião do professor Codato - que ele acha que os estudantes se tornam vanguarda dos movimentos devido ao tempo disponível que possuem - todos consensualizaram que o que há, na verdade, é uma soma de fatores que contribuem para que não se tenha mais grandes passeatas semelhantes ao do Fora Collor.

Em minha opinião, e que também foi levantada por alguns estudantes presentes, é que a manifestação política acontece em maior volume, porém não da forma tradicional. Aliás, se analisarmos historicamente, a juventude envolvida diretamente com o movimento estudantil nunca foi maioria. Para se ter uma ideia, nos tempos da ditadura militar, o medo fazia com que alguns poucos corajosos se arriscassem lutar por qualquer coisa. Medo mais do que justificável diante das torturas e coisas piores da época. Durante o Fora Collor, até que o movimento tomasse corpo, foram inúmeras atividades que não reuniam mais do que algumas dúzias de pessoas. O Reage Paraná (Em Defesa da Copel) demorou para dar certo e parar dentro da Assembleia. E todos eles, em nenhum momento a liderança da juventude, o movimento estudantil, era a maioria entre os estudantes. Muitos dos que estavam lá sequer ouviram falar em UPE ou mesmo em grêmio estudantil, quiçá o nome do presidente dessas entidades. Mas o movimento estudantil cumpriu o seu papel de vanguarda, de olhar mais à frente. E liderou todos esses movimentos.

E onde há a apatia juvenil se o que existem são juventudes, no plural, e das mais diversificadas? Basta um evento religioso para se reunir milhares de jovens que são lideranças em suas igrejas. Isso também é uma forma de se fazer política. E os inúmeros movimentos ambientais, hip hop, de negros, de mulheres, e culturais? São formas e mais formas diferentes de se fazer política. Definitivamente a juventude não está apática, e talvez nunca esteve no Brasil.

Como eu disse em minha breve intervenção no evento: temos a cultura de analisar tudo com os requintes exagerados de um jogo de futebol. Acreditamos que os tempos passados são melhores e foram melhores que os nossos tempos atuais, quando na verdade apenas são tempos diferentes. E o movimento estudantil sabe disso, e tenta diariamente organizar espaços em todas as escolas e universidades para que todas as manifestações de juventude aconteçam. Mas, esbarra não em uma juventude apática. Mas esbarra em direções, donos de instituições, e inúmeros professores retrógados, parados no tempo, e altamente castradores da manifestação estudantil.

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Diário de um intercambista: a universidade gringa aceitou o meu pedido. Agora é correria para acertar os últimos detalhes documentais para comprar a passagem. Doravante irei dar mais detalhes de minhas preparação. Basta eu receber o "OK" definitivo para começar a me preparar.
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Parabéns Rafinha pela carteira de motorista. Agora é relaxar e perder o medo. Sempre defendi e continuo defendendo que toda mulher deveria aprender a dirigir e assim ganhar mais um passo para sua autonomia. E esse passo finalmente está concretizado! Agora é juntar dinheiro para comprar seu próprio carrão. Beijos.
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Ósculos e amplexos!

13 abril 2010

Bacharelado Interdisciplinar.


Confesso que ainda não estou seguro sobre a novidade, mas, à princípio, aplaudo a iniciativa. O bacharelado interdisciplinar (BI) é a primeira iniciativa, de fato, que aproxima a universidade brasileira das necessidades do país para o século XXI. Com o BI, a estrutura de um grande conglomerado de cursos (herança dos tempos militares) se transformaria em algo mais próximo ao conceito mais amplo de universidade: interdisciplinar e crítica (adotada em quase toda a América Latina e nos Estados Unidos).

A novidade resolve rapidamente um dos primeiros grandes problemas do ensino superior brasileiro: a baixa idade dos universitários. O estudante, hoje, tende a entrar na universidade com 17 anos, e se formando por volta dos 21. Ou seja, a grande maioria desses jovens ainda não tiveram tempo para um amadurecimento crítico para exercer seu papel crítico na sociedade e uma profissão de nível superior. Outro problema que a novidade ajuda a resolver é a elevação do acesso à universidade. Ajuda a resolver, pois amplia significativamente a oferta de vagas de acordo com a estrutura geral da universidade, e não mais de acordo com a estrutura de um curso específico. Além de outros benefícios como a de se ter uma educação superior interdisciplinar, trazendo novos elementos críticos e amplos durante a formação do estudante; diminuição significativa da evasão universitária por motivo de arrependimento do curso escolhido; e assim por diante.

