19 fevereiro 2010

"É proibido fumar..."

Não tenho a menor competência para versar sobre a constitucionalidade ou não da
chamada Lei Anti-Fumo adotada em estados como São Paulo e Paraná. Apesar de
sólidos conhecimentos em Direito devido a minha formação em Relações
Internacionais, não posso sequer me considerar apto a me comparar aos juristas
que fizeram toda a faculdade de Ciências Jurídicas e que já estão em um
verdadeiro debate quanto a esse tema. Minha contribuição será de outra forma
.
Uma coisa é fato: ir e voltar sem feder a cigarro é sem
dúvida a melhor contribuição que essa Lei nos trouxe. Entretanto, ela acaba
escondendo outras coisas realmente preocupantes. Primeiro, a transferência para
a população quanto a suas preocupações com o hábito de fumar.
-> Já senti na pele a dificuldade que é parar de fumar,
principalmente pelos meios públicos. O telefone que está impresso em todos os
maços de cigarro simplesmente não atendem e nos fazem escutar horas de
musiquinha xarope. Os postos de saúde tem requintes de crueldade ao tratar com o
tabagista (me ofereceram o tratamento em cinco lugares diferentes, mas um mais
distante que o outro de minha casa ou de meu trabalho). Mas, a propaganda de
cigarro brilhando em postos de gasolina, bancas de jornais, esses continuam lá e
cada vez mais atraentes.
-> Mas, a radicalidade da campanha contra o tabagismo está
na velha solução do Estado: proibindo, castrando, multando, fazendo com que um
seja o fiscal do outro.
-> A minha geração cresceu associando liberdade com um
maço de "FREE", sucesso com "Hollywood", raro prazer e sofisticação com
"Carlton", e um mundo de sabores no mundo de "Marlboro". Campanhas descaradas
chamando a juventude para o hábito de fumar, com Hollywood Rock e Free Jazz
Festival para todos as tribos se entupirem de cigarro. Pior a geração de meus
pais e avôs, que cresceram vendo seus herois no cinema e na televisão dando um
imenso glamour ao hábito que hoje é considerado um ato de estupidez. Gerações e
mais gerações associaram "a hora feliz" ao de tomar umas bebidinhas, conversar
com os amigos e fumar e fumar. Inclusive, até pouco antes da famigerada Lei, o
Narguile se tornou uma febre entre a juventude das principais cidades do
país.
-> Minha mãe me conta que brigou muito com meu pai. Não
por ele fumar, mas por ele insistir para que ela fumasse. Quem não fumava era
brega...
-> Agora, o combate ao fumo simplesmente desrespeita todas essas gerações.
Passa por cima da sua obrigação de dar condições de re-habilitação aos
dependentes da nicotina e do tabaco, e simplesmente proibe com ameaças de multas
e fechamento de estabelecimento em nome de uma postura de tolerância zero. Logo
em um país que havia há tempos dando provas de que esse radicalismo adotado na
Europa e nos Estados Unidos não gera tanto resultado como uma boa campanha pelo
bom senso e com incentivos reais para parar de fumar (e que simplesmente sumiu
da agenda política em todos os Estados da federação).
-> Na própria Europa mudanças significativas a essa lei já
estão sendo estudadas devido os transtornos que surgiram. O primeiro, que os
fumantes acabam fumando mais do que o de costume quando dão aquela saidinha para
dar umas tragadas. Fumam seguidamente dois ou até três cigarros, isso o fumante
mais brando, em cada saidinha. Segundo, o barulho aumentou significativamente
nas ruas e as bitucas ao chão também (uma vez que se é proibido cinzeiros mesmo
fora do estabelecimento e muita gente fica entrando e saindo, aumentando o
ruído). Terceiro, a criminalidade próxima dos estabelecimentos aumentou. Os
clientes ficam mais expostos quando antes estavam protegidos em suas mesas.
Enfim, inúmeros problemas, e nenhuma redução significativa nem dos fumantes
ativos e nem das doenças nos chamados fumantes passivos.
-> Na própria Europa, novamente, já se estabeleceram novos
critérios, como a dimensão mínima do estabelecimento para que se crie
"tabacódromos". Em estabelecimentos com mais de 100 metros quadrados, pode-se
reservar uma área onde se comercializa somente o cigarro e o fumo (e mais nada).
Medida adotada em Portugal, Espanha, e França. Na Turquia, um dos países onde é
assustador o número de fumantes (cerca de dois a cada três adultos fumam),
inúmeros protestos pertubam o sossego dos governantes devido a "imposição
radical" do Estado sobre os cidadãos.
Enfim... Continuo adorando sair à noite e voltar para casa sem maiores odores do cigarro. Continuo achando graça quando viajo para Santa Catarina (onde não há essa lei) e somente vejo os curitibanos saindo para dar uma tragada enquanto os demais fumam em suas próprias mesas. E continuo achando que essa lei não é uma boa, apesar da inúmeras vantagens.
Ósculos e Amplexos!

08 fevereiro 2010

Digestivo cultural: a difícil arte de se interpretar Dylan.


Todos conhecem Bob Dylan. Suas músicas nem sempre são fáceis de se compreender, tampouco de se executar. O próprio Bob Dylan possui limitações imensas para executar suas próprias composições. O que, ao mesmo tempo foi um grande incentivo para inúmeros compositores. Afinal, sobreviver de direitos autorais enquanto o dono da bela voz faz todo o sucesso não é nada fácil (não é verdade, Lou Reed?).

Hoje, proponho uma investigação sobre uma composição de Bob Dylan: "One More Cup of Coffee".

A primeira exibição é do próprio Bob Dylan. Com sua voz inconfundível e os arranjos bastante marcantes.

Depois, temos a belíssima voz da turca Sertab Erener. Ela coloca um fundo grandioso, elementos da música turca, além da impressão de grandiosidade em toda a composição.

Notem que a batida permaneceu a mesma em todas as músicas, deixando para a letra a entoação mais dramática da música. Mas, o mais fantástico é quando The White Stripes incorpora a ideia do "Valley Bellow", dando um clima "Farwest" à música.

Para mim, vence a composição de The White Stripes (como pode apenas duas pessoas produzirem tamanha musicalidade?).

Bom proveito, e aguardo as opiniões e comentários.

"One More Cup Of Coffee (Valley Below)"

Your Breath is sweet, your eyes are like
Two jewels in the sky
Your back is straight your hair is smooth
On the pillow where you lie.
But I don't sense affection
No gratitude or love.
Your loyalty is not me but to the stars above

Chorus :
One more cup of coffee for the road.
One more cup of coffee for I go,
To the valley below.

Your daddy he's an outlaw
And a wanderer by trade.
He'll teach you how to pick an choose
And how to throw the blade.
And he oversees his kingdom
So no stranger does intrude.
His voice it trembles as he calls out
For another plate of food

Chorus

Your sister sees the future
Like your momma and yourself.
You've never learned to read or write
There's no books upon your shelf.
And your pleasure know no limits
Your voice is like a meadow larks.
But your heart is like an ocean
Mysterious and dark.