10 maio 2007

Eis no Brasil, o chefe de parte de nossa triste história.


Nasci numa família católica, e hoje estudo numa instituição católica. Frequentei missas, tenho minha fé, e minha orientação moral é cristã. E limita-se por aí o meu catolicismo. Minha família, meu batismo, a educação superior, minha noção cristão, enfim, culturas herdadas assim como todo brasileiro. Mas, quando vejo a foto acima, não é o homem vestido de branco que me representa, mas sim aquele que está apertando sua mão. Esse, vestido de terno e gravata, é símbolo do desejo do povo, símbolo daquilo que nós, povo brasileiro, escolhemos para nos representar. O de branco? Foi escolhido por um conselho, cujo o qual tem o poder de declarar quase divino qualquer membro do próprio conselho. Portanto, em momento algum a minha opinião, mesmo sendo católico, jamais foi e nem será consultada.
O homem vestido de branco representa a Santa Sé, a Imaculada Igreja Católica Apostólica Romana. A mesma que há cinco séculos serve à interesses próprios, e nunca sequer considerou o desejo brasileiro. A mesma que, em nome de uma missão catequizadora, ajudou a destruir a cultura, bem como povos inteiros, do índio brasileiro. A mesma que, durante os anos de chumbo no país, engajou-se numa luta de sangue e morte contra àqueles que sonhavam com a liberdade. A mesma que nem sequer reconhece como santo o que o povo brasileiro já é devoto há anos, Padre Cícero. A mesma que fez com que Bento XVI, assim que pisou em solo brasileiro, condenasse o aborto, a eutanásia, a camisinha, antes mesmo que o próprio povo plebiscitasse à respeito.
Sim, realmente não quero macular a imaculada. Realmente acho linda a passagem missal onde se diz em coro: não olheis para nossos pecados, mas para a fé que anima nossa igreja. Pois é a fé do brasileiro católico que tem que ser santa, imaculada. Não o eterno desrespeito à nossa autodeterminação. Dos primeiros povos antes de Cabral, aos dias atuais, Bento XVI representa o atraso, social e político, além do travesseiro do opressor e a sola de sapato do oprimido.
Respeito a fé brasileira. "Essa estranha mania de ter fé na vida" tem que ser admirada, posta num altar. Respeito o direito das pessoas de terem seu credo e culto livremente. Mas não posso admitir que qualquer um, qualquer um que seja, até mesmo o Papa, queira sobrepor sua vontade à nossa.
Que o Papa seja bem recebido, pois receber bem é nosso bom epíteto enquanto povo brasileiro. Mas não por ele ser o Papa, por ele ser um estranjeiro, por ele ser uma pessoa em visita ao nosso país. Que a estada de Sua Santidade seja tranqüila, e serena. E que deixe que assuntos como camisinha, aborto, eutanásia, e qualquer outro de interesse brasileiro para decisão única e soberana ao povo brasileiro.
Ósculos e amplexos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Diferente de você, não sou católica, não tenho afeição alguma por esta igreja, pelo contrário, minha antipatia por ela é gritante. Mas sou cristã, tenho minha fé, e como cristã devo respeitar as opções dos demais.

Não me sinto representada por este senhor, jamais me sentirei, mas como milhares de brasileiros tem nesta figura como um grande líder, um grande exemplo, a única coisa que posso desejar é uma boa estada deste senhor em nossas terras.

Quanto às suas opiniões sobre aborto, eutanásia, camisinha, acho que ele deve guardá-las para sí mesmo, o povo brasileiro tem de decidir por tais assuntos sem tamanha influência, levando em consideração os aspectos de nosso povo, de nossa terra.

Quanto ao homem de terno, nosso presidente, nosso representante legítimo, escolhido por ampla maioria do povo, este sim eu me orgulho em dizer que é o meu representante!!