É claro que para cada ponto à favor há um ponto contrário. E todos os pontos devem ser analisados criteriosamente pela comunidade acadêmica e pela sociedade em geral. Mas os poucos pontos contrário a que tive acesso apenas reforçaram que a ideia do BI, na soma dos fatores, é uma excelente iniciativa.

Dos pontos contrários levantados, e dos quais mais tem sido abordados pela grande imprensa, dois me deixaram preocupado:

O primeiro, quanto à qualidade do ensino devido o aumento no número de estudantes. Isso somente é verdade na relação matemática de que para cada um estudante que se soma a uma sala de aula, as atenções do professor obrigatoriamente será dividida. Entretanto, a universidade não se resume na relação professor, aluno e sala de aula. Aliás, essa relação deveria ser uma parte muito pequena se considerarmos que estamos falando de bacharelado. A relação na univesidade deve ser muito mais pesquisador e pesquisando do que professor e aluno. E, quanto mais interdisciplinar e quanto maior for o número de pessoas contribuindo com pesquisas científicas e tecnológicas, melhor se torna a qualidade do ensino, da pesquisa e da extensão universitária.

O segundo, quanto à migração dos insuficientes. Não acredito que seja uma preocupação plausível, uma vez que durante os anos iniciais, o estudante vai direcionando seu curso para a área específica. Além disso, esse argumento esconde um preconceito. Quem disse que um curso é melhor ou pior que outro, quando na verdade apenas são diferentes? As exigências para se especificar em um curso como medicina apenas são diferentes do de um curso de enfermagem. O risco de uma migração dos insuficientes da medicina para a enfermagem, por exemplo, não tem o menor cabimento, uma vez que na medida em que avança no BI, o estudante tem que ir escolhendo o seu direcionamento. E, como no exemplo, enfermagem e medicina são áreas diferentes, diferentes são suas necessidades específicas. O insuficiente simplesmente não estará apto para nenhuma delas, e portanto não fará nenhuma delas, não havendo migração.

Com certeza que há inúmeras desvantagens, mas por enquanto nenhuma ainda me convenceu pela inviabilidade da proposta de BI. Mesmo que eu, conforme dito acima, não tenha ainda opinião formada sobre o assunto.

Aceito mais contribuições para melhor opinião. Ósculos e amplexos!

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Diário de um intercambista: os resultados dos exames de proeficiência idiomática saíram. E, para minha supresa, meu inglês é melhor que meu espanhol. Mas obtive a média necessária em ambas para o ingresso na universidade estrangeira. Agora, é só esperar a burocracia do lado de lá para começar a organizar as malas. Continuem me desejando sucesso, amigos e amigas.
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O peixe morre pela boca: fui fazer uma brincadeira com um amigo sãopaulino quando o Rogério Ceni perdeu aquele pênalti horroso (há dois jogos atrás, quando o goleiro do SPFC tocou a bola pro goleiro adversário, com paradinha horrorosa e tudo) pelo twitter. Mas, não acompanhei o jogo inteiro, pois outros compromissos me afastaram da televisão. Quando voltei, o SPFC havia feito cinco gols no adversário. Não deu nem tempo de apagar o tweet enviado, e com todo direito do mundo houve a tripudiada. Está aqui feita a auto-crítica: o jogo só acaba quando no apito final do árbitro.
O peixe morre pela boca (2): Após o jogo, outro amigo sãopaulino pegou carona no vacilo que eu dei pelo Twitter e disse: São Paulo vai atropelar o Santos nos dois jogos... pois é, o peixe ou melhor o Santo Paulo, morre pela boca!
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Estão abertas as inscrições para um concurso de contos mórmons. Aceito sugestões para que eu possa inscrever algo. Mais informações, em um post futuro